01*
Kenzie arrumou sua mochila para passar a noite na casa de Babe. Ela estaria sozinha já que seus pais foram viajar e como a super amiga que era, não iria abandoná-la justo naquele momento. Para ser sincera, também estava à procura de uma distração e sua casa vazia era o contrário de um ambiente que a impedisse de se afogar em pensamentos.
Assim que chegou na outra rua, notou que a casa da amiga estava na mais completa escuridão, fora o quarto dela. Revirou os olhos impaciente pela falta de cuidado de Babe e seguiu para a porta que tinha a plena certeza de que estaria aberta. E como sempre tinha razão. Passou pela sala e ligou algumas luzes, o alarme da garagem e trancou as portas. Subiu apressada e assim que entrou no cômodo à direita, a encontrou deitada na cama com um headphone roxo, e ao se aproximar pôde escutar a música que tocava no volume máximo.
- Um dia vão roubar a casa toda e você nem vai perceber. - afirmou enquanto arrancava os fones dela a fazendo se virar irritada em sua direção.
- E a educação que você tanto fala acabou? - resmungou, sentando-se na cama enquanto Kenzie fazia o mesmo ao soltar uma risada.
- Então, o que vamos fazer primeiro? Um filme? Pipoca? Pintar as unhas ou procurar o significado da vida? - perguntou animada enquanto Babe pensava nas possibilidades.
- Na verdade... - começou, com um sorriso no rosto que fez Kenzie temer suas próximas palavras. - E se a gente jogar verdade ou desafio?
- Não! Não, não, não. - discordou, balançando a cabeça freneticamente em negativa. - Da última vez eu tive que ficar abraçada a um poste por mais de duas horas. E ele tava grudento, Babe. Grudento!
- Para de besteira. Vai ser legal e nós vamos nos divertir. Ou você quer passar a noite falando sobre o motivo de ter sido suspensa da aula de química? - perguntou a olhando de forma analítica.
Kenzie sentiu seu corpo gelar, engoliu em seco quando tomou uma decisão.
- Verdade ou desafio parece maravilhoso. - concordou em uma falsa animação, desconversando com um sorriso amarelo no rosto.
■ ■ ■ ■ ■
- Você começa. - Babe a deu a deixa quando se sentaram frente a frente na cama.
Elas já haviam comido sanduíches e milk shakes que fizeram, e agora se preparavam para começar o jogo. Kenzie sentia que iria se arrepender amargamente, mas também tentaria dar o troco.
- Verdade ou desafio?
- Verdade. - Babe respondeu de forma confiante.
- Você ainda está apaixonada pelo Mason?
- Não acredito que você gastou uma pergunta com isso, mas vamos lá. Não. Assim que eu entrei no ensino médio notei que tinha caras bem mais gatos que ele, então não faz sentido eu ficar presa a alguém sendo que tem um mundo de possibilidades pra mim. - afirmou, fazendo uma dancinha esquisita que fez sua amiga rir. - Agora é a minha vez. Verdade ou desafio?
- Verdade. - respondeu com cautela e estremeceu quando Babe abriu um sorriso malicioso.
- Tenho algo em mente, mas vou pegar leve agora. - falou a fazendo soltar um suspiro de alívio. - Quando o Double disse que queria sair com a sua tia, você mentiu quandi disse que ela tinha namorado, né?
- Óbvio que sim! Eu amo ele, mas esse cara tem uma séria mania de acabar com o coração de todas as mulheres com quem ele namora.
- Isso é verdade. - teve que admitir, bufando impaciente antes de dizer: - Eu escolho desafio, esse negócio tá ficando chato.
- A gente só fez duas perguntas até agora!
- Mas tá parado, bora da uma animada nisso. - pediu, estalando os dedos ao som da música que tocava em seu celular.
- Tá, te desafio a comer aquele picles solitário que tá no fundo da sua geladeira. - sorriu a vendo abrir a boca indignada.
- Que merda eu fiz pra você?!
- Me empurrou em cima do Clark ontem. - a relembrou, sorrindo satisfeita do rosto emburrado de Babe.
Depois de pegar o pote na cozinha, ela comeu o picles em pedaços pequenos enquanto tentava não vomitar.
- Te odeio. - disse após comer o último pedaço e começar a beber quase um litro de água da garrafa em cima da mesa.
- Odeia nada. - Kenzie minimizou ao apertar suas bochechas e riu quando ela deu tapas em suas mãos.
