Capítulo Único
Seus movimentos eram suaves e leves, se movia ao tempo da música. Ora com os olhos fechados, ora abertos, Itachi lutava para se concentrar unicamente naquela dança, mas podia-se dizer que era uma missão impossível tirar aquelas orbes da cabeça, aquele sorriso sincero e sua voz grave. Seus pés eram ágeis, tinha total controle sobre cada salto, cada passo. Deslizava com facilidade, mas não deixava de ter medo de cair.
Sentia frio. O vento gélido batia contra sua nuca, mesmo com seus fios de cabelo o protegendo. Sentia frio pois seu orgulho não deixava com que os braços de Shisui rodeassem seu corpo. O orgulho que todo Uchiha carregava o fardo de ter, ou se não tivesse, com certeza teria, ninguém escaparia daquela maldição, Itachi não escapou.
Era engraçado e até meio irônico.
Sempre criticava as ações do primo, mas nunca olhou por aquele lado, pois nunca viveu aquela vida. Aquela maldição.
Assim como não entendia o legado de sua própria família, quando menor, não compreendia os sentimentos que nutria pelo primo, Shisui. Por medo, colocou os sentimentos "mortos" dentro de uma caixa que jurava de pé junto ser um caixão mas, no fim, era uma caixa de tesouros, deu o mapa para o mais velho, não foi surpresa o mesmo ter encontrado sem muita dificuldade.
Shisui estava a algumas ruas de distância, contudo, assim como Itachi, não ia. Mesmo que sentisse sua falta.
Quanto mais rápida a música ficava, mais pensamentos invadiam a mente do menor, queria continuar pensando neles. Céus... era o que mais queria naquela vida.
- Está fora do tempo, Itachi - seu pai o alertou cruzando seus braços. Viajaria amanhã ao fim da tarde para participar de um dos maiores campeonatos que seu pai sonhava em ver um de seus filhos ganhar - Itachi! - o chamou novamente.
Sacudindo sua cabeça, voltou sua atenção ao que estava fazendo antes da invasão. Um axel duplo foi executado com perfeição por Itachi, com exceção de seus movimentos que, por um curto período de tempo deixaram de ser tênues como seu pai queria. Uma carranca se formou em sua face.
- Pai, por favor... - pediu, Sasuke repousando suas mãos sobre seu rosto. A voz de Fugaku o irritava profundamente - Ele tá tentando.
- Até você consegue fazer melhor que ele - bufou, revirando os olhos em seguida - Eu disse Axel triplo, Itachi.
" - Sabe que não deveria ligar para o que ele diz, certo? - Shisui dizia sincero. Sabia quanto seu namorado treinava para aquela competição.
- Sei sim, Shisui - não deu ouvidos.
Fez uma abertura completa no chão, apoiando-se em seus cotovelos. Apertou bem os olhos reprimindo um gemido de dor. Era a primeira vez que voltava a se alongar depois de sua lesão há 2 meses.
Shisui colocou seu joelhos dobrados sobre as pernas esticadas do menor, mas não o tocando. Segurou sua cintura e beijou sua nuca.
- Eu te amo - se pronunciou - Te amo muito - sorriu sincero.
Itachi olhou para eles com dificuldade por conta da posição na qual se encontrava. Esticou suas pernas na frente de seu corpo e se apoiou no abdômen de Shisui, recebendo um forte abraço em seguida.
Pela primeira vez, riu. Uma felicidade inexplicável o atingiu em cheio."
Sentiu seu coração palpitar mais forte.
Mas, afinal, o que fazia ali? Rodeado de pessoas que nem sequer pensavam em si, somente "bebiam da fonte". Por pressão, tentou executar o axel triplo, caindo no chão. Seu corpo tocou o mesmo por um curto período de tempo, antes de se levantar e observar seu pai o chamando com a cabeça. Itachi negou, voltando a patinar. Tentou novamente, obtendo o mesmo resultado.
Desta vez, apenas deitou-se sobre o gelo com os braços abertos. Sasuke e Fugaku se entreolharam.
"Shisui o puxava montanha a cima enquanto corria com um sorriso em seu rosto. Já Itachi reclamava da velocidade em que caminhavam.
- Cala a boquinha, Tachi - entrelaçou seus dedos aos de seu namorado - Chegamos! Satisfeito?
- Você vai me carregar na volta - depositou um selinho nos lábios do namorado.
Finalmente poderia ver a vista de cima da cidade. A lua iluminava aquela noite, deixando tudo ainda mais bonito. Shisui se sentou na grama, pedindo com a cabeça para que Itachi fizesse o mesmo.
- Era isso que queria, certo? Apenas nós dois... e a lua - sorriu.
- Me deu muito mais que isso, Sui - pegou na mão do namorado trazendo-a para mais próximo de si - Eu te amo - sussurrou.
- Eu também amo você, meu amor - disse tomando os lábios do menor".
Ao sair de seus devaneios, sentiu a sombra de Sasuke sob seu rosto, ele o olhava com uma expressão indecifrável, diferente de seu pai, Fugaku deixava claro que estava prestes a voar no pescoço do filho.
