C A M I L A

Me concentrei na tela da televisão enquanto tentava ganhar do garoto naquele jogo estúpido de corrida e depois de mais alguns minutos de concentração, eu finalmente o ultrapassei.

— Isso! Céus, você é péssimo.

— Desisto. — Ele jogou o controle para o lado, fazendo uma carinha fofa, enquanto tentava ser bravo. — Se fosse no Fifa...

— Já sei! Você sempre fala isso mas aposto que eu também te venceria.

— Precisamos marcar! Eu mal vejo a hora de derrotar você.

— Vai sonhando. — Baguncei seus cabelos, ele sorriu.

Era uma coisa extremamente estranha para se dizer mas eu sentia que estávamos muito melhores, desde que havíamos nos beijado. A nossa amizade havia se fortalecido ainda mais e eu estava feliz por aquilo, já que tínhamos um segredo só nosso.

— Cheguei! — Escutei a voz da minha mãe, que sorriu abertamente assim que chegou na sala. — Oi Ruel, que saudades!

Ela rapidamente se sentou entre nós e então abraçou o garoto, o cobrindo de beijinhos no seu rosto. Mantive a expressão confusa, enquanto observava a cena.

— Eu também estou aqui, mãe.

— Eu sei Camila, mas você eu vejo todo dia.

— Eu também estava com saudades, Tia Anne. — Ele sorriu, a relação deles era fofa.

— A Mila está insuportável nessa semana, imagino que foi por isso que você não apareceu.

— Realmente! Tem dias que nem eu aguento, é difícil para mim. — Ruel colocou a mão no peito e então minha mãe riu.

— Acho que eu estou sobrando.

— Imagina! Não quero atrapalhar vocês dois. — Ela me olhou e então piscou, sério que até a minha mãe estava agindo daquela forma? — Pode dormir aqui, se você quiser.

— Eu adoraria! Mas amanhã tem aula e eu não arrumei nada, prometo que eu virei na sexta-feira.

— Ótimo! Mas você fica para o jantar? — Minha mãe sorriu, por que ela gostava tanto dele?

— É claro.

— Ótimo! Fique a vontade! — Ela parecia animada, enquanto eu continuava a encarando. — Preciso de você na cozinha Mila, agora.

Pedi que Ruel me esperasse por alguns minutos e então caminhei até a cozinha com a minha mãe, sem ter a mínima ideia do que ela queria comigo.

— E então?

— Eu já encaminhei as coisas, agora é com você. — Ela comentou baixinho, fiquei confusa enquanto a encarava.

— O que?

— Eu só acho que vocês fariam um casal lindo, se você não insistisse em dizer que são apenas amigos.

— Anne Diletta, você usou drogas ou algo do tipo? Esse garoto é como um irmão para mim.

— E nunca rolou nada? — Senti meu rosto esquentar, enquanto me lembrava do dia anterior.

— Nada!

— Nem um beijinho? — Ela riu, meu Deus o que estava acontecendo?

— Não mãe, nadinha! Agora para com isso porque está sendo muito constrangedor.

— Tudo bem, tudo bem. — Ela sorriu gentil. — Eu gosto dele Mila, por favor, não estrague as coisas.