Capítulo 4 - Fim de jogo!
POV Daniel
Estávamos trancados em uma sala de interrogatório há mais ou menos duas horas, esperávamos alguém vir e nada. Já estou de saco cheio de ficar imaginando o que está por vir.
- Que droga! - Digo ao socar a mesa.
- Daniel, não adianta ficar bravo, não vai ajudar em nada. - Félix tentou manter todos nós tranquilos.
- E como você espera que eu fique? - Gritei ao passar as mãos pela cabeça e puxando meus cachos com raiva.
- A gente sabia que isso podia acontecer. E sabemos que você não está assim só por termos sidos presos. - Contestou Martim.
Ele estava certo. Eu não conseguia tirar a Julie da minha cabeça. Fui para o fundo da sala e me sentei no chão, me encostando na parede, e pensamentos sobre ela começaram a me assombrar ainda mais.
Será que Demétrius vai fazer alguma coisa contra ela? Como será que ela está? Ela sente minha falta? Está sofrendo? Como eu queria não ter a deixado, mas pelo menos você acha que estamos bem e seguros... E isso me ajuda um pouco, porém ainda preciso saber se Demétrius fez ou pretende fazer algo contra você.
Perdi a noção do tempo e não sei por quanto tempo fiquei preso nesses pensamentos, apenas despertei deles com o barulho de alguém entrando pela porta.
- Boa noite. - Disse um homem um pouco mais alto que eu, com cabelos loiros e olhos azuis. - Por favor, sentem-se.
- Boa noite. - Responderam Félix e Martim ao se sentarem nas cadeiras postas de frente para a mesa.
- Por favor senhor Castellamare, sente-se. - Me levantei muito contrariado, mas me sentei no meio dos dois.
- O que vai acontecer com a gente? - Perguntei impaciente.
- Acalme-se, vamos por partes. Meu nome é Antônio, sou sub-chefe da polícia espectral e a partir desse momento, serei eu o encarregado do caso de vocês.
- Mas e o Demétrius? - Perguntou Félix
- O dever dele era capturá-los e conseguir provas contra vocês. Agora a única coisa que ele ira fazer dentro do caso é comparecer ao julgamento para testemunhar.
- E o que exatamente você fará no nosso caso? - Dessa vez Martim perguntou.
- Eu serei o advogado de defesa e ocuparei a maior parte como "acusador". - Responde Antônio.
- Como assim? Você vai nos defender ou acusar? - Finalmente abri minha boca.
- Irei defender, mas com alguns acordos, eu consegui o direito de fazer algumas funções de acusador. Como por exemplo, fazer o interrogatório. - Disse o homem.
- Então só teremos que falar com você? - Perguntei e ele confirmou com a cabeça.
- E quando começa esse interrogatório? - Félix se manifestou.
- Agora mesmo. - Disse Antônio ao se levantar.
- Mas já? - Martim questionou.
- Prefere ficar mais duas horas sem fazer nada? - Falo impaciente.
- Se quiser, você pode ser o último, senhor Novac. - Martim afirmou com a cabeça.- E o senhor Castellamare pode ser o primeiro.
Félix e Martim foram levados para uma cela enquanto aguardavam sua vez. Me sentei e comecei a responder todas as perguntas possíveis sobre aparecer, conviver e se apaixonar por humanos. Por fim, acho que respondi umas cinquenta perguntas, aposto que Martim e Félix não terão que responder nem metade disso. Quando finalmente acabou olhei para um grande relógio e já eram 23:57 p.m., Antônio se levantou e desligou a câmera espectral e foi chamar os guardas para me levarem à minha cela.
- Espere, um momento, senhor... - Chamei sua atenção.
- Sim. - Respondeu ao se virar.
- Posso lhe fazer uma pergunta? - Pedi apreensivo.
- Claro. É alguma dúvida sobre o caso? - Perguntou ao se sentar.
- Não, é mais uma curiosidade... Diga-me... Fantasmas podem chorar? - Nesse momento apenas vi Antônio arregalar seus olhos.
- Po-or.. Por que da pergunta? -Gaguejou.
