⚔️ Capítulo 08: O encontro com o Rei (📌 Sujeito a alterações)
Fred não nutria simpatia alguma pela figura do Rei e tudo que o envolvia. Sentia isso em plena convicção em cada átomo que existia dentro de si. Detestava estar ali, mas era por seu pai. Caminhava a passos largos ao lado do próprio. No fundo, seria mais proveitoso estar vigiando as ruas das Muralhas e prendendo larápios e arruaceiros. O uniforme da Guarda Civil lhe acompanhava como de costume. O casaco de pele de Eustáquio cobria uma longa roupa feita de lona de algodão. Resistiam ao frio matutino.
— Há quantos anos não o vê de perto?
— Não me recordo exatamente. - respondeu pigarreando. — Uns cinco, talvez seis anos. - chutou sem muito entusiasmo.
As enormes colunatas elaboradas tinham a base em formas de sino e suspendiam um teto arqueado na cor mostarda. Paredes de granito conduziam seus visitantes a pátios laterais por pisos de lâminas de madeira assentados sobre a manta em sistema de encaixes em seus rodapés colados um a um. A brisa da manhã cortava cada vão sutilmente para fazer companhia aos que ali estavam. Passaram o tempo enquanto não eram convidados a adentrar em qualquer uma das dezenas de salas que ali haviam.
— É um lugar muito bonito. Não podemos negar.
— Já vi melhores. - murmurou Eustáquio enquanto puxava a borda de sua roupa que cismava em rastejar ao chão.
— O que disse?
— Não disse nada, ora pois. - desconversou. — Uma hora aqui e já está a escutar coisas...
Um gentil fidalgo se aproximou. Não se via o topo de sua cabeça, coberta por um capacete reluzente na cor prata. Não era muito comum de se utilizar na parte interna do complexo. A capa escarlate que descia por suas costas entregava o seu posto pertencente a honrada Guarda Real. Seus olhos eram acinzentados, mas não tinha trejeitos rigorosos. Pediu humildemente que a dupla o seguisse, mas seus planos não tiveram continuidade. Interrompido por outro companheiro.
— Deixe-os em meus cuidados, Joshua. - disse uma voz. Antes que o encarregado respondesse, Tibério cortou-o com um levantar de mãos. Dispensando-o. — Retorne, por favor. Tenho certeza que tem coisas melhores a fazer.
Houve uma grande serenidade no trajeto realizado. Seguiram o primogênito em uma longa mudez, como se nenhum dos três se conhecessem. As batidas cardíacas aceleradas de Fred temiam o que a entidade máxima conversaria com seu pai em instantes. Ao fim de um ampliado corredor, cessaram os passos perante uma grande porta de madeira. Vigiada por dois homens armados por longas espadas. Somente Tibério e Eustáquio prosseguiram, ao que Fred deparou-se com as armas formando um "X" em sua frente. Obrigado a esperar do lado externo.
O Rei aguardava-os de costas e de frente para uma rosácea janela. Admirava um extenso jardim verde que recebia um chafariz muito bem orquestrado. Eustáquio repetiu o gesto de Tibério, curvando-se.
(Imagem meramente ilustrativa / Google)
— Seja muitíssimo bem vindo, Eustáquio Beaufort. - recebeu-o sem mover-se. Sua voz extensa e de bom timbre. Uma capa branca tomava sua retaguarda. Detinha detalhes minuciosos na cor azul-marinho. Ao virar-se, um traje magnífico trabalhado pelas mãos dos melhores tecelões. Um camisete acolchoado com particularidades douradas. Quatro tiras fechavam-na contra seu peito e um cinto de couro robusto circulava sua cintura. Uma corrente tentava se esconder em seu peito.
Eustáquio olhou-o pela posição inferior que estava. Pôde reparar que não havia coroa e muito menos um trono. O cômodo não gozava da realeza e tampouco aparentava luxo e poderio. Não tinha mais que seis metros e a coloração escura não permitia melhor visão. Quatro velas contracenavam à pouca luminosidade. Feixes de luz ainda dançavam contra a janela. Apenas uma mesa o separava do homem cuja representação beirava o totalitarismo em sua forma pura.
— Vossa Majestade. - respondeu. — A que devo a honra?
Nordfeldt usou seus olhos esverdeados como esmeralda contra os do velho. Um contraste. Indicou para que Eustáquio utilizasse uma das três cadeiras ali presentes. Com um gestual, fez com que Tibério se retirasse silenciosamente. O visitante sentou-se em um assento cujas pernas bem torneadas terminavam em pés arredondados. Ficou plano na mesma altura que o outro. A mesa recebia um estupidamente grosso livro aberto, um tinteiro e uma pequena caixa recheada de penas. Adornos reais se penduravam pelo resto.
