Capítulo 23 - Katryna - A Imortal
✼ ҉ ✼ ҉ ✼ Lugar Secreto ✼ ҉ ✼ ҉ ✼
O sol nascente demorou para sair e jogar a sua luz sobre a terra fria, normalmente acordaria bem mais tarde, mas nem eu e nem Yan conseguimos dormir mais. Ficamos abraçados até dar o horário para levantarmos, organizamos nossas coisas e nos despedimos das garotas. As convidamos para se juntarem a nós e elas prometeram se encontrar daqui a dois ou três dias ao mais tardar. Diana insinuou que dariam esse tempo para que curtíssimos um ao outro, uma lua de mel como Lis gritou toda empolgada.
Yan deixou as coordenadas com nossa bruxinha e partimos, ele preferiu que viajássemos de um modo diferente dessa vez, o portal só poderia ser aberto a uma certa altura da terra, acima das nuvens. Era o seu lugar secreto, deixado como um presente por seu pai Apollo.
— Tenho certeza que você vai gostar de lá. Afirmou ele sorrindo antes de me abraçar forte e levantarmos rumo ao céu e as nuvens. — Já pensou em fazer amor entre as nuvens? Perguntou ele quando já estávamos a uma distância considerável do solo.
— Isso é possível? Pergunto curiosa e excitada por mais uma vez estar desafiando as regras e leis impostas por aqueles seres desprezíveis.
— Para o amor nada é impossível! Explica beijando meu pescoço devagar.
— E essa faca? Aponto em direção a sua arma que jamais havia visto. Ela era de um brilho intenso e parecia vibrar nas mãos de meu anjo alado.
— Depois te explico, mas ela também foi presente de meu pai. Faz parte de mim é o que você precisa saber no momento.
O portal se abriu diante de nós dois e voamos aumentando a velocidade em direção ao seu centro, a energia dele era diferente e mais pura. Girando cada vez mais rápido, Yan impulsionou suas asas mais fortemente e o atravessamos. Ficamos sobrevoando uma grande floresta, vendo o sol nascer novamente.
— Mas como pode ser isso? Indago curiosa vendo os movimentos estranhos que a floresta faz e emite diante de nós dois.
— Essa floresta é o lar de minha família.
— Os anjos?
— Não... Diz pensativo e triste ao mesmo tempo. — Foi aqui que meus pais se conheceram, a floresta Branca, ela é um organismo vivo e celestial.
— A cabana fica ao lado esquerdo perto daquele lago. Você está vendo? Mostrou ele apontando a poucos metros de nos. — É simples, mas aconchegante. Meu pai a construiu com suas próprias mãos. Disse orgulhoso.
— Você gosta muito mais de seu pai do que sua mãe não é verdade?
— Meu pai sempre esteve do meu lado, antes dele desaparecer. E quanto a Nora prefiro não falar sobre esse assunto. Vamos pousar katryna, se segure. Respondeu encerrando o assunto me deixando mais desconfiada e curiosa sobre o que realmente havia acontecido entre eles.
Um silêncio desconfortável se instalou até chegarmos no pequeno Chalé que ficaríamos escondidos, fazendo eu desconfiar de algo que Yan estava escondendo, porque pelo que eu já tinha visto e pelo nosso convívio durante todos esses meses era que ele não conversava tanto assim, e já faz dois dias que Yan não para de falar de diversos assuntos. O que era bastante estranho, pois ele é muito sério e calado.
Parecia uma criança empolgada com algum brinquedo novo quando começamos a treinar ou fazendo qualquer coisa que o despertasse minimamente seu interesse ou curiosidade. Aproveitei para treinar alguns poderes que não tive tempo de aprimorar no mundo das bruxas.
Adquire algumas transformações bem inusitadas durante esses meses que serviram para me ajudar contra meus inimigos. São elas, Lobo, Morcego e Névoa. Além disso cada transformação está aumentando as minhas capacidades, como a corrida em alta velocidade, pulo longo, quando estou na forma de um lobo, ainda disso posso mudar a cor de minha pelagem e o meu tamanho, conforme a minha vontade.
Yan ficou impressionado com todas as minhas transformações.
O lobo é a primeira transformação de minhas transformações. Com ela eu posso pular mais longe e atingir certos locais mais estreitos sem problemas. Usando minha velocidade na forma de lobo corro mais rápido, causando dano extremos nos meus oponentes.
A transformação de Morcego é a mais difícil, mesmo sendo a considerada mais natural para um vampiro. Sempre é assim, quando é simples é aí que se torna complicado para mim.
Voo, manobras de ataque, posso ver em salas escuras. E desequilibrar meu inimigo...
