Consequências da Guerra
Alice com o auxílio de Bernard conseguem levar Kira até a Kombi de João, lá ela utiliza alguns elixires de emergência para terminar o tratamento de Kira, e assim, Bernard retorna para o campo de batalha para dar suporte a Ubirajara. Não demora muito e finalmente todos os cuidados sobre o rapaz mostram resultados, ele desperta lentamente, fazendo abrir um largo sorriso no rosto de Alice.
-Kira?! Diz Alice se aproximando do corpo do rapaz deitado no último banco.
-Alice?
Um enorme alívio domina o corpo da bela moça que agora se segura para não chorar de alegria.
-Você não entende o quanto fico feliz com isso... Diz Alice soltando um longo suspiro.
-O quê? Diz Kira um tanto confuso enquanto se levanta.
-Espere aí! O que pensa que está fazendo?! Diz Alice impedindo-o de ficar de pé.
-Eu preciso retornar à luta, querendo ou não a batalha ainda não acabou, não é?
-De fato! Mas Bernard disse que com a morte do líder deles as coisas ficariam mais fáceis. E de todo jeito você ainda não está completamente recuperado, muito menos Amon!
-Hum... Está bem...
-Às vezes, se preocupar com o próprio corpo faz bem, sabia? Todos ficaram preocupados com você... Inclusive eu! Até porque fui eu que prestei os primeiros socorros sobre seu corpo e finalizei alguns cuidados aqui.
-Entendo... Perdoe-me por fazê-lo passar por tudo isso...
-N-não! Não quero que se sinta culpado! Aliás eu e Selenis estávamos preparadas para eventos desse tipo, mas o susto ainda assim é inevitável.
-Hum...
-Então... Posso saber o que ocorreu com você para ficar naquele estado? Pois não apenas seu corpo estava desgastado, mas também sua mana.
-Bom... Foram vários fatores que aconteceram...
-Poderia contá-los?
-Bem... Já que insiste...
Com isso, Kira conta tudo que havia acontecido desde quando se separaram por conta do Observador das Trevas. Alice não muda sua expressão séria, mas ao chegar na parte de que o maníaco adquiriu o poder de Napoleão e da criação do novo poder de Amon durante a luta, ela não consegue disfarçar a surpresa.
-Então ele adquire um poder muito maior que o seu, mas mesmo assim você tenta enfrentá-lo! Diz Alice um tanto furiosa.
-Ei, eu sei que não devia ter feito isso, mas...
-Mas ainda assim você fez! Podia ter morrido facilmente! Devia ter arrumado uma forma de escapar de lá e chamar por ajuda!
-Mas se eu chamasse por ajuda, vocês poderiam ter sido mortos! Como o que aconteceu com Ivan! Diz Kira de forma estressada. Eu entendo sua preocupação, porém entenda que dar às costas para um inimigo daquele seria mais perigoso ainda.
-Hum... Desculpe-me...
-Não... Eu quem devo me desculpar... Sou o responsável por você estar assim e... Não devia nem ter levantado minha voz... Se não fosse por sua ajuda, eu estaria morto.
-Não diga isso, sei que sou um tanto chata nessas situações... Mas enfim, voltando ao principal, você então conseguiu eliminá-lo, certo?
-Sim... Consegui vingar a morte de meu tio, de Gabriel e de Ivan graças àquele estranho poder... Tem ideia do que é isso, Alice?
-Acredito que isso é uma nova magia que você e Amon criaram juntos.
-Como Assim?
-Pelo o que me contou, vocês dois tiveram uma explosão violenta de fúria, certo?
-Sim.
-Talvez nessa explosão, conseguiram se sincronizarem de forma tão perfeita, que os sentimentos, movimentos, pensamentos e até mesmo motivação de vocês se tornaram uma só, permitindo a criação de um novo poder milagroso.
-Nossa... Eu não imaginava que poderia ter a possibilidade de ocorrer algo desse tipo.
