Cura turquesa
Jungkook
Alguma coisa me dizia que aquilo não iria funcionar de primeira de qualquer forma, mas me mantive tentando ter os pensamentos positivos, mesmo não entendendo nada de magia, porém após ver que as coisas não iriam ser assim tão fáceis quanto me disseram, meu pressentimento se confirmou.
Yumin e Hoseok não entendiam o que havia dado errado, até fizemos mais tentativas naquele mesmo dia, mas as coisas não mudaram, e como não tínhamos muito tempo até que minha mãe voltasse para o quarto, tive que voltar para casa ainda habitando um corpo que não era o meu.
No dia seguinte Hoseok foi juntamente da senhora Jung até o bosque onde Yoongi vivia, para tentar descobrir com os líderes o que poderia ser feito num caso assim, e a resposta deles foi simples, algo em mim ou na Yumin estava nos impedindo de retornar aos nossos corpos.
Os mestres explicaram que o que podia ter acontecido era que como passei mais tempo consciente do que Yumin, isso poderia ter me ligado mais ao corpo dela do que ela ao meu, ou seja, eu estava mais preso ao seu corpo, sendo assim apenas a magia presente nos crachás não seria suficiente para libertar essas amarras invisíveis que seguravam minha alma em seu corpo.
Felizmente os líderes sabiam como quebrar esse elo, afirmaram que exigia uma poção especial na qual eu deveria me banhar nela, porém eu apenas teria contato com a mesma se fosse no bosque junto de Yumin para que tudo fosse resolvido.
Sendo assim, teríamos que esperar mais um tempo, pois Yumin ainda não tinha tido alta, mas ao menos isso não estava muito longe de acontecer, pois felizmente meu corpo se recuperava rapidamente com o passar dos dias, e agora já fazia cerca de uma semana que ele havia despertado.
Não deixei de visitar o hospital em todos aqueles dia, e fiquei feliz quando vi que já era possível que Yumin desse alguns passos pelo quarto sem precisar de alguém a segurando, quanto mais rápido a recuperação viesse, mais rápido poderíamos voltar a ser nós mesmos.
Minha mãe estava cada vez mais desconfiada em saber qual era a nossa relação, tenho quase certeza que já achava que éramos namorados ou algo assim, mesmo que não tivesse perguntando nada, eu percebia seus olhares questionadores e sorrisinhos cada vez que nos encontrava conversando sozinhos no quarto.
Não me preocupava com isso, afinal logo tudo entraria em ordem novamente, apenas temia que ela visse Jimin no hospital e uma nova bagunça começasse, eu havia combinado com o Park que apenas conversaria com minha mãe quando voltasse para meu corpo, e ele concordava com isso.
E falando no Jimin, acho que eu já poderia dizer que estávamos bem mais próximos, ele ainda não ficava completamente relaxado e descontraído na minha presença, mas com certeza estava lutando contra sua timidez e seus medos, tanto que havia me convidado para passar o final de semana em sua casa, e isso foi um grande passo.
Eu me via muito ansioso para aquilo, mesmo tentando me conter e fingir que não estava roendo as unhas e contando os segundos para que o sábado chegasse, ficar esse tempo na casa dele talvez seria a chance perfeita para também me abrir e dizer o que acabei guardando por tanto tempo.
Eu ainda tinha um certo receio de que ele só estivesse se abrindo tanto porque eu tinha a aparência de sua melhor amiga, o que era realmente o plano da Yumin, mas e se quando eu voltasse para meu verdadeiro corpo, o seu comportamento receoso retornasse?
Bem, ao menos se eu já tivesse contado o que sentia, Jimin não teria dúvidas sobre a minha visão de tudo aquilo, meus sentimentos e tudo mais, eu não podia mais o deixar inseguro em relação a mim.
Cheguei a conversar com Yumin e Hoseok sobre isso, pedir conselhos a duas fadas do amor me parecia uma ótima saída e realmente acabou sendo, ambos me disseram a mesma coisa, afirmando que eu não tinha o que temer, pois já sabia como Jimin se sentia em relação a mim, bastava ser sincero e manter a calma que tudo daria certo... Eu realmente esperava que desse.
— Está tudo errado. — Yumin disse pela quinta vez desde que havíamos entrado naquele quarto. — A calça não combina nada com essa jaqueta, pega a outra.
Para resumir a situação o médico tinha dito que era bom que "Jungkook" caminhasse um pouco pelos jardins do hospital, fazer algum exercício nas pernas fora a fisioterapia, e assim começou nosso martilho para tirar Yumin do quarto, pois a mesma alegava que não iria passear por aí usando a camisola do hospital.
Minha mãe teve que ir em casa pegar várias peças de roupa, mesmo achando muito estranho que "eu" estivesse me importando com qual roupa vestir, a verdade era que Yumin não sabia fingir ser eu por muito tempo, a todo instante ela derrapava e falava coisas que eu não falaria.