A transformação em morcego é a última que consegui fazer e é a mais importante delas. Com ela eu sou capaz de voar e assim atingir quase qualquer área mais rapidamente. Sou capaz ainda de lançar bolas de fogo, usando um sonar para enxergar no escuro e este mesmo sonar pode causar dano nos meus oponentes. Além disso, a forma de morcego conta com várias magias de ataque. Por isso, é a mais complicada para mim, Yan me ajudou nesses treinamentos, sendo um excelente alvo móvel.
Útil para se escapar de ataques poderosos e indefensáveis, esta transformação serve como um escudo de proteção para mim e para aqueles que quero proteger. A transformação de névoa foi a segunda mais complicada de ser aprimorada por mim. Mas sem dúvida uma das mais úteis e importantes, apesar de consumir metade da minha energia vital. Por isso, só devo usá-la em casos extremos.
No início serei capaz de atravessar grades e portas, qualquer coisa que haja um mínimo de espaço na verdade. Momentaneamente posso usar parte dessa névoa como um escuto de proteção para mim mesma, pois qualquer ataque é invulnerável contra ela. Mas por ser desgastante precisarei consumir sangue para me restabelecer mais rápido. Esse é um dos motivos de essa capacidade fora abandonada por meus ancestrais.
Além das transformações, eu posso ter ao meu lado ajudantes. Eles são os meus Familiares. Mas não tenho certeza como invocá-los ou nem sei se terei tempo de aprender tudo o que preciso para quando a grande batalha chegar.
✼ ҉ ✼ ҉ ✼ Apenas uma Escolha ✼ ҉ ✼ ҉ ✼
Horas depois antes do sol nascer, acordei sobressaltada, devido a mais um pesadelo e depois um barulho estranho vindo do andar de baixo, saltei da cama apenas de lingerie, tentando ser o mais silenciosa possível com passos lentos e precisos, verifiquei o local e nada, sem cheiros ou mais sons estranhos. Saí do quarto cuidadosamente, indo em direção ao local do barulho, não deixando de pegar a minha espada, que a partir de uns dias atrás permanecia sempre do meu lado agora.
Ordens do meu anjo alado. E por acaso onde estava Yan?
Estava estranha com meu corpo mais febril e lento, sentia que algo dentro dele havia mudado. Me surpreendi quando alguém ou algo surgiu atrás de mim e antes que pudesse me proteger, fui jogada em direção a parede e batendo a cabeça, levei a mão a minha testa e pude sentir um pouco de sangue e uma mão masculina a tocando também. Estava assustada e atordoada...
— Sangue? Como você é fraca! Merece com certeza uma morte lenta e dolorosa!
Fechei os olhos com dor e levantei para lutar com o resto das minhas forças. Iria acabar com a raça de qualquer um que tivesse me atacado daquela maneira. E me surpreendi quando vi Yan parado, com sua faca em suas mãos, com uma feição angelical pronto para me atacar novamente. Mas algo estava diferente, seus olhos...
— Yan?! Mas por que?...
— Olá meu amor! Surpresa!... Vamos acabar logo com isso. Não tenho tempo para explicações tolas e desnecessárias.
Respirei fundo, sentindo uma grande tontura pela batida, mas fiquei de pé diante dele, fechando meus punhos.
— Seu desgraçado...
— Que isso amor? Não me ama mais?... Yan apenas sorriu de modo sádico e veio pra cima de mim. E eu diria que ele se divertia por ver meu desespero e raiva sendo transmitido pelo meu olhar.
— Garota idiota! Somos monstros, sempre acabamos matando uns aos outros!
— Você não é assim!
— Engano seu meu amor. Sou bem pior! Afirmou explodindo de raiva através de seus olhos.
Ele apenas avançou para cima de mim com sua faca e eu contra-ataquei com a minha espada, o barulho delas batendo uma contra a outra chegava a se tornar ensurdecedor, duas energias se chocando, liberando faíscas pelo ar. Quando vi que estava em vantagem por Yan estar bastante irritado por eu estar apenas me defendendo. E minhas forças voltavam aos poucos...
— Lute sério MALDITA!!
— QUEM É VOCÊ NA VERDADE!! Grito protegendo-me quando sou atirada diversas vezes contra a parede da casa caindo a uma distância considerável da mesma. Ouço um cântico estranho sendo recitado a poucos passos de onde estou.
"Om Bhuh, Bhuvaha, Swaha
Tat Savitur Varenyam
Bhargo Devasya Dhimahi
Dhiyo Yonaha Prachodayat"
— Uma bruxa!!! Maldição... Yan está sendo controlado, mas como?! Penso olhando em várias direções e usando minhas habilidades para rastrear o inimigo.