-Mas na verdade, só o fato de ter conseguido fusionar suas espadas indica um certo avanço nessa parte. Acho que a ira de vocês foi o gatilho para que completassem essa magia.
-Hum... Entendo...
-Mas isso ter acontecido é um bom sinal, significa que você está tão próximo de Amon, como eu estou de Selenis.
-Então isso significa que você conseguiu completar aquela magia destrutiva que havia comentado no nosso último treinamento em Franca?
-Sim! Tanto que eu e ela executamos duas vezes! Uma no acampamento e outra nessa batalha.
-Nossa! Parabéns! Sério mesmo!
-Obrigada. Diz Alice soltando alguns risos.
-Aliás, por falar em proximidade com o Amon, deixe-me lhe contar.
-O quê? Questiona Alice.
-Durante o tempo que estive dormindo, tive uma visão do passado de Amon e ainda por cima, conversamos sobre isso e ele me disse que havia se lembrado de ainda mais!
-Sério?! Conte-me, conte-me! O que você viu?
E então Kira começa a contar sem se esquecer dos mínimos detalhes que havia visto e descoberto, ao longo da história a animação de Alice vai se tornando em pena, principalmente ao saber que Amon perdeu quase tudo.
-Amon deve ter sofrido muito... Tenho muita pena dele por ter passado por todos esses horrores...
-Também tenho, mas diz ele que pelo menos no meio de toda essa calamidade que ocorreu, ainda pode ter amigos no exército, especialmente um tal de Yamazaki.
-Ao menos isso, não? Porque sinceramente acredito que uma pessoa normal poderia ter se matado com todos esses ocorridos perturbando sua mente. O que mostra que Amon é muito forte desde criança para ter resistido a tudo isso.
-Tem razão...
A porta da Kombi se abre fazendo Alice ficar em prontidão com sua adaga, mas ao notar que quem entrava era o rapaz loiro de olhos azuis com sua máscara esverdeada ela logo relaxa e guarda sua arma.
-Bernard! Podia ter batido antes de entrar assim. Diz Alice sentando-se ao lado de Kira.
-Foi mal... É que eu vim aqui só para ver como vocês estavam e passar uma informação muito importante.
-Qual? Questiona Kira.
-Oh! Finalmente acordou! Diz Bernard se aproximando de Kira. Você não tem noção o quanto nos preocupou! Está tudo bem mesmo? Sente alguma dor? Cansaço?
-Errr... Não, obrigado pela preocupação, mas eu estou bem.
-Isso me tranquiliza muito... Ah! Mas não perdendo o foco! Parece que definitivamente podemos dizer que vencemos! Além de termos conseguido eliminar uma quantia enorme daqueles malditos a ponto de ficarem em minoria, eles finalmente resolveram se render.
-Isso realmente é uma ótima notícia! Diz Alice.
-Sim... Tanto que logo iremos reunir esses soldados que se renderam. Diz Bernard aproveitando para tomar uma pequena dose de elixir.
-Reunir? Mas por que irão reuni-los? Diz Alice.
-Para executá-los Diz Kira.
-O quê?! Diz Alice espantada. Por que vão fazer isso?!
-Alice, entenda que eles não são mais, de certa forma, humanos. Diz Bernard. Compreenda que só pelo fato de uma pessoa descobrir a existência de Invocadores, ela já não é mais uma pessoa comum, justamente pelo fato de que ela pode ser caçada ou até mesmo convertida de forma forçada ou não, pelos Invocadores escravistas. Em poucas palavras, ela não vai poder mais viver normalmente, pois terá de esconder bem seus conhecimentos sobre o assunto para não ser morta.
-Como por exemplo, o que meu tio fazia, ele escondeu tudo isso tão bem que nem mesmo eu desconfiava de algo. Diz Kira.
-Tudo bem, isso eu entendi, mas e eles? Por que eles não podem ter uma segunda chance?
