IV - A Vida é como queremos?
Katie
Todos nós já nos perguntamos alguma vez: Por que a vida as é tão má? Mas será que a vida realmente é um monstro de 7 cabeças? Acredito que a grande maioria das vezes que alguém pergunta: "Por que a vida às vezes é tão má? " É por consequências de atitudes humanas, logo quem é tão ruim não é a vida e sim as pessoas. Será que essa reflexão é válida? Basta refletir e tirar suas próprias conclusões. Nesses últimos dias passei por tribulações exorbitantes me mantenho de pé como uma estátua chumbada em uma calçada, porém a qualquer momento um terremoto pode causar a queda dessa estátua. Minha mãe sempre foi uma pessoa muito boa para com a família, vizinhos e amigos; lógico, ela tem suas falhas e paranóias, mas nunca tratou de forma grossa ninguém. A ameaça escrita na fachada da escola causou um enorme alvoroço psicológico na família. Para onde correr? Será que a cidade cercada de policiais, agentes, repórteres é sinônimo de segurança?
A minha cabeça nesses últimos dias pode ser comparada a um rio. Em dias quentes os rios permanecem calmos e sonolentos, mas basta ocorrer uma pequena chuva e essa tranquilidade no rio já desaparece, fazendo com que seu volume aumente. E então, como será que ficam esses rios em dias de tempestade?
- Mãe o que vamos fazer agora? - Eu gritava pela casa, andava de um lado para o outro, com a mão na cabeça, estava aterrorizada e perturbada com toda essa situação, todas as pessoas ao meu redor estavam morrendo, será que o problema era eu? - Mãe... Não entendo... Por que todos que eu amo estão morrendo? Mãe por que esse psicopata está atrás de você?
Quem poderia querer matar uma mulher inofensiva? Será que é busca de vingança? Ao decorrer da vida todos cometemos erros, mas que erro seria merecedor de tal castigo? Tantas perguntas... E nenhuma resposta.
- Filha o que devemos ter nessa hora é calma e esperar seu pai chegar em casa, para resolvermos o que fazer!
O meu pai sempre estava fora de casa, trabalhando ou visitando amigos. Por mais que ele demonstre amor por mim, nesses últimos dias, ele está muito frio em relação a tudo que está acontecendo.
- Mãe... Não aguento perder você - Ajoelho-me e coloco minha cabeça no chão, e soluço de tanto chorar. - Por que isso está acontecendo com a gente mãe? Nunca fizemos nada de ruim para as pessoas dessa cidade!
- Filha! Sempre fazemos algo de ruim com as pessoas, mesmo sem perceber.
Uma gota de desconfiança é plantada em minha cabeça nesse momento. Como assim?
- Mãe? - Levanto do chão e enxugo as lágrimas - Você está escondendo algo de mim?
- O que eu estaria escondendo? - Fala dando as costas e indo em direção a cozinha - Vou preparar o jantar.
Coloco a mão no ombro de minha mãe.
- Não Gosto de conversas pela metade mãe. Você falou que todos erramos... Está insinuando que merecemos esse castigo?
- Não falei isso filha! Mas o que isso está parecendo? Um castigo! Não acha?
- Mas quem merece isso mãe? Não vamos ter mais sossego? Policiais na nossa porta, interrogatórios... - começo a chorar novamente com essas possibilidades. - Não vou conseguir viver nessa vida de celebridade de assassinatos em série. Mãe temos que sair dessa cidade.
- Filha!- Coloca as duas mãos no meu rosto e enxuga minhas lágrimas com os dedões. - Os problemas só desaparecem quando enfrentamo-los e não quando fugimos...
A minha cabeça está rodando de tanta dúvida.
- Sério mãe... Não estou entendendo mais nada. - Dou uma tapa na mão de minha mãe que rapidamente sai do seu rosto.
O que estava parecendo era que ela sabia de algo e não queria me falar, aquilo me magoou bastante, mas eu já sabia o que fazer para procurar respostas e descobrir o que minha família tem haver com isso. Vou em direção a sala, pego meu casaco e coloco.
- Filha você não deveria sair! Está perigoso lá fora.
- Mãe eu já não sei onde é mais perigoso. Será que aqui em casa eu não corro mais risco?
BATO a porta. E ando rapidamente pelas calçadas do meu bairro.
