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Vocês já ouviram falar de karma?
Eu tenho certeza que você já passou ou assistiu alguém passar por ele. O karma nada mais é do que o retorno das suas ações, sejam elas boas ou ruins. As boas podem vir de todas as formas possíveis: um dia ensolarado, uma música boa que você achou no youtube, uma briga no twitter. Já as ruins, geralmente vem da mesma forma, metafórica ou explicitamente, que você fez.
Lalisa era uma menina linda, popular e adorável. Com seus longos cabelos loiro mel e seus cinco gatinhos, a garota era uma das meninas mais disputadas do Seul High School. Seu sorriso cativava a todos e era muito fácil fazer amizade com ela, sempre alegre por aí. E é claro que Lalisa tinha sua melhor amiga para ajudá-la com isso.
Mas diferente da jovem tailandesa, Park Roseanne era um pouco mais tímida, tendo seu grupo de amigos resumido em Jennie, Jisoo e Lisa, sendo esta, sua melhor amiga e vizinha desde que ambas se mudaram para Seul aos 6 anos.
Elas eram inseparáveis, sabiam tudo uma da outra e viviam juntas. Lisa, a que mais gostava de fotografar, tinha seu instagram lotado de fotos com a melhor amiga e muitos stories destacados de festas do pijama ou jantares de família em que uma convidada a outra. Os pais das duas garotas até mesmo ficaram amigos também, tão forte era a relação entre as duas. Mas é claro, eu já disse que essa história se trata do karma, então nem tudo são flores.
Jeon Jungkook era um jovem coreano que havia acabado de mudar de escola. Ele era alto, gentil e assumidamente bissexual. Lisa era uma garota que gostava de amizades novas, então no início, ninguém estranhou que ela tenha se apresentado e mostrado a escola para Jungkook, garantindo que o garoto estivesse bem instalado e com os amigos certos.
Mas aquilo começou a incomodar todos, especialmente Chaeyoung, quando Lisa praticamente não passava mais tempo com elas. A garota acompanhava Jungkook nos treinos de futebol, fez novas amizades com as líderes de torcida (que ela odiava!) e passou a ignorar as mensagens e chamadas de Rosé e as meninas. Era estranho, como se aquela Lisa não fosse a Lisa que elas conheciam desde sempre. Jennie sempre foi a mais desbocada entre elas, sobrando para sua namorada Jisoo acalmá-la quando a mesma se metia em confusões. E foi em uma de suas explosões, que elas souberam a verdade.
Lisa não só estava namorando com o coreano, como também já havia perdido a virgindade com ele.
O coração da pobre Rosé se quebrou de múltiplas formas. Jennie se calou, chocada, e Jisoo tinha um semblante surpresa. Ao vê-las, Lisa revirou os olhos e saiu andando. Rosé passou pelo inferno após aquilo, perdendo não só sua melhor amiga, como a garota por quem ela era apaixonada e que havia comprado um anel para pedi-la em namoro, economizando por 3 anos a fim de dar a Lisa a pedra de diamante-esmeralda que a garota realmente merecia.
Rosé sempre fora a mais sensível entre elas, e Jennie a mais protetora. Ela virava um dragão se alguém mexesse com sua criança, e a única coisa que arrancava risadas de Rosé eram os olhares assassinos da coreana e as vezes em que ela falava mal de Lisa, do seu bafo pela manhã e de como ela havia feito os dentes depois de escorregar e cair de cara no chão enquanto tentava provar para elas que podia sim descer a colina da cidade de skate.
Mas vocês lembram do karma, né?
Min Yoongi era um menino quieto, fofo e um tanto observador. Ele estudava ali desde sempre, e ele notou o afastamento de Lisa com suas melhores amigas. Todo mundo notou, na verdade. Elas eram inseparáveis e do nada a tailandesa nem olhava na cara delas, passando com o nariz empinado e segurando o braço que Jungkook passava por seu ombro. Pouco a pouco, ele foi se esgueirando e deixando sua timidez de lado para sentar-se com a Park na biblioteca. Rosé não achava que algo de bom fosse sair daquilo, estava triste e depressiva demais para tentar se importar com outro alguém.
