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⚔️ Capítulo 06: Presságio


   Uma criança dançava sobre os pés, ansioso. O homem abaixo do toldo verde com pequenos rasgos pelo tempo lhe entregou um punhado de maçãs.

   — É por conta da casa. - disse o feirante. — Agora volte para sua mãe.

   O garoto saiu bamboleando suas pernas curtas com um nada comedido sorriso no rosto. Eustáquio sentiu-se contente. Ainda existem bons homens.

   Guiado pelo cheiro, tamborilou os pedaços de pau que erguiam cada tenda. O aroma se alastrava pelas ruas. Tomilho, alecrim, sálvia e também salsa. A cesta em sua mão direita estava abarrotada enquanto a sacola da esquerda ainda vazia.

   Todo o tipo de gente que se possa imaginar vagava de um lado para outro de forma interminável. Verduras, legumes e frutas eram carregados dentro de seus respectivos recipientes. O feitio de cada pessoa e seu falatório arrasava o ar contra todos os ouvidos. Abarrotada, a feira parecia mais apertada do que nunca e ombros se chocavam sem aviso prévio. Havia quinquilharias por toda a parte.

   Como de costume, a excelentíssima Guarda Civil realizava a segurança, mantendo a ordem e evitando quaisquer motivos para conflitos e caos. Isso incluso Fred. A farda cor de creme com as capas amareladas que cobriam suas mantas cor de terra que eram abotoadas até o pescoço. As mangas prateadas combinavam com os objetos cortantes e pontiagudos, como suas lâminas que eram deixadas a cintura. Não fazia muito frio, ainda que fosse fim de tarde.

(Imagem meramente ilustrativa / Google)

   Pelas proximidades dos gigantescos portões, patrulheiros com suas vestes enegrecidas realizavam uma grande tagalerice que parecia não ter fim. À princípio, alguém do lado externo desejava entrar e então, a estrutura foi entreaberta. Assim, a montaria do dito cujo irrompeu com ligeireza exacerbada para dentro. Desvairado, o cavalo se chocava aos civis, derrubava as tendas e jogava tudo que lhe era direito ao chão e aos céus. A feira transtormava-se em um grande desastre. Frutas esmagadas e outros alimentos eram arremessados de forma aleatória. As madeiras que sustentavam as armações para vendas eram absolutamente destroçadas ao que o animal as tocava em total loucura. Os responsáveis acima da Muralha não entenderam o que estava acontecendo e a Guarda Civil se adiantou para impedir uma tragédia e massacre.

   As pessoas ganiam em medo contra o imparavável cavalo. Fred olhou de relance para seu pai para conferir se o próprio não estava em perigo. O filho sacou uma longa faca da cintura. Arremessou-a com exatidão, estourando no corpulento animal. O relincho assustou ainda mais os cidadãos. O homem não foi ao chão e sequer reagiu. Preso ao cavalo.

   Logo, o restante dos Guardas se aventuraram contra o maldito. Um mais experiente, de cabelos ruivos na lateral da cabeça, desembainhou sua espada e avançou com louvor e coragem. Enfincou-a nas patas da criatura. Ela urrou em dor e desabou contra uma das centenas de toldos, espirrando sujeira para todos os lados, assustando feirantes e clientela.

   Fred correu ao companheiro de cabeça avermelhada. Apontaram suas armas contra o animal e o filho do meio de imediato vislumbrou do que se tratava. Virou-se num segundo, levando seus olhos até o pai, que deixou sua bolsa de frutas ir ao chão. Estupefato. Perceberam em conjunto que tratava-se do cavalo morto em semanas anteriores.

   Outros nove Guardas aceleraram os passos e fecharam um círculo contra o golpeado. Alguns patrulheiros correram em desespero em direção a confusão, mas os capas amarelas não permitiram a aproximação dos que vestiam as mantas negras da patrulha.

   Não havia sangue nas regiões golpeadas. Apenas um malicioso cheiro e um líquido violeta que pingava lentamente. Mas mais terrificante do que isso, somente quando retiraram o homem que estava acima do cavalo, pois este vestia o traje da Guarda Real. A falação tomou conta das ruas e alguns dos guardas gritaram contra o povo, ordenando que se retirassem e retornassem as suas respectivas casas.

