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O Passado dos Matsunaga


   Um curto período de tempo depois, o ninja negro guia os três jovens, passando por vários caminhos sombrios daquela cidade tão iluminada, tudo para evitar olhares curiosos. Mesmo que eles tenham passado por vários atalhos, de acordo com o próprio ninja, ainda assim a caminhada teve uma duração de quase quarenta minutos, o que alimenta a desconfiança dos Invocadores.

  -Já chega... Diz Robin ativando seu arco e sua aljava.

  -Robin?! O que está fazendo?! Questiona Selenis.

  -Essa caminhada está longa demais para estar nos levando a um lugar seguro, não acham? Ele nem sequer definiu o local que vamos, muito menos revela o seu rosto!

  -Nesse quesito o Robin tem razão... Diz Amon.

  -O quê?! Diz Selenis um tanto preocupada.

  -Aliás, é difícil não desconfiar de nada, sendo que a maioria de suas ações até agora são bem suspeitas.

  -Mas e se ele tiver um motivo?! Talvez ele possa nos explicar agora, não é mesmo? Diz Selenis numa tentativa de evitar mais um conflito.

  -Então que ele diga agora o que pretende! Diz Robin com o arco armado e com o ninja negro em sua mira.

   O estranho rapaz que diz ser Aki Takeda continua a andar calmamente enquanto a discussão se desenvolve, quando Robin o ameaça com o arco, ele finalmente para e se vira para os três, que estão cerca de três metros de distância. Ele os observa friamente como se enxergasse através de suas máscaras, então coloca suas mãos em seu rosto para retirar a máscara e com isso revela sua face.

   É de fato um asiático, seus olhos puxados acompanhados de sua pele branca são a maior prova. Sua aparência entrega seus quarenta anos, e em sua bochecha direita, uma larga cicatriz se estende desde sua sobrancelha até o final de seu queixo, fazendo uma curva semelhante a uma lua crescente. Seu cabelo é preto, porém curto. Com isso ele volta a observá-los, jogando novamente seu olhar frio e sério, com seus olhos na cor de vinho que se altera para castanho. Então ele passa a fixar o olhar em Amon, e assim diz:

  -Satisfeitos? Se observarmos bem a situação agora, eu carrego todas as desvantagens possíveis. Meu rosto está a mostra, estou desarmado e em menor número. Querem que eu me ajoelhe perante vocês?

  -Acho que não será necessário, não é, rapazes? Diz Selenis para Amon e Robin, num tom um tanto irônico, e assim, volta a conversar com o estranho ninja. Apenas pode nos dizer exatamente onde é que estamos indo?

  -Para a minha casa... É o único lugar que eu tenho de que é seguro.

  -Entendo... Sendo assim... Podemos continuar a caminhada?

  -Claro, estamos bem perto. Mas já que temos uma certa confiança agora... Vocês podem ao menos parar de utilizar seus espíritos?

  -Tudo bem... Diz Selenis fechando seus olhos e ao se abrirem, estão verdes novamente.

   O mesmo ocorre com os outros dois, estabelecendo uma certa paz temporária entre eles, por mais que Bernard e Kira se mantenham desconfiados, instalando-se assim um estranho silêncio. O estranho ninja não mentiu, de fato eles estão próximos de sua casa, tanto que a caminhada mal havia levado cinco minutos desde a última parada.

   Uma casa pequena, porém, completamente tradicional tendo apenas um cercado metálico de diferencial. O homem abre uma passagem no cercado e guia os outros três até sua porta, que no caso, era de correr e totalmente feita de madeira. Ao entrarem na casa, até mesmo Amon e Selenis comentam de lembrar de casas desse mesmo jeito no passado, comprovando o quanto a residência é fiel aos detalhes tradicionais. Piso de madeira, mesas baixas, espadas e estátuas decorativas, tudo se remetendo ao antigo Japão.

  -Por favor, acomodem-se como desejarem... Vou fazer um chá para bebermos enquanto esclarecemos todas nossas dúvidas, mas antes tirem os sapatos. Diz o estranho ninja retirando suas tabis (meias tradicionais japonesas) e depois sua máscara. Fiquem tranquilos, aqui não há perigo, podem tirar suas máscaras também.

   Os três seguem os pedidos e se desequipam dos itens requeridos, e assim, eles se sentam de forma ajoelhada para ficarem próximos da baixa mesa. Bernard sofre para ficar nessa posição, pois não é acostumado com os costumes japoneses, resultando numa ardência bem incômoda em seus joelhos, obrigando-o a se levantar a cada cinco minutos para se aliviar, provocando algumas risadas de Kira e Alice.