Mas Yoongi sentia que ela precisava, e algumas semanas depois, os dois estavam rindo tanto na biblioteca que foram expulsos. Os encontros passaram a acontecer pela escola, os pensamentos de ambos na hora de dormir se direcionavam um ao outro e o ciúmes que sentiam ao se verem com outro alguém. Foi Roseanne quem tomou o passo, e deu um selinho no garoto no acampamento de férias que ambos foram mandados por coincidência. A partir dali, o inferno começou.
O primeiro dia de aula no ensino médio foi marcado pelo quarto membro no antigo trio. Jennie ameaçou e interrogou Yoongi de todas as formas possíveis, com medo de sua criança ser machucada novamente, mas era só ver o jeito que Rosé ficava radiante com o namorado que sua tranquilidade voltava. Os dois eram um casal muito fofo e engraçado, e ele se esforçava muito para acompanhar as três. Yoongi era respeitoso, atencioso, um ótimo ouvinte e jamais forçava Rosé a nada que ela não quisesse. Entendia o tempo que a garota passava com as amigas e até mesmo desenvolveu um amizade com elas, sendo mais próximo de Jisoo.
Demorou um pouco para Lisa perceber. Ela não gostava da sensação estranha que sentia e do desconforto ao vê-los se beijando, ou trocando carinhos, ou as risadas que Yoongi arrancava de sua melhor amiga. Um dia, ela se pegou observando os dois quase sem piscar no refeitório, e decidiu que tinha que descobrir o que era. Mesmo sendo lerda, levou apenas um mês para notar que o que sentia por Jeon não mais existia. Ela ficava entediada, dava desculpas há bastante tempo para não ter que vê-lo e tentava desesperadamente se distrair com suas novas amigas, mas elas não entendiam a verdadeira Lisa.
Caras fechadas, olhos sendo revirados a todo momento, bufadas de 5 em 5 segundos. Lisa passou a reparar em Rosé como nunca antes e ficou surpresa ao notar que o que sentia pela loira não era nem de longe o que sentia por Jeon. Era mais forte, lhe tirava o fôlego e seus pensamentos só existiam para ela. O arrependimento caiu como um dilúvio ao notar que sim, estava apaixonada e enciumada por Rosé estar com Yoongi.
Ela tentou se aproximar deles novamente, com sorrisos curtos e comprimentos no corredor. Terminou com Jungkook e se afastou daquele grupo, que não parecia sentir muito a sua falta. Ela sentia um aperto horroroso no coração vendo Rosé sorrir com os olhos brilhantes quando estava com ele. Ela é quem devia estar ali, ela é quem recebia aqueles olhares nas noites em que as duas ficavam até tarde olhando as estrelas.
Com muita relutância, por parte de Jennie é claro, eles perdoaram Lisa e ela voltou a sentar-se com o grupinho, mas não era nem de perto a mesma coisa. Ela em geral só ficava olhando fixamente os carinhos que Rosé trocava com Yoongi e sentia vontade de vomitar. Nunca havia feito nada com uma garota, mas sentia as famosas borboletas no estômago toda vez que Rosé sorria.
Lisa, cansada de ver a garota que amava com outro, decidiu que atrapalharia o relacionamento dela. Subitamente, ela começou a aparecer de forma misteriosa em todos os lugares em que eles iam. Chegava e se sentava no meio sempre que os dois estavam prestes a se beijar e passou a dar desculpas para que Rosé estivesse sempre em sua casa. Jennie parecia que ia explodir a qualquer momento, ela ainda tinha muito ressentimento de Lisa, e por isso, deu a ideia de Rosé e Yoongi irem em um parque em Busan para terem um momento a sós. Funcionou. Lisa ficou confusa e sem saber onde sua melhor amiga estava, e Rosé achou que finalmente pudesse respirar aliviada enquanto sorria para o namorado e os dois se prepararam para se beijar após ele conseguir um ursinho para ela no tiro ao alvo.
