"Boas-vindas" a Tokyo
Na manhã seguinte, enquanto os rapazes arrumam suas malas calmamente, Alice conversa com sua vó sobre o que vão fazer nessa longa viagem, explicando apenas alguns detalhes relativos ao objetivo de Kira.
-Entende o porquê precisamos ir para lá, grand-mère? Questiona Alice. Se Kira conseguir descobrir mais coisas relativas ao passado de Amon poderei também descobrir o de Selenis e...
-Está bem, Alice... Diz a senhora Maxine mexendo uma pequena colher dentro de sua xícara de café.
-O que disse?
-Disse que está tudo bem, Alice... Diz a pequena senhora que foca seu olhar na vista da janela de seu quarto, no qual era possível ver todo seu jardim e uma boa parte da cidade.
-Grand-mère? Está tudo bem com a senhora?
-E por que não estaria? Diz a senhora Maxine sem retirar seus olhos da janela enquanto bebe um pouco de seu café, apreciando-o bem devagar.
-Pelo simples fato de que você nem ao menos tentou dizer algo para que mudasse de ideia.
-E do que adiantará, minha querida? Você é muito forte, sabe dos perigos que vai encontrar e possui total consciência do que está em jogo. Minha neta se tornou uma verdadeira Invocadora! Então por que eu impediria? Querendo ou não, sei que você teimaria comigo até conseguir o que quer, ou faria do mesmo jeito sem minha permissão.
-O que?! Eu jamais faria isso e...
-Poupe-me Alice... Você está crescida o suficiente, sei que faria porque esse é seu instinto de Invocadora, idêntico a de sua mãe!
-Mas a senhora está brava com isso?
-Claro que não, apenas estou preocupada, querendo ou não, não possuo garantia que voltará para casa, ou se voltar, voltará inteira. Isso aperta meu coração, mas sei que devo deixá-la ir, porque você pode salvar muitas vidas inocentes.
-Grand-mère...
-Seus pais ficariam orgulhosos em ver o que se tornou... Principalmente seu avô... Diz a senhora Maxine finalmente dando a última golada em seu café colocando a xícara em cima de um criado mudo de madeira ali próximo. Ela olha para Alice e abre um sorriso acolhedor. Eles adorariam ver o que eu vejo agora... Uma moça bela, forte, gentil... E que carrega uma responsabilidade enorme nas costas, mas ainda assim, não para. Tenho orgulho de você, minha querida... Em ver que pelo menos os esforços que essa velha aqui teve para cuidar de você, deram um ótimo resultado, não é?
Alice se comove e quase chora com toda aquela situação. Ela sente perfeitamente toda preocupação que sua avó tem. Porém também pode sentir seu carinho e afeto, lembrando-se assim de todos os seus bons momentos da infância, preenchendo seu coração com todas essas memórias boas. Com isso Alice abraça sua avó bem forte e diz:
-Prometo lhe dar notícias de tudo quando puder... Não vou decepcioná-la... Em hipótese alguma!
-Sei que não vai, minha querida... Diz a senhora Maxine encerrando o longo abraço. Tenho certeza disso... Mas agora vá arrumar suas malas, os meninos já devem ter terminado.
-Sim, senhora.
Um tempo depois os três jovens finalmente se preparam para a longa viagem que poderia durar até mesmo mais de 24 horas, já que teriam que pegar um avião no aeroporto do Rio de Janeiro para os Estados Unidos e de lá para Tokyo no Japão.
Longas e longas horas de voo, eles procuram algo para fazer e passar o tempo, então por um certo tempo, Kira e Alice aproveitam para ensinar Bernard algumas coisas relativas a cultura e ao comportamento que os japoneses possuem, e em outras horas Bernard mostra mais como é seu Sigma Driver, seu funcionamento e até mesmo suas vantagens relativas ao celular comum, e suas demonstrações faz com que os dois notem algo que passou completamente despercebido. Um pouco mais da metade do avião utilizava o mesmo aparelho de Bernard, impressionando-os com a velocidade que eles substituíam os celulares.