   Alguns minutos depois, o dono da casa retorna com uma pequena bandeja de madeira com quatro copos de cerâmica esverdeados, combinando com a cor do próprio líquido. Ele entrega cada para um e se senta de frente aos três, deixando a bandeja bem no centro da mesa e pega seu copo em seguida experimentando o chá. Todos se mantêm em silêncio, enquanto ele bebe tranquilamente os outros apenas o observam ou olham para o vapor saindo de seus respectivos copos, como se esperassem alguma ação do estranho homem.

   Percebendo o incômodo e a tensão que os três Invocadores se encontram, o que se declara Aki Takeda põe sua caneca de volta a mesa e enfim pergunta:

  -Todo esse estresse vem da desconfiança ou é de outra coisa?

  -Sendo sincero... É... Ainda não confiamos em você. Diz Kira.

  -Hum... Então, o que faço para que confiem em mim? Acredito que apenas assim poderemos conversar de forma mais natural.

  -Que tal começar me contando alguns fatos que me levem a crer que você realmente conhece meu pai?

  -Entendo... Bom, deixe-me pensar... As espadas gêmeas "Irmãs de Excalibur"?

  -Como elas eram?

  -Eram não... São! Sua maior característica são suas lâminas banhadas a ouro, ela possui um estilo de espada medieval e tem alguns detalhes em preto em seu cabo e na sua alma.

  -E como tem certeza de que elas ainda existem?

  -Vou lhe provar.

   O homem se levanta e pede para que todos o sigam até seu quarto, permitindo com que vejam mais do interior da casa, que não é muito grande. Eles passam pela cozinha e em seguida vão a um corredor que tem conexão com outros três cômodos. Um deles é o banheiro, que se encontra de porta aberta ao contrário dos outros dois. O homem se dirige até a última porta, e a destranca, abrindo-a e acendendo a luz.

   Com a clara iluminação é possível deduzir que aquele é seu quarto, julgando pelos moveis existentes como guarda roupa, cama e uma pequena escrivaninha. Ele anda até seu guarda roupa e arrasta-o para o lado, fazendo o barulho agudo e um tanto irritante.

  -Não quer ajuda? Pergunta Alice.

  -Não é necessário.

   Ao terminar de retirar totalmente o guarda roupa de madeira de seu lugar, o homem começa a tocar a parede como se procurasse por algo:

  -Vejamos... Acho que havia feito por aqui... Hum... Encontrei!

   Então, suas mãos começam afundar na parede como se fossem intangíveis.

  -O-o que está fazendo?! Pergunta Bernard um tanto impressionado.

  -Acalme-se... Isso é só um feitiço de camuflagem, nada anormal para nós.

  -E o que esconde aí dentro?

  -Isso...

   As mãos do homem finalmente saem da parede, porém carregando algo a mais. Um objeto bem comprido. Ao se virar com uma expressão um tanto convencida, todos se surpreendem o suficiente para fazer até mesmo Amon desacreditar no que via. As legítimas Irmãs de Excalibur, com suas lâminas extremamente douradas e reluzentes, da mesma maneira que o homem descreveu. Seu tamanho é maior do que as katanas de Kira e aparentemente mais pesadas também, seguem um estilo mais próximo das espadas da era medieval.

   Quanto mais eles a observam, mais eles veem que ela é de fato idêntica ao que escutaram a respeito, os detalhes negros de seu cabo que seguem até sua alma são como traçados de ventos se alongando por toda sua estrutura. Em suas lâminas é possível não apenas enxergar seus reflexos, como também alguns poucos danos em seu fio e alguns riscados de batalha.

  -E então? Está provado que sou Aki Takeda? Diz o japonês com um leve sorriso no rosto.

  -Viu só?! A Selenis tinha razão! Diz Alice dando leve tapa nas costas de Bernard e Kira. E vocês queriam brigar com ele, humpf!

  -Ei... Não é nossa culpa... Querendo ou não era uma maneira de nos defendermos de uma suposta cilada. Diz Bernard tentando se justificar.

  -Elas são tão... Lindas. Diz Kira se aproximando ainda mais das Irmãs.

  -São sim... Seu pai fez questão de fazê-las por inteiro. Diz Aki soltando alguns risos.