   — A feira acabou! - bradou um camarada de orelhas enormes. — Andem, deem as costas e desapareçam!

   Fred se arriou com muita ponderação. O joelho esquerdo provisoriamente suspenso na posição. Virou com calma o pescoço do meliante e o observou minuciosamente, lhe era muitíssimo conhecido. Um dos que acompavanham seu irmão Tibério naquele fatídico dia. Permaneceu em silêncio.

— Camilo. - chamou um outro Guarda. Dirigia-se ao ruivo. — Chamarei uma carroça e outros homens para colocar os corpos dentro. O levaremos embora assim que possível. Comunique Vossa Majestade o que houve. Sobre o resto, estão dispensados. Eu e meus homens cobriremos daqui em diante.

   — Sim, senhor Russfeld. Assim será feito.

   O vinho preenchia os lábios de Eustáquio. Sentava-se em uma mesa de madeira junto a Fred em sua casa.

   — Necromancia! - gritou o pai. Olhou de rabo de olho para as janelas fechadas com receio de ter falado tão alto que chamara a atenção de alguém na redondeza. — Você viu, Fred! Você estava lá e mais perto do que eu. Está trazendo os mortos de volta a vida.

   De costas, Fred retirava com pressa sua longa capa. Jogou-a em uma velha poltrona e sentou-se com as mãos no rosto. Desiludido.

   — Mas por qual motivo não ressuscitou o Guarda Real? Aliás, por que razão aquele cavaleiro estava com o cavalo? Tibério retornou com todos nós naquela noite.

   — Com certeza Nordfeldt ficou angustiado. Temendo pelo pior, deve ter ordenado que o sujeito conferisse o local no dia seguinte. Para o azar dele, deparou-se com nosso inimigo em questão.

   — Supondo que o senhor esteja com a razão, o que faremos? O Rei jamais assumirá a existência de tal adversário. Acredito eu que ele mexerá todo o tabuleiro para que o povo não acredite nessas histórias que circularão após o conhecimento da morte de um Guarda Real.  - Fred colocou sua espada acima da mesa. A testa suada.

   — Já faz algum tempo que Nordfeldt domina o tabuleiro. - respondeu Eustáquio. Olhou com desprezo para o nada. O queixo virado para o lado.

   — O que quer dizer com isso?

   — Ele já está mexendo seus pauzinhos. Soube semana passada que trocaram o Sacerdote de nosso septo. 

   — Está aparelhando todos os setores da nossa sociedade. - Fred era muito preciso e inteligente. Cerrou o punho contra a mesa, indignado — Com certeza quer controlar todas as áreas escolhendo pessoas alinhadas com sua ideologia. Assim, tudo estará ao seu alcance e bel-prazer. Fará com que todos fiquem a seu serviço.

   — Nunca imaginei que Nordfeldt faria algo assim. Está se saindo um grande negacionista. Matará todos aqui dentro se continuar com essa política maldita.

   — E então? 

   — É hora de usarmos o tabuleiro a nosso favor. Eles podem derrubar duas ou três peças, mas jamais derrubarão a verdade. Ela não! Ela está conosco! Está acima de tudo! Temos de usá-la!

   A porta se abriu na sala. Tamanha força e rispidez, fez com que Fred e Eustáquio se levantassem alarmados. Dário surgiu em meio ao início da noite, jogando sua capa negra ao chão. Cansado e com muita história para contar a respeito dos campos mortos e o centauro Reuel.

Oi, eu sou o Rogi! Agradeço se chegou até aqui! Neste capítulo, testemunhamos um retorno nada comum! Mais precisamente, um retorno dos mortos! E com isso, Fred e Eustáquio debatem a respeito das políticas de Emil Nordfeldt, o governante máximo das Muralhas! Agora, restam absorverem os relatos de Dário e sua escolta no exterior e extrair o máximo de informações possíveis contra o inimigo futuro. Deixe seu voto e comente sobre! Qualquer opinião bem intencioanda é de grande valia!

* Pode ser que o próximo capítulo demore um pouco mais para sair, pois o autor adoeceu no momento.

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