-Eles estão numa situação muito pior! Diz Bernard um tanto irritado. Eles já foram corrompidos pela ganância e pelos desejos mais obscuros de suas mentes! Entenda que hoje eles até podem se fingir de inocentes e voltar para casa, mas tentarão adquirir um receptáculo, pois eles sabem que a rota mais rápida para conseguirem o que querem é através desse poder desenfreado! Então se eles não forem mortos agora, se tornaram soldados de outra organização e podem ficar mais poderosos ainda e matar mais inocentes!
-Ei! Nossa, Bernard! Calma! Diz Alice. Eu entendi o que quis dizer, mas é que eu não esperava que fosse tudo isso, e eu não queria que tivéssemos de tirar vidas humanas dessa forma...
-Também não queria... Não queria mesmo... Porém, nas circunstâncias que estamos... Isso é o melhor a fazer. Diz Bernard tentando se acalmar e abrindo a porta da Kombi. Perdoe-me a grosseria, acho que minha cabeça ainda não está totalmente no lugar desde o momento em que vi Ivan morto. De toda forma, tenho que ir... Ubirajara me pediu para não demorar muito.
-Tudo bem... Nós entendemos. Diz Kira.
Bernard se despede e corre novamente em direção ao barracão da Imperium, sumindo rapidamente entre as árvores da floresta. Os dois retornam aos seus bancos na Kombi e Alice resolve comentar:
-Nossa... A morte de Ivan alterou-o demais... Viu como se irritou? Sinceramente tenho muita pena dele...
-Sim... Também sinto pena... Queria ter evitado isso, mas... Meu corpo não se movia direito...
-Não diga isso Kira. Se chegar aos ouvidos de Bernard ou de João eles vão querer lhe bater. Todos têm consciência de que você fez o melhor que pode. Então não se culpe, por favor... Querendo ou não sem você talvez não teríamos vencido essa guerra.
-Hum...
-Aliás, deixe-me lhe perguntar...
-Diga...
-Você se lembra de alguma coisa depois de ter desmaiado?
-Bom... Acho que me lembro da sua voz me chamando e de seu rosto repleto de lágrimas. Acho que apenas isso... Mas por que a pergunta?
-Bem... Errr... Não é nada! Diz Alice com as bochechas coradas. É apenas pelo fato de que quando eu encontrei você... Errr... Parecia que estava consciente, sabe?
-Mentir assim para os outros é muito feio, Alice! Diz Selenis.
-Agora não, Selenis! Responde Alice.
-Ah... Acho que entendo... Diz Kira estranhando a mudança de comportamento dela.
-Por que não aproveita agora para revelar seus verdadeiros sentimentos? Questiona Selenis.
-Está louca?! Por mais que eu o conheça já faz um bom tempo, mas... Dizer que eu o amo é algo muito forte agora! Responde Alice ficando ainda mais corada.
-Mas pelo menos estará sendo sincera com seus sentimentos. Retruca Selenis.
-Não muda o fato de que é algo forte!
-Errr... Alice? Está tudo bem? Pergunta Kira.
-O que?! Ah! Sim! Estou bem sim! É só a Selenis me perturbando aqui. Responde Alice tentando disfarçar a vergonha soltando algumas risadas.
-Bom... Se você diz...
-Está vendo o que você me faz passar, Selenis! Diz Alice mentalmente.
-Eu apenas estou tentando te ajudar.
-Me ajudar?!
-Alice... Entenda que de nada adiantará você ficar sofrendo para esconder seus sentimentos, esperando um "momento ideal" que nunca chegará!
-Ei! Eu não disse que estava esperando um momento ideal!
-Eu leio sua mente, garota!
-Isso é invasão de privacidade!
-Não perca o foco! Entenda que você só está sofrendo por um amor que você tem medo de que não dê certo. Compreenda que não vai adiantar ficar nessa estratégia.
-Mas Selenis...
-Nada de "mas"! O "não" você já possui, Alice! Então não custa arriscar para ver se consegue um "sim".
-E se ele não aceitar? Aí não conseguiríamos mais ser tão amigos como nós somos agora.
