⚔️ Capítulo 04: Coisas no porão
Durante.
Na ausência do caçula, Eustáquio matutou por horas, mas concordou em conduzir Fred a um local desconhecido pelo próprio. Junto a uma lamparina, guiou o filho por uma extensa escadaria de madeira combinada a uma parede de pedra que gotejava ininterruptamente. Havia revelado a ele um cômodo ocultado por anos. Tratava-se de um compartimento coberto por antigas e belas tapeçarias em um quarto abandonado e sem serventia. Abaixo de uma cabeça de cervo pendurada a parede. O filho recordou-se de antigos calabouços que eram utilizados contra prisioneiros em tempos antigos, mas contentou-se ao ver que nada havia de semelhante.
— Pai. - iniciou. — Por que nunca nos mostrou este porão? - seus olhos passearam pelo cômodo em curiosidade.
De tão inutilizado era, que já nascera grama por diversas partes do chão. Havia pelo menos cinco barris jogados. Armários de madeira aos pedaços que ainda mantinham suas forças para segurarem livros e quinquilharias. Uma escada descansava a parede. Dois baús, um aberto e outro fechado, ficavam a esquerda.
— Nunca houve necessidade. - respondeu o pai enquanto conferia a luminosidade da lamparina.
— E Dário? - retomou a fala. — Não vamos esperá-lo? Notei que ele não está presente desde que retornei da guarda nas ruas.
— Azar o dele, Fred. Azar o dele! - reiterou.
Com o auxílio de Fred, Eustáquio suspendeu-se na escada. Ergueu com cuidado e com o brilho da luz, passou com os olhos atentamente pelos livros. Analisou cada borda até sacar o desejado. Sorriu prazerosamente ao descer. Fred pôde perceber que o pai guardava o livro que o havia flagrado lento em dias atrás.
(Imagem meramente ilustrativa / Google)
O velho empurrou-o contra o peito de Fred, que o virou de imediato. A capa escura tomada por poeira.
— Frederico. - a pronúncia do nome chocou o filho. — Lembre o seu surrado pai. Diga-me, quantos anos você tem hoje?
— 29.
— Então! Recorda-se do que perguntava a mim quando tinha somente dez primaveras? Quando sonhava fazer parte do exército?
— Não. - respondeu com rapidez. — São muitos anos.
— Você me questionava como fiz para sobreviver aqueles malditos quatro anos! Sozinho e ao relento nas florestas. Esperando pela vinda da capa negra que representava a morte que tirou Fester de mim.
— Não vejo mais necessidade, pai. Eu, Dário e Tibério já somos homens feitos.
— Uma ova!
Fred resolveu suspender o objeto. Puxou a capa e tocou a primeira página amarelada e borrada, mas Eustáquio empurrou-a lentamente para fechá-la.
— Tenha paciência. - sua voz cortou a nova vontade de Fred. A lamparina cogitou apagar. — Por muito tempo escondi... Pensava ser o certo, mas em breve chegará a hora! Você e Dário saberão... Quando sentirem-se prontos, abra este livro na página 394 e testemunhe os relatos de Eustáquio, o Sobrevivente. Acompanhará meus passos após o desfecho popular. Entenderá como me tornei o que sou hoje. Por onde andei naqueles quatro anos até retornar a Muralha. Com quem estive, com quem conversei, com quem me relacionei e com quem vivi. E principalmente, a quem estendeu a mão a mim! Saberá até mesmo as mulheres que amei e antecederam meu retorno e o nascimento de Tibério!
A têmpora de Fred tremeu. Como uma corrente de ar frio que chega a um dia de calor. Ele segurou o livro no peito. Eustáquio apertou a luz que o ajudava e se retirou pela escadaria novamente.
Oi, eu sou o Rogi! Neste capítulo, o velho Eustáquio tomou coragem para entregar um livro antigo (ou uma espécie de diário) para seu filho do meio. Objeto este que contém seus relatos nos quatro anos que antecederam seu retorno as Muralhas. Deixe seu voto, comente o que achou! Toda crítica é bem vinda. Agradeço!
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