Katie
Carlos, apesar de todos seus defeitos, sempre está disponível para ajudar qualquer pessoa. Uma vez Norman precisava de dinheiro para pagar uns livros que estavam chegando da internet, Carlos vendeu sua coleção de miniaturas dos X-men e deu todo o dinheiro para Norman. Eu lembrava muito bem dessa atitude do amigo, e nada mais inteligente que pedir ajuda do meu amigo nesse momento. As lojas da cidade estavam fechadas, na maioria continha panos pretos, ou cartazes com o nome luto. Em algumas esquinas era possível avistar repórteres fazendo matérias para as emissoras locais, e até mundiais. Confesso que já senti sim algo pelo Carlos, afinal foi ele quem tirou meu BV, mas tenho certeza que ele já beijou tantas bocas que nem se lembra desse fato.
Trim
Toco a campainha da casa do Carlos, que não é tão longe da minha, afinal, nada nessa cidade é tão longe. A empregada abre a porta e logo que me ver grita:
- Carlos é para você, venha atender.
Carlos passava grande parte do seu tempo em seu quarto, jogando vídeo game ou vendo vídeos em seu computador. Mora com seu pai, e por ele passar Grande tempo trabalhando uma empregada fica em sua casa. Uma verdadeira mãe de criação para Carlos. Ele nunca recebia visitas, exceto em seu aniversário. Essa é parte ruim de ser popular, todos te conhecem na rua, mas não há alguém verdadeiro que vá até sua casa.
- Katie? Você aqui? - Ele abre um sorriso, que meu Deus, Senhor. Se eu não estivesse nessa condição teria agarrado ele ali mesmo.
- Carlos preciso de sua ajuda.
Carlos fica abismado com a visita inesperada e misteriosa e eu percebi isso. Começo então a falar de minha proposta e o motivo que preciso da ajuda dele, afinal é uma das poucas pessoas que agora eu confio.
- Carlos? - Percebo o susto que ele teve quando acabei de explicar o meu plano.
- Ah! Sim, Sim... Ham... Digo... Pode entrar... Sente-Se, vou pegar um chá ou café ou água... Mas você...
- Não quero nada Carlos. Só quero sua ajuda - Interrompo
Após contar o meu plano o Carlos se assusta.
- Então não é nada! - Carlos Ironiza. -Me deixa vê se eu entendi... Você quer que eu saia da minha casa com você nesse momento, invada a biblioteca municipal com você, acesse os arquivos antigos do início do século... Você está maluca Katie?
A minha proposta realmente era muito perigosa. Mas minha vida estava nessas condições. Preciso de respostas, urgentes.
- Carlos você é a única pessoa que eu posso confiar nesse momento. Você tem coragem e eu sei! Prometo que é rápido. Só quero uma cópia das edições dos jornais de 1924!
Carlos faz uma cara de: "isso vai dá merda"
- Katie! Você acha essa tarefa fácil?
- Carlos não falei que é fácil, mas se faz necessário. Meus amigos estão morrendo, minha mãe corre risco, quero entender o que aconteceu em 1924, para tentar entender o que está acontecendo agora.
- Tenho certeza que quem se envolveu em 1924 morreu. Acho que não estou preparado para morrer. - Fala em tom irônico, uma de suas especialidades.
- Mas você é meu amigo. Se o alvo desse maldito psicopata são meus amigos você também está envolvido PORRA! - Grito, as lágrimas já escorriam em meu rosto, me perguntava de onde vinham tantas lágrimas nesses dias turbulentos - Estou pedindo para você proteger sua vida e de seus familiares, estou pedindo para você se ajudar.
O Pai de Carlos entra na casa no momento auge de nossa discussão, me envergonho rapidamente.
- Senhor Oliver!
- Olá Katie...
Oliver é um homem alto, branco e com cabelos amarelados, está de terno e segura uma maleta preta, aparentemente molhada. Grande de mais para estar carregando apenas materiais de trabalho. Caso ele não estivesse de terno poderia até ser materiais de construção.
- Katie, você não deveria está em casa? Não é seguro aqui na minha casa.
- Como assim senhor Oliver?
Tenho a sensação que todos ao meu redor estão me escondendo algo e isso está me aterrorizando.
- Nada Katie. Apenas vá para casa! Seus pais devem estar preocupados com sua ausência.
Percebo que da maleta do Sr. Oliver está escorrendo um líquido.
- Carlos, leve sua amiga na porta, enquanto eu guardo essa maleta!
Sr. Oliver sai da sala. Eu não tiro o olho da maleta. Quando percebo que a maleta não está totalmente fechada. Sr. Oliver vai subindo as escadas da casa de Carlos em direção a ala que dá acesso aos quartos. Continuo mantendo os meus olhos fixos na maleta e percebo que há algo parecido com um dedo e está para o lado de fora da maleta. Carlos percebe o meu rosto pálido.
- Katie está tudo bem? - Pergunta Carlos, Eu não respondo e continuo olhando para a maleta até o Sr.Oliver desaparecer no corredor. - Katie? Vou pegar meu casaco e vou com você. Está bem?
