13. Na Areia - Emily
A raiva se embolava em minha garganta. Nem era de Pedro por tentar me beijar e sim por Giovanni ter me chamado de garota. Naquele momento percebi como ele me via de verdade, e as esperanças alimentadas durante nossa conversa no dia anterior e no maravilhoso passeio dentro do oceano se dissolvera.
Sentei-me na areia, segurando meus joelhos apertados nos braços e apreciei com tristeza os riscos brancos das ondas quebrarem na praia. Sentia-me uma adolescente tola. Sabia que não devia me deixar impressionar por um professor, mas nesse momento meu coração parecia não ligar para a razão.
— Não devia vir tão longe, pode ser perigoso.
Levantei a cabeça e avistei Giovanni em pé ao meu lado, seu rosto expressava apreensão. Por que ele não me deixava em paz, eu não era uma criança necessitada de proteção como ele pensava.
Virei meu rosto para o mar o ignorando. Ao invés de ir embora, ele se sentou ao meu lado com as pernas estendidas, apoiou-se sobre as mãos e apreciou a água do mar, num gesto despreocupado. Eu queria gritar com ele, mandá-lo embora e dizer-lhe que não precisava de babá, no entanto detive-me em permanecer em silêncio e olhar para frente.
— Não deveria se chatear com Pedro, ele está sempre em busca de um romance não importa onde e com quem.
— Você quer dizer a procura de sexo. — corrigi aborrecida, sem interesse em ouvir seu sermão de como eu agi de modo infantil ao convidá-lo para dançar.
Envergonhado, Giovanni esboçou um curto sorriso. Observei-o pelos cantos dos olhos. Como ele é bonito e envolvente. Pena ele apenas me ver como uma criança.
Quase em aceitação de que minhas fantasias referentes a romances entre alunas e professores não se tornariam reais levantei-me. Só me restava manter um pouco de dignidade e ir para o meu quarto antes que eu disse algo que fizesse Giovanni me considerasse mais imatura ainda.
Sem olhá-lo sacudi a areia de minhas pernas e mãos e comecei a me afastar pela areia. Dei uns três passos e senti Giovanni puxar minha mão, ao virar-me ele estava à minha frente encarando-me seriamente.
Meu coração deu um salto em expectativa e perdi qualquer capacidade em falar. Apesar do que ele pudesse pensar eu não era uma criança e percebia a tensão presente entre nós naquele momento. Pensei que ele me considerasse uma criança, mas pelo jeito eu estava errada. E nunca fiquei tão feliz por ter errado em algo. Sorri largamente e aproxime-me um pouco mais dele.
Nossos olhos estudaram-se em profundidade e ele envolveu seus braços em minhas costas ao puxar-me ao seu encontro. Finalmente, nossos lábios tocaram-se e exploraram-se com intensidade. Eu quase me esqueci de respirar, meu corpo estremecia extasiado, minhas mãos acariciavam seus cabelos. Eu podia ficar pela eternidade naquele beijo, naquela sensação magnífica e... ele separou-se de mim.
Mordi o lábio encorajando-o a voltar a beijar-me, contudo ao olhar Giovanni foi temor o que nasceu no meu peito. Ele andava desnorteado de um lado para o outro ao mirar com preocupação o chão, para de repente me fitar em confusão.
— Eu não devia ter feito isso, foi um erro... Desculpe.
Horrorizada, observei-o enquanto ele caminhava ligeiro para a pousada. Minhas pernas não se mexiam e meu coração se estrangulara em angústia. Eu não conseguia compreender a sua reação final. Para mim, o beijo havia sido ótimo e achei que ele estava sentindo o mesmo.
A sua reação não fazia sentido. Quando Alice e Rodrigo disseram que ele me olhava eu concordei que poderia haver uma atração física entre nós. Então ele começou a me tratar como se eu fosse uma criança idiota e eu pensei que eles estivessem enganados. Mas veio o beijo, e esse deixou claro seu interesse por mim. Ao menos um interesse físico.
Ouvia em minha mente como um sussurro do vento a voz de Giovanni "foi um erro, foi um erro". Se eu também queria seu beijo, como isso poderia ser um erro? Qual o motivo por suas palavras e seu comportamento brusco? Por que um erro? Ele não gosta de mim? Se não gosta, por que me beijou? Está envolvido com outra pessoa?
Minha cabeça doía, todo o meu corpo doía. Algumas lágrimas fugiram de meus olhos. Fiquei em pé sozinha e desnorteada por algum tempo, até que minhas pernas me levaram até minha cama.
Não havia mais nada que eu pudesse fazer ele fora embora por escolha sua. E eu teria que aprender a conviver com minhas dúvidas e com o rombo que ele acabara de abrir em meu coração.
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