Silêncio... amado por alguns, odiado por outros... para mim, é amado. Gosto do Silêncio, gosto do quanto ele pode ser traiçoeiro ou amigável. O silêncio pode proporcionar tantas coisas imagináveis e mesmo assim o tratam como inferior. No Silêncio você pode sentir, falar bem, escutar e se concentrar. Dizem que aqueles que preferem o Silêncio são pessoas estranhas. Quando escutam alguém que gosta do Silêncio, acham que deve ser os mesmos tipos: Nerds, psicopatas, mortos... ou até mesmo uma coordenadora de biblioteca. Gostar do Silêncio agora, virou algo estúpido. "Essa pessoa com certeza tem transtornos". Palavras desnecessárias vindo de pessoas desnecessárias. Apesar de eu gostar do Silêncio, dessa vez, eu me sinto apavorada com ele. Ele me persegue, sendo que antes eu o perseguia. Ele me dá medo, pavor e insegurança. Me sinto observada por ele... com certeza estou provando a pior parte do Silêncio, a parte apavorante e macabra. A parte em que todos abominam. Para onde vou escuto um "fique em silencio". Eu não quero, eu quero falar, me sinto sufocada. Me sinto presa por algo "invisível". E a única coisa que posso fazer, é permanecer em silêncio.

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Como todos os dias, ultimamente o sol está extremamente quente, mas as vezes sinto que há algo extremamente frio a se aproximar. As dualidades do tempo as vezes é estranha. Enquanto ando pelos corredores movimentados escutando as mesmas histórias de Jisu fico pensando no encontro que tive ontem. Costumo sair às vezes da escola em tempo de aula para me encontrar com alguém, eu o conheci a uns dias atrás em um café e ele é simplesmente incrível e me faz pensar nele a cada minuto.

⎯ Então eu peguei o prato errado e ainda por cima fiz o... ⎯ Ela para de falar e me encara. Percebendo que eu não estava a escutando. ⎯ Shin Ryujin! ⎯ ela belisca meu braço me fazendo dar um pulo.

⎯ O que foi? Por que me beliscou?. ⎯ A encaro confusa massageando meu braço.

⎯ Estou a literalmente 15 minutos falando com você e você pensando em sei lá o quê! Pode prestar mais atenção nas minhas lastimas por favor?! Estou sofrendo aqui!. ⎯ Choi Jisu e seu drama de sempre.

⎯ Foi mal, estava em outro mundo. ⎯ Coço minha cabeça desajeitada.

⎯ Sei esse seu outro "mundo". ⎯ Ela me dá um sorriso malicioso e eu reviro os olhos. ⎯ vai se encontrar com ele hoje?.

⎯ Claro. ⎯ Ela começa a fazer barulhos estranhos como algum tipo de provocação.

⎯ Ryujin está apaixonada! Ryujin está apaixonada... ⎯ Ela começa a cantarolar.

⎯ Para com isso, quantos anos você tem?. ⎯ Tento fazer ela parar de falar?

⎯ Continua se vendendo novamente?. ⎯ Uma voz conhecida e extremamente irritante soa atrás de mim fazendo meu sangue ferver de primeira. Ah... se um faz meu sangue esfriar outro com toda certeza o faz explodir.

Viro minha atenção para o tal a minha frente junto de seus dois amigos. Choi Beomgyu, mais denominado por mim como: "O idiota que preferi se meter na minha vida do que cuidar da dele". Beomgyu é o típico "bad boy", líder do time de basquete e famoso na escola. 1,75, cabelos escuros mas com luzes loiras um tanto que cacheados. Não tem um mal corpo mas sempre achei ele um pontinho. Sabe usar bem suas expressões, grandes olhos, bochechas macias e lábios finos mas provocantes. Em pensar que tive uma queda por ele quando era mais nova, me dá nojo. Ainda bem que acabou quando ele quebrou minha boneca. E se não já bastasse, nos conhecemos desde que nascemos, nossas mães são amigas. Meu terror com Beomgyu começou quando tínhamos 8 anos, eu gostava dele naquela época então fazia tudo que o mesmo queria, mas em uma certa noite ele quebrou minha boneca preferida na minha frente por pura provocação, depois daí, meu amor virou ódio. Eu realmente amava aquela boneca. E se pensam que ele só vez isso, estão muito enganados. Beomgyu sempre foi o terror da minha vida, fazia eu cair, quebrava meus brinquedos, me fazia medo a noite quando dormíamos juntos além de fazer as coisas erradas e botar a culpa em mim. Apanhei tanto por causa dele. Mas tudo piorou mais com os meus 15 anos. Já estava virando mocinha, já havia começado a minha puberdade e estava no augi dela então eu sempre quis namorar - assim como as outras garotas - e foi ai que Beomgyu colocou os planos dele em ação. Ele fazia questão de espalhar fotos minhas dormindo com a boca aberta por toda a escola e falar para todos os caras meus maiores podres. O azar é que ele sempre sabia tudo sobre mim. No final das contas, nenhum quis. Passei a não me importar mais, nem mesmo suas humilhações sobre a minha aparência estava me afetando, eu já estava me acostumando. Mas em um bendito dia, ah esse dia... um garoto do Time de basquete dele fez uma aposta de me beijar, se eu o fiz? Bom, o cara era legal e foi ameaçado de passar muita vergonha se não consegui-se então eu vendi. Sim, se ele me desse uma certa quantia eu beijaria ele. E assim foi, fiz um bom ato e ainda fiquei com dinheiro no bolso. Essa foi a gota d'água para as provocações de Beomgyu, agora, ele espalha para todos e passa na minha cara que eu simplesmente me vendo. Como se eu fosse uma das putas que ele já pegou.

