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Capítulo 3 - Quem sabe um "Até logo"?

POV Juie

- Julie... - Eu interrompo Daniel.

- Por favor Daniel. Fique. - Implorei em lágrimas.

- Julie, eu te amo... - Senti um sorriso surgir no meu rosto, mas logo o mesmo se desfez. - E é porque te amo que eu não posso ser egoísta com você. Eu pensei que fosse possível, mas eu não consigo ser apenas seu amigo.

- Mas... O que? - Não conseguia entender nada.

- Você é linda, inteligente, talentosa, carinhosa, você é perfeita.... - Interrompo-o.

- Eu não estou nem perto da perfeição. - Falei balançando a cabeça negativamente.

- Para mim, você está a menos de um centímetro dela. E é por essa garota por quem eu me apaixonei, mas que não posso ter... - Minhas lágrimas só aumentavam, e as dele também. - Eu não te mereço, e você não merece um relacionamento como o que eu poderia te oferecer.

- Pare, por favor. - Eu não conseguia dizer mais nada.

- Você merece o mundo inteiro, merece ser feliz e realizar todos os seus sonhos. - Daniel tentava demonstrar alegria ao dizer aquelas palavras. - Merece ter encontros, ter um namorado que a ame, o apresentar aos seus pais, se casar, ter filhos....

- Chega! - Digo quase gritando. - Só eu sei o que eu mereço, e com certeza, não mereço te perder.

- Você nunca vai me perder. - Ele falou ao secar minhas lágrimas.

Ele me abraçou e ficamos um tempo assim. Aquele abraço foi uma das coisas mais sinceras e fortes que já senti. Representava o nosso carinho e a dor de perder um ao outro. Me trazia conforto e esperança. Naquele momento só conseguia lembrar de cada momento bom, cada vez que Daniel me protegeu, me ajudou, me consolou e claro, me amou. Não pensei nas brigas nem nas discussões. Queria que o mundo parasse, para que aquele momento durasse para sempre. Mas em menos de dez minutos nos separamos.

- Vou deixar você descansar agora. Ainda nem tomou café, não é? - Daniel perguntou.

- É, mas perdi a fome. - Respondi mais calma.

- Você vai lavar esse rosto, vai descer e vai comer nem que eu tenha que te forçar. - Falou e sorriu, isso me fez rir.

- Obrigada por sempre cuidar de mim. - Dou um beijo na bochecha dele ao me levantar, indo em direção do banheiro.

- Vou descer. - Ele avisou, indo em direção da porta.

- Daniel! - Chamei-o e o mesmo se virou para mim. - Promete repensar sobre o assunto?

- Prometo. - Disse e desapareceu.

E eu fiquei ali, pensando naquelas palavras ditas por nós. Daniel não podia ir embora, ele não pode me deixar. Naquele exato momento, eu não tinha mais dúvidas... Eu amo o Daniel e não posso viver sem ele.

Pov Daniel

Quando cheguei na edícula, Martim e Félix estavam jogando carta. Sentei no sofá vermelho e naquele momento, lembrei de um ocorrido incomum.

- Fantasmas podem chorar? - Perguntei.

- Acho que isso é impossível. - Respondeu Félix parando de jogar.

- Por que quer saber isso Daniel? - Perguntou Martim.

- Curiosidade. - Minto.

- Conseguiu terminar sua conversa com a Julie? - Félix questionou-me.

- Sim. Eu pensei muito e está decidido. Eu vou embora. - Respondo-o.

- O que?! - Os dois gritaram juntos.

- Não posso mais ter essas crises de ciúmes e nem atrapalhar a vida dela. Ela vai ficar melhor sem mim. E eu vou sozinho. - Conclui.

- Olha cara, em primeiro lugar, nós seríamos uma recordação sua para ela e isso não a fará bem. Segundo, amamos a Julie, mas você é nosso irmão desde sempre. - Falou Félix. - Não queremos que vá, muito menos sozinho.

- Então está decidido, vamos os três! - Finalizou Martim.

