Prólogo - Neutralidade cinza
Jungkook
Suspirei pela décima vez encarando os alunos que entravam no ônibus numa lentidão de dar pena, mais um dos motivos pelo qual eu odiava excursões de turma, sempre teria que esperar alguém que era lerdo, ou um que se perdeu, que se atrasou ou qualquer outro motivo que pararia o progresso de todos.
Pensei que não teria mais que passar por isso depois que o ensino médio chegou ao fim, porém a faculdade veio trazendo passeios em que eu realmente tinha vontade de ir, mesmo tendo que passar pela chatice que era estar num ônibus lotado com toda a turma e tendo que escutar besteiras a todo momento.
Talvez eu com meus recém completados vinte um anos não deveria ser assim tão estressado e impaciente, meu amigo Namjoon dizia que essa minha falta de vontade de estar com meus companheiros de classe era pura chatice, pois até ele que fazia outro curso tinha muitos colegas ali no meio, porém não era como se a opinião do Kim valesse muito, já que ele tinha tendência a fazer amizades facilmente.
Bem, eu cursava o segundo ano de jornalismo, era um aluno de médias altas e com grandes sonhos, afinal era difícil pensar pequeno quando seus próprios professores dizem o tempo todo que você tem um futuro brilhante, não que eu deixasse isso subir minha cabeça, mas não poderia negar que inflava meu ego.
Naquela semana em questão estávamos indo visitar uma editora, conhecer todo o processo de criação de um jornal de uma forma mais abrangente, um passeio que me interessava bastante, e por isso aceitei ir, mesmo que não estivesse nem um pouco afim de passar tanto tempo com aquela turma.
Ao menos tive sorte de ser um dos primeiros a entrar no ônibus e poder escolher um bom lugar ao meu lado de Namjoon, este cursava administração, porém tinha conseguido se misturar com minha turma até que conseguisse estar dentro do ônibus junto com todos nós, mas não era como se os professores e coordenadores se importassem, 20% dos presentes nos três ônibus que foram disponibilizados não eram do curso de jornalismo.
— A zona verde está com problemas de novo, parece que estão protestando contra o aumento da tarifa de transporte público, mas as coisas saíram do controle, teve confronto com a polícia e tudo. — Namjoon comentou enquanto lia as notícias do dia em seu celular.
— Lá está virando comum acontecer essas coisas. — Comentei desinteressado, eu era o estudante de jornalismo, mas o louco por informações era o meu amigo Namjoon. — Mas a zona Anil é a que ganha quando o assunto são os protestos, você sabe.
Oh sim, antes que estranhem nosso assunto, melhor explicar que os oito continentes de nosso planeta tinham sido nomeados pelas sete cores do arco-íris há cerca de trezentos anos, e o continente central acabou sendo chamado de neutro, onde os habitantes de todos os outros continentes eram bem vindos.
Eu mesmo havia nascido na zona vermelha, porém minha mãe se mudou para o centro neutro quando eu tinha cerca de seis anos de idade, após o falecimento de meu pai.
Me lembrava pouco do meu local de nascimento, minha mãe ainda faziam questão de tentar manter a cultura da nossa terra natal, mas ela não era o melhor dos exemplos já que só lembrava de onde tínhamos vindo quando era para me dar alguma bronca, me acusar de ser um mal agradecido ou que eu não me importava com nossos laços sanguíneos, porém a verdade era que eu vivia a tanto tempo no centro neutro que praticamente me considerava um morador naturalizado ali.
E assim como eu, Namjoon também não tinha nascido no centro neutro, ele era natural da zona amarela, porém ao contrário de mim, o Kim ainda se mantinha muito ligado a sua terra natal, tanto que era comum ver ele usando roupas na cor amarela, pois nos continentes sempre foi costume da população usar peças do vestuário, adereços e objetos na cor que lhes nomeava. Entretanto era incomum me ver usando a cor vermelha, sempre preferi vestimentas em tons mais neutros, como preto, branco e cinza, não gostava de cores chamativas.