- Agora é a sua vez. Preparada, Kenzie Bell? - indagou, esfregando as mãos uma na outra e soltando uma risada maligna.
- Depois disso eu realmente não tô. - confessou, apontando para ela.
- Te desafio a ir no vizinho e dizer que tá profundamente apaixonada por ele e quer que ele seja o pai do seu filho.
- Espera! Não é assim que...
- Ou você vai ter que me contar porque foi suspensa da aula de química.
Kenzie a olhou com a boca aberta em indignação e descrença.
- Seu ser do mal.
- É, faço o que posso. - aceitou como um elogio, jogando seu cabelo para o lado em uma pose orgulhosa.
Respirando fundo, Kenzie se levantou e foi em direção às escadas para ir até a casa do vizinho. Ao chegar ao lado de fora, elas atravessaram a grama se abraçando por conta do frio e bateram à porta da casa ao lado. Depois de alguns segundos um jovem de aproximadamente 20 anos abriu a porta e as encarou em um confusão.
- Oi. - saudou e ficou ainda mais intrigado quando Babe começou a empurrar Kenzie em sua direção.
- Para, para. Merda, Babe. - praquejou baixo, dando tapas na amiga para parar de empurrá-la. Ficou de frente para ele e inspirando fundo abriu um falso sorriso. - Só quero te dizer que sou completamente apaixonada por você e quero que você seja o pai dos meus filhos.
Ele piscou lentamente e abriu a boca sem saber o que falar. Kenzie sentiu seu rosto pegar fogo e sabia que deveria estar mais vermelha do que a blusa que ele estava usando.
- Quantos anos você tem?
- 16. - respondeu prontamente, sentindo um enorme nervosismo percorrer seu corpo. - Na verdade quase 17, vou fazer daqui a algumas semanas e sei que vão fazer uma festa pra mim, só que tudo o que eu queriaera passar o dia...
- Jesus, garota. Vai procurar Deus. - ele a interrompeu impaciente e fechou a porta em sua cara.
Kenzie abriu a boca indignada e se virou para Babe que tentava controlar as gargalhadas, sem sucesso.
- Você vai se arrepender disso. - ameaçou irritada, começando a caminhar a passos firmes de volta para a casa. Babe a seguia soltando altas gargalhadas.
A vingança de Kenzie foi fazer Babe ligar para Mason e declarar seu amor eterno por ele. O que rendeu uma conversa altamente desconfortável entre Babe e a atual namorada de Mason. Por consequência, Kenzie teve que sair gritando por toda a rua que a terra na verdade era plana e quem pensasse ao contrário era um estúpido boçal.
Em um certo momento da noite, quase chegando à uma da manhã, elas perceberam que esqueceram das verdades e tinham entrado em um ciclo vicioso de desafios. E que por mais que se irritassem no momento que estavam cumprindo as loucuras que a outra pediu, elas realmente se divertiram naquela noite.
- Eu ainda não acredito que você beijou mesmo o cara do mercadinho. - Kenzie afirmou surpresa enquanto dirigia para fora do mercado 24h onde elas foram comprar mais salgadinhos.
- Até que ele era gatinho. - confessou, rindo junto com ela. - Mas olha, consegui um número. - mostrou o pedaço de papel em sua mão o balançando animada.
- Você é inacreditável. - declarou com um sorriso no rosto e soltou um suspiro calmo quando ela entraram na avenida quase vazia.
- Minha vez. Último da noite, prometo.
- E por que tem que terminar comigo? - perguntou, a lançando um olhar cansado. - E eu quero dormir.
- Por que começou comigo. É a regra, darling.
- Que você inventou!
- Mas conta. - deixou claro rindo da sua cara, mas Kenzie acabou cedendo. - Ótimo, te desafio a ir na casa do Hudson e beijar ele. - falou com um sorriso que logo se transformou em uma careta quando teve que se segurar com força no painel quando Kenzie quase perdeu o controle do volante. - Tá louca, garota?!
- Desculpa. - pediu ansiosa quando conseguiu colocar o carro em linha reta novamente. - Mas foi culpa sua! Eu não vou fazer isso, não vou.
- Ou é isso ou você vai me contar o que aconteceu dentro daquele laboratório de química. - afirmou, vendo ela fechar o rosto em aborrecimento. - Você sabe que eu posso ser ultramente irritante quando eu quero. E você me fez ligar pro Mason!
- Você me fez ir no seu vizinho gato e dizer que eu quero um filho dele!
- Você me fez pedir pizza com voz de bebê!
