03.1
- Eu não acredito que estou às duas da tarde em um domingo quente procurando a merda de um rato no meio de uma estrada praticamente abandonada. - Babe resmungou para si mesma ao reduzir a velocidade do carro para que Trip e Hudson olhassem pelas janelas à procura de Bimbo.
Eles já estavam quase no fim daquela estrada, ou seja, quase chegando na casa da tia de Kenzie que era a primeira a ser vista quando se chegava na cidade. Ainda não sabiam como a doninha sabia exatamente para onde ir até chegar a sua dona, mas resolveram que isso era algo que realmente não queriam saber. Agora, o que restava a eles era andar o mais lento possível para não correr o risco de atropelar Bimbo por acidente, e torcer para que Kenzie não o encontrasse antes deles.
Um silêncio tomou conta do carro. Babe dirigia concentrada, Trip olhava pela janela do passageiro atento e Hudson olhava da janela atrás do motorista, chacoalhando um brinquedinho estranho de Bimbo. Estavam tão envoltos em suas tarefas que o toque estridente do celular de Trip os assustou.
- Oi. - atendeu já o colocando no viva voz e voltando a olhar pela janela.
- Oi?! É só isso que você tem pra me dizer Triple G? Some sem dar sinal, sem avisar! Eu chego na Game Shakers atrás do meu filho e encontro tudo vazio sem um mínimo pedaço de papel me falando pra onde ele foi!
- Já acabou? - perguntou entediado quando escutou seu pai recuperar o fôlego. - Agora que o show terminou me fala realmente o que você quer.
- Quer dizer que um pai não pode se preocupar com o próprio filho? - perguntou indignado e Babe já estava impaciente com toda a situação.
- Um pai sim, você não. Larga de enrolação e fala logo que eu tô ocupado. - pediu, para encerrar a ligação.
- Tá legal, preciso de você pra ir comigo em um encontro duplo.
- O quê?
- Tem essa nova aspirante a cantora que eu conheci na festa, ela é super gata, tipo, muito gata. Mas ela só vai sair se você sair com a filha dela.
- E por acaso a filha dela me conhece? - indagou confuso.
- Ela disse que sim. Falou que estuda na mesma sala que a Babe e vê você direto lá. É uma tal de Suzanie.
Babe logo parou o carro só para se virar de lado para encarar o rosto do amigo que estava em choque. Hudson começou a rir.
- De jeito nenhum! - tratou logo de negar. - Essa garota é estranha e vive me cheirando!
- Larga de coisa Trip. É só um encontro.
- Ele tá certo, garoto. Não vai te matar ir em um encontro com a Suzanie. - Babe incentivou com um sorriso enorme no rosto. Trip somente a olhou irritado e bufando continuou a conversa com seu pai.
- Olha aqui, eu não vou sair em um encontro duplo com você só pelo fato de você querer pegar a mãe gata dessa estranha.
- Trip, Trip. Se você não for eu vou.
- Adeus! - ele gritou para o pai e logo desligou a chamada.
- Ele vai te matar por isso.
- E você pensa que eu não sei? - se dirigiu a amiga que ria descaradamente.
Babe ligou o carro novamente e retomaram a procura por Bimbo. Depois de mais alguns quilômetros.
- Gente, eu acho que vi um rato correndo. - Trip avisou apontando para o outro lado da estrada.
Babe parou logo o carro e todos os três desceram a tempo de ver Bimbo, que estava com uma coleira roxa, correr para o lado deles da estrada.
- Ninguém se mexe. - Ela pediu em um sussurro firme ao puxar o braço de Hudson para ele se aproximar lentamente dela.
- Hei, carinha. Sou eu, o Hudson. - falou dando alguns passos na direção dele que parou e o olhou com cautela. - Sei que você tá sentindo falta dela, todos nós estamos, mas fugir não vai adiantar nada.
- Eu não acredito que ele tá realmente falando com o rato. - Babe sussurrou para o amigo que estava ao seu lado, Trip só concordou com um aceno de cabeça, estava muito hipnotizado pela cena a sua frente para falar algo.
- Só vou te pegar um pouquinho e a gente pode ir atrás. - Mas assim que ele se aproximou um pouco mais, a doninha deu um pequeno pulo e correu para a casa que estava ao lado.
- Argh! Agora vamos ter que entrar na casa de um estranho pra procurar esse rato!
- Bimbo! - Hudson a corrigiu recebendo um olhar irritado em resposta, o que o fez se calar e dar um passo para cima da calçada.
- Olha, Babe, só o que precisamos fazer é bater na porta e pedir para procurar no quintal.
- Trip, não sei se você não percebeu, mas aquela doninha irritante acabou de entrar por um buraco na tela da porta. Ela tá lá dentro!
- Então a gente só precisa entrar na casa e pegar ela.
- Não é tão simples assim! Vocês nem fazem ideia de quem mora aí dentro! E se a gente acabar em um cativeiro ou mortos em pedacinhos?