— Gostaria de beber algo? Ou comer? Meus serviçais podem nos trazer os melhores pratos ou taças.
— Não tenho dúvidas quanto a isso, minha Majestade. Mas creio que vosso convite a mim não foi para confraternizarmos.
Nordfeldt sorriu sem sorrir, se é que isso é possível.
— Sábio, eu diria. - disse em tom nada simpático. — Digamos que eu e meus conselheiros não estamos nada satisfeitos com algumas coisas que saem de sua boca.
— De minha boca somente saem verdades. - respondeu no mesmo tom, como se não temesse quem estava a sua frente.
— A verdade a qual se refere é a mesma que coincide com pânico, desespero e medo dentro das Muralhas?
— Vossa Majestade, é exatamente contra isso. Aqueles que não conhecem a história, estão fadados a repeti-la.
— Diz a mim que um feiticeiro negro que perâmbula a noite vagando sem rumo adentrará as nossas casas e nos levará a desgraça? - Nordfeldt cerrou o cenho. — Homem, veja bem as asneiras cuspidas por ti. Está ficando demente?
Eustáquio puxou sua manga direita, mostrando a marca negra na região.
— Cubra essa doença terminal. - exigiu o Rei numa repulsa absoluta.
— Permita-me dizer, Vossa Majestade. Naquela noite, perdi nove amigos. Testemunhei um deles sacrificar-se por mim. Sou um homem honrado e não posso deixar que um camarada deixe nosso plano assim. Aviso-os por precaução para que não haja mais mortes e sacríficios. Uni-vos em uma missão contra aquele que se aproxima, é só o que peço.
— Não há necessidade! E se realmente existir algo, nossas tropas podem defender as Muralhas contra qualquer raça existente.
— Pense um pouco, Majestade! Por que achas que o inimigo não se manifesta diretamente e sequer age com pressa? Diga a mim se isso não é uma estratégia!
— Homem! Repito! Veja o que está a dizer! Como pode alguém de sua idade propagar tamanha estupidez!?
— Pelos Deuses Antigos, como uma autoridade tão poderosa pode ser tão cabeça-dura! - esbravejou o velho ao inclinar-se na cadeira. A tosse o fez pausar a fala. — Todas as evidências estão passando nos seus olhos. Faça algo pelo seu povo!
— Não diga o que eu tenho de fazer pela minha gente! - a intensidade da conversa fez com que Nordfeldt se pusesse de pé com a cintura a altura da mesa. Enraivecido.
— Os campos mortos relatados pelo meu último filho. O cavalo ressuscitado na feira! - Eustáquio suspendeu-se contra a mesa e seus olhos ficaram frente a frente aos do Rei, encarando-o sem que o recuasse. Como se fosse apenas um homem qualquer. — Há uma força que paira contra esta Muralha e quando ela enfim se tornar forte o suficiente, nos engolirá como uma tormenta. Não haverá vivalma para contar histórias sobre a idade das trevas que está para chegar!
Emil Nordfeldt descontrolou-se. Uma faísca subiu em seu corpo. Arrasou com a mesa ao arremessar tudo que ali havia ao chão.
— Uma família de loucos! Isso é o que vocês são! Retire-se antes que eu o considere o verdadeiro inimigo da Muralha.
No vago período da noite, Eustáquio revelou a Fred seu aventuresco e mirabolante plano. Imprudente, perigoso, mas pitoresco e épico, disse ele. Já havia acertado os trâmites com o Sacerdote Augustinsson e exigiu à Dário - assim que este retornou da Muralha - para que comunicasse e reunisse os melhores companheiros para uma reunião jocosa. Um pretexto que antecederia a maior missão de suas vidas.
Oi, eu sou o Rogi! De antemão, aviso que este capítulo - assim como o anterior, 07 - pode sofrer alterações nos próximos dias! Mas nada relevante e que afete a história. Apenas correções e floreios no texto! Essa seria a "primeira" versão do capítulo! Crua! Estive adoecido e não pude realizar antes. Entretanto, agradeço se chegou até aqui! Pela primeira vez conhecemos Emil Nordfeldt e seu complexo. Sua personalidade e sua falta de crença nas histórias de Eustáquio! Deixe seu voto e comente o que achou!
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