Mas bem, voltando a nossa pequena aula de história, digamos que felizmente naqueles dias atuais era raro ver notícias de crimes violentos, assim como notícias de confrontos como a que Namjoon estava narrando, nossa realidade eram bastante pacífica, mesmo que uma vez ou outra acontecesse alguma coisa mais chocante ou preocupante que ganhasse a página inicial.
— Você acha que ela é realmente simpática assim, ou apenas gosta de ter atenção? — A voz de meu amigo me tirou dos pensamentos, logo olhei para o lado tentando entender do que Namjoon falava, e assim pude ver uma das meninas da classe dando instruções para os alunos a pedido de um dos professores.
O nome da garota era Yumin, e era alguém muito querida pelas pessoas da classe e também pelos professores, eu sinceramente nunca reparei muito nela, apenas sabia o que diziam, que basicamente se tratava dela ser uma aluna dedicada, educada com todos e bastante tagarela, tanto que poderia facilmente ser considerada uma das mais populares do campus.
Outro detalhe era que aparentemente ela namorava um outro aluno do nosso curso, e esse era Park Jimin, uma pessoa que eu também não prezava muito, pois nunca fui com a cara de gente metida, arrogância sempre foi detestável para mim, algo que ele parecia ter em abundância dentro de si.
Conheci essa figura quando ainda estávamos no último ensino médio, Jimin era intercambista, tinha nascido na zona azul e assim como grande parte da população, sonhava com a grande e bem desenvolvida zona central, e eu sabia bem que ser um novato poderia ser bem assustador, por isso tentei me aproximar dele logo nos primeiros dias, entretanto recebi como resposta apenas falas curtas e grossas, o garoto mal me deu atenção e se afastava quando eu tentava interagir, isso me encheu de raiva.
Afinal eu via que não ele não agia da mesma forma retraída quando algumas meninas populares tentavam se aproximavam de si, com elas Jimin se entrosou rapidamente e aquilo me deixou muito aborrecido, eu tinha passado por cima de um orgulho bobo que era a competitividade que existia entre a zona azul e a zona vermelha, tentei fazer amizade porque me senti sensibilizado, algo que também não era de meu feitio, e ele simplesmente passava por mim de cabeça baixa, nem um mísero comprimento eu recebia.
Por isso tentei ignorar sua existência até o fim daquele ano, logo pensei que nunca mais o veria quando depois que nos formamos, entretanto quando comecei a faculdade quase um ano depois, me deparei com ele sentado em uma das primeira cadeiras da classe de jornalismo, com Yumin colada em si, falando alegremente.
E assim descobri através de fofocas da turma que Jimin agora morava na cidade, pois após terminar o intercâmbio, juntou dinheiro por um ano e conseguiu voltar para morar, o que acabou sendo uma coincidência estranha, já que eu também tinha ficado um ano juntando dinheiro para iniciar aquele curso.
Acabei tentando falar com ele naquele primeiro dia, já que o colegial havia acabado e agora éramos dois adultos na universidade, pensei que recebia um cumprimento maduro vindo do garoto de cabelos rosados, entretanto ele apenas pareceu ficar retraído na minha presença, soltou um "oi" chocho e se afastou.
Não voltamos a nos falar até acabamos tendo que fazer alguns trabalhos juntos, Jimin simplesmente me ignorou, praticamente fiz tudo sozinho porque ele nem olhou na minha cara ou deu alguma opinião sobre o que faríamos, parecia completamente acanhado e introvertido ao meu lado, me fazendo pensar que ele poderia ter algo contra mim que eu não sabia.
Talvez possam estar pensando que estou me estendendo muito falando de alguém que eu já disse que não gostava, o problema é que parece que não consigo parar de falar sobre um assunto quando sinto raiva, Namjoon diz que isso é coisa de jornalista, eu digo que é coisa minha mesmo.
— Você está me ouvindo, Kookie? — O Kim estalou seus dedos em frente ao meu rosto, ganhando minha atenção novamente.
