Explicando o Passado
Três meses se passam rapidamente, como se todo aquele terror da guerra tivesse acontecido a poucos dias atrás. Novamente naquele mesmo gramado afastado da cidade Amon treina com Selenis, desviando de suas magias e procurando aberturas para atacar com sua enorme espada. Desde quando voltaram para a cidade a rotina dos dois tem sido toda essa adrenalina. Aperfeiçoando o que naquela batalha demonstrava-se fraco e buscando novos ataques mais poderosos e aprimorando-os. Mesmo com o sol escaldante judiando dos dois Invocadores, eles ainda assim mantêm-se de pé e continuam a lutar rigorosamente.
Finalmente os dois conseguem se afastar um do outro, numa distância de quase cinco metros, dando uma oportunidade de Amon fazer um pedido a Selenis.
-Ei! Selenis! Vamos fazer aquilo de novo!
-Está louco?! Já tentou fazer isso umas três vezes! Você já está quase sem mana e eu também logo ficarei!
-Então use toda a mana restante em seu anel! Isso fará que não gaste tanta energia!
-Mas... Diz Selenis ao ser vencida pela teimosia dos rapazes. Caramba! O que tem na cabeça de vocês dois em insistir tanto nisso, hein? Tudo bem! Vou tentar fazer o mais rápido que eu puder!
-É bom mesmo! Afinal faz dois dias que você não bate o seu recorde de um minuto e meio! Diz Amon posicionando sua Ira do Dragão em sua base de batalha. Dragon Soul Blade!!!
Enquanto Selenis conjura seus encantos para utilizar sua poderosa magia, a espada bastarda de Amon cria as chamas da cor rubi, acendendo tanto os seus olhos tanto os olhos do dragão de sua espada, e assim ele se prepara e espera a magia ser feita, aproveitando para cronometrar o tempo que Selenis está demorando para fazê-la. Após um minuto a sacerdotisa levanta seu orbe e finalmente cria rapidamente a colossal esfera de luz.
-Divina Poena!!!
A esfera então é disparada contra Amon que não hesita momento algum e avança com bravura e confiança, e salta atacando a imensa bola de luz fazendo um corte decadente, porém sua espada é travada pela força mágica que aquela esfera emana, impedindo o samurai de completar seu corte, mas mesmo assim ele mantêm sua postura no ar, insistindo no golpe. Quando Selenis percebe a situação, tenta convencê-lo.
-Amon! Pare já com isso! Com a pouca energia que possui, você pode se ferir gravemente! Desista já disso!
-Ela tem razão Kira, nossa mana acabará, pode ser arriscado. Diz Amon mentalmente.
-Não! Nós não podemos nos dar por vencidos!
-Mas Kira...
-Amon! Por favor quero que me ajude com seu poder! Se ficarmos mais fortes poderemos finalmente ir para Tokyo! E lá além de conseguirmos descobrir sobre o paradeiro do meu pai, poderemos desvendar mais sobre o seu passado!
-Sim! Eu entendo, mas...
-Eu lhe peço!!! Una sua fúria com a minha novamente! Não sabemos dos perigos que poderemos encontrar por lá! Mas com certeza será pior que aquele maldito maníaco! Por isso devemos estar preparados!
-Sua determinação mudou, não é? Diz Amon soltando alguns risos. Você mudou muito e nem viu, Kira... Está bem! Gostei dessa adrenalina! Vamos fazer isso então!
Amon solta um poderoso grito que se tornou um rugido draconiano, deixando as chamas de sua espada mais intensas e forçando ainda mais o cabo para que a enorme lâmina consiga realizar o corte. O esforço era intenso, o rugido era vibrante e a dispersão de mana era assustadora. Selenis tenta se aproximar cuidadosamente numa tentativa de conseguir retirá-lo de lá. Porém, a sacerdotisa mal havia saído do lugar e o corte finalmente foi completado. Disparando o orbe para o chão, enterrando-o, e partindo a esfera colossal de luz em duas partes, no qual continuaram a sua trajetória alterada, criando mais duas grandes crateras no extenso campo que eles usam para treinar.
Selenis e Alice desacreditam no que veem, as chamas da cor rubi desaparecem completamente, e Amon pousa fincando sua espada na terra para poder se apoiar, sua respiração é extremamente ofegante e sua máscara não lhe ajuda muito. O cansaço o obriga a se ajoelhar, fazendo seu suor escorrer ainda mais, demonstrando seu enorme desgaste. Selenis corre até ele usando sua magia de cura.
-Sanitatem!
O círculo mágico que surge de baixo de Amon o faz se alegrar na hora, ao sentir o cansaço indo embora levanta-se e faz a Ira do Dragão retornar a ser apenas duas katanas e por fim embainhando-as. Quando a cura se completa os espíritos deixam de dominar os corpos de seus Invocadores.