- Vem, levanta - Sasuke estendeu a mão para o irmão, vendo-o ignorá-la e se levantar só.
Deslizou seus pés, rumando até a saída, isso se seu pai não tivesse segurado fortemente seu braço.
- É amanhã, Itachi - alterou seu tom de voz - Investi muito dinheiro em você, eu o proíbo de me decepcionar!
Os olhos de seu filho brilhavam em um contraste das luzes da pista, e suas lágrimas que aos poucos se soltavam de seus olhos, escorrendo por suas bochechas. Com sua mão livre, enxugou suas lágrimas. Chorar na frente de seu pai não era a melhor opção.
- Me solta... por favor - pediu com sua cabeça baixa - Eu só quero um pouco de ar - explicou.
Fugaku o soltou com brutalidade. Sem demora, Itachi patinou rapidamente até a saída, tirando seus patins na mesma velocidade. Sabia para onde tinha que ir, não negligenciaria este sentimento uma vez mais. Pegou sua bolsa e correu até a saída, ouvindo seu pai o chamar ao longe. Longe demais para seu coração ouvi-lo.
O vento uivante do fim de tarde batia contra seu rosto, estava frio, o céu estava coberto por nuvens escuras e pesadas. Sem tempo para colocar seus sapatos, carregava-os em suas mãos, enquanto mexia as mesmas na medida que corria.
Atravessou a rua sem ao menos olhar para os lados, recebendo o xingamento de um dos motoristas. Não sabia o porquê de estar correndo tão rápida, afinal, era domingo, o único dia que Shisui poderia descansar um pouco do trabalho.
Mas quando teve aqueles flashback's de momentos em que passou com o maior, seu coração vibrou em alegria, não poderia ignorá-lo novamente. Uma felicidade inexplicável o atingiu em cheio e seu corpo fez o trabalho pesado; correr até o apartamento de Shisui. Ali estava ele, com seu típico sorriso bobo no rosto, mesmo que não chegasse aos seus olhos, ambos ali sabiam que Itachi estava feliz por dentro.
Chegando em frente à porta, bateu nela três vezes, indicando que esperava a recepção de Shisui. Aproveitando o tempo que levaria para o mais velho levantar de sua cama, colocou seus sapatos, abaixando-se no chão para apertar os cadarços.
Ouviu o som da chave na fechadura, se levantou rapidamente.
Quando a porta finalmente foi aberta, a visão de Shisui com os olhos quase fechados e o peito livre de roupas atingiu o olhar de Itachi. O patinador fechou os olhos envergonhado, sentindo o rubor em suas bochechas, o Uchiha mais velho ainda o encarava com expressão confusa, apoiando-se pesadamente contra a porta de madeira, quase caindo para o lado.
- O que faz aqui? Não tem compromisso? - indagou, sentindo as mãos gélidas de Itachi apertarem seus pulsos após tentar entrar novamente em casa. Um arrepio percorreu por todo seu corpo.
O menor suspirou, se aproximando do namorado enquanto segurava a barra de seus shorts, logo disse:
- Me perdoa - olhou para baixo, apoiando sua cabeça no peitoral do outro.
- Pelo quê? - se fez de desentendido.
- Você sabe, seu idiota! - proferiu Itachi, mas a ofensa não parecia ser séria - Quis me ajudar e eu ferrei com tudo. Me perdoa...
Shisui, que tremia pelo frio do lado de fora, deixou que um sorriso curvasse seus lábios, enrolando seus braços pelo corpo de Itachi, de quebra, o esquentando do frio. Sem se desfazer do abraço, fechou a porta e caminhou com Itachi em silêncio até o sofá, por fim, se enrolou em sua coberta novamente.
- Eu vou pensar no seu caso - disse em tom de brincadeira, o que não foi percebido por seu namorado - Deixe de ser idiota, Tachi! É óbvio que o perdoo. Coisas fúteis como brigas de "é ou não é" não farão meu amor por você diminuir. Tudo bem, eu só tentei ajudar, mas não fazia a mínima ideia da pressão que estava sofrendo, estava no seu direito de ficar com raiva - o abraçou mais forte, sentindo suas pernas rodearem seu corpo, sorriu.
- Eu te amo - sussurrou quase inaudível - Mas por favor, nunca mais faça eu ficar na duvida se estamos ou não estamos bem, isso é um inferno na minha cabeça.
- Não farei - beijou o pescoço de Itachi, afastando seus longos fios de cabelo do local, sentindo também o cheiro forte de seu perfume que, obviamente, foi escolhido por Fugaku - Você cheira ao meu sogro.
- Cala a boca! - riu com o comentário feito.
- Não posso abrir a boca nem para dizer que te amo? - perguntou sorrindo.
- Pode.
Shisui afastou sua cabeça da curvatura do pescoço do namorado, atacando os lábios alheios em seguida, o beijando sedentamente.
- Eu te amo - disse segurando-o em seus braços - Eu te amo demais.
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