- Como disse, apenas uma curiosidade. - A qual agora só aumentava.
- Bom, eu irei lhe dizer, mas que isso não saia daqui. Entendido? - Assenti. - Existe uma antiga lenda espectral que diz que a cada dez mil fantasmas, existe um que pode se apaixonar por um vivo. Inclusive, já tivemos muitos casos desses. Porém a cada cem mil, existe um que pode tanto chorar quanto se apaixonar por um vivo e a esse, é concedido o privilégio de voltar a vida. - Ele me explicou.
- Isso é sério? - Me espanto.
- Acalme-se. Depois de muitas pesquisas e buscas, a polícia espectral comprovou que isso é verdade, porém, para que isso ocorra esse, fantasma precisa ser aprovado em algumas espécies de testes com o outro mundo. - Acrescentou.
- O mundo dos vivos? - A curiosidade estava me consumindo.
- Não, o mundo lá de cima. Quem dá a última palavra sobre a volta para o mundo dos vivos é aquele cara chamado Deus. Mas acontece que, que... Nunca encontramos um fantasma que se apaixonou e chorou por um humano. E outra, nunca ninguém teve contato com o mundo superior e se esse mundo não existir, então essa lenda vai por água abaixo.
POV Julie
~~ Seis dias depois ~~ (sexta-feira)
Acordei eram 6:30 a.m. e com certeza vou me atrasar para aula. Ainda não acredito que já fazem seis dias que estou sem meus fantasminhas, sinto muita falta deles e principalmente do Daniel. Decidi que vou terminar com Nicolas mas ainda não sei como fazer isso. Durante a semana toda, tenho evitado ele e disse que era por estar triste com o fim da banda, acho que ele acreditou e ao mesmo tempo se sente um pouco culpado.
Bia e Pedrinho tem me ajudado bastante, sempre arranjam alguma coisa pra me distrair. Mas nada me faz esquecer deles e a cada dia que passa, a saudade aumenta e me arrependo cada vez mais de não ter dito ao Daniel que o amava. Só me pergunto porque Martim e Félix ainda não vieram nos visitar como tinham dito. Será que aconteceu alguma coisa?
POV Daniel
Já faz quase uma semana que estamos presos aguardando o julgamento, que será amanhã. Foi interrogatório para cá e para lá, mas o que mais me irritava era não saber da Julie. E uma dúvida maior rondava a minha mente: "Será que eu posso voltar a vida? Será que sou esse um em cem mil? ". Enquanto eu não souber se isso é verdade, não posso arriscar contar isso pra ninguém, nem mesmo para Martim e Félix.
António tem nos ajudado bastante em relação ao julgamento, nos aconselhou no que dizer e não dizer e acho que com sorte, poderemos sair com uma pena pequena. Estávamos em hora de visita e como sempre nós não recebemos nenhuma. Ou era o que eu pensava.
- Visita para os três. - Falou um homem moreno com cara de poucos amigos.
- Para nós? - Perguntamos juntos.
- Não, para minha avó. - Disse sarcástico. - Andem, não me façam perder tempo. - Saímos da cela e fomos em direção a sala de visitas.
- Débora!? - Falamos em coro ao vermos ela toda sorridente.
- Euzinha. - Ela se aproximou. - Nossa quanta saudade de vocês. - veio nos abraçar.
- O que você faz aqui? - Perguntei.
- Eu soube há dois dias que vocês iam a julgamento, então, pensei em vir dar boa sorte.
Nós a agradecemos e conversamos por uns trinta minutos até que o tempo de visitas acabou. Nesse meio tempo, eu tive uma pequena ideia e a Débora aceitou nos ajudar. Então agora só nos restava esperar.
POV Julie
Finalmente o último tempo de aula, não aguento mais essa professora falando e falando. Sai com a Bia e fomos juntas para minha casa. Não falei nada com ela, mas desde que saímos da escola, tenho a impressão de estar sendo vigiada, ou seguida. Ou é apenas saudades dos meninos e fico imaginando coisas.
