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1. Porque o café me mantém vivo

Alguns empregos definem pessoas. Algumas pessoas definem empregos. Eu pertenço ao segundo grupo. Como jornalista, a curiosidade deve estar sempre aguçada. É ela a responsável pela necessidade de sempre conhecer mais coisas. Por outro lado, ela também foi responsável por um dos piores episódios de minha vida, no qual insisti em procurar meus pais biológicos e acabei colocando em risco a vida de minha irmã. É uma longa história, aliás, mas pretendo contar algum dia. Ainda assim, minha curiosidade me tornou um ótimo jornalista, só que ela não era suficiente para me consagrar como um fotojornalista exemplar. Meu olhar artístico do mundo, somado à minha habilidade para tirar fotos no momento certo, foi fatorial para que eu me tornasse quem sou hoje. Eu defini meu emprego, mostrando aos diversos jornais em que trabalhei como é possível usar emoção genuína nas notícias. Minhas fotos falam por si só. No Texas, muitos canais de comunicação deram espaço às emoções ao perceberem como o público se identificava com minhas fotos. Mas, ao contrário deles, eu não apelo, nem nunca apelei, ao sensacionalismo. Se fosse necessário tirar foto de um animal morto, sempre o mostrava desfocado; não pela censura, mas sim pelo simbolismo existente nessa pequena escolha. Nas viagens que eu fazia a trabalho, procurava mostrar a riqueza sensorial das paisagens. E aprendi a escrever bons artigos no processo, sempre deixando minhas fotos como marca registrada. Tornei-me um jornalista completo então, com especialização em fotografias sociais e emocionais. Dessa forma, mesmo após diversos tombos que a vida me proporcionou, acabei tendo a liberdade de escolher onde e como trabalhar.

O lugar da vez era o lugar dos meus sonhos: São Paulo. A quarta maior metrópole do mundo (pelo menos era, da última vez que meu pai mencionou), repleta de eventos culturais, manifestações e diversas outras coisas que eu sequer conseguia imaginar. A cidade mais cultural do Brasil, segundo me foi informado. E comprovado após minha chegada. Claro que não foi simples chegar aqui. Para começar, eu sequer sabia português. Não sabia uma palavra que fosse! Mas a faculdade texana me permitia estudar diversas línguas extrangeiras. Escolhi português, como deve imaginar. Confesso que por algum tempo imaginei que a língua falada no Brasil fosse "brasileirês", palavra que, como aprendi nas primeiras aulas, sequer existe. Aliás, fez muito sentido para mim, como estadunidense. Se minha lógica estivesse correta, deveríamos falar "estadunidenseis", ou algo semelhante, mas falamos "inglês", palavra derivada de "Inglaterra", o país que nos colonizou. E o Brasil foi colonizado por Portugal, vindo daí o "português". É claro que há variações entre a forma de utilizar a língua, pois são países com histórias e culturas diferentes. Entretanto, apreciei bastante aprender o português brasileiro. Eu não poderia escrever meus artigos em português antes, mas agora consigo até escrever "inconstitucionalissimamente". Falar é outra história. Eu ainda falo estranho todas as palavras com til, por exemplo, mas as pessoas me entendem. Algumas garotas até acham fofinho.

Mas não é sobre minha falta de habilidade para pronunciar as palavras que quero falar.

É sobre São Paulo.

Agora eu estou onde quero. Há dois meses, aliás. O mês de março de 2018 está quase no fim enquanto escrevo isso. E eu decidi escrever porque descobri em São Paulo algumas coisas que o mundo todo deveria saber, mas que guias de viagem como o meu Lonely Planet do "Brazil" não fazem questão de mostrar. Eu só não sabia como tratar desses assuntos. Por isso eu estava em uma cafeteria, sentado em uma mesa em um canto qualquer, isolado. O dia do episódio em questão não é o mesmo em que lhes escrevo essas coisas. 9 de março, sexta-feira. Já estava perto do horário do estabelecimento fechar, mas eu não estava animado para sair. Não escrevera nem metade das palavras que pretendia, por isso não estava feliz com o término do expediente das atendentes. Aliás, só sobrava uma garçonete, a qual não me atendera durante nenhuma das horas que ficara preso lá. E eu sequer a notara de verdade, pois estava com os olhos vidrados na tela de meu notebook, lamentando por não estar na companhia de minha Canon de última geração. Lamentando também a falta de expressividade nas postagens que fizera nas semanas anteriores. Eu precisava de algo relevante e genuíno. Algo que mostrasse aos brasileiros, mais especificamente aos paulistanos, quem era James Eros Morgan. Só que não é fácil fazer coisas assim, como pode imaginar.