— Ah sim, hyung, eu acho que ela é assim mesmo, pois só sendo alguém muito alto astral e calma para aguentar aquele Park. — Murmurei rindo ironicamente, ganhando um revirar de olhos do mais velho.
— Para com essa implicância, ele é só caladão e prefere ficar reservado, não significa que seja alguém ruim. — E novamente o hyung inventava de querer defender aquele metido.
— A palavra certa seria presunçoso. — Apontei e ele negou com a cabeça. — Parece que sempre estou vendo os olhos dele me julgando, acompanhando meus passos como se esperasse que eu cometesse um erro na frente de todos.
— Sei que não foi nada legal da parte dele te deixar fazendo aqueles trabalhos sozinho, mas agora você já está levando para um lado pessoal. — Falou franzindo o cenho. — Isso tem a ver com a rivalidade entre os azuis e vermelhos?
Essas duas zonas tinham um longo histórico de competitividade em olimpíadas, campeonatos, concursos, torneios e qualquer outra coisa em que poderiam tentar provar que tinham atletas ou artistas melhores do que o outro, isso fazia os habitantes também adquirirem o "conflito" frio, sempre encarei como uma rixa sem muito sentido, porém tinham pessoas que realmente levavam a sério.
Será que Jimin era um desses? Ele não queria contato comigo por quê sabia que eu tinha nascido no continente vermelho?
Se bem que isso não faria muito sentido, quando nos conhecemos no ensino médio, ele sequer fazia ideia do meu local de nascimento, poucas pessoas sabiam pra falar a verdade, já que não costumava comentar sobre isso a menos que me perguntassem sobre.
— Claro que não, eu nunca me importei com essas coisas. — Respondi sincero. — E como não pode ser pessoal? Eu não vejo ele agindo dessa forma esquisita com outras pessoas que tentam puxar papo com ele.
— Fala sério, você só fica se doendo porque era e talvez ainda seja afim desse cara, mas seu ego está machucado por não tem reciprocidade nenhuma, nem sequer uma amizade você consegue com ele. — Disse Namjoon, com um ar de sabichão, ele nunca acreditava que o Park agia de forma egocêntrica comigo, dizia que eu exagerava e via as coisas de forma julgadora, nem meu melhor amigo estava do meu lado nessa.
— Não adianta tentar discutir contigo, você só entenderia se estivesse na minha pele, vendo as coisas pelo meu ângulo e passando pelos constrangimentos que já tive por causa ele. — Afirmei o escutando rir soprado.
— E talvez você só entenderia o Jimin se estivesse no corpo dele. — Retrucou sorrindo de lado, esse hyung adora soltar coisas aleatórias assim, eu em!
— Vira essa boca pra lá. — Expressei lhe empurrando pelo ombro, o mais velho apenas manteve seu risinho malicioso.
— Ei Jungkook. — Uma voz feminina se aproximou, me dando um leve susto, mas logo virei para ver quem me chama, surpreendendo-me ao ver que era Yumin.
— Ah, oi? — Indaguei sem graça, temendo que ela tivesse escutado o que falávamos do namorado dela.
— Aqui o seu crachá de visitante que terá que ser usado na editora. — Notei que em sua mão estavam vários crachás, claramente deram e ela a função de distribuir para todos.
— Obrigado. — Peguei de sua mão o cartão, sorrindo forçadamente por ainda estar constrangido.
— E para mim, não tem nada? — O Kim questionou brincando, afinal sabia que ele nem deveria estar ali.
— Bem, sei que não é um aluno de jornalismo, mas perguntei seu nome para um dos professores e consegui um crachá a mais para você também. — Ela respondeu entregando o cartão de identificação a Namjoon.
— Nossa, valeu! — Namjoon agradeceu, parecendo bem surpreso pela atitude da garota.
— De nada, aproveitem a viagem. — Falou num tom animado, lançando uma piscadela em minha direção antes de se afastar, saltitando para os próximos bancos onde entregaria os crachás aos alunos.