-Está querendo morrer ou é masoquista mesmo?! Questiona Alice um tanto furiosa.
-Ei... ei... Calma...
-Calma?!?! Eu e Selenis pedimos para vocês dois pararem, mas a cabeça é tão dura que nem sequer nos escutaram, não é?!
-Foi mal... Não queria deixá-la brava dessa forma... Diz Kira tentando acalmá-la. Pense pelo lado positivo! Nós conseguimos finalmente cortar sua Divina Poena e vocês duas conseguiram executá-la em apenas um minuto!
-Sério?! Diz Alice um tanto impressionada.
-Sim! Não apenas eu e Amon que colocamos em prova nosso treinamento como vocês também!
-Hum... Mas ainda assim não justifica o risco pelo qual passaram! Sério... Vocês poderiam se machucar seriamente com aquilo.
-Eu sei... Me desculpe...
-Ah... Então é aqui que vocês fazem seus treinos diários? Diz uma voz conhecida.
Os dois rapidamente se colocam em prontidão com suas armas ficando de frente a origem da voz. Mas ao avistarem aquele indivíduo loiro de olhos azuis relaxam, tanto que Alice foi abraçá-lo para cumprimentá-lo.
-Bernard! Há quanto tempo! Diz Alice terminando seu abraço.
-Pois é desde quando nos despedimos em São Paulo você desapareceu completamente de nós. Diz Kira se aproximando para cumprimentá-lo.
-Então... Me desculpem pôr aquilo. Acho que a morte do meu líder me deixou abalado demais e... Eu precisava ficar um tempo só, sabe?
-Entendo... Mas que bom que está bem e saudável, tínhamos medo de você ficar tão depressivo e que não se cuidasse bem. Diz Alice.
-Não... Não... Na verdade vim aqui mais para conversar com vocês relativo a uma coisa muito importante. Diz Bernard que repentinamente perde seu sorriso amigável e passa ter uma expressão séria com seus olhos cerrados.
-Nossa... Errr... E o que seria? Questiona Kira.
-Podemos conversar em outro lugar? De preferência não público.
-Podemos ir até a minha casa então. Responde Alice.
-Pode ser, mas... Poderíamos conversar apenas nós três? Digamos que a presença de sua vó não será muito boa. Diz Bernard ainda com seriedade.
-Ok, nós poderemos conversar tranquilamente no meu quarto. Diz Kira.
-Muito bem... Então vamos o quanto antes, por favor.
-Tem certeza de que não aconteceu nada, Bernard? Pergunta Kira.
-Kira tem razão... Você simplesmente aparece do nada com essa cara séria, e ainda por cima querendo falar sobre algo importante... Está nos deixando preocupados. Diz Alice terminando de pegar seus itens.
-Vocês entenderão melhor quando chegarmos lá.
E então uma tensão estranha domina a caminhada até os veículos, Kira e Alice vão na moto vermelha enquanto Bernard vai no seu carro preto simples. Ao chegarem na casa da senhora Maxine, o rapaz loiro é bem recebido, no qual até mesmo retorna a sorrir amigavelmente como sempre fazia, mas mesmo assim aquela estranheza não saía dos corações dos dois.
Somente ao anoitecer Bernard pede para que eles se reúnam no devido cômodo, e ao chegarem lá e se acomodarem, o rapaz pede para que trancarem a porta para ter maior segurança de não haver nenhum intruso indesejado.
-Enfim... Pode nos contar agora porque eu não suporto mais esse mistério. Diz Alice.
-Desculpem-me ter que fazê-los passar por tudo isso... Porém vamos em partes... E assim poderei esclarecer tudo que descobri durante esses dois meses...
-Dois? Questiona Kira.
-Sim... O primeiro mês estava muito desanimado ainda com todo o ocorrido...
-Ah... Entendo...
-Bom... Primeiramente... Kira... Aposto que não sabia a verdadeira identidade do maníaco que matou, certo?
-Errr... Sim... Apenas o conhecia pelo seu ridículo apelido.
-Pois é... Seu nome era Jean Chevalier, um francês que veio para o Brasil porque havia sido contratado pelo fundador da Imperium por conta de suas poderosas habilidades e em troca de sua serventia ele ganharia alguns receptáculos com espíritos poderosos, tanto que ele só aprendeu o português tão rapidamente graças aos conhecimentos absorvidos de algum espírito.
-Hum... Entendo... Mas porque resolveu pesquisar tanto assim sobre ele?
-Justamente pelo fato de que todos assassinatos de pessoas comuns e de Invocadores, antes e depois de sua entrada na Imperium, foram feitas com ele sempre se escondendo com sua máscara, tanto que nem mesmo a Imperium tinha algum registro ou documento com as verdadeiras identidades dele.