Não, não mesmo!

Ao mudar de cenário, o seu "eu verdadeiro" é modificado, mesmo que minimamente, pois a cultura é completamente distinta da encontrada anteriormente. Tive o mesmo problema no Canadá, ao iniciar minha série de artigos sobre os vívidos animais selvagens. Foram semanas até me reencontrar, tornando-me um jovem especialista na vida selvagem canadense.

E agora eu queria me tornar um especialista em sociologia, só que em São Paulo.

Por isso a mesma palavra estava escrita em meu artigo um milhão de vezes:

Metrô.

Suspirei ao ler o péssimo título: O metrô de São Paulo e você. Planejava modificar depois, mas não tinha a mínima ideia de como o fazer. Então deixei como estava. Peguei minha caneca de café, recém entregue pela garçonete que acabara de ir embora, observando logo como o vapor embaçara meus óculos. Respirei fundo para não grunhir e coloquei a caneca de volta na mesa, erguendo meus braços para limpar minhas lentes em um guardanapo. Coloquei a armação sobre a mesa e peguei o café de volta, acalmando-me a cada longo gole. Café é o líquido que me mantém vivo. Bebo sempre que preciso ficar acordado a madrugada toda, escrevendo diversas páginas para artigos importantes. Só que a cafeteira de meu apartamento quebrara naquela manhã, obrigando-me a recorrer ao local mais próximo. A mesa em que me encontrava era tão isolada que poucas pessoas me notaram durante minha "estadia". Aliás, a última garota no estabelecimento foi outra a não me notar, como pude confirmar ao ouvir uma voz cantar uma música em inglês com perfeição. Era a primeira vez que eu ouvia alguém cantar em um inglês perfeito naquela cidade, não que eu esteja reclamando. Eu canto muito pior em português, então não tenho o direito de apontar para ninguém. Assassinei "Evidências", se quer saber.

Imagino que não queira saber.

Mas já disse.

De qualquer forma...

Reconheci a música rapidamente, pois era uma das novas paixões de minha irmã, Hope. Mirrors, do ex One Direction, Niall Horan. Hope cantava essa música sem parar para sua filhinha recém-nascida, Faith. Imagino que quisesse mostrar para a bebê que, um dia, ela seria mais do que qualquer um poderia imaginar. E eu acredito que a garota cantando na cafeteria tivesse algum tipo de conexão com ela, pois cantava com emoção. Não era a voz mais afinada de todas, nem a voz mais agradável que eu já ouvira, mas havia algo. Havia algo nela também, não apenas em sua voz. E eu não consegui ver seu rosto por muito tempo, mesmo que ela estivesse com o rosto virado para mim, limpando uma mesa mais adiante. Não colocara os óculos ainda, por isso apenas conseguia imaginar como a garota era. Por isso eu me encantei pela voz antes de me encantar pelos olhos. Por isso a primeira coisa que lembro dela é da voz cantando "She looks into her mirror, wishing someone could hear her, so loud" (Ela olha para o seu espelho, desejando que alguém pudesse ouvi-la, tão alto). Havia realmente algo nela, como eu pude sentir. Por isso coloquei meus óculos rapidamente, focalizando meus olhos em uma garota mediana (no quesito altura), com pele morena (aprendi depois que os brasileiros consideram esse tom de pele o de uma pessoa "parda"), longos cabelos castanhos e olhos... Bem, os olhos eu ainda não via.

Mas eu vi após a música acabar, pois ela finalmente percebeu minha presença. Deu um salto, demonstrando o quanto se assustara. Os olhos estavam arregalados, desconfiados, mas brilhavam. Havia ingenuidade neles, mesclada a uma sabedoria tão genuína quanto a minha habilidade para tirar fotos. Olhos lindos. Eram negros, como nenhum outro que eu vira antes. Eram a resposta para tudo que eu precisava. Aliás, Joana, nome que descobri logo em seguida, era a resposta para todos os meus problemas jornalísticos. E eu simplesmente não podia deixá-la ir. Não podia deixá-la escapar. Por isso fiz o que fiz.

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