- Não... Não... É - Estava gaguejando para falar, essa não é a primeira vez que vejo algo totalmente estranho. Nós últimos dias estou vendo alucinações desse tipo e parece que essa sensação de perigo só aumentou na casa do Carlos.
- Tem certeza que não quer uma água? Um chá?
- Carlos obrigado por me escutar, mas não precisa ir comigo. Só quero ir pra casa agora e deitar um pouco, foi precipitado de minha parte querer invadir a biblioteca. - Eu mentia meus planos ainda eram os mesmos, só não sei se teria coragem de concluir ou iniciar.
- Quem sabe é você Katie, mas precisando de algo eu estarei aqui.
- Eu sei!
Nós nos abraçamos, em forma de amenizar a dor, angústia e medo que todos estão sentindo nesses últimos dias. Todos Se perguntam naquela cidade se vão estar vivos no dia seguinte.
- Tem certeza que não quer que meu pai te leve de volta para casa Katie?
- Tenho sim Carlos. Sei me cuidar.
Tranco a porta da casa de Carlos. Coloco as mãos no bolso do casaco, capuz na cabeça abaixada e vou caminhando em direção à biblioteca em busca de respostas. O que eu encontraria lá? Espero que não me assuste.
O meu celular vibra, certeza que são meus pais... É um SMS do número da Norman. O Assassino ainda está com o celular da Norman, fiquei.
21:56
De:Norman
Para: Vadia de casaco preto
Quer um conselho? Não olhe para trás.
Por um instante fico sem reação nenhuma, até olhar para trás. Carlos vinha correndo em minha direção, vestindo um casaco preto e usava uma touca branca de veludo. Na mão direita de Carlos se encontra uma lanterna, típico de quem vai ou estar aprontando algo.
Em minha cabeça se passava diversas informações, acontecimentos e recentes traumas. Minha vida tinha virado de cabeça para baixo, tudo estava sombrio, tudo era uma grande dúvida. Duvido de todos e de todas como se todos tivessem culpa de meu sofrimento. A morte de minhas amigas e professores me deixaria mais abalada se eu não fosse citada pelo assassino, mas ele insiste em perseguir as pessoas que eu amo... Isso isola meu sofrimento na caixa mais sombria da minha mente, e o que me dá forças é a vontade de descobrir o verdadeiro motivo dessa grande carnificina. Os assassinatos de 1924 em minha cidade foram esquecidos por algum motivo, qual? Quem seria capaz de acordar esse pesadelo para a cidade? Muitas perguntas e nenhuma resposta no momento, mas tenho convicção que sou a única que pode descobrir as respostas. Carlos chega próximo de mim e coloca suas mãos em seus joelhos, cansado de sua corrida.
- Você anda muito rápido Katie! - Respira fundo.
- Carlos! Eu falei que não vou fazer mais nada... Irei para casa e vou descansar! - Acho que minha mentira não foi convincente, ele ri ironicamente para mim.
- Moça para de drama - Risos - Te conheço muito bem! Sei quando está disposta a fazer algo... Você simplesmente vai lá e faz! - Ele faz uma pausa.
Ele tinha razão. Eu sempre que falo que vou fazer algo realmente faço. Não me importo muito com os que os outros pensam de minhas atitudes, se elas forem ruins ou boas quem vai enfrenta-las logo mais sou eu. Ele sabe que não estava indo para casa e sim à procura de respostas.
- Só não quero te meter nisso! Já perdi pessoas de mais nesses últimos dias Carlos! Não quero perder mais ninguém. - Minhas lágrimas escorrem em meu rosto, revelando minha angústia aterrorizante. Minha vida parece que virou um inferno... Ou melhor, minha vida de fato tinha virado um inferno.
- Você acha mesmo que vou te abandonar? - Ele me abraça forte. Fica em silêncio por um momento esperando eu enxugar minhas lágrimas. - Katie... As meninas também eram minhas amigas, o guarda de trânsito frequentava as festas lá de casa, os professores eram legais comigo... Essas desgraças não afetaram só sua vida e sim a minha e de outras pessoas. Eu quero respostas, eu quero ficar de cara a cara com esse psicopata e perguntar o motivo disso tudo. Isso já passou de maldade Katie, isso é doença! Quem quer que esteja praticando esses atos precisa ser encontrado e tratado. - A imagem da maleta vem me atormentando enquanto ele vai me dando esse sermão, para me convencer que ele está me apoiando, o que será que estava naquela maleta? Será que aquilo que eu vi era mesmo um dedo, ou apenas algo que não consegui identificar? - E então? Estou dentro?
- Acho que sim...
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