
37° Capítulo - Jogo perdido
- Você me assustou! – Naruto respirou fundo.
- Eu? É você quem está passeando na prisão como se estivesse em um shopping. – Sasuke havia ido até a entrada de ar do corredor próximo a sala de controle, por onde Sai sairia alguns minutos mais tarde.
Não esperava encontrar ninguém, estava errado. E o pior foi quem o encontrou.
- O que está fazendo aqui?
- A-ah... Dando uma volta por aí.
- Hum. – O policial tomou o seu caminho, passando ao seu lado sem dizer nem uma palavra e nem o olhar.
- Espere... – Ele segurou o seu punho.
- O que foi?
- Não gosto dessa cara triste.
- Eu não estou. – Naruto virou o rosto.
- Qual o problema?
- Nenhum...
- Me diga.
- Você me evitou o dia todo.
- O quê? Não... – Sasuke desconversou.
- Você está estranho comigo. Eu... estou sentindo algo ruim no peito.
- Eu não estou. É só que... com o episódio com o vice-diretor, me preocupei que ele estivesse de olho em você.
- Eu não me importo. Só tem uma coisa que me importa... – Os olhos azuis acenderam em malícia.
O preso engoliu em seco.
- Ir para casa depois desse dia de trabalho cansativo. – Riu e se afastou.
Ele revirou os olhos e bufou.
- Quer me ajudar a relaxar?
- Loirinho, loirinho... você está ficando igual a mim demais. Agora você faz piadinhas com segundas intenções, só pensa em me agarrar...
- Eu gosto de quem você é. Talvez eu queira ser mais como você e menos como eu. – O Uzumaki se aproximou, o fazendo recuar até a parede limitá-lo.
- Eu odiaria isso. – Sasuke o afastou com a mão em seu peito. – Porque eu não gosto de mim. Eu gosto do meu policial loirinho.
Naruto revirou os olhos.
- "Policial" ... – Suspirou. - Eu não estou aqui como policial.
- Por acaso o seu turno já terminou?
- Quem me dera. – Colocou as mãos nos bolsos e se escorou na parede. – Eu tenho que checar se a caixa de filtragem da ventilação está bem fechada. A sala dos policiais está fedendo estrume, o Deidara acha que pode haver um rato, o Hidan acredita que você fez um serviço de merda, por isso o cheiro. – Riu.
O moreno arregalou os olhos e gelou. Aquele era um cenário horrível, àquela altura todos deviam estar se aprontando para chegar à sala de máquinas, por onde passariam. O próprio Sai devia estar chegando àquele corredor para executar a sua parte.
- Eu achei que poderia finalizar o dia sem dores de cabeça, mas justo agora um imprevisto desses acontece.
O Uchiha não sabia qual atitude tomar, não podia deixa-lo fazer o que devia ou seriam descobertos. Mas como impedi-lo? O único lugar que conseguiria leva-lo para longe, seria a varanda, mas era totalmente fora da rota, e na melhor das hipóteses o atrasaria demais.
Sem que ele pudesse pensar uma segunda vez, ouviram passos. Ele se assustou e puxou Naruto para dentro do primeiro cômodo que viu. Um quartinho de limpeza. Provavelmente era Sai, precisava cobri-lo.
- Por que...?
O detento o beijou e caminhando para trás, esbarrou propositalmente na estante, para derrubar alguns produtos e fazer barulho.
- Sasuke, o que você...? – O policial foi pego de surpresa, mas não ponderou muito sobre a situação, correspondeu ao beijo e entranhou os dedos entre os fios negros.
O preso estava tenso, com a mente em um turbilhão de pensamentos, mas foi só provar daqueles lábios que foi levado aos céus. O sentimento por Naruto emergiu, as batidas de seu coração aceleraram, a respiração ficou alta. Não podia acreditar que nunca mais o veria, que nunca mais teria aquela sensação.
Era doloroso demais perde-lo. Liberdade nenhuma parecia mais importante do que isso.
Ele envolveu o rosto do loiro entre suas mãos e aprofundou o ósculo, perdidamente apaixonado em seu sabor. Carinhosamente o acariciou e apertou em seu corpo. O policial também trocou carícias em seus cabelos, sentindo o estômago formigar e o peito se agitar.
Os beijos do Uchiha eram bons, eram deliciosos, mas nenhum jamais havia sido tão bom quanto aquele, carregado de sentimentos, intensidade e até mesmo pureza. Quando suas bocas se separaram, ele não parou de dar-lhe selinhos entre sorrisos, e os distribuir entre o queixo, bochechas, nariz, testa.
- O que foi, seu idiota? – Naruto ria. – O que são todos esses beijos? – Ele teve o seu pescoço beijado, as clavículas, depois novamente a mandíbula, têmporas, cabelos. – Quanto amor, já está bom!
- Não, não está nem perto de suficiente. Eu quero mais, loirinho. Quero te beijar um milhão de vezes, quero esmagar você entre os meus braços de tanto apertá-lo, quero respirar o seu cheiro até enjoar e... – Sasuke foi interrompido pelos lábios nos seus.
O Uzumaki sentia cada célula de seu corpo chamando pelo moreno, não podia e nem queria mais evitar. Ele riu e balançou a cabeça em negação. Afastou-se minimamente, mas o preso o mantinha enlaçado pela cintura, o olhando perdidamente apaixonado.