Depois de muito tempo, os três chegam a tão iluminada e movimentada Tokyo. Eles ficam um pouco perdidos, mas com o auxílio de Amon e Selenis, Kira e Alice conseguem aos poucos se locomover pelo local e também atualizar o japonês dos dois espíritos. Eles fazem a troca do real para o iene e assim vão em busca de um hotel para repousarem bem e começar suas investigações pela manhã.
Quatro dias se passam e eles não conseguem adquirir muitas informações sobre Aki Takeda e muito menos sobre a guerra que havia acontecido pela região. Com isso eles são obrigados a mudar de estratégia, separam-se para investigar em locais diferentes, aumentando a área de procura.
À noite, Alice anda tranquilamente pela movimentada calçada, e observa a cidade com suas variedades de luzes e propagandas um tanto estranhas. Porém a calmaria não dura muito tempo.
-Alice! Fique atenta! Parece que há dois homens te seguindo já faz um tempo. Diz Selenis.
-Eles são muito suspeitos?
-Sim... Tanto que os dois estão de óculos escuros, vestidos como se fossem seguranças. E aparentam estar armados.
-Droga! Acha que dá para despistá-los?
-Não tenho certeza... Aliás, qual é a nossa garantia de que eles não estão sozinhos?
-Então vamos ter que lutar... Vou entrar no próximo beco à esquerda, onde poderemos nos preparar.
Então, Alice acelera um pouco o passo, causando certa estranheza aos dois que a seguia, obrigando-os a correr para alcançá-la. Ao entrar no beco e se certificar de que não havia ninguém, ela coloca sua máscara e ativa seu orbe chamando por Selenis, criando a armadura dourada em volta do braço que segura a enorme esfera, e assim fica em prontidão para qualquer ataque. Os dois homens vão entrando no beco com velocidade adquirindo os poderes de seus espíritos e sacando seus revólveres, provando que eles são escravistas.
-Radii Glacies! “Raio de gelo” em latim.
Um círculo mágico luminoso da cor azul surge na frente do orbe e em seu centro é disparado quatro projéteis, atingindo os pés direitos dos dois homens e nas mãos que seguram as armas de fogo, congelando toda a área acertada, prendendo-os ao chão e inutilizando seus revólveres. A surpresa é tanta que os dois ficam completamente sem ação, apenas se enfurecem e tentam quebrar o denso gelo dos pés com as suas mãos congeladas, mas não obtém sucesso.
-Quem são vocês e por que estão me perseguindo? Pergunta Selenis em japonês.
-Acha mesmo que vamos responder, sua cretina! Responde o homem à esquerda.
-Angeli Gladi.
Espadas de luz surgem acima de Alice e então seis delas são disparadas no abdômen e uma na cabeça, estraçalhando-o, fazendo o corpo se decompor no líquido estranho. Tanto o parceiro do homem e tanto Alice se assustam com a ação violenta da sacerdotisa, aterrorizando o rapaz.
-Acho que agora você entendeu o recado, não é? Agora diga-me tudo que sabe. Diz a sacerdotisa com um olhar frio.
-Selenis?! Por que fez isso?! Questiona Alice.
-Eu também não queria ter feito isso, mas precisamos descobrir quem são eles o quanto antes. Responde Selenis.
-Não! Posso até morrer, mas não vou trair ninguém! Grita o homem de forma determinada e logo tenta berrar mais alto que conseguisse para chamar a atenção de alguém que estivesse na rua.
-Essa não! Seu maldito! Diz a sacerdotisa descarregando o resto de suas espadas mágicas no rapaz.
-Selenis! Em cima do prédio! Diz Alice de forma desesperada.
Rapidamente ela esquiva e por pouco uma bala silenciosa não a atinge na cabeça, ao olhar para cima encontra mais um desses seguranças no topo do prédio equipado com um rifle de alta precisão com um silenciador, porém ele já estava preparado para executar o outro tiro, obrigando-a a utilizar uma outra magia.