— Ela piscou pra você? — O Kim perguntou surpreso, rindo baixo em seguida.
— Isso foi estranho. — Afirmei o acompanhando num riso nervoso, eu nem tinha conhecimento de que Yumin sabia meu nome de qualquer forma, aquilo tinha sido inesperado.
Felizmente após as entregas dos crachás, não demorou muito para que todos estivessem dentro do ônibus, acabei por notar que o Park foi o último a subir quando o cheiro característico de seu perfume tomou o ambiente barulhento, e ele acabou ganhando também a atenção de todos os passageiro ao desfilar pelo corredor da condução com a mesma feição séria de sempre, não olhou para os lados e muito menos cumprimentou alguém, apenas foi direto para o fundo, onde sua namorada o esperava.
Não podia negar que Jimin me despertava indagações, ele era realmente apenas alguém fechado ou se sentia melhor que todos ali? Suas ações às vezes indicavam as duas coisas e a falta de contato com os demais despertava mais teorias do que afirmações, talvez eu nunca fosse conhecer o verdadeiro Park Jimin.
{.x.x.x.}
Costumava adormecer rapidamente quando viajava de ônibus, entretanto, quase uma hora depois de sair do campus, fui acordado pelo chacoalhar violento de toda a ferragem, abri meus olhos confuso sem entender o que estava acontecendo, porém os gritos e objetos caindo sobre os alunos me fizeram dar conta que do que estava acontecendo:
Um outro automóvel havia batido na gente, o motorista tinha perdido o controle e agora o ônibus rodava na pista sem controle, todos entraram em desespero, tentei me segurar mas aquilo parecia inútil, os movimentos eram mais fortes e meu corpo sacolejava sobre o banco, a única segurança estava depositada num cinto frágil.
Num segundo pude ouvir outro estrondo soar e o ônibus ser jogado contra a mureta da estrada, mais berros vieram, tudo dentro dali estava escuro, não dava para entender exatamente o que acontecia, o pânico tomava conta e os segundos pareciam ter se tornado minutos.
E novamente mais sons estrondosos vieram até que eu sentisse um impacto mais forte, desta vez da minha cabeça batendo contra o vidro numa violência enorme, fiquei tonto no mesmo momento, a visão embaçou e levei a mão até o local, vendo meus dedos voltarem com sangue.
Não tive tempo de sentir o desespero chegar, pois minha vista escureceu e desmaiei sem chances de conseguir lutar contra a tontura e falta de ar que sentia.
{.x.x.x.}
Horas depois
Abrir as pálpebras pareceu uma tarefa pesada quando a fiz naquele mesmo dia, horas depois, despertei confuso e perdido, um teto branco foi minha primeira visão antes de conseguir entender que estava num leito de hospital, com um soro preso em meu braço e dores por todo o corpo.
Não tentei me mover, pois sabia que tinha sofrido o acidente com o ônibus e poderia estar muito machucado, apenas queria chamar por alguém, mas sentia minha boca seca demais, não podendo proferir nenhuma palavra num tom auditivamente o suficiente para ser ouvido pelas pessoas que passavam pelo corredor ao lado.
— Oh meu Deus, você acordou! — Uma voz desconhecida exclamou ao meu lado, virei meu rosto devagar, não havia notado que tinha um rapaz sentado na poltrona de acompanhante, eu não o conhecia.
— O que... — Murmurei, mas saiu apenas um sussurro rouco.
— Enfermeira, minha irmã acordou. — Escutei o rapaz chamar alguém na porta que dava acesso ao corredor, me deixando completamente confuso, ele não estava falando de mim? Mas só tinha eu naquele leito.
Talvez eu apenas estivesse confuso e com muita vertigem para entender exatamente o que aquele cara falava, e de qualquer forma não tinha forças para lhe questionar quem era e como estava o meu estado de saúde, mas felizmente uma enfermeira entrou no quarto logo após, isso me deixou mais aliviado.
— Como se sente? — A moça questionou enquanto verificava minha pressão.
— Dolorido. — Respondi baixinho, franzindo o cenho ao notar meu tom de voz, ele parecia mais agudo, diferente do usual.
— Ah, isso é normal devido ao acidente, você se lembra do que aconteceu? — Ela questionou agora medindo a temperatura do meu corpo.
— Mais ou menos. — Proferi, ainda estranhando minha voz, talvez tenha sido devido ao acidente, eu não fazia ideia.
— Bem, o ônibus em que você viajava sofreu um acidente, você se feriu, mas sem nenhum machucado grave, são apenas arranhões. — A mulher começou a explicar calmamente. — Você chegou no hospital a ponto de uma crise de pânico, tinha desmaiado de nervosismo pelo caminho, então lhe demos um sedativo para que conseguisse se acalmar e descansar, dormiu por cerca de três horas. — Aquilo me deixou mais relaxado, ao menos já estava em recuperação e sem graves ferimentos, entretanto as coisas ainda se mantinham bem confusas nos meus pensamentos, pois não me lembrava de nada daquilo que a enfermeira narrava. — Vou pedir para o doutor que estava lhe acompanhando vir conversar com você, talvez receba alta ainda hoje.
— Obrigado. — Agradeci sorrindo forçadamente, até minha mandíbula doía.
— Eu fiquei muito assustado quando ligaram lá em casa avisando sobre o acidente. — O rapaz moreno que estava no quarto juntamente a mim veio falando, logo após a enfermeira se retirar, eu ainda não tinha entendido porque ele estava ali.
— Quem é você? — Indaguei curioso, mas minha pergunta pareceu chocar o cara.
— Como assim? Não me reconhece? — O moreno questionou assustado, me deixando temeroso também, pois me lembro bem de ter batido a cabeça no ônibus, talvez eu houvesse perdido a memória e não me recordava dele?
— Desculpa, mas eu nunca o vi antes. — Falei sincero e o rapaz arregalou ainda mais seus olhos.
— E-eu sou seu irmão.... — Afirmou agora me deixando estático, até onde me lembrava, eu sempre fui filho único. — Minha nossa! Vou chamar a enfermeira de novo.
O observei correr para fora do leito, desesperado, nada em minha mente parecia fazer sentido mais, o que deve ser bem comum para quem perdeu parte de suas memórias, porém ainda sim os pontos não se ligavam, porque eu conseguia lembrar de coisas de minha infância, da escola, da faculdade, dos meus amigos, até mesmo o metido do Jimin, e em nenhum desses pensamentos um irmão aparecia.
O nervosismo começou a tomar conta, me remexi sobre o colchão tentando ficar sentado para poder respirar melhor, apoiei minha mão na cama e ergui meu tronco devagar por causa das dores, e foi apenas nesse instante que notei algo estranho na minha mão...
Aquela não era a minha mão, ou ao menos não era assim que eu me lembrava dela.
— Mas que porra é essa? — Indaguei erguendo as palmas, analisando meus dedos, com certeza aquelas unhas pintadas de rosa claro e os dedos delicados não pertenciam a mim.
E novamente o pânico foi a única coisa que consegui sentir em meio a bagunça que estava meus pensamentos naquele momento, consegui me sentar tentando não gemer de dor, em seguida cocei meus olhos para afirmar que aquilo não era uma miragem, infelizmente apenas confirmei que isso tudo era bem real, minhas mãos estavam completamente diferentes.
— Enfermeira! — Gritei em pleno os meus pulmões, tirando força de não sei onde, entretanto foi apenas ao fazer isso que escutei minha voz claramente... Aquele tom também não era meu, parecia uma voz feminina.
E se isso já não era desesperador o suficiente, quando enfim tentei me levantar da cama e arrancar o lençol que me cobria, pude ver que não era apenas as minhas mãos e voz que estavam diferentes, e sim todo o meu corpo.
~♥~
Até :D
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