Tanto que naquela tarde o quarto do hospital virou um camarim de tantas roupas que estavam espalhadas por ali, eu nem sabia que tinha tantas peças assim, mas pelo visto minha mãe havia revirado meu guarda-roupa e saiu pegando tudo que conseguia trazer em sacolas.
Minha mãe estava bastante prestativa "comigo" desde que meu corpo despertou do coma, eu apreciava isso, sabia que os cuidados não estivessem vindo exatamente para mim, porém ao menos eu poderia assistir e ver o quanto ela se preocupava e demonstrava que me amava muito, algo que não fez por muitos anos.
— Desde quando se preocupa com moda, Jungkook? — Minha mãe questionou franzindo o cenho.
— Desde sempre, mãezinha. — Yumin respondeu, piscando um de seus olhos e minha mãe riu... Talvez eu devesse adotar um tanto desses gestos quando voltasse para meu corpo, tem o seu charme.
— Nem está frio pra usar jaqueta. — Hoseok comentou revirando os olhos.
— A jaqueta é para fechar o look, não para esquentar. — Yumin respondeu pegando uma outra jaqueta na pilha de roupas.
— Mas vai esquentar do mesmo jeito. — Eu disse e ela bufou.
— Desisto, vocês não entendem nada. — Jogou as peças sobre a cama e começou a se levantar com dificuldades ainda. — Quero tomar um banho.
— Ok, querido, quer que eu te ajude? — Senhora Jeon expressou chegando perto da cama.
— Não precisa, a Yumin vai me ajudar, como fez a semana toda. — Disse e estendeu o braço para mim, minha mãe nos olhou desconfiada e depois sorriu maliciosa... Ah não, já até sei o que ela deve estar pensando. — Vamos?
— Sim. — Respondi rápido a auxiliando até o banheiro do quarto, mas não sem antes escutar minha mãe perguntando para Hoseok:
— Eles estão juntos? — Perguntou quase sussurrando.
— Mais do que a senhora possa imaginar. — Hobi respondeu rindo ironicamente, mereço...
Eu não nego que havia me tornado praticamente "uma enfermeira" pessoal ali, mas poxa, eu apenas estava cuidado de mim mesmo, e mesmo que essa frase pareça um tanto egoísta, não era, pois eu também estive cuidando de Yumin por todo aquele tempo.
— Queria que o Jimin pudesse estar aqui também, ele com certeza faria uma cara hilária com esse negócio de banho. — Yumin comentou rindo, enquanto se sentava na cadeira de banho que havia no box do banheiro. — Mas ao menos posso me gabar por ter visto você pelado antes dele.
— Pare de provocar ele, daqui a pouco ele te joga um feitiço também. — Respondi também rindo, a ajudando a retirar as roupas do hospital.
— Então, o Jimin me contou sobre o que vai ter hoje a noite. — Sorriu de lado, me fazendo franzir o cenho.
— O que vai acontecer? — Indaguei já ligando o chuveiro e lhe entregando o sabonete, por mais estranho que aquilo fosse dar um banho em mim mesmo, aquilo era um tanto engraçado.
— Você vai passar o final de semana na casa do Jimin, e foi ele quem tomou a iniciativa de fazer o convite... — Continuou com aquela expressão sorridente. — Mas brincadeiras a parte, você vai contar como se sente?
— Sim, eu vou. — Sorri sem humor, me sentando sobre a tampa do sanitário.
— Que carinha desanimada é essa? — Indagou franzindo o cenho.
— Não sei, comecei a pensar numas coisas. — Dei de ombros. — Acho que o Jimin só está se soltando comigo porque eu tenho a sua aparência, e depois que eu retornar ao meu corpo, pode ser que ele volte a ficar mais retraído. — Suspirei, odiando voltar naquele mesmo assunto. — Eu o deixo tão nervoso assim?
— Jungkook, ele só fica nervoso perto porque está muito afim de você. — Piscou um de seus olhos. — Com certeza o meu rosto o deixa mais calmo pois está olhando para alguém com quem ele tem muita intimidade, mas ele está disposto a vencer qualquer medo que ainda tenha, relaxe quanto a isso.
— Vou tentar. — Murmurei baixo.
A conversa se encerrou ali, ela continuou seu banho e quando enfim terminou, saímos e Yumin escolheu uma roupa para o passeio que tinha que fazer nos jardins, não a acompanhei nisso pois precisava pegar algumas coisas na casa dos Jung's e seguir até a casa de Jimin.
Hoseok me ofereceu uma carona, porém preferi ir andando mesmo, não me lembrava direito de quais ruas entrar, entretanto até conheci novos atalhos enquanto me locomovia até lá, talvez me perdendo algumas vezes e tendo que pedir informações, mas o importante é que encontrei o endereço.