⎯ Sim, inclusive já tenho dinheiro o bastante para comprar todas as garotas que você pegou. ⎯ Soobin, seu melhor amigo solta uma pequena risada e ele morde o lábio inferior.

⎯ É, pelo menos não passará fome. Já deve estar com a lista cheia, deveria desistir da escola e trabalhar com isso ai ⎯ ele aponta para o meu corpo ⎯, Você faz fama.

⎯ O quê? Quer também? Posso fazer um preço acessível.

⎯ Desculpe, o que já foi de todos não faz meu tipo. ⎯ ele da um pequeno sorriso cínico sem mostrar os dentes e sai acompanhado dos dois, Soobin o nerd brincalhão e Taehyun o calado intelectual.

⎯ Você tem que parar de se importar com o idiota do Beomgyu. ⎯ Jisu toca em meu ombro esquerdo massageando o local me fazendo relaxar e parar de morder fortemente meu lábio.

⎯ Eu não me importo. ⎯ Saio de lá rapidamente e vou até minha sala. Por sorte, não sou da mesma sala que ele. Finalmente o destino tem pena dos meus coros. Ou então só tem medo que eu o mate uma hora ou outra.

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O terceiro tempo é anunciado e eu uso isso para sair da escola. Havia pegado meu material e espero todos entrarem nas salas escondida no banheiro. Quando está todos os corredores vazios, saio do banheiro e vou correndo para a parte detrás da escola mas no caminho me bato de frente com meu professor de Artes. Ops.

⎯ Por que não está na sala mocinha?. ⎯ O professor Park é de longe o melhor professor dessa escola, suas aulas são engraçadas e ele é super gente boa. Mas não acho que vá pegar leve para o lado de uma aluna que foge da escola.

⎯ Oh! Senhor Park, como o senhor vai?.

⎯ Ótimo, mas mudar de assunto não vai ajudar. ⎯ Começo a dar risadas nervosas.

⎯ Por favor professor me ajude dessa vez, eu realmente preciso ir! Prometo não fazer mais isso, essa será a última vez e prometo que não estou fazendo nada de errado como roubar ou fumar por aí, e muito menos estou participando de uma gangue! ⎯ Ele começa a rir do meu desespero.

⎯ Eu sei que você não faz esse tipo de coisa Ryujin, mas sabe como são as regras e sei que não será só essa vez mesmo que me prometa. ⎯ Baixo minha cabeça tristonha. ⎯ Mas eu confio em você, você sabe disso então. Só essa vez, e se eu a ver fazendo isso de novo, sabe que eu não blefo.

⎯ Aaah! Muito obrigada! ⎯ o abraço e logo corro. Por sorte, temos o senhor Park como professor nessa escola.

Já fora da escola e no local de sempre que o encontro, não demorou para mim localizá-lo desenhando algo no seu caderno. Seus cabelos negros voando junto com o vento, sua expressão seria mas com os mesmos olhos brilhantes concentrados no pedaço de papel. Sua postura rígida mas relaxada ao mesmo tempo me faz pensar um quanto ele é forte e decidido. Já faz um bom tempo que estou ficando com Chan e quero muito oficializar isso mas ele... sempre diz que não está pronto e o namoro é algo complicado. Antes não sentia que era isso mas passei a tentar entendê-lo, talvez porquê eu goste muito dele.

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O dia foi bem puxado, mas aproveitar com o Chan foi o melhor de tudo. Ao chegar em casa jogo todas as minhas coisas na minha cama e desço para a cozinhar ver se tinha algo para comer, não sei se minha mãe já voltou do trabalho mas eu prefiro mil vezes ficar em casa sozinha e no Silêncio do que qualquer outra coisa.

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Escuto os passos do salto curto da minha mãe pelo corredor até parar a frente do meu quarto, ela da batidas fracas e eu logo falo que ela podia entrar. Ela entra séria, normalmente ela não é assim.

⎯ Ryu, podemos conversar?. ⎯ Assinto meio receossa mas mesmo assim acho que poderá ser algo leve, o que mais seria?.