  -Ele que as fez?!

  -Sim... Elas são bem poderosas, por isso ele combinou comigo desde o momento em que terminou de forjá-las que, caso alguma desgraça viesse a acontecer com ele, que pelo menos suas espadas e seu receptáculo seriam ser guardados por mim.

  -Entendo... Então meu pai realmente confiava muito em você.

  -Sim... Ele era um bom homem... Mas então, podemos conversar com total tranquilidade agora?

  -Claro.

   E então, Aki devolve as espadas ao seu esconderijo afundando suas mãos novamente na parede e assim empurrando o guarda roupa novamente. Eles retornam à sala, aproveitando para provar o chá que o ninja fez, e aos poucos se tranquilizaram, depois de tanta adrenalina naquele dia.

   A conversa se torna cada vez mais agradável, porém Kira não se segura e questiona:

  -Errr... Será que poderíamos conversar sobre algumas coisas?

  -Ah! Sim, claro. Responde Aki. O que especificamente vocês querem saber?

  -Bom... Você poderia nos contar tudo desde o início? Desde quando você o conheceu?

  -Bem... Aviso que é bastante coisa, viu? Vocês se cansarão da minha voz. Diz Aki soltando leves risos.

  -Não se preocupe com isso. Jamais acharia algo ruim de alguém que foi tão próximo de meu pai.

  -Hum... Se você diz... Vejamos... Diz Aki passando a mão em seu queixo e olhando para o teto procurando organizar todas as suas memórias para uma melhor narrativa. Bom... Vamos começar desde a época em que eu ainda era um Invocador em treinamento em Kyoto. Lá eu treinei por dois anos, porém ainda no meu primeiro ano, seu pai Yukio chegou para também concluir seu treinamento iniciado no Brasil, ele tinha em mãos um receptáculo extremamente importante e poderoso.

  -Nossa... E que espírito era esse? Pergunta Bernard.

  -Acredito que seja melhor guardarmos esse detalhe para depois... Mas voltando ao passado, seu pai mal havia chegado e já estava fazendo sucesso com a maioria dos meus amigos, principalmente com uma pessoa em específico...

  -Quem? Questiona Kira.

  -O nome dela era Akemi Miyazaki...

  -Minha mãe?! Diz Kira espantado.

  -Sim... Seu pai era cativante com todos e com seu desenvolvimento foi conquistando cada vez mais aliados, tanto que em nossa segunda missão de ataque, os Invocadores superiores do templo em que treinávamos sugeriram que ele liderasse parte das tropas. Foi a partir dessa missão que a minha amizade com seu pai se iniciou, pois antes eu não gostava minimamente dele. Achava-o um metido, mas com o tempo fui percebendo que era o contrário.

  -Então... De certa forma, seu pai era um prodígio, não é Kira? Diz Alice cutucando o braço do rapaz com algumas cotoveladas.

  -Sim... Pelo visto ele era incrível... Responde Kira.

  -Com certeza. Diz Aki retomando a história. E por fim, quando estávamos na última semana de nosso treinamento, sua mãe conseguiu realizar um feito grandioso e inesperado.

  -Que seria? Pergunta Bernard.

  -Ela fez seu espírito ascender e se libertar de seu receptáculo.

  -Quê?! Surpreendem-se os três jovens.

  -Se a memória não me falha, o espírito dela era de japonesa xintoísta da era Sengoku que se lamentava intensamente por ter um corpo tão frágil e uma saúde instável.

  -Nossa... Então ela mal tinha poder mágico. Diz Bernard. Então como que ela conseguiu fazer o espírito se lembrar de seu passado?

  -Que eu me lembre... Depois que ela conseguiu fazer isso, foi correndo contar a toda nossa turma, mas apenas à noite, ela pediu para que eu e Yukio fôssemos junto a um lugar mais reservado. Então fomos a pé a até um lago perto do templo, onde costumávamos treinar algumas magias mais poderosas e arriscadas, e nos contou que na verdade, as memórias do passado daquela japonesa começaram a aparecer a partir do momento em que seus pais declararam estar namorando.

  -Ai que fofo! Diz Alice pressionando suas bochechas para se aliviar do "ataque de fofura".

  -Mas qual o sentido disso? Pergunta Bernard novamente.

  -Calma... Já vou chegar lá... Diz Aki Takeda. Bom, retomando o foco, ela disse que de maneira mais exata, as memórias passaram a vir depois do primeiro beijo deles e...

