Passei a noite toda acordada, não conseguia tirar aquilo da cabeça, aquilo tudo me assombrou a noite inteira e só quando vi a luz do sol sair da janela eu resolvi levantar. Olhei o horário e vi que ainda era 5:34... Não sei se devo ligar para Beomgyu, ele deve estar dormindo a essa hora, ele sempre chega atrasado na escola por dormir demais.

Me levanto da cama e ainda extasiada vou andando lentamente até a sala, a casa está em um completo silêncio e isso estava me matando. Sempre gostei do Silêncio mas agora, quando estou no silêncio só consigo me lembrar da lâmina barulhenta da faca e os gritos abafados. Eu só quero que isso acabe! É como se isso fosse uma "música", que grava na cabeça e sua cabeça fica repetindo inocentemente a cada dez segundos sem parar. Eu não aguento mais isso! Faz parar por favor! Faz parar!

Seguro meus ouvidos completamente apavorada. Era como se eu tivesse voltado para aquela sala e a cena estava acontecendo naquele momento. Ah! Eu vou acabar enlouquecendo!.

⎯ Ryu?. ⎯ Escuto a voz da minha mãe então retiro as mãos dos meus ouvidos e a encaro. Ela me olhava confusa. ⎯ o que está fazendo no meio da casa a essa hora?.

Agora que percebi que ela usava uma calça social azul e uma camisa nude. Seus cabelos castanhos escuros caído e uma maquiagem leve no rosto. Minha mãe sempre foi muito bonita e não aparenta a idade que tem, dizem que eu puxei a beleza dela e até hoje não entendi o motivo do meu pai ter a deixado. Minha mãe pode parecer sempre estar séria mas ela é uma ótima pessoa.

⎯ E-Eu... só acordei mais cedo hoje e vim ver se a senhora já estava acordada... vou voltar para o meu quarto. ⎯ subo as escadas rapidamente sem dar tempo para ela falar qualquer outra coisa.

Entro no meu quarto e vou até meu guarda roupa separar o meu uniforme. Ah... será que posso ficar em casa e procrastinar esperando minha própria mente me matar?.

Vou ao banheiro e resolvo tomar banho. Devo estar ficando paranoica mas estou começando a sentir como se algo estivesse me observando. Essa com certeza é a pior sensação da minha vida. Mas não deve ser nada demais, é só minha cabeça fazendo isso, não é nada demais, não é nada demais.

Depois de um longo tempo pensando eu finalmente termino de me arrumar inteira, mesmo que na minha cabeça só venha uma coisa. Olho o horário e vejo que já estava na hora de ir a escola. Tudo bem Shin Ryujin, você consegue.

⚠️

Talvez não tenha nada na escola hoje, talvez simplesmente eu seja a idiota que vai na escola depois de um assassinato. O que Beomgyu vai fazer? Ele vai mesmo levar aquela foto a polícia? Mas não dá para ver nada, o local estava escuto e a única coisa que o fleche proporcionou foi a tatuagem, mas não dá para saber nem que tatuagem era.

Sem perceber já havia chegado na escola. É, está tudo normal, tem várias pessoas entrando como todos os dias. E se tudo o que aconteceu ontem foi um sonho? Como se eu pelo menos tivesse dormido.

⎯ Ryu! ⎯ Jisu pula nas minhas costas me assustando.

⎯ Jisu! Não chega assim! Que susto. ⎯ A repreendo furiosa.

⎯ Calma, euem, você não é de se assustar fácil.

⎯ mesmo assim, qualquer um se assustaria com você chegando desse jeito.

⎯ Tanto faz, vamos entrar. ⎯ Ela me puxa para dentro da escola.

Ao entrar podia se ver vários policiais andando pelo local, os alunos estavam fofocando mais do que de costume. Parece que realmente tudo aconteceu.

⎯ Por que tantos policiais?. ⎯ Jisu olha toda a cena estranhando.

⎯ N-Não sei. ⎯ prefiro ocultar tudo o que sei, não quero me envolver nisso.