-Arcane Clypeus! “Escudo arcano” em latim.
A bala é disparada de forma que sua trajetória é atingir perfeitamente o coração da sacerdotisa, porém uma aura branca envolve todo o seu corpo fazendo a bala ser ricocheteada, deixando o corpo de Selenis ileso. Ao perceber a presença mágica, o segurança recolhe seu rifle e foge, desaparecendo nas áreas escuras do prédio.
-Precisamos voltar imediatamente e avisar os outros! Diz Alice.
-Concordo plenamente... Diz Selenis guardando seus equipamentos em sua pequena bolsa branca com o tamanho pouco maior que sua máscara e logo se misturando entre as pessoas na calçada, porém atenta para caso visse mais alguém lhe seguindo.
Alice retoma o controle de seu corpo e corre para o hotel em que estavam hospedados torcendo para que todos estivessem lá. A caminhada leva uns vinte minutos, mas ela chega ao seu destino sem nenhum outro problema e para aliviá-la, os rapazes já haviam chegado no quarto. Devido ao fato de que ela havia aberto a porta rapidamente e de forma um tanto desesperada, os dois se assustam e questionam:
-Alice?! Está tudo bem?! O que aconteceu?! Pergunta Bernard que vagarosamente vai saindo da pequena sacada do quarto para poder se aproximar dela com cautela.
-Pelo contrário! Nós temos que sair daqui o quanto antes!
-O quê?! Mas por quê?! Questiona Kira levantando-se da cama.
-Havia dois escravistas me seguindo durante a minha investigação, o nível de mana que eles possuíam era maior que aqueles soldados da Imperium! Por sorte consegui armar uma armadilha e impedi que eles fizessem qualquer ação. Tentei questioná-los, mas eles não cederam e tentaram fazer escândalo e com isso tive que finalizá-lo.
-Droga isso é péssimo! Temos que organizar nossas coisas bem depressa! Diz Bernard correndo em direção as suas malas.
-Mas Alice, você está bem? Se feriu? Questiona Kira colocando suas mãos em cima dos ombros da garota.
-Estou bem, obrigada... Graças a Selenis consegui me virar... Tive alguns problemas com um franco-atirador, ele quase me atingiu, porém consegui fazer uma magia defensiva e assim ele bateu em retirada.
-Que bom... Diz Kira soltando o ar aliviado. Depois disso pode ter certeza de que não vamos nos separar mais...
Alice fica com suas bochechas coradas ao interpretar de outra maneira as palavras de Kira e mesmo com toda a sua vergonha, ela tenta disfarçar forçadamente e diz:
-N-não acha melhor nós irmos organizar nossas coisas?
-Tem razão.
Os três levam um tempo para organizar seus pertences, tanto que eles mal dobram suas roupas, colocam e apertam no interior das malas. Porém o espírito de Bernard, Robin Hood, sente algo estranho e pede para o rapaz:
-Bernard! Peça para outros ficarem quietos! Senti uma mana estranha aqui perto do nosso quarto!
-Ok! Responde Bernard avisando aos outros e chamando pelo o arqueiro. Pessoal, silêncio, há algo de errado aqui! Robin Hood!
O silêncio domina todo o local, só era possível escutar o barulho dos veículos que circulam pela rodovia próxima ao hotel. Lentamente, Robin coloca sua máscara e pede para que outros façam o mesmo e se equipem. Quando todos estão preparados para lutar com seus espíritos invocados e um olhar fixo e tenso na porta, a luz do quarto se apaga, deixando a escuridão se apossar do recinto e adrenalina subir ainda mais.
-Essa não! Temos que fugir daqui! Eles estão em maior número e com uma estratégia perfeita para aniquilar-nos!
-O quê?! Por que acha isso? Questiona Amon.
-Por que eles cortaram a energia de todo o hotel! Vamos sair daqui! Rápido!