  -Ahhh! Que fofo! Diz Alice interrompendo Aki, tendo outro "ataque de fofura" e se aliviando apertando o braço de Kira.

  -Ai! O que está fazendo?! Questiona Kira tentando retirar seu braço, agora dolorido.

  -Desculpa, mas é que isso é muito fofo! Diz Alice massageando a área que havia apertado. Perdoe-me perdi um pouco o controle.

  -Errr... Posso continuar? Pergunta Aki ao ver a confusa cena.

  -Sim... Não foi nada. Responde Bernard.

  -Tudo bem... As memórias que voltaram mostravam muita coisa do passado, não apenas as tarefas árduas de seu cotidiano, como também seus momentos de maior felicidade.

  -Felicidade? Ela se recuperou da doença grave? Deduz Bernard.

  -Não exatamente, mas admito que Akemi havia contado que aquela xintoísta se recuperava de algumas doenças ao longo do tempo. Mas o quero dizer é que os momentos mais felizes de sua vida, foram o seu casamento com um homem que era um samurai local e, por fim, o nascimento de seus dois filhos com uma diferença de idade de apenas um ano.

  -Ao menos ela tinha uma família para cuidar e tentar ser feliz... Tenho pena dela... Diz Alice.

  -Então tenha certeza que vai sentir ainda mais. Até porque, por mais que ela passou a ter uma vida um pouco mais saudável e feliz quando se casou, alguns anos depois, sua imunidade abaixou drasticamente, ficando muito doente a ponto falecer aos seus 26 anos. Deixando para trás seu marido que estava preocupado com as guerras daquele período e os seus dois filhos de oito e sete anos.

  -N-não creio! Diz Alice horrorizada.

  -E pensar que toda sua alegria acabaria dessa forma tão trágica... Diz Kira.

  -Pois é... E foi exatamente pelo seu amor materno que seu espírito relutou com a morte e acabou ficando presa em sua própria aliança, justamente pelo fato de que ela desejava voltar a vida para poder cuidar de seus tão amados filhos. Porém como nenhum Invocador havia encontrado seu receptáculo ainda naquele tempo, suas memórias foram sendo perdidas. E por conta disso, Akemi conseguiu convencê-la de ascender, já que havia se passado tempo demais e seus filhos já teriam morrido.

  -Nossa... Pelo menos ela finalmente pode descansar em paz... Diz Bernard.

  -Sim... Porém, continuando a história, depois desse fato eu e Yukio  terminamos nosso treinamento e fomos viajar com Akemi e outros quatro colegas de confiança para auxiliar os Invocadores do ocidente. No caso, Yukio recomendou irmos para o Brasil, já que era o local mais seguro na época, e para podermos esconder Akemi, já que ela não desejava mais ser uma Invocadora. E por lá ficamos um ano no Nordeste, um ano no Sul e, por fim, um ano no Sudeste.

  -Então foi por isso que eu nunca soube que minha mãe era uma Invocadora, ela estivera no Brasil sem nenhum receptáculo... Conclui Kira.

  -Exatamente...

  -E você conheceu o meu tio?

  -Nunca o vi pessoalmente, mas seu pai comentava uma vez ou outra sobre sua família.

  -Entendo...

  -Mas não para por aí. Diz Aki. Depois desses árduos três anos de batalhas intensas e grandes conquistas, seu pai conseguiu uma enorme reputação e reconhecimento até fora do Brasil. Era uma época de grandes alegrias sinceramente. Principalmente para seus pais, que estavam cheios de esperança e carinho em seus corações. Sabe o porquê, Kira?

  -Hum... Acho que não...

  -Simples... Akemi estava grávida de você.

  -Não creio! Diz Kira um tanto surpreso.

  -Pois é...

  -Mas... Isso não deve ter sido bom... Já não bastava eles terem um país tão problemático para cuidar, e agora teriam que educar um filho!

  -É... Admito que seu pai perdia o foco de vez em quando, e também ficava bem preocupado a todo momento com a sua mãe. Porém, isso não fez com que ele perdesse sua determinação.

  -Impressionante... Diz Bernard.

  -E assim, o tempo foi passando... A barriga de Akemi tomava forma... Nosso grupo fez uma pequena festa surpresa para os dois para revelarmos o sexo do bebê... É... A felicidade de todos durou até sua mãe completar seis meses de gestação...

  -Por que diz isso? Pergunta Alice.