Corro em sua direção ela se assusta e tenta fugir. Seguro fortemente em seu pescoço e aperto.
— Desfaça a magia ou você morre! Afirmo apertando um pouco mais, seus olhos se arregalam.
— Uma vez feito tal magia só a morte pode desfazê-la!...
— Então você é inútil para mim. Respondo cravando minhas unhas em seu pescoço até sangrar.
— Espere eu imploro... Eu quebro a magia!...
— Faça agora!
— "Em todos os três mundos, terrestre, astral e celestial, que possamos meditar sob o esplendor daquele sol divino que nos ilumina. Que toda a luz dourada acalente nosso entendimento e nos guie em nossa jornada para a morada sagrada". Ela repete a tradução da magia sorrindo e vira cinzas em minhas mãos. — Uma fez feito tal magia só a morte pode desfazê-la... Ainda ouço suas últimas palavras soarem junto com o vento.
— Maldita bruxa vermelha!... Malditos anciões!...
Yan surge pousando diante de mim e tento trazê-lo de volta, mas é impossível. Estou enfraquecida pelo treinamento das transformações.
— Filha de Alucard hora de morrer pelas minhas mãos!
— Yan por favor lute, meu anjo...
— Cale a boca! Você foi reprovada nos requisitos de proteger quem mais amava, de se proteger e de estar sempre preparada no que vem te atacar.
— Yan meu amor por favor eu não quero te machucar! Digo me defendendo de seus ataques ferozes.
— Pare com isso, Yan não existe mais!
— Mentira! Ele está aí em algum lugar.
Ele gargalha e pega a faca cortando a si mesmo. Vejo diante de mim quando ele arranca uma de suas próprias asas, uma após a outra, elas caem no solo e o sangue banha o seu corpo diante de meus olhos horrorizados.
— Yan seus olhos estão amarelos!
— Os demônios são cruelmente covardes, irão te atacar no seu ponto mais fraco e desprotegido. Você sabe. Seu sorriso é diabólico e sádico. — Por isso, vou te destruir usado esse idiota aqui. Diz passando a faca em seu próprio corpo.
— Pare não o machuque.
— Fraca demais. Você não é uma Alucard! Seus ancestrais teriam vergonha de uma criatura tão medíocre. Abrindo um sorriso sádico novamente.
Me atacando com sua faca sem parar, eu o golpei algumas vezes sem mirar em seus pontos vitais. Aproveito e chuto seu joelho quando o mesmo se aproxima demais e corto superficialmente seus braços e costas, fazendo cair por diversas vezes no chão e tentando me proteger. Sorriu vitoriosa o que o deixa mais furioso.
Após, algumas vitórias por minha parte ele cansado e enfurecido fixa o olhar em mim com desprezo.
— Eles mentiram para mim. Você Katryna é mais forte do que eu imaginava, por isso, vou tirar o que você mais ama novamente.
Dizendo isso, ele envia a faca na própria barriga e cai de joelhos.
— Yan... Não... Não... Corro em sua direção enquanto ele desliza entre meus braços e chão. Seus olhos mudam de cor de repente e ele sorri docilmente para mim.
— "Sinto muito. Me perdoe. Te amo." E fecha os seus olhos devagar.
Sinto lágrimas de sangue descendo de meus olhos e uma dor aguda em minha barriga, quando olho pra baixo a faca de Yan está cravada em meu corpo.
— Seu amor te matou sua idiota. Diz ele sorrindo para mim.
Dois corpos caem no campo florido daquela floresta...
✼ ҉ ✼ ҉ ✼ O Segredo da Água ✼ ҉ ✼ ҉ ✼
Yan acordou antes do sol nascer decidido a pegar a faca de seu pai, sua herança, teria que esperar o nascer do sol assim que os primeiros raios tocassem a água o caminho lhe seria revelado como dizia seu pai Apollo.
Quando tinha pouca idade o seu pai o havia trazido até esse recanto para que jamais esquecesse de sua origem nem de quem era e isso, havia funcionado. Mesmo sendo criando entre as Valkírias e os Nefilins, único lugar que realmente lhe trazia paz era este, o seu refúgio escondido, poucos tinham permissão de entrar, apenas com sua permissão ou de seu pai.
Outro legado de seu pai, ele havia desaparecido a muito tempo, Sophia tinha cuidado dele por um tempo até tudo mudar. Yan senta e observa o céu e as águas. Encontraria a faca de seu pai Apollo e ela seria dele e a sua a daria para Katryna como a aliança de amor eterno, como seu pai havia feito com sua mãe Nora um dia.
O que não entendia era porque ela os havia abandonado? Jamais conseguiu perdoar a mãe por escolher outro caminho e deixá-lo para trás.