— ROSIIIE!
Os dois se viraram assustados, vendo uma Lisa alegre correndo até eles. Ela os puxou pelo ombro e deu um abraço apertado, dizendo o quão bom era vê-los ali e que era uma ótima oportunidade para passarem um tempo juntos. Acontece que Jennie não se informou direito, e por conta disso, não sabia que os pais de Lisa não só viajariam para Busan como também levariam a filha para que pudesse se distrair, e como o parque era a atração principal da semana, foi para lá que escolheram ir.
— Oh, vocês estavam jogando? — Ela franziu o nariz de uma forma adorável e tomou arminha da mão de Yoongi, quase derrubando o coitado no chão. — Me deixa tentar!
Os dois namorados ficaram boquiabertos ao ver a concentração de Lisa. Ela deu um olhar satisfeito ao ver que havia derrubado todos os patinhos e ganhara o melhor prêmio da noite, um urso gigante e branco que Rosé queria desesperadamente.
— Uau, Lisa! Seu prêmio é enorme! — A neozelandesa comentou, olhando para a pelúcia que quase derrubou Lisa no chão quando lhe foi entregue. A tailandesa deu de ombros.
— Eu sei, pode ficar com ele. — Ela lhe entregou o prêmio e lhe deu um beijo estalado na bochecha. — Sei que gosta muito de pelúcias e as maiores sempre chamam mais a atenção. Vão pensar no quão sortuda você é por ter alguém ganhando para você.
Ela piscou um olho. Yoongi corou furiosamente e Rosé lhe deu um olhar preocupado, mas Lisa fingiu que não notou e saiu puxando a garota pelo lugar, dizendo que estava com fome e deixando o coreano para trás sem dó.
Os dias passaram depois daquele fracasso e o plano de Lisa dava cada vez mais certo, especialmente depois que Jung Hoseok e Kim Taehyung entraram na escola e fizeram amizade com Yoongi. A loira só conseguia pensar na palavra "gay" toda vez que via os três juntos.
Rosé foi ficando cabisbaixa, pois ela estava brigando com Yoongi pela primeira vez. O moreno havia admitido que andava confuso com sua sexualidade e pediu um tempo, que ela aceitou apesar de ter ficado chateada. E é claro que Lisa estava lá para consolar sua melhor amiga e garantir que ela não saísse magoada.
Mas, como todo castigo 'pra corno é pouco, ela ainda teve que lidar com Park Jimin.
O garoto era um amigo de Busan, primo de sabe-se Deus quantos graus de Rosé e alguém muito petulante na opinião de Lisa. Após Yoongi e Rosé realmente terminarem, Jimin foi apresentado pela loira como o hóspede de sua casa. Lisa ficou boquiaberta ao ouvir que foi ele quem a consolou quando Yoongi terminou com ela.
Jimin era alguém que podemos chamar de deboche de pessoa. Ele nem era hétero, mas gostava de provocar uma raiva quando tinha oportunidade, e sabendo do histórico da Manoban, fez seu inferno pessoal abraçando, beijando e ficando sempre junto da Park mais nova. Lisa estava tão ocupada criando inúmeros cenários onde assassinava Jimin que nem percebeu que ele se pegava com seu ex namorado atrás da escola.
Tudo ficou insuportável. Ela não aguentava mais ver Rosé com todos menos com ela. Sentia e chorava muito em sem quarto, agarrando o travesseiro com tanta força que tinha alguns rasgos. Ela chegava na escola cabisbaixa, evitava sorrir e sempre olhava Rosé com tristeza, um brilho arrependido no olhar. A neozelandesa, que também sentia todos os sentimentos por Lisa voltarem como um tornado, obviamente percebeu e decidiu tirar a conclusão naquela semana.
Lisa chorava compulsivamente em sua cama enquanto a chuva caía lá fora. Ela estava com a luz apagada e a as cortinss abertas, apenas ouvindo o barulho da chuva bater contra a janela e se misturar com seus soluços. De repente, um perfume doce invadiu o ambiente junto com o vento frio, e Lisa só não entrou em pânico após ouvir o "merda!" baixinho após a garota tropeçar.
Rosé se recompôs da melhor forma possível e fez uma careta pela dor, caminhando até Lisa, que estava deitada de costas para si. Ouviu o fungado baixinho e sentiu seu coração apertar. Sentou-se na cama, retirando o casado encharcado e acariciando a pele dela com as mãos frias.
— Lili? — Chamou, torcendo para Lisa não estar lhe odiando.
— O que você quer? — A voz dela estava embargada e quebrada, mas Lisa não ousou se virar. Ouviu o suspiro de Rosé.
— Lili fala comigo, por favor eu não aguento ver você assim. — Ela hesitou, sentindo seu coração pesar. — Foi alguma coisa que eu fiz?
Lisa negou com a cabeça, mas Rosé sabia que ela estava mentindo. Tentou impedir que o bolo na garganta lhe sufocasse e respirou fundo.
— Sabe, quando eu era criança, eu me mudei da Nova Zelândia e fiquei muito assustada de não ter amigos. Minha irmã Alice já era grande, e os amigos dela não queriam brincar comigo.
Lisa ouvia atentamente, sabia como aquela história era. Já havia parado de chorar e agora só sentia os dedos frios de Rosé traçando círculos imaginários em sua pele quente.
— Até que um dia, eu estava no jardim da frente e vi uma coisa um tanto quanto... peculiar. — Lisa quase podia ver ela fazendo uma careta e reprimiu um sorriso. — Tinha uma garota magra de dar dó usando um vestido amarelo florido e maria chiquinhas, e ela, curiosamente, estava tentando morder a orelha de um gato.
O sorriso que Lisa lutou tanto para não aparecer acabou saindo, e ela mexeu a cabeça, suspirando.
— Eu estava brincando com ele. — Ao ouvir a voz meio indignada, Rosé sorriu.
— Mas acho que ele não queria muito, já que arranhou a garotinha e eu só pude ouvir ela chorando enquanto a mãe dela corria e tentava parar o sangue que saia do arranhão que o gatinho havia lhe dado. — Rosé acabou rindo, sabendo que Lisa ficava brava.
— Não tem graça! O Leo me odeia até hoje! — Rosé não conseguiu segurar o riso, as lágrimas caindo de seus olhos. Leo, deitado no canto do quarto, olhou para elas como se fossem loucas e se enfiou debaixo da cama de Lisa.
Rosé se surpreendeu com a rapidez com a qual Lisa se virou na cama e se sentou, lhe dando um abraço apertado e escondendo o rosto em seu pescoço. Os braços magros da loira neozelandesa apertaram a garota com força e ela fez um carinho em seus cabelos.
— Por que fez aquilo? — Rosé perguntou, e Lisa sabia exatamente do que ela estava falando.
— Porque eu fui uma idiota! — Disse com a voz abafada. — Porque eu pensei que precisava amar o Jeon e que aquilo era o melhor 'pra mim. Eu só percebi quando te perdi, quando senti a dor que você sentiu. — Lisa a apertou com mais força, movendo a cabeça contra seu pescoço. — Eu sentia tanta raiva de te ver com ele, eu o odiava por estar com aquilo que eu queria.
A tailandesa levantou a cabeça e Rosé enxugou suas lágrimas, beijando seu nariz.