⎯ Meninas! ⎯ Chaeryeong vem correndo até eu e Jisu. Estava assustada e ofegante.

⎯ O que foi menina! Quem morreu?. ⎯ Jisu pergunta confusa com a reação de Chaeryeong que nunca foi tão escandalosa assim.

⎯ O senhor Park.⎯ Ela ainda recuperava o fôlego.

⎯ O que tem o professor Park?.

⎯ Morreu. ⎯ Ela sussurra fazendo Jisu arregalar os olhos.

⎯ O quê... o melhor professor da escola morreu? Por isso todos esses policiais?.

⎯ Ele foi encontrado em uma das sala que estão em reforma. Aconteceu aqui na escola. Os policiais estão interrogando os alunos.

⎯ Os policiais estão interrogando?!. ⎯ A encaro preocupada.

⎯ Sim... por que está tão preocupada?.

⎯ Eu... onde está Beomgyu?.

⎯ Não sei, não o vi até agora.

⎯ Procurem ele por mim, por favor! ⎯ Saio correndo atrás dele.

Ele tem que estar aqui. Ele disse que iria mostrar a foto a polícia, será que ele foi a delegacia ou... eu não sei se vou conseguir mentir na frente de um policial. Eu não posso fazer isso mas também não quero colocar meu nome nesse meio todo. Onde está Beomgyu!? Eu estou com medo.

Andando pelo lado de fora, paro em frente a uma coluna e encaro o local vazio. Ele não está aqui, droga! Eu devo sair da escola, eu tenho que sair daqui.

⎯ Ryujin! ⎯ uma voz grossa me assusta mas antes que eu pudesse fazer qualquer outra coisa sou jogada no chão. Um grande peso cai sobre o meu corpo me fazendo ter uma grande dor. Com o impacto fecho meus olhos e era possível escutar o som de um vidro se quebrando, era como o som de um vaso se despedaçando inteiro no chão.

Abro meus olhos lentamente e vejo Beomgyu sobre mim. Seus rosto exalava preocupação e podia se ver o suor caindo de sua testa, era como se ele tivesse corrido muito.

⎯ Beom...⎯ Tento falar seu nome mas minha voz saia falha.

⎯ Você está bem? Está machucada em algum lugar?. ⎯ Ele me examina inteira, mesmo ainda estando sobre mim.

⎯ Minha perna dói. ⎯ Ele percebe e então se levanta e logo após me ajuda a levantar.

Encaro o chão atrás dele e vejo um grande vaso quebrado, olho para cima e percebo que caiu de lá, logo no lugar em que eu estava.

⎯ O vaso... quase caiu em você então... ⎯ Ele explica.

⎯ Deve ter sido um erro...

⎯ Não, não foi. ⎯ o encaro confusa.

⎯ Beom... apaga a foto, deixa isso de lado, os policiais já estão aqui e...

⎯ Ryujin, eu falei que irei fazer isso sozinho. Não se preocupe. Não vai acontecer nada com você, eu prometo. Os policiais já estão aqui de qualquer forma. ⎯ Ele se afasta, estava para ir mas eu seguro a manga de sua camisa.

⎯ Eu só... ⎯ Tento falar mais não consigo, simplesmente não consigo olhar para ele e falar que estou com medo.

⎯ Vai ficar tudo bem. ⎯ Ele solta minha mão de sua camisa. No momento em que ele iria virando para ir embora, o meu celular e o dele vibra, exibindo o som da notificação de mensagens. Abrimos o celular e ao ver o que tinha, meu coração acelera e meu medo aumenta inconscientemente.

Era uma mensagem de um número desconhecido, mostrava uma foto minha e de Beomgyu no chão, no momento em que ele me salvou do vaso. Em baixo, havia uma mensagem escrito: "Se não apagarem a foto ou se falarem para a polícia, o vaso será só o começo".

Assustada, deixo meu celular cair no chão. Não estava sentindo mais nada do meu corpo, estava em êxtase total. Droga... estamos fudidos.