  -Não consegui entender até hoje como que o fato da esposa do maior Invocador do Brasil, chegou aos ouvidos dos escravistas... Esses malditos, de alguma, forma conseguiram o endereço da casa na qual sua mãe estava escondida. Para sorte de todos, naquele dia Yukio estava lá e pode protegê-la.

  -Que horror! Imagine o medo que eles devem ter passado! Diz Alice.

  -Depois daquele dia, a tensão e o medo de perder vocês dois tomou conta de seu pai. Então eles se mudaram para outro estado e nós fomos juntos, exceto um de nossos amigos, chamado Haruki... Haruki Tachibana.

  -Esse nome... Me parece familiar... Diz Bernard pensativo.

  -Ele era um bom Invocador, ainda com seu espírito de um guerreiro árabe. Se não me falha a memória o nome dele era Khaled Ahid... Isso lhe soa familiar também, arqueiro?

  -Sim... Mas sinceramente, não me recordo de onde eu escutei ou vi esses nomes...

  -Hum... É uma pena... Bom, retomando a história esse nosso amigo não pode vir conosco justamente porque a região que estávamos necessitava de Invocadores, então ele decidiu ficar. Com isso, os outros três meses trabalhando para destruir as bases dos escravistas e também proteger Akemi. Porém, justo no início do último mês, os Invocadores do Japão requisitaram nossa ajuda para uma batalha extremamente sangrenta que resolveria quase todos os problemas com os escravistas do país.

  -Isso é a guerra em que meu pai morreu? Questiona Kira.

  -Exato... E com essa informação, Yukio enlouqueceu, pois tratava-se de um convite no que ele não podia recusar. E ele entrou em crise por uma semana, mas com o auxílio de Akemi, retomou aos poucos a sua sanidade. Porém todo o pessoal estava muito preocupado, já que seu pai carregava mais peso do que qualquer um de nós naquela época, e mesmo assim, não deixava de dizer que estava bem, e que não haviam motivos para ficarmos tão aflitos com a situação.

  -Ele deve ter sofrido muito... Diz Alice.

  -Sim... E o mais incrível disso, é que ele nunca perdeu a esperança nem demonstrava de fato que estava fraco... Nem mesmo no dia mais feliz e ao mesmo tempo mais triste de sua vida...

  -O que quer dizer com isso? Meu nascimento? Pergunta Kira.

  -Sim...

  -Entendo... O fato da minha mãe não resistir ao parto foi trágico para ele...

  -Certamente, estava tudo indo muito bem naquele dia, exatamente como Yukio planejou, mas mesmo depois de tanto esforço para protegê-la, aquela bala acertou-a...

  -O que disse?! Diz Kira assustado. Do que está falando?! Que bala?!

  -N-não me diga que... Hum... Entendo. Diz Aki pensativo como se estivesse deduzindo algo. Seu pai deve ter escondido essa verdade até mesmo de seu tio...

  -O quê?!

  -Acalme-se. Vou lhe explicar como estava fazendo até agora. No dia em que estava marcado para fazer o parto de sua mãe, fomos levá-la ao hospital de carro, mas lá dentro havia apenas Akemi e um outro de nossos amigos de confiança de motorista, enquanto o restante ficou andando aos arredores como guarda-costas, procurando por possíveis inimigos.

  -Mas vocês moravam tão longe do hospital assim? Pergunta Bernard.

  -Bom... De carro a viagem durava uns quinze minutos. Mas, enfim... Quando estávamos bem próximos, conseguimos identificar o primeiro inimigo, um franco atirador, seu pai conseguiu neutralizá-lo, porém, mais e mais oponentes começaram a aparecer, saindo de algumas vans, surgindo nos telhados dos prédios em volta... Do nada aquela rua tornou-se um verdadeiro caos e um perfeito campo de batalha.

  -Mas até onde a ousadia deles chegam?! Atacar dessa forma, tão indiscreta e aberta a uma gigantesca plateia de civis! Diz Bernard surpreso e horrorizado.

  -Eles são capazes de qualquer coisa... Literalmente qualquer coisa... E nós fizemos de tudo para proteger o carro e no final conseguimos aniquilar vários deles obrigando-os a fugir, mas uma bala conseguiu atingir o lado direito do peito de Akemi. Chegamos rápido ao hospital, mas os médicos disseram que no estado em que ela se encontrava, era impossível salvá-la. Então Yukio implorou para que pelo menos salvassem o bebê e... Bom... Acho que a partir daí seu tio deve ter lhe contado, não é?

  -Sim... Responde Kira.

  -Está descontente por saber a verdade?

  -Bom... Sinceramente, nas duas versões a minha mãe acaba morrendo injustamente... Só não queria que ela tivesse sofrido antes do meu parto...

  -Entendo... Acho melhor pararmos por aqui, não acham? Diz Aki levantando-se e alongando suas costas. Amanhã eu termino de contar o resto e...

  -Não... Diz Kira interrompendo-o. Por favor, se não for incômodo, poderia terminar de nos contar? Ainda quero saber o que aconteceu na guerra.

  -Tem certeza disso? Não acha que foi muita informação para sua cabeça de uma só vez?

  -Não se preocupe... Acredito que será melhor se acabarmos com tudo isso agora.

  -Bom... Se você diz... Vou continuar... Diz Aki Takeda organizando seus pensamentos. Depois de todo esse ocorrido que despedaçou os corações de todo o nosso grupo, principalmente o de seu pai, nós voltamos para a cidade em que Haruki estava e de lá retornamos para Tokyo. Ao chegarmos, outros Invocadores nos guiaram para uma base temporária deles, para recebermos informações e montarmos algumas estratégias de ataque e defesa, que seu pai apresentaria aos líderes do ataque e assim com alguns diálogos, dar a palavra decisiva para finalmente executar o plano.

  -Os Maxine ou Chavelier faziam parte desse grupo de líderes? Pergunta Alice.

  -Que eu me lembre... Sim. Os dois casais franceses participaram desses diálogos para a decisão final.

  -Hum... Entendo...

  -Bem... Quando eles definiram o plano, fizeram as tropas de Invocadores se dividirem em três conjuntos. Um marcharia até a Ilha de Hashima, um lugar que foi abandonado por volta de 1974, para eliminar a linha de frente dos escravistas, no qual estavam nossos quatro amigos. Já a segunda tropa era responsável para destruir os edifícios abandonados que eles usavam para vários intuitos, como realizar seus rituais mágicos para prender os espíritos em objetos, invocar quimeras poderosas, depósito de armas e comunicação.

  -Mas a guerra não foi em Tokyo? Pergunta Bernard.

  -Sim... Era o ponto em que eu queria chegar, justamente porque a guerra só foi nomeada dessa forma, pois era o local que deveria se ter maior proteção... Com isso, a terceira tropa, na qual eu e Yukio estávamos, ficou responsável por proteger um certo indivíduo muito importante para os Invocadores para que ele pudesse transportar muitos Receptáculos Divinos importantes e poderosos para um local extremamente mais seguro que Tokyo.

  -Mas quem é essa pessoa? Por que ele é tão importante assim que você e meu pai tiveram que defendê-lo? Questiona Kira.

  -Bom... As únicas informações que tivemos na época era que tinha posse desse lugar seguro que havia dito, e que era uma pessoa bem poderosa e "em processo de se tornar algo muito maior". Diz Aki fazendo aspas com os dedos.

  -Muito maior? Não entendo... Resmunga Bernard.

  -O que te incomoda, Bernard? Pergunta Alice.

  -Se ele era tão poderoso assim, por que precisava ser tão protegido? Aliás, por que ele veio para Tokyo levar os Receptáculos?

  -Justamente pelo fato de que se ele não os levasse, com certeza, teríamos entregado tudo para os escravistas. Responde Aki. Nós não recebemos informação alguma sobre o local em que eles foram levados, porém de alguma forma, a informação de que tais itens poderosos estavam em posse dos Invocadores de Tokyo, acabou vazando para esses malditos. E tivemos sorte de descobrimos isso antes de realizarem sua investida final, por meio de nossos informantes.

  -Então... Desde esse momento vocês desconfiavam que havia algum traidor entre vocês. Deduz Kira.

  -Exatamente... Responde Aki.

  -Quer dizer que isso... Diz Alice compreendendo a linha de raciocínio de Kira.

  -É a prova de que os Chevalier já estavam no outro time há muito tempo. Diz Bernard interrompendo-a para completar a frase.

  -Perfeitamente... Diz Aki.

  -Então... Quem era essa pessoa tão poderosa e, de certa forma, se tornaria ainda mais? Diz Kira.

  -Isso é algo que eu me pergunto desde aquela época... Responde Aki Takeda voltando para a história. Bem... E de resultado, vocês sabem que foi uma derrota, não é?

  -Sim. Diz os três ao mesmo tempo.

  -Pois é... Nossa investida contra a Ilha de Hashima foi um desastre... Pelo fato de termos sido traídos, eles armaram perfeitas emboscadas com suas Quimeras, engolindo toda a linha de frente e dizimando o restante que conseguiu sobreviver no primeiro ataque, com ataques mágicos extremamente explosivos. Não restou uma alma viva sequer... Muito menos as dos nossos amigos...

  -Oh! Que crueldade... Diz Alice horrorizada com suas mãos escondendo parte de sua face e se aproximando de Aki. Sentimos muito pela sua enorme perda...

  -Está tudo bem... Agradeço a preocupação, mas já superei tudo isso, fique tranquila...

  -Ainda acha melhor continuar com isso? Pergunta Bernard.

  -Está tudo bem, pessoal... Posso prosseguir sem problema algum...

  -Se você diz... Responde Bernard.

  -Bom... Já em Tokyo, eu e Yukio conseguimos segurar bem os primeiros ataques deles nas áreas florestais. A partir do momento em que começaram a utilizar as maiores criaturas que possuíam, nós desabamos de forma violenta, eles só estavam atacando com tropas mais fracas para simplesmente invocarem seus poderosos monstros para destruir nossa tropa e criar uma abertura para chegar ao aeroporto, onde estaria essa pessoa importante e os carregamentos de Receptáculos.

  -E eles conseguiram? Pergunta Kira.

  -Não... Graças ao seu pai...

  -O quê?! Diz Kira um tanto confuso.

  -Mesmo sabendo que a maioria de seus amigos morreram na ilha, ele se sacrificou, estourando seu limite de poder e avançando contra os gigantes. Consciente de que a consequência de sua ação seria o derretimento de seu próprio corpo, ele lutou bravamente, matando quase todas as Quimeras de maior poder e avassalando cerca de quarenta por cento da infantaria inimiga.

  -Mas como ele fez essa explosão de poder sem entrar no modo "Berserker"?! Questiona Bernard.

  -Era uma técnica que ele mesmo desenvolveu, porém quando a descobriu, prometeu usá-la apenas em momentos de extrema emergência.

  -Então... Graças a seu sacrifício... Diz Kira entristecido por chegar em tal conclusão.

  -Que ele pôde salvar a todos que estavam por lá impedindo os escravistas de conseguirem seu objetivo por completo. Completa Aki interrompendo-o.

  -E... E eu... O achava um idiota... Simplesmente por ter sumido... Mas na verdade ele era a melhor pessoa que poderia existir... Diz Kira com a cabeça baixa e suas mãos pressionando-a com força, se remoendo de tudo que pensou de mal sobre seu pai.

  -Ei, Kira. Você não tem culpa de ter pensando nisso... Querendo ou não, você mal sabia de algo a seu respeito. Apenas esqueça disso e relaxe... Pense que agora está ciente de tudo que aconteceu... Está ciente da verdade! Não há motivos para angústias ou arrependimentos.

   Kira para de pressionar a cabeça ao escutar tais palavras, é como se elas confortassem-no causando uma sensação de alívio interno, e com isso, levanta sua cabeça aos poucos e agradece por tudo o que o ninja lhe contou. Porém, Alice ainda se sente um tanto incompleta com a narração de Aki e então questiona:

  -Mas, e o que aconteceu com os Chavelier e os Maxine?

  -Bom... Não consegui adquirir muitas informações sobre isso... Porque ambos estavam na Ilha de Hashima. Responde Aki.

  -Hum...

  -Você está bem preocupada sobre o que aconteceu com seus pais também, não é?

  -Sim... Bem preocupada...

  -Só tome cuidado para não se afogar nessa preocupação e esquecer do que ocorre ao seu redor, posso não ter tido um passado familiar tão surpreendente, mas já vi muitos perderem seu foco de vista devido às tragédias do passado.

  -Oh! Errr... Claro, obrigada pelo conselho.

  -Mas enfim... Terminem de tomar seus chás e... Podemos dormir depois?

  -Claro! Perdoe-nos por lhe fazer ficar acordado até tão tarde. Diz Bernard se levantando.

-Não se preocupe, estou acostumado com isso... Vou trazer os sacos de dormir para vocês. Acredito que estejam bem mais desgastados do que eu. Diz Aki com um leve sorriso.

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