— Eu não sabia que te amava até ver que havia te perdido, que a única coisa boa que eu tinha havia sido arruinada pelo meu comportamento ridículo e que você não me queria mais. — Sua voz foi ficando cada vez mais embargada e ela fungou. — Por favor, você pode dizer que ainda me ama e que não é tarde demais eu consertar a besteira que fiz para te amar de volta como você merece?
Rosé sorriu largamente, observando aqueles olhinhos tão doces que a olhavam de volta, implorando. Aquela era a Lalisa que conhecia, e não haviam palavras a serem ditas, porque no fundo, nunca deixou e nunca deixaria de amar aquela cabeça dura. Delicadamente, alisou sua cintura e a puxou, depositando um selar longo em seus lábios. Lisa suspirou, o peito quase explodido de felicidade e as borboletas levantando vôo em seu estômago.
Ela se levantou, sentando-se no colo da neozelandesa e enrolando seus braços no pescoço dela. As bocas tinham um encaixe perfeito, como se fossem feitas apenas para sentir o gosto da outra. Se áureas pudessem ser vistas, a delas estaria tão brilhante que o sol jamais nasceria de novo. As estrelas desalinhadas do universo particular de cada uma agora encontravam suas constelações e se juntavam para nunca mais partirem. As línguas antes tímidas agora exploravam o território que possuíam e os corações se juntavam em uma só dança, sincronizada perfeitamente com o ritmo da amor.
Foi Lisa quem quebrou o beijo, enfeitiçada e ofegante. Ela colou sua testa com a loira mais velha e deixou seus olhos fechados. Sua boca estava dormente e suas mãos suavam frio. O coração batia acelerado contra sua caixa torácica e Lisa podia jurar que havia desenvolvido alguma espécie de princípio de infarto, mas se beijar Rosé causasse tudo aquilo, ela não se importaria de se afogar naquele mar de amor junto dela.
— Me promete que não vai fugir? — A mais velha perguntou baixinho, fazendo círculos nas costas da tailandesa.
— Nem se eu quisesse.
— Lili, eu te amo desde quando éramos crianças, mesmo que você ou eu nunca tivessemos notado. Eu sempre vou preferir a sua felicidade acima de tudo e você sabe que é minha musa, a minha inspiração. O meu sol, o meu anoitecer, o meu morrer e o meu renascer. Eu enfrentaria mil batalhas 'pra estar junto de ti e observar o eclipse das nossas fusões juntas. — Ela respirou fundo, enfiando a mão no bolso do short. Lisa estava maravilhada demais para notar. Hesitante, a menina puxou o anel de esmeralda. — Eu quero que saiba que por você eu faço qualquer coisa, porque eu te amo e nunca mais vou te deixar partir. Por favor, me dê a honra de ser o meu declínio particular. Seja meu crepúsculo, seja minha.
Dizer que Lisa teve uma parada cardíaca foi pouco. A garota começou a tremer e chorar como nunca antes. Abraçou Rosé com força e sem querer acabou desequilibrando as garotas, causando que a loira mais velha caísse no chão e batesse a cabeça com força. Rosé gemeu de dor, mas os beijos afoitos que Lisa distribuía por seu rosto a fizeram esquecer desse detalhe. Só teve tempo de pôr o anel no dedo dela antes de se esconder no armário por conta do pai de Lisa, que abriu a porta 2 segundos depois, desconfiado pelo barulho no quarto da filha.
No dia seguinte, se apresentou oficialmente como namorada da tailandesa e ficou aliviada e um tanto risonha ao ouvir Marco dizer que preferia à ela do que Jungkook. Lisa revirou os olhos pela frase e cruzou os braços emburrada pela atenção que a namorada e os pais trocavam. No fim, elas foram para a escola, completas e felizes. E finalmente, o karma de Lisa havia acabado e ela podia viver a vida com seu amor por toda a eternidade.
Mesmo que Jennie tivesse tentado acabar com sua vida cedo demais ao correr atrás da Manoban pela escola com um pedaço de madeira.
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