Chegamos em casa e resolvi ir na edícula, peguei a guitarra de Daniel e toquei uns dois acordes. Por fim, abracei-a, enquanto Bia tirava o site da banda do ar.
- Como queria que você estivesse aqui.... - Murmurei.
- Ele sente saudades de você. - Disse uma menina, que apareceu do nada, de aproximadamente uns dezessete anos. Ela era morena, mas bem pálida.... Acho que é uma fantasma.
- Quem é você? - Perguntou Bia e eu com medo, preocupação e curiosidade.
- Sou a Débora, amiga dos meninos. - Respondeu a morena. - E você deve ser a Julie, certo?!
- Sim, me lembro deles falarem de uma Débora. - Seria esta a Débora que ficou com Martim? - Mas o que faz aqui? - Perguntei.
- Eles falaram de mim?! Ai que fofo... Eles falaram de quando a gente saiu e... - Ela começa a rir e minhas suspeitas são confirmadas.
- Débora! - Chamamos sua atenção
- Oi?... Desculpe. Bom, eu vim aqui trazer um recado deles.... - Disse ela.
Quando ela terminou de nos contar não consegui acreditar. "Meus fantasminhas estão presos? E o acordo que fizeram com Demétrius?". Conversamos um pouco mais com a Débora, até que ela não é tão ruim, exceto quando rir. Ela nos contou detalhes de tudo que andou acontecendo com eles e me disse que foi o Daniel que pediu para ela vir, pois não aguentava de saudades. Depois de umas duas horas, ela e Bia foram embora. Marquei de ir a praça com Nicolas no fim da tarde para resolver nossa situação.
- Oi Nic! - Cumprimentei-o.
- Oi Juh! - Ele tentou me beijar, mas virei o rosto. - Que foi?
- A gente precisa conversar.
- Pode falar... - Ele pareceu preocupado.
- Nic, é que... - Eu ,tentava achar as palavras, mas nada saia. Até que do nada me surgiu uma coragem e falei de uma vez. -Desculpa Nicolas, mas não estou apaixonada como achei que estava e acho que acabamos confundindo uma ótima amizade com uma paixão. E não acho que eu possa continuar com isso.
Depois de alguns minutos de silêncio constrangedor, ele finalmente reage. - Nossa Julie, você me pegou de surpresa.
- Desculpe... - Pedi ao perceber que o deixei completamente sem reação.
- Tudo bem, eu entendo seu lado, Vem acontecido muitas coisas: O término da sua bando, a mudança dos integrantes, as provas finais estão chegando. Enfim.... Mas confesso que também andei pensando nisso.
- Então você concorda em terminar? - Perguntei.
- Sim. Acho que pensei estar apaixonado por você pelas vezes que senti ciúmes do JP e do Daniel... Mas isso também acontece com amigos, não é? - Ele sorriu.
- Amigos então? - Propus ao estender a mão para um comprimento.
- Amigos. - Ele simplesmente ignorou minha mão e me abraçou.
***************
São exatamente 04:57 a.m.. Se eu acabei de acordar? Na verdade eu nem dormi, passei a noite inteira pensando no julgamento do meninos que será em poucas horas. Já andei pela casa inteira, fiquei as últimas duas horas na edícula pensando em como ajudá-los, mas nada me veio na mente. Então, resolvi voltar para o quarto, pois daqui a pouco terei que "acordar" e me arrumar para a escola. Ao me sentar na cama, esbarrei num porta retrato da minha mesinha de cabeceira e um pequeno envelope caiu no chão. Peguei-o e o abri. Me deparei com as palavras mais doces, tristes e INESPERADAS.
"Julie, Não quero atrapalhar sua vida, nem seu relacionamento. Estou indo embora,
mas te levo no meu coração. Martim e Félix irão visitar vocês de vez em quando.
PS: Seus olhos são os mais lindos que já vi, poderia ficar horas sem fazer nada,
só olhando para eles. E tenho que fazer força para não ficar hipnotizado.
TE AMO! - Daniel ."
Aquilo foi totalmente inesperado e tocante, tive de me segurar para não chorar, pois mesmo longe... Daniel sabe mexer com meus sentimentos.
CONTINUA...........
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