O lendário arqueiro mal havia terminado sua frase e a porta é arrombada e uma densa névoa entra rapidamente no cômodo se expandindo e dificultando ainda mais a visão dos três Invocadores, que só tem a fraca luz lunar para auxiliá-los. Sem hesitação eles correm para a pequena sacada e saltam o mais longe que podem, ainda no ar, Selenis utiliza uma de suas magias.
-Benedictio Ventis!
A resistência do ar aumenta repentinamente, numa intensidade que permite a todos pousarem suavemente em um gramado próximo da calçada da rodovia, escuro o suficiente para que ninguém consiga percebê-los, porém não esperavam que os invasores também conseguissem planar por meios mágicos, impressionando-os.
Os perseguidores não apenas estão com um nível de mana bem maior, como também estão extremamente equipados com visores preparados para qualquer tipo de visão, armas de fogo precisas e um colete a prova de balas e outras proteções espalhadas pelo corpo. Eles são sete pessoas e ainda flutuam no ar e começam a abrir fogo contra os três Invocadores com revólveres silenciados.
-Droga! Eles estão preparados para tudo mesmo! Vamos ter que fugir para algum outro lugar menos chamativo e sem nenhum risco de um civil ser atingido! Diz Robin.
Eles voltam a correr atravessando a rodovia tão rápido quanto um veículo, misturam-se entre os pedestres, mas mesmo assim os perseguidores não desistem e também correm numa velocidade idêntica atropelando pessoas que estão a sua frente. O desespero é eminente, e na pressa da fuga os Invocadores dobram uma esquina.
Porém a corrida não dura muito tempo, pois eles encontram o fim do beco, uma enorme parede de concreto, preocupados eles tentam dar meia volta, mas são encurralados pelos estranhos escravistas que estavam com suas espadas em punho.
-É... Pelo visto não temos muitas opções... Diz Robin.
-De fato... Porém eu vou na frente! Draco Flammae! Diz Amon tomando a dianteira ficando na frente de todos enquanto faz sua postura de batalha.
-Se vai fazer isso acredito que irá precisará de um pequeno auxílio. Arcane Clypeus! Diz Selenis usando sua magia defensiva.
E então, o estopim da batalha acende-se não apenas pelas chamas das katanas de Amon, como também da aura branca que envolve todo o corpo do samurai. Quatro perseguidores avançam contra ele numa tentativa de fazer uma manobra perfeitamente sincronizada e mortal, uma espécie de fila de ataques, no qual o primeiro realiza um corte circular horizontal na altura do abdômen saindo de perto para dar espaço para o segundo ataque, que é um corte ascendente, o terceiro é um corte diagonal decadente e o quarto uma perigosa estocada no peito.
Com uma destreza extrema, Amon consegue esquivar-se de todos os golpes, mas em compensação tem que recuar muito para isso, permitindo com que todos aqueles que tentem atacar Amon aproveitem o ritmo e ataquem os outros que estão atrás. Selenis está se defendendo dos vários golpes do perseguidor com sua adaga curvada enquanto Robin tenta se virar para atingir o outro com o arco e assim ter uma chance de se afastar e disparar suas flechas. Os outros dois restantes cercam Amon impedindo de ajudá-los e obrigando-o a lutar com eles.
-Que estratégia infernal! É como se eles fossem feitos para nos matar! Diz Kira furioso.
-Pois é... Eles não são simples guerreiros... Provavelmente eles tinham em mente que tudo isso aconteceria... Eles planejaram tudo com cautela em cada mínimo detalhe... Acho que teremos de ser um pouco mais destemidos, não acha? Responde Amon.
-Se você diz... Creio que seja a melhor opção até então...
-Fusionem Gladii!
Amon junta suas espadas flamejantes criando a Ira do Dragão, assustando seus oponentes com todo aquele fogo, e avança contra o perseguidor que está em sua frente, e ele não espera por essa ação tão precipitada, tanto que não consegue se esquivar inteiramente do golpe avassalador do samurai, perdendo o braço direito no processo pelo poderoso corte decadente, fazendo-o berrar de dor. O impacto da espada ao chão é tão forte que o concreto é quebrado espalhando pequenos estilhaços ao redor. O outro perseguidor que está na retaguarda de Amon fica assustado, porém aproveita a oportunidade para tentar atingi-lo, mas é surpreendido pelo rápido saque do samurai quase atingindo-o num corte lateral.