Não conseguia conter minha ansiedade para aquilo, devo ter chegado até mesmo a contar os passos até sua casa, talvez tropeçado pelas calçadas algumas vezes também por não estar olhando direito o caminho, mas cheguei em seu prédio enfim, bem mais adiantado do que nosso combinado.
— Você chegou cedo. — Jimin disse assim que abriu a porta, parecia bem sem graça enquanto coçava sua nuca e me dava espaço para passar.
— E olha que peguei a travessa errada umas duas vezes durante o caminho. — Comentei entrando no apartamento, deixando meus sapatos ali mesmo, próximos da entrada, e calçando um chinelo rosa que possivelmente pertencia a Yumin, já que ela passava bastante tempo na casa dele.
— Mesmo? — Indagou franzindo o cenho.
— É, mas consegui me localizar. — Dei de ombros, caminhando até o sofá, no qual me sentei.
— Por que não pediu uma carona para o Hoseok? — Perguntou também vindo de sentar.
— Não gosto de ficar o ocupando, preferi vir sozinho mesmo. — Respondi, aquela conversa não parecia ir parar em lugar nenhum, estava diferente dos papos que tivemos durante a semana, ambos estávamos mais nervosos. Eu por ter algo para falar, já ele eu não sabia o porquê.
— Ah, entendo... — Apenas murmurou, o que não ajudou nada naquele clima constrangedor.
E aquele silêncio esquisito tomou o cômodo, Jimin não sabia para onde olhar e eu não sabia o que falar, mas peguei aquele tempo para reparar em seu apartamento, parecia bem mais organizado e perfumado do que da última vez que estive aqui, o que me fez achar que talvez ele tinha caprichado um pouco mais apenas porque eu estava vindo.
Posso ser presunçoso ao pensar isso, mas os indícios de uma limpeza recém feita, como um esfregão, um balde e um pano de chão perto do sofá, mostrava que talvez eu tivesse razão.
— Bem, você quer assistir alguma coisa? — Jimin perguntou se virando para mim.
— Claro, pode ser um filme? — Questionei, mas não estava realmente com vontade de assistir algo.
— Sim, eu já conectei o notebook na televisão, então só escolher. — Disse me entregando o controle da tevê, e se levantando do sofá assim que peguei. — Vou fazer pipoca pra gente.
— Ok, mas antes eu posso usar o seu banheiro? — Expressei, mesmo sabendo que não era algo que precisaria perguntar.
— Claro, lembra onde é? — Perguntou quando já estava na cozinha, possivelmente mexendo no armário, pois ouvi o barulho das portinhas.
— Lembro. — Murmurei e segui até o banheiro.
Não estava com vontade de usar, apenas precisava jogar um pouco de água no rosto, diziam que isso ajudava a acalmar, eu não sabia se era verdade, mas qualquer coisa que me deixasse um pouco mais relaxado já seria de grande auxílio.
Após entrar no banheiro da casa e fechar a porta, me apoiei na pia, respirando fundo, me arrependendo profundamente de não ter falado tudo que guardei para Jimin no dia que ele me revelou todas aquelas coisas, estávamos no clima perfeito para tal coisa, sem contar que eu não estava uma pilha de nervos naquele dia.
Ri sozinho de mim mesmo enquanto olhava no espelho, observando o rosto bonito de Yumin e a clara expressão de riso com desespero, o que me deixaria ainda mais receoso de Jimin notar minha ansiedade.
Fiz em seguida o que tinha planejado, lavando o rosto com água fria e enxugando em seguida, até que me senti um tanto mais relaxado, e aqueles segundo ali dentro do banheiro me fizeram colocar as ideias no lugar, todo aquele nervosismo não fazia sentido.
Quis por tanto tempo saber porque Jimin tinha aversão a minha presença, e agora que sabia a verdade iria ficar me acovardando quando já sabia o que ele sentia? Claro que não, nunca fui assim e não iria começar agora.
— Jungkook? — A voz de Jimin surgiu de repente, me dando um susto por ter me concentrado nos meus pensamentos e esquecido momentaneamente que ele também estava ali.
— Já vou sair. — Respondi me virando com tudo, porém isso fez uma de minhas mãos bater num frasco de sabonete líquido que havia sobre a pia do banheiro, e o mesmo se espatifou no chão, fazendo caquinhos de vidro se espalharem.
— O que foi isso? — O Park questionou, ainda do outro lado da porta.
— Droga, esbarrei num negócio aqui e ele caiu, me desculpe. — Falei, envergonhado por ter quebrado algo dele. — Você poderia me entregar uma vassoura, vou limpar essa bagunça.