De repente, a aura mudou, o loiro tinha os olhos marejados e parecia em um conflito interno. Respirava fundo e mantinha a cabeça baixa, em silêncio. Sasuke estranhou e segurou o seu queixo, o obrigando a olhá-lo.
Foi um erro encarar aqueles olhos azuis enamorados.
- Sasuke, eu...
- Você o quê? – O Uchiha arregalou os olhos.
O policial sorriu, bobo, e tomou coragem para falar.
- Não, Naruto. Não... Se você vai dizer o que eu acho...
Ele suspirou.
- Eu não posso evitar, não posso mais esconder...
- Não faça isso.
Naruto deu uma risada baixa, triste.
- E-eu... Eu vou para a minha cela. – Sasuke se virou, mas seu braço foi agarrado e ele foi puxado.
Os olhares se encontraram, o moreno não suportou, teve de desviar, mas o Uzumaki acariciou a sua bochecha e o fez encará-lo.
- Eu estou apaixonado por você, Sasuke.
O Uchiha adquiriu um feição angustiada e virou o rosto.
- Você não pode dizer isso.
- Eu... eu sei. – Naruto deu um risada sem humor. – Mas eu não consigo segurar a minha boca grande.
Sasuke não sorriu, não correspondeu a declaração, mas não que o sentimento não fosse recíproco, porque era e eles já sabiam disso há muito tempo. Não teve coragem de o olhar nos olhos, apenas segurou sua mão e a tirou de sua bochecha. A devolveu e deu um passo para trás, afastando-se.
- Isso não tem que significar nada pra você, eu só não podia mais guardar pra mim. Você tinha que saber, é isso. – Naruto sorriu de olhos fechados.
- Não, Naruto... Isso torna tudo mais difícil.
- Eu sei...
- Não, você não sabe. Você não faz ideia! – Ele colocou as mãos na cabeça, tentando se recompor.
- Eu não pude evitar me apaixonar por você, caralho! E-e agora... eu não sei o que fazer.
- Você sabe o que tem que fazer, só não quer. – O moreno foi ríspido.
- E por que você não faz o que quer fazer, se você sabe que eu também quero?
Sasuke balançou a cabeça em negação. Não podia ceder, sabia muito bem disso e não descumpriria essa promessa a si mesmo... no dia seguinte, porque aquela noite era a sua despedida. Tinha o direito de cometer só mais um pequeno deslize, depois de tudo o que passou.
Ele mordeu os lábios e se jogou nos braços do loiro, chocou seus corpos e o beijou. Gostaria de poder eternizar aquele momento, tão quente e intenso, carregado de emoções e sentimentos. Definitivamente a melhor lembrança de toda a sua vida.
Naruto sorriu entre seus lábios e apertou mais sua cintura. Terminaram colando suas testas, se olhando profundamente.
- Não... Você não vê? Nós estamos em um empasse. – O Uchiha se afastou, cabisbaixo.
- Empasse?
- Você tem que parar de se envolver comigo.
Naruto bufou.
- É... Eu sei...
- Não, eu estou falando sério. Não só pelo fato de você ser um funcionário. Um preso não pode andar com um policial. A base da cadeia alimentar, os mais fracos, os mais inferiores, os lixos daqui são os delatores. O que significa que eu não posso me envolver com você, não posso falar com você, não deveria sequer olhar para você.
O loiro suspirou e desviou o olhar.
- Você não pode se apaixonar por mim. Você pode não acreditar... mas eu vou fazer isso por você. Então vá para longe, o mais longe possível. Porque o que você veria te colocaria em uma posição muito ruim.
- Hum?
- Se você mantiver segredo, por mim, por nós, você estaria sendo corrupto. Um policial corrupto. Não é o que você mais odeia?
Naruto mantinha uma expressão neutra.
- E se você contar e for um policial bom... eu estarei em sérios problemas tanto com a polícia quanto com... os presos.
- É. – O loiro se deu conta. - Você é quem mais perde...
- Eu? – Riu. - Eu não tenho muitas coisas para perder, você tem... e é muito mais do que uma "coisa". É tudo em que você acredita, é pelo que veio lutando por todos esses anos, é quem você é. Você não pode desistir de ser quem é, não pode ignorar isso por uma paixão idiota.
- Não é uma paixão idiota!
- Você não acha extremamente idiota um policial bom se apaixonar por um preso rank A daqui? Uma paixão que o arruinaria por inteiro.
- Acha que eu não sei que nós dois somos um jogo perdido? – Naruto balançou a cabeça e sorriu. – É tarde, Sasuke. Eu já me perdi, já não sei mais no que acredito ou pelo que quero lutar. Eu não me reconheço mais, minha mente agora é um lugar estranho que eu tenho medo de explorar.
Sasuke o encarou, angustiado.
- E o engraçado é que quando eu estou com você, todo aquele barulho caótico, problemas, incertezas e vozes se colidindo em uma briga infernal, desaparecem. Fica silencioso. Eu quero ficar com você.
- Mas você não pode. Você e eu somos de mundos opostos. – Os olhos negros ficaram brilhosos, como se estivessem marejados, mas foi só uma impressão. – E você merece alguém melhor do que eu. Guarde o seu amor para alguém que possa te corresponder.
- Hmpf. - O loiro riu sem humor. - Eu já gastei todo o amor que guardei com você. – Olhou para os próprios pés. – Eu sei que nunca poderíamos ficar juntos, estamos em lados opostos do tabuleiro. Nós sempre fomos um jogo perdido...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro