VIII - A Cerimônia
Katie
Bolas brancas, velas acesas, flores, fotos, cadeiras, palco montado, uma orquestra de violinos se organizando no palco, barraquinhas vendendo mais flores, pessoas chorando outras conversando tristemente, algumas já sentadas, todas vestidas de forma social e bem apresentável. Era uma noite bem fria, porém, linda e estrelada. A praça de minha cidade só ficava cheia assim em pouquíssimas ocasiões e claro que nessa iria está repleta de pessoas. É meio trágico, digo, é totalmente trágico a cidade se reunir para uma cerimônia dessas, o clima era de grande pesar, apesar de diversas pessoas só estarem ali para fofocar.
- Filha! - Era minha mãe, me chamando para sentar.
- Mãe essa fileira não é perto de mais do palco? Eu odeio violinos!
-Katie não seja mal criada. Lá trás não dará para escutar quase nada!
Na real?... Qual o sentido dessa cerimônia? Só para lembrar que ainda tem um psicopata solto pela cidade? Ou uma entidade né? Eu nunca acreditei nessas coisas de espíritos e maldições, mas algo estava mudando. Os últimos acontecimentos mexeram de mais com minha cabeça e com os meus ideias, só queria o Carlos naquele momento para conversar e perguntar a ele se tudo que eu vi naquele dia na biblioteca ele também tinha visto, como pode aquilo ter mesmo acontecido? E o velho já morreu como é possível que eu tenha visto ele lá? Perguntas frequentes que eu sempre me deparava, mas sempre fugia por não ter respostas adequadas e confiáveis. Eu sabia que o Xerife nunca iria tirar todas as minhas dúvidas, ele não sabe de tudo que eu senti, vi e passei. Quem iria acreditar em tudo isso? Eu estou vivendo um dilema, não posso contar essas coisas, vão achar que eu sou louca, mas se eu contar e alguém acreditar seria até melhor para a investigação, mas ninguém vai acreditar em uma história fantasiosa dessas, algo me diz que eu terei que resolver e investigar por mim mesmo tudo que está acontecendo ou aconteceu nessa cidade. Tenho que dá um jeito de ir até a biblioteca novamente, não sei se eu teria essa coragem, mas preciso pegar um livro daqueles e investigar, não posso perder mais ninguém que eu amo e estou motivada a usar todas as minhas forças e vontades contra isso.
- Boa noite povo de Stiller. - Era o prefeito, falando no palco. Estava vestido com um terno branco, ridículo - Estamos aqui nessa noite, nessa cerimônia, para fazer jus as pessoas que perdemos nos últimos meses, foram meses difíceis para nossa cidade. Graças ao nosso bom Deus, já faz 3 semanas que não tenho nenhum acontecimento desse tipo, e devemos esse sentimento de segurança ao nosso memorável Xerife. -Todos que ali estavam bateram palmas - William, meu povo, fez um trabalho esplêndido, mesmo com o risco de novos assassinatos estarem zerados - MENTIROSO! QUEM GARANTE ISSO? - Encerro minhas palavras dizendo que, a nossa cidade sempre será feliz, sim, terá seus momentos de angústias, mas sempre voltaremos a ter paz. - mais palmas. - Vamos aproveitar essa noite para as nossas orações, homenagens e eternizar esses nobres jovens e profissionais e também rezar pela recuperação de nosso querido Carlos que ainda se encontra em estado grave no hospital.
Os violinos começam a fazer barulho e as pessoas se dirigem ao centro da praça, onde está a foto de todas as vítimas dos acontecimentos. Os professores, minhas amigas, o guarda de trânsito... E mais distante tem a foto do Carlos e uma frase em cima: "Rezem pela minha recuperação". Não aguentei olhar para aquelas fotos e não chorar é muito pesado ter alguém sempre do teu lado e vivendo sua vida com você e vai embora de uma forma totalmente cruel e de maneira inesperada. Lembro que uma vez a Norman postou um artigo em seu blogger sobre amizades e destacou a nosso como referência, e realmente era.
William
Insegurança. Era isso que eu estava sentindo durante a cerimônia. O xerife insistiu em fazer essa cerimônia para acalmar os ânimos da população, mas o departamento policial não concluiu nada sobre o caso e a investigação continua na escala 0. O pior é que os fatos mais relevantes não podem ser reais. A Katie nos passa informações sem sentido e sem nexo. Hoje de manhã ela foi novamente para o interrogatório e não falou coisa com coisa. Estou muito preocupado com a saúde mental dela, e já deixei até um documento escrito e assinado por mim em caso de emergências.
- Tudo bem aí Thales? - Thales era um dos mais antigos policiais da cidade, confesso que às vezes me sinto mal de ser chefe de pessoas mais velhas, parece até que o mundo virou de ponta cabeça.
- Tudo sim xerife! - Fala, apertando minha mão.
Eu estava com todos os policiais da cidade na praça, para garantir que nada iria impedir o bom desempenho do evento. E realmente... Tudo estava ocorrendo como o esperado. Todas as pessoas atenciosas nos discursos e nas músicas. Vi Katie em uma das últimas fileiras com a mãe, com os olhos fixos no palco, eu fico muito feliz em ver a Jessica se divertindo, não quero nem pensar na possibilidade da Katie estar fazendo essas barbaridades.
-Xerife!
- Sim policial Jeff. - Respondi com tom de tranquilidade.
- Você não vai dá nenhuma palavrinha com o pessoal? Acho que eles precisam escutar o senhor falando seria um conforto para todos eles.
Não queria mentir como o prefeito.
- Seria uma boa ideia. Mas acredita que eu tenho medo Jeff?
Jeff fica sem entender o que eu estava querendo falar.
- Bem. É muito estranho um assassino que quer reviver um terror de 90 anos atrás ter desaparecido desse jeito. - Eu tinha alguns anos de experiências na área e nunca tinha visto um caso desse tipo. - Todos os agentes especializados em casos com psicopatas e assassinatos em série vinheram aqui nessa cidade e não conseguiram descobrir absolutamente nada. Tenho medo de acalmar a população e algo acontecer novamente. -Eu cruzo os braços e caminho em direção ao palco, antes de subir as escadas que dá acesso a ele olho para trás e dou um leve sorriso para Jeff. - Policial, nossas vidas realmente são um risco.
Katie
Todos olham em direção ao palco quando veem que o Xerife está regulando o microfone. Não sei bem o que ele vai falar, mas já espero um belo clichê de agente da paz ou algo do tipo. Todo mundo começa a bater palmas e gritar: "Xerife! Xerife!" Estava parecendo mais uma campanha política que uma cerimônia na cidade. É estranho ter uma pessoa que você sabe que está mentindo obviamente e todo mundo aplaudindo. As pessoas tem uma necessidade tão grande de ter algo ou alguém para defender que ficam cegas em diversos momentos, inclusive esse. O xerife parecia um pouco desconfortável com a ideia de falar em público, mesmo assim estava lá no palco. Acenava para a pequena multidão em forma de agradecimento.
- Boa noite. Estou aqui...
Um barulho enorme no local enxergava só um clarão
Estou no chão. Tem sangue pra todo lado... Cadeiras quebradas, fumaça, barulho de gritos e barulho ambulâncias de aproximado parecia o fim do mundo.
Foi tudo que passou na minha cabeça, em um segundo anterior o Xerife estava no palco e no outro todo mundo disperso e escombros para todo lado, mas tinha um local que não dava para ver de nenhum jeito, um local repleto de chamas e pequenas cinzas voando em torno dela. O palco já não existia no local. Havia explodido, eu estava jogada na grama, vendo pequenos pedaços do palco cair perto de mim e pequenas cinzas voando nos céus, gritos de socorro, pedindo ajuda, pessoas correndo. Essa era a segunda vez que eu ficava jogada na rua sem rumo e aguardando uma ambulância.
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