— Foi alguma coisa de vidro? — Perguntou, e pude perceber pelo som de sua voz que ele havia se aproximado mais da porta. — Se sim, abre aqui a porta.
— Vou abrir. — Fiz o que me foi pedido, apenas estendendo a mão e girando a chave para que a porta abrisse, ainda bem constrangido e com medo de que ele ficasse irritado pelo objeto perdido, afinal se alguém quebrasse algo meu, por mais simples que fosse, eu ficaria chateado.
— Você se cortou? — Jimin perguntou assim que adentrou o banheiro, para o meu alívio ele parecia apenas preocupado, e não bravo.
—Eu... — Respondi e olhei para baixo, vendo que um dos caquinhos havia feito um pequeno corte em meu pé, nada preocupante, mas estava ardendo um pouco. — Não foi grave, tá tudo bem.
— Tem certeza? — Ele disse e veio em minha direção, andar por aquele campo minado de cacos de vidro não seria nada aconselhável, mas Jimin estava usando calçados.
Pensei que ele iria apenas conferir o machucado, mas ao contrário disso, Jimin se abaixou um tanto e passou um de seus braços por baixo de meus joelhos e outro braço apoiado na altura da cintura, me levantando do chão com facilidade e caminhando para fora do cômodo comigo em seu colo.
Ri com a situação, tentando disfarçar o fato de que meu rosto talvez estivesse queimando, mas lá estava eu novamente sendo carregado por ele, até me permiti o segurar pelos ombros e o abraçar até que chegássemos na sala e Jimin me colocasse sentado no sofá.
— Não precisava me carregar. — Proferiu, porém logo me arrependi, pois ele pareceu ficar constrangido. Eu só dou bola fora, é incrível!
— Está doendo? — Perguntou agachando perto de mim, disfarçando seu embaraço momentâneo.
— Sim, está ardendo bastante. — Respondi e tirou o chinelo que eu usava, examinando o machucado mais de perto, fiquei curioso com suas ações.
— Sabe, tem uma coisa que apenas alguns tipos de fada conseguem fazer. — Ele comentou, me deixando desentendido com o rumo daquela conversa.
— E o que é? — Questionei animado, meu entusiasmo para saber mais sobre o mundo dele apenas crescia.
— As fadas da água conseguem curar outros seres. — Disse e sorriu orgulhoso, me fazendo sorrir também.
— Como? — Arqueei as sobrancelhas ao perguntar.
— Já deve ter ouvido a popular frase: "a água é a fonte da vida", certo? — Indagou e eu assenti. — Fadas da água costumam ser curandeiras exatamente por esse motivo.
— E você vai fazer algum tipo de remédio caseiro? — Perguntei já imaginando que ele poderia ter ervas medicinais que usava para fazer medicamentos naturais.
— Não, eu apenas... — Murmurou enquanto pegava uma garrafinha com água que estava sobre a mesa de centro, abria a tampa e derramava um pouco de água em sua própria mão. — Posso?
— Sim. — Assenti rapidamente.
Jimin levou sua mão molhada pela água até a superfície do meu pé, sua palma ficou sobre o pequeno corte e ele fechou seus olhos, logo comecei a sentir a água borbulhar levemente e o lugar machucado esquentar bastante, me arrepiei quando um vento gélido pareceu tomar conta do ambiente, parecia que a brisa estava nos abraçando.
A sensação era boa, mas infelizmente acabou bem rápido, ele afastou sua mão e olhei automaticamente para o lugar machucado, não havia nem sinal do ferimento, passei meus dedos sobre a pele, e realmente tinha se curado, nem molhado pela água estava, ela havia evaporado, era incrível.
Foi nesse instante eu o encarei, Jimin sorria, talvez achando graça da minha reação de completa surpresa, mas eu apenas conseguia reparar no quanto sua expressão estava linda, e também parecia que algum tipo de aura azul, bem fosca e quase não visível dançava em volta dele.
Ele notou minha atenção presa em si, e me olhou de volta, com seu sorriso ainda enfeitando sua expressão, e fazendo com que seus olhos quase se fechassem num eye smile encantador, naquele instante eu defini o que eu sentia por ele como paixão.
— Caramba, eu estou com muita vontade de te beijar agora. — Murmurei, decidindo ser um tanto sincero demais, e Jimin arregalou seus olhos por conta disso, mas relaxou a expressão em seguida quando sorriu minimamente, desviando o olhar para o chão e deixando um suspiro escapar antes de ir se levantando bem devagar, arqueei as sobrancelhas por conta de sua reação.
— Bem... — Expressou baixinho, logo olhando em volta, parecendo meio perdido em suas ações. — Eu vou pegar a pipoca. — Disse e foi para a cozinha sem olhar para trás.
Eu acabei de levar um fora ou o quê?
~♥~
hihi até
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