- Você é muito dramática. - Trip afirmou impaciente, mas antes que qualquer um deles pensasse em falar mais alguma coisa, um grito nervoso veio da janela do segundo andar da casa.
- Eu quero os meus alhos! Me da agora!
- Já falei que não! Larga de ser louca!
O segundo grito, que veio em resposta, fez os três se entreolharem assustados.
- A gente tá tão ferrado.
- A gente não, o Hudson que tá! - Babe afirmou enquanto sentava no meio fio cansada. - Você vai entrar lá, e só você vai inventar mais alguma desculpa esfarrapada pra Kenzie. Eu desisto.
- Mas. Mas. O que eu falo? - perguntou pedindo se aproximando para sentar ao lado dela.
- A gente já tá aqui, certo? - indagou o vendo assentir. - É só falar que veio visitar ela porque o Dimbo.
- Bimbo!
- Que seja. Porque esse bicho ficou com saudade dela, aí diz que ele correu dos seus braços pra dentro da casa e a responsabilidade vai pra ela. - explicou torcendo para que ele tenha entendido.
- Aí merda, eu vou matar meu pai! - Trip gritou chamando a atenção dos dois para si. - Acredita que ele acabou de me mandar mensagem dizendo que se eu não for agora pro encontro duplo ele vai tirar minha mesada e me fazer passar o verão com a tia Gertrudes?
- O que tem de errado com ela?
- Acredite cara, tem muita coisa de errado. - afirmou se arrepiando só em pensar nela.
- Pois pronto. Vamos embora. - chamou animada e aliviada.
Os três se levantaram e seguiram em direção ao carro. Mas Babe parou no meio do caminho e se virou para Hudson que também parou e a encarou confuso.
- O que foi?
- Você não. Você fica. - mandou séria enquanto ele fazia uma cara #
- Mas eu não quero, me deixa ir com vocês e eu ligo pra Kenzie do carro.
- De jeito nenhum! - dessa vez foi Trip que se opôs. - Nós perdemos um domingo por sua causa, tá na hora de você perder o resto dele como pagamento. Então, tchau!
Os dois correram para o carro antes que Hudson conseguisse entrar. Trancaram as portas e deram ré até se afastar dele para dar a volta.
- Boa sorte! - Babe gritou antes de dar a volta e acelerar para longe dali.
- Era o meu carro. - falou desconsolado ao ver o carro preto sumir no horizonte.
Virando-se para ficar de frente para a casa de dois andares, com um jardim não muito bem cuidado, ele respirou fundo caminhando em direção à porta. Só torcia para que Bimbo não tivesse sumido de novo.
- Finalmente uma hora de descanso! - Kenzie soltou um alto suspiro assim que se jogou ao lado de Hudson em um banco acolchoado no Jardim.
A noite estava estrelada, eram quase onze horas e finalmente a tia de Kenzie havia ido dormir. O jantar havia sido um desastre, ela havia dado em cima de Hudson durante todo o momento desde que ele entrou pela porta. Kenzie estava tão desconfortável que disse que ela namorado dela só para sua tia dar um tempo, a única coisa que ela respeitava eram relacionamentos com algum viés romântico.
Em resumo, ele começou a contar a história que Babe tinha lhe preparado, mas assim que viu Bimbo deitado na almofada do sofá da sala, ele resolveu falar a verdade. Kenzie estava cansada de mais para gritar com ele, mas o loiro sabia que quando ela recuperasse as energias iria engoli-ló vivo.
- Trégua por hoje. Tô exausta de lutar com essa doida o dia todo, eu amo minha tia, mas fico feliz por minha prima voltar pra casa amanhã. - confessou tirando a doninha adormecia dos braços de seu amigo e a colocando em uma almofada em uma cadeira ao lado. Com um leve carinho ela a deixou dormir.
- Desculpa de novo. - pediu sem jeito vendo ela balançar a mão como se para ele esquecer.
- Só vamos ficar aqui um tempo. La dentro tá quente de mais. - pediu levantando o olhar para o céu estrelado. - Aqui da para ver as estrelas melhor. Acho que vale a pena depois de passar o dia gritando. - disse, e ele notou que a voz dela estava um pouco rouca.
Se aproximando alguns centímetros, Hudson passou o braço pelo ombro dela sem jeito, pensava que ela iria recuar, mas Kenzie somente se aproximou mais, apoiou a cabeça em seu ombro e uma mão foi para seu peito, sentindo seu coração. O loiro abriu um sorriso satisfeito e apoiando sua cabeça na dela ele levou sua mão para cobrir a pequena que estava apoiada em seu peito.
- Ainda irritada?
- Ainda, mas menos agora. - falou sem dar o braço a torcer o ouvido rir baixinho.
Fechando os olhos ela aproveitou aquele momento. Estava feliz por ele estar ali, mas se sentia nervosa por ver que algo estava acontecendo. Algo novo e talvez incrível.
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