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Preocupações e rastreios

Harriet pulou do portal direto para a sala de estar da casa de seu irmão. Oliver andava de um lado para o outro, as mãos puxando os fios de seu cabelo enquanto Ella falava ao telefone com alguém sentada no sofá.

- Onde será que ela está?

- Você não conseguiu rastrear nada?

Devolveu outra pergunta ao irmão, Oliver negou desanimado e a Hart soltou um bufo impaciente. Claro que Daisy teria que complicar seu próprio resgate, não duvidava da mais nova ter pedido para alguém modificar o aparelho para que ficasse mais difícil de rastreá-la.

- Vou ver o que consigo fazer, já volto.

Avisou, abrindo novamente o portal e correndo para dentro dele. Em questão de milésimos retornou ao seu apartamento. Nick estava na sala, com uma xícara de chá nas mãos e uma torrada a caminho da boca. 

- Preciso da sua ajuda. - informou, tirando a torrada da mão dele e seguindo para o escritório.

O Dunlop seguiu a amiga rapidamente. Harriet puxou um livro da estante e se afastou alguns centímetros, a estante em questão girou para que um painel de controle sofisticado ficasse em seu lugar. A Hart puxou um elástico do bolso de sua calça jeans, amarrou seus cachos e puxou uma cadeira para sentar de frente para os painéis.

- Daisy sumiu e o Oliver não conseguiu a localização dela.

Informou ao amigo que prontamente puxou outra cadeira e se posicionou ao lado dela. Os dois trabalhavam em silêncio, somente o som das teclas sendo pressionadas podiam ser escutadas em todo o apartamento. Como Harriet havia pensado, Daisy realmente complicou ainda mais seu rastreio; o código estava criptografado de uma maneira que nenhum dos dois haviam visto na vida.

- Isso vai demorar um pouco. - Nick afirmou ao levantar. - Vou preparar um pouco de café.

- Por favor. - pediu, coçando os olhos enquanto tentava focar sua visão.

O escutou sair e se permitiu desabar um pouco contra a cadeira, sua irmã estava sumida, não sabiam onde ela estava ou com quem e para completar ainda demorariam algum bom tempo para descobrir. Precisavam de ajuda e ela não queria ter que recorrer à ele, quanto menos pessoas soubessem do sumiço de Daisy melhor, porém não via outra alternativa.

Puxou seu celular do bolso, o desbloqueando e ligando rapidamente para ele. Demorou poucos segundos para ser atendida, sabia que era estranho estar ligando tão cedo e fazia alguns dias que não se falavam, portanto ele não demoraria mesmo a atendê-la. 

- O que houve?

A voz preocupada a fez fechar os olhos e inclinar a cabeça para trás. O teto precisava de uma pintura e ela teria que procurar um meio rápido de fazer aquilo. 

- Harriet?

Saiu de seus devaneios e sentou-se ereta, os olhos vidrados nas telas a sua frente.

- Ryan, preciso da sua ajuda.

《•••》

- Oi, oi, oi.

Naty chegou a casa de Ryan em uma velocidade surpreendente. O Manchester estava em seu quarto com Eloise quando a mulher apareceu, com uma criança dormindo em seus braços e uma touca de seda em sua cabeça.

- Você pulou da cama? - Eloise indagou, esticando os braços para pegar o menininho adormecido.

- A Daisy sumiu, de novo, só que dessa vez parece que é mais sério do que quando ela estava em Paris com um francês bonitinho. - comentou, vendo Eloise colocar seu filho deitado na enorme cama. - Não posso deixar vocês terem toda a diversão.

- Não tem nada de divertido nisso, Naty. 

Ryan ralhou, passando por ela para ir ao escritório. A Dunlop revirou os olhos provocando um sorriso em Eloise antes de seguir o primo mais velho. 

- Estamos falando da Daisy, aposto que ela vai nos fazer entrar escondidos em algum galpão abandonado ou no meio de uma gangue de lagartos alienígenas.

- Você está passando tempo de mais com o Schwoz.

- Ele mora na casa do lado, não tem como não passar muito tempo com ele. - justificou, entrando no elevador junto com ele.

Ray resolveu se aposentar e comprou uma ilha em um arquipélago novo. Gwen então decidiu que a casa iria ficar com Ryan e Eloise, já que Schwoz se mudou para a sua própria com Shiu. O Manchester deixou todo o centro de controle subterrâneo para o caso deles um dia precisarem, ainda não haviam necessitado dele até o momento.

- Ela vai ficar bem. - Naty assegurou ao notar o nervosismo do amigo.

- Ela é a mais nova, sabe. Eu vi vocês crescerem, acompanhei cada passo e não querendo ofender, mas a Daisy sempre foi a minha favorita.

- Nem me magoei. - falou levemente sarcástica, o empurrando com o ombro ao sair primeiro do elevador.

Naty olhou por cima do ombro com um sorriso inocente que fez Ryan rir. A Dunlop não gostava de sentimentalismos e sempre encontrava um jeito de mudar o assunto. No momento eles precisavam encontrar a Hart mais nova e torcer para que seus pais não notassem seu sumiço.

《•••》

- Sério mesmo que você vai me deixar aqui?

Daisy perguntou descrente enquanto olhava ao redor da sala toda decorada em tons de rosa. Torceu o nariz em desagrado, não que ela não gostasse da cor, mas aquele cômodo parecia o resultado do cruzamento de uma máquina de chiclete com uma de algodão doce.

- Daisy, sente agora e me deixe completar meu plano.

Sentou a contragosto em uma cadeira felpuda, espirrando quando alguns fios finos voaram ao seu redor. 

- Nossa, Ametista, não tinha outro lugar pra me deixar?

- Essa é a minha sala especial...

- Vulgo solitária? - resmungou ao interrompê-la, batendo contra o encosto para se acomodar melhor.

Ametista inspirou profundamente e em seguida abriu um sorriso forçosamente doce. Daisy cruzou os braços e se recostou na cadeira, a encarando com tédio.

- Vou ter minha vingança, nem que para isso eu tenha que te deixar o resto da vida aqui.

A Hart analisou o cômodo; estantes lotadas de livros rosa, tapetes felpudos, mesas lisas, o teto espelhado e as paredes brancas. Encarou Ametista que claramente tentava se manter calma e abriu um sorriso astuto ao perguntar:

- Vai ter comida pelo menos?

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