O perseguidor é obrigado a se afastar para se esquivar, porém o corte ainda não havia terminado, aproveitando o giro de seu quadril e da espada para atacar o oponente anterior que havia perdido um membro, finalizando-o trespassando a lâmina na testa de seu inimigo arrancando metade de seu crânio, ensanguentando todo o local. Amon já se prepara para poder realizar um outro ataque, mas vários tiros o atingem nas costas, porém dano algum é causado, em compensação a aura branca desaparece.
Robin finalmente depois de tantas defesas e esquivas consegue um pouco de espaço, porém ainda não o suficiente para poder preparar o seu arco, então o arqueiro movimenta sutilmente sua mão esquerda para dentro de seu bolso, no qual retira um pequeno cilindro cinza fosco do tamanho perfeito da palma de sua mão, e ao pressionar um pequeno botão na ponta do objeto, ele o joga em seu inimigo, e no ar aquele cilindro cria um círculo mágico cinza em sua ponta que avança velozmente criando um pequena lâmina, tornando-o em uma faca.
E então o perseguidor tem a sua coxa perfurada, e Robin pensando que seu oponente está atordoado, aproveita para armar seu arco, mas sua dedução está errada. No exato momento em que ele puxaria a corda, o arqueiro é surpreendido com um corte que joga longe o arco e rapidamente aproveitando da posição de luta completamente indefesa de Robin, sua outra adaga perfura e atravessa o abdômen do arqueiro. A dor é enorme, porém o perseguidor ainda não satisfeito retira sua lâmina e aplica um poderoso chute ascendente em seu queixo, disparando-o contra a parede quase perdendo a consciência.
Robin Hood perde suas forças enquanto tosse sangue encharcando o interior de sua máscara, e depois do forte impacto, suas pernas e braços amolecem completamente, fazendo-o sentar-se de uma vez. Sua visão turva observa apenas a silhueta de seu oponente que aparenta estar retirando algo da perna e atirando-o para longe, ele vem se aproximando do arqueiro e levanta seus braços para o alto com sua adaga em posição para realizar um golpe final.
Selenis com sua destreza aprimorada com seus treinamentos, consegue desarmar uma das adagas e seu inimigo permitindo uma abertura para uma magia rápida.
-Lux Trabem!
O poderoso raio de luz quase por pouco atinge seu verdadeiro alvo, o perseguidor escapa do feixe jogando seu corpo para o lado velozmente realizando um rolamento para se levantar. A sacerdotisa fica em guarda, esperando o ataque inimigo, mas agilidade de seu oponente é superior, ele esgrima a adaga de Selenis e a desarma com facilidade, arremessando-a longe, e aproveitando da ausência da defesa da sacerdotisa, o perseguidor executa rápidas estocadas atingindo três vezes em seu abdômen e uma em sua coxa esquerda.
A dor extrema e a força de cada acerto obriga Selenis a se afastar batendo suas costas contra o muro, que é pintado de vermelho. A sacerdotisa se esforça para manter-se de pé apoiando-se em sua única perna boa. O corpo de Alice implora por um descanso, mas as duas sabem que não devem ceder a essa enorme vontade. Selenis pensa em se curar, porém o perseguidor está muito próximo para isso, só lhe restando a opção de realizar um último ataque.
-Alabastrites! “Estalagmite” em latim.
Um grande espinho de pedra surge do chão, avançando na diagonal para atingir o coração do perseguidor. A reação dele é imediata, porém não consegue desviar por completo, tendo assim um profundo corte na lateral direita do tórax. Vendo que não teve sucesso em matá-lo, Selenis prepara-se para atacá-lo novamente, mas é interrompida. Seu inimigo lança sua espada