- Porque você me fez correr pela rua que nem uma doida!
- Não teria feito isso se você não tivesse me desafiado a pular na piscina. Não ri! A água tava gelada! - afirmou sem conseguir esconder a própria risada quando escutou a amiga continuar a gargalhar.
- Ai, tá bom. - Kenzie concordou enquanto girava o volante para entrar em uma rua à direita. - Vamos acabar logo com isso.
- Mas tem que ser um beijo mesmo. Não um selinho igual o que você deu no cachorro.
- Mas fazer igual você fez com o carinha do mercado eu definitivamente não vou. - deixou claro quando pararam em frente à uma casa amarela em um bairro resindecial.
Saíram do carro somente de pijama e Kenzie mandou uma enxurrada de mensagens para Hudson, depois de alguns minutos elas viram a porta da casa abrir devagar e um garoto alto e loiro sair para fora também de pijamas.
- Eu fico aqui. - Babe falou e empurrou Kenzie para encontrá-lo.
Kenzie caminhou devagar, seus pés arrastando no chão de pedrinhas até ficar de frente para ele que coçava os olhos em claro sono.
- Por que você me acordou a essa hora da madrugada? - perguntou com uma voz rouca, abrindo um pequeno bocejo.
Ela olhou para trás onde Babe a esperava de braços cruzados E depois voltou sua atenção para o garoto. Torceu a boca em um bico infantil antes de resmungar baixo, ele claramente não a ouviu a fazendo ter que repetir mais alto:
- Verdade ou desafio. - respondeu o fazendo olhá-la confuso. - Isso é só sobre o jogo e nada mais. Isso não vai acontecer novamente.
- Do que você... - Mas ele foi impedido de continuar a falar quando ela segurou seu rosto entre as duas mãos e juntou seus lábios ao dele em uma velocidade impressionante.
Hudson ficou paralisado por alguns segundos enquanto Kenzie ainda estava na ponta dos pés para beijá-lo, mas assim que ela começou a pensar em se afastar, ele passou seus braços por sua cintura, a puxando contra seu corpo e retribuindo o beijo. Abrindo um pouco os lábios ela lhe deu passagem e deslizando uma das mãos até sua nuca ela lhe permitiu aprofundar o beijo. Seu corpo deveria estar reconhecendo cada sensação que Hudson a causava, pois a cada vez que ele a abraçava mais forte, Kenzie derretia em seus braços e o puxava para mais perto.
Ela queria continuar, nossa, como queria continuar, mas a ideia de Babe estar vendo tudo a congelou instantaneamente, o que a fez se afastar abruptamente quando recobrou minimamente os sentidos. Dando um passo para trás, ela abriu os olhos e viu que ele a encarava chocado com os lábios vermelhos.
- Não... não vai se repetir. - Ela sussurrou ainda ofegante.
Ele balançou a cabeça como se saísse de um transe e abriu um sorriso divertido.
- Você disse isso da última vez. - a lembrou, soltando uma risada da cara de indignação que ela fez. - Boa noite, Kenz. - sussurrou em um tom baixo e de uma forma que a fez querer puxá-lo novamente para os seus braços. - Tchau, Babe!
- Tchau, Hudson!
Ela escutou a amiga gritar de volta, mas não conseguia se mover, ficou alguns segundos parada o vendo entrar antes de piscar para ela ao fechar a porta.
- Merda. - praguejou baixo, dando meia volta e seguindo direto para dentro do carro.
Babe que já a esperava lá dentro a olhou com curiosidade e um pouco de choque.
- Eu disse só um beijo, mas você realmente agarrou o garoto. O que foi que acabou de acontecer, amiga?
- Nada. Nao foi nada. - respondeu um tanto vaga e agradeceu pela amiga só lhe lançar um olhar confuso, mas decidir não perguntar mais. - Vamos pra casa dormir. Essa noite já deu. - afirmou, ligando o carro e seguindo de volta pelas ruas quase desertas.
Ela estava tão cansada quando chegou em casa, e Babe não estava diferente já que cochilou todo o caminho de volta. A acordando, elas colocaram o carro na garagem e subiram direto para o quarto após trancar todas as portas e ligar novamente os alarmes. Kenzie queria dormir logo, mas assim que colocou a cabeça no travesseiro, tudo o que conseguia ver era o sorriso idiota de Hudson e o mais frustrante era que seus lábios ainda formigavam como se ansiassem por mais um beijo.
- Garoto idiota.
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