-Isso vai depender de vocês. Se os dois forem capazes de ignorar o fato depois, a amizade de vocês se manterá. Caso contrário isso apenas provará que Kira não coloca a amizade de vocês como o mais importante.
-Hum... Não sei, não...
-Aproveita que vocês estão a sós para tirar essa dúvida, aliás nunca se sabe quando é que essa oportunidade aparecerá de novo.
-Está bem... Vou tentar...
-Finalmente! Diz Selenis com um tom de voz bem alegre.
-Errr... Kira? Diz Alice com o rosto ainda corado. Posso te perguntar mais uma coisa?
-Claro... O que foi?
-Bom... Eu... Eu...
-Alice? Diz Kira com certa estranheza.
-Eu queria saber se... Errr... Queria saber se...
Novamente a porta da Kombi se abre, porém desta vez não foi pelo rapaz loiro e sim pelo alto moreno com sua máscara indígena, todo ensanguentado com sua lança ainda em punhos.
-João?! O que aconteceu?! Questiona Kira um tanto surpreso e preocupado com a quantia de sangue.
-Ah... Kira! É bom vê-lo de pé novamente, estava preocupado com seu estado corporal. Diz João retirando sua máscara e se sentando no banco mais próximo para poder relaxar.
-Pelo visto ninguém sabe mais bater na porta antes de entrar. Resmunga Alice.
-Concordo... Diz Selenis com uma voz num tom indignado.
-Mas e esse sangue? Questiona Kira.
-Não se preocupe... Não é meu... Eu só vim aqui para poder descansar um pouco e tomar um elixir e levar vocês de volta ao campo para auxiliar na cremação de todos os corpos de nossos aliados e na coleta de seus receptáculos. Responde João.
-Vocês vão cremar todos os corpos?!
-Sim... Quanto menos vestígios de que estivemos por aqui, melhor para nós. Tanto que Bernard, aliás, Robin está reunindo os soldados com o restante dos aliados para coletar seus receptáculos e executá-los de uma só vez.
-Mas ele está bem? Pergunta Alice.
-Olha princesa... Ele não para um minuto sequer depois que Ivan morreu. Eu entendo os seus sentimentos porque eu sinto a mesma coisa, mas ele está passando do ponto... Acho que ele só melhorará quando voltar para casa em São Paulo. E até lá devo ficar de olho nele para que ele não se desgaste demais.
-Entendo... E quando vamos para lá? Questiona Kira.
-Me dê uma meia hora de descanso, depois disso partiremos com velocidade total.
-Ok...
E assim é feito, tudo ocorre dentro do programa de João, em meia hora eles se arrumam e disparam para o barracão, mesmo que Alice ainda estivesse de mau humor, ela evita demonstrar isso, tanto que ao chegarem lá Alice esquece completamente do ocorrido ao ver a multidão de corpos completamente torrados, ficando de certa forma horrorizada, mas consegue superar isso.
A coleta de receptáculos foi completamente bem-sucedida poucos Invocadores que foram mortos tiveram seus receptáculos quebrados ou danificados. Com isso todos eles conseguem fazer a cremação dos corpos que só acaba na madrugada. Os aliados então vão embora seguindo em direções diferentes e sumindo ao adentrar a mata. Os quatro também não fazem diferente, correm de volta para a Kombi e retornam à cidade, onde acabam se hospedando na pequena casa de João. E apenas no outro dia foram em busca de passagens aéreas de volta para São Paulo e de lá passagens de ônibus para Franca.
A despedida tanto de João e tanto de Bernard foram rápidas, porque todos estavam desgastados com toda aquela situação, principalmente o rapaz loiro que mal conversava com outros, apenas mexia em seu Sigma Driver de forma pensativa, dando certa preocupação a todos. A chegada dos dois em Franca é bem festejada, a vó de Alice chorava de alegria ao ver os dois bem, porém a animação não dura muito tempo, afinal todos estavam esgotados e assim vão logo para cama.
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