Suspirou até que viu o caminho se abrindo diante de si, caminhou sobre aquelas águas por alguns instantes e levantou voou até uma altura considerável. Pode ouvir a voz de seu pai ainda...
— Mergulhe por amor apenas. Limpe sua mente e seu corpo e se entregue a única coisa verdadeira capaz de criar tudo o que seus olhos podem ver e imaginar. Fechou os olhos e mergulhou com toda a sua velocidade atravessando um portal no fundo do lago.
Dentro daquele local seu corpo havia mudado, ele estava respirando e até parecia uma grande bolha, mas não. Abaixo de seus pés uma água escura e mais uma vez a voz de seu pai.
— Filho não tenha medo. Coragem é a resistência ao medo, domine o seu medo, e não a ausência do seu medo. Todos os seres têm medo. Quem não tem medo não é normal; isso nada tem a ver com a coragem. A coragem conduz às estrelas, e o medo à própria morte. Yan segurou sua respiração e enfiou seu braço direito dentro daquela escuridão sombria, a água negra subiu por seu braço e caminhou por seu corpo. Ele não conseguia tirar o braço, desenhos estranhos surgiram, eles apareciam e mudavam de forma como se dançassem em seu corpo.
Ao sentir algo e ele puxou o seu braço lentamente... Ele segurou firme...
Ela estava em suas mãos a faca da aliança entre seus pais, agora ela era sua e logo ela estaria moldada ao seu corpo, fazendo parte de si mesmo. Sorriu feliz e se sentiu estranho... Katryna estava em perigo e precisava voltar rapidamente.
A subida a superfície foi fácil assim que pisou no solo, percebeu que havia passado mais de quatro horas debaixo da água. Suas asas estavam estranhamente molhadas e pesadas não poderia voar, então teria que correr.
Colocou a faca junto a seu corpo quando ouvi uma voz feminina.
— Ei meu jovem, tudo bem?
Ele se vira e tem um grande susto, uma bruxa. Mas sua vibração era pura e limpa.
— Você é um Nefilin que bom. Poderia me ajudar a sair daqui acabei me perdendo. Ela sorriu e caminhou em sua direção calmamente. - Apollo te deixou entrar? Faz tempo que não vejo aquele encrenqueiro!
— Você conhece meu pai? Pergunta ficando de pé e cismado.
— Yan? É você?! Como você cresceu. Quando eu te vi estava na barriga de sua mãe. Cadê a Nora? Está por aqui? Diz ela olhando por todos os lados se atrapalhando com tudo que carregava consigo. — Desculpe-me, você nem me conhece e eu feito uma louca falando sem parar. Eu me chamo Maria e sou sua bruxa madrinha. Explica o abraçando forte em seus braços. - Então querido não me diz nada? Pergunta bagunçando meus cabelos como se ele fosse uma criança qualquer.
— Você... Eu... Katryna... Droga! Preciso voltar para o chalé. Digo tentando me afastar depressa.
— Menino deixe isso comigo! Assim converso um pouco com seus pais e num estalar de dedos estamos diante da casa de meus pais.
E eu sem entender nada. A olhando confuso... Até que ela diz fazendo careta.
— Tem algo errado. Sinto a presença de Magia ruim, magia vermelha, as bruxas vermelhas estiveram aqui ou algo entrou já com essa magia. Responde ela ficando alerta.
— Katryna... Digo correndo para dentro da casa desesperado sendo seguido por ela praticamente aos meus calcanhares. Minha faca nas mãos, mas tudo está igual nada de diferente.
— Quem é Katryna? Grita ela parando atrás de mim antes de quase bater com minhas costas.
— Katryna é minha companheira... Afirmo abrindo-a porta do meu quarto. Tudo parece normal, Katryna está adormecida ainda o que é muito estranho, me aproximo de nossa cama e percebo que ela está agitada e cortes aparecem em seu corpo.
Até que uma grande ferida surgem em seu abdome, tendo conter mais é inútil. Como pode uma vampira sangrar daquela maneira...
— Magia! A bruxa diz caminhando para trás. - Ela está sendo ataca no mundo dos sonhos!
— Eu preciso de ajuda.
— Impossível. Ela já está morta!!! E se não estiver, a sua batalha está apenas começando...
Ela está cada vez mais pálida e fria, sem pensar pego a faca de meu pai e corto a minha mão deixando meu sangue escorrer sobre seus lindos lábios.
— Meu amor por favor volte. Somos imortais e não podemos morrer. Se você morrer eu morrerei também. Deixo Katryna beber meu sangue a vontade e a bruxa fica paralisada diante de nós dois.
— Ela é uma vampira! Pelos Deuses... A filha de Alucard...!
3085 Palavras
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