-Até aí acho tudo normal, ele era só um maldito que queria se ocultar acima de tudo, tanto que quando lutei contra ele no acampamento, só consegui sair vivo de lá, graças a um soco que Amon deu no rosto dele quebrando a máscara, então ele ficou extremamente desesperado e acabou fugindo. Diz Kira.
-Pois é... Porém, foi aí que eu fiquei ainda mais na dúvida, querendo ou não nenhum desses mafiosos usam máscaras para se esconder. Então... Por que ele usava? Com isso eu me aprofundei mais a seu respeito e uma explosão de boatos interessantes ocorreu!
-Como assim? Questiona Alice.
-Esse maldito é filho de Armand Chevalier, e a família Chevalier acredite ou não, antigamente era conhecida por serem bons Invocadores, tanto que eles auxiliaram muito em várias guerras que ocorreram em relação aos escravistas, especialmente ao lado de uma outra família francesa.
-Qual? Questiona Kira.
-Os Maxine.
-O quê?! Diz Alice surpresa.
-Pois é... Seus pais, Alice, já se aliaram várias vezes com essa família, mas isso não é o pior...
-Me dá até calafrios com você falando assim. Diz Alice.
-Numa das batalhas que eles participaram, em Tokyo, a desvantagem no lado dos Invocadores era imensa por que o ataque surpresa deles havia falhado completamente pelas armadilhas especiais. Porém era impossível que isso acontecesse, pois, o local onde os Invocadores se escondiam era totalmente secreto. E foi aí que os Maxine descobriram que os Chevalier na verdade estavam passando informações aos escravistas fazia muito tempo.
-N-não acredito! Diz Alice surpresa, porém, um tanto assustada.
E consequentemente, não demorou muito para que os Chevalier atacassem os Maxine nessa batalha sangrenta em Tokyo. Porém um outro fato interessante é que eu descobri que na enorme lista de guerreiros Invocadores que morreram nessa batalha, tinha alguém que não queria ter encontrado lá.
-Não... Por favor... Não me diga que... Diz Kira.
-Sim... O nome Yukio Matsunaga estava lá... Meus pêsames... Diz Bernard interrompendo-o.
-Tudo bem... Querendo ou não eu estava preparado para isso, não se preocupe.
-Certeza? Ele era seu pai. Diz Alice.
-Está tudo bem, eu não tive contato com ele, sabe?
-Bom... De todo jeito... Eu descobri quem ficou com o receptáculo de seu pai, porém só sei que ele mora em Tokyo ainda. Engraçado que não pude descobrir mais nada a respeito, nem quem era o espírito de seu pai, muito menos sobre como ele morreu, apenas havia o fato de que ele era bem forte e... Que a pessoa que guardou seu receptáculo era de confiança dele. Um tal de Aki Takeda.
-Entendi... Por isso não queria ninguém mais sabendo de tudo isso.
-Exatamente!
-Mas o que você realmente quer ganhar com isso? Questiona Alice.
-Bom... Graças a sua avó Alice soube que vocês pretendem ir para Tokyo.
-O quê? Mas o que pretende fazer lá? Questiona Kira.
-Investigar e desvendar o verdadeiro passado dessas guerras de Invocadores! Admito que eu tenho um pouco de influência de meu avô, que morreu jovem por ter tentado descobrir toda a podridão por trás da cortina, a sorte dele é que minha vó estava grávida de meu pai, podendo assim continuar a família.
-Hum... Bom se você está dizendo e chegou até aqui com tudo isso, é porque está bem determinado. Conclui Kira.
-É... Tem toda razão... Mas acredito que precisaremos de uma ajudinha a mais nessa viagem, não é, Kira? Diz Alice.
-Claro! Sempre é bom ter mais aliados.
-Sério?! Vocês não sabem o trabalho que estarão me poupando de me ajudar com essas passagens e sem falar da segurança entre nós! Ah... Que alívio ao saberem que concordam... Diz Bernard sentando de uma vez na cadeira e relaxando todo seu corpo.
-Porém, meninos, só vamos realmente resolver de fato tudo isso amanhã! Então hoje vocês tratem de descansar, ok? Diz Alice destrancando a porta e logo abrindo-a.
-Ok... Diz Kira.
-Bom... Se é assim então eu vou... Diz Bernard se levantando da cadeira.
-Indo para onde? Questiona Alice.
-Sei lá... Para um hotel mais próximo daqui...
-Bernard... Para com isso... Você já é de casa! Pode deixar suas malas no quarto de visitas.
-Mas Alice! Tem certeza de que não há problema algum com isso e... Diz Bernard um tanto preocupado.
-Tenho sim, Bernard! Agora para de teimar comigo e vai logo. Diz Alice dando algumas risadas enquanto empurra Bernard para fora do quarto de Kira.
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