Félix e Martim foram se despedir de Julie e eu fui falar com Pedrinho.

-Oi Pedro... - cumprimentei-o ao entrar em seu quarto.

- Oi Daniel... O que faz aqui? - Perguntou, parando de ler um livro de física. - Você nunca vem aqui e quase nunca nos falamos. Qual o problema?

- Verdade e me desculpe por isso, mas acho que agora nos veremos menos ainda. - Falei apreensivo.

- Por que? - Ele perguntou confuso

- Eu vou embora. - Digo depressa.

- O que? Está maluco? A Julie já sabe? - Aparentemente, o garoto estava nervoso.

- Vou por razões pessoais e sua irmã já sabia que isso podia acontecer. - Afirmei.

- É por causa do Nicolas, não é? - Disse quase sem dúvidas.

- Queria ter passado mais tempo com você. - Digo sorrindo. - Você é mais esperto do que Martim e Félix dizem. - Rimos. Depois de me despedir de Pedrinho, fui ao quarto da Julie.

POV Juie

- Martim, Félix! E ai? - Perguntei ao vê-los entrar em meu quarto.

- É... Nós... Nós viemos nos despedir Julie! - Falou Félix.

- O que?! - Gritei. - Como assim?

- Desculpe Julie. Nós gostamos muito de você e do Pedrinho, mas achamos melhor assim.- Disse Martim.

- "Nós" ou Daniel? - Digo tentando segurar as lágrimas

- Julie, tente entender! A situação dele é complicada e somos os melhores amigos dele. Nós escolhemos ir. - Explicou Félix.

- Mas ele prometeu que ia pensar melhor.

- Ele pensou muito, acredite. - Félix comentou.

- Combinamos que eu e Félix vamos vir visitar vocês de vez em quando. - Martim tentou me animar.

- Por que ele está fazendo isso comigo? - Digo sem me importar com as palavras do fantasma.

- Oi! - Daniel disse entrando no quarto.

- Eu te odeio! - Gritei indo em direção a ele dando socos em seu peito, mesmo sendo em vão, pois sabia que ele não sentiria dor.

- Calma Julie! - Ele disse ao me ver chorando e me abraçou, fazendo-me parar de bater nele.

- Vamos nos despedir do Pedrinho. - Falou Félix saindo do quarto com Martim.

- Por-que-está-fazendo-isso-comigo? - Falei entre soluços, ajoelhando no chão sem me soltar dos braços do Daniel, fazendo com que ele se ajoelhar junto comigo.

- Você não sabe como vai ser difícil ficar longe de você. - Ele falou me apertando contra si.

- Não... Não me deixe! - Já me sentia exausta por tantas emoções que vivi hoje.

- Sempre vou estar perto de você. Eu te amo! - Essa foi a última coisa que ouvi ele dizer. Acho que desmaiei de cansaço.

POV Daniel

Ela estava tão linda. Fiquei abalado pela reação dela, não queria magoá-la. Pego ela no colo e a coloco deitada na cama e beijei sua testa. Escrevi eu bilhete e coloquei no criado mudo ao lado de sua cama. Sai do quarto e me encontrei com Félix e Martim. Logo fomos embora.

POV Julie

Acordei meio tonta e fui ao banheiro, meu rosto estava muito inchado, lavei e voltei pro quarto. Olhei o relógio e ainda eram 19:15 p.m , papai tinha saído e me deixou tomando conta do Pedrinho. Então, me lembrei do que havia me feito cair no sono e me fazer chorar. Me desespero e corro para a edícula.

- Daniel, Martim, Félix. - Chamei por eles várias vezes e depois gritei. - Daniel!

- Julie! - Pedrinho me chamou ao entrar na edícula.- Eles já foram.

- Não. - Sussurrei para mim mesma.

Sai correndo em direção ao meu quarto.Quando passei pela sala, meu pai estava chegando e ele percebeu que eu estava chorando.

- Julie o que aconteceu? -

Simplesmente, ignorei e subi as escadas, quando entrei no meu quarto pude ouvir ele perguntando para o Pedrinho o que aconteceu. Me joguei na cama e meu choro só aumentou. Alguns minutos se passaram, Pedrinho entrou no quarto e sentou ao meu lado na cama.

-Julie, eu também estou triste, mas não precisa ficar assim. - Falou tentando me acalmar.

- Você não entende Pedrinho! - Falei em meio a lágrimas.

- E eu? Será que entendo? - Bia disse ao entrar no quarto.

- Vou deixar vocês conversarem. Veja se consegue acalmar ela. - Consegui ouvir Pedrinho sussurrando antes de sair.

- Agora me diz. O que está acontecendo amiga? - Bia falou ao se sentar de frente para mim.

- Ele me deixou. Eles me deixaram, Bia. - Falei ao abraçar minha amiga.

- Eles quem? - Perguntou confusa.

- Daniel! - Solucei - Daniel, Martim e Félix.

- O que?- Ela me olhou como se não conseguisse acreditar. - Por quê?

- Daniel disse que não podia continuar fazendo parte da minha vida. O que eu vou fazer sem ele? - Percebi o que disse e corrijo. - Sem eles... Quero dizer.

- Calma Julie, vai ficar tudo bem! - Passamos alguns minutos abraçadas, até que Bia quebrou o silêncio, me lembrando do dia em que tudo começou a dar errado. ou seria certo? - Julie, o que você sentiu e por que você chorou com aquela música que Daniel cantou?

- Sinceramente, não sei Bia. - Eu já estava mais calma. - Acho que não acreditei que Daniel realmente sentisse algo por mim. Principalmente nessa intensidade. E acabei percebendo que ele estava sofrendo mais do que imaginava.

- Assim.... E agora que você sabe que o que ele sente é forte e real... Você acha que pode sentir algo pelo Daniel? - Perguntou curiosa e esperançosa.

- Não! - Respondi sem nem pensar duas vezes.

POV Narradora

Longe dali, três fantasmas vagavam pela cidade a procura de um lugar para ficar. Martim e Félix estavam bem tristes por deixar Julie, Pedrinho e a Bia. Mas Daniel tinha perdido algo muito mais precioso, o amor . Ele se sacrificou pela felicidade da amada Julie.

POV Daniel

- Olha aquela casa. - Félix apontou para uma casa bonitinha, mas aparentemente abandonada.

- Acho que dá para ficar por um tempo, não é? - Perguntou Martim.

- Por mim tudo bem. - Respondi indiferente.

Entramos, cada um foi se acomodar em um quarto, na casa tinham seis. Ouço um barulho vindo da sala e vou verificar. Gelei ao ver aquele homem, já conhecido e odiado por mim, junto com outros três rapazes.

- O que você está fazendo aqui Demétrius? - Perguntei enquanto Martim e Félix entram na sala.

- Vocês estão presos por aparecer, tocar, cantar e se apaixonar por humanos. - Disse ele.

POV Julie

- Não! - Respondi sem nem pensar duas vezes, o que fez Bia se espantar.

- Você tem certeza? - Insistiu.

- Tenho Bia... Eu não acho que poderia sentir algo pelo Daniel. Eu tenho certeza, e mais, EU SINTO. Eu estou completamente apaixonada por ele.

Bia parecia uma criança que acabou de ganhar o melhor presente de Natal com aquela cara de boba. Seu sorriso ia de orelha a orelha e só faltou saltar e gritar de alegria.

- Espera. Não era você que dizia para eu me concentrar em pessoas vivas?

- Sim, mas eu ainda não sabia dos sentimentos dele e na época você ainda estava carente pelo Nicolas. Mas agora você está certa do que sente e melhor, você é correspondida!

- Pena que descobri meus sentimentos por ele tarde demais. - Falei cabisbaixa.

- Quando se ama, nunca é tarde demais. - Bia conseguiu me arrancar um sorriso com aquela frase, mas logo se desfez com sua pergunta seguinte. - Mas o que pretende em relação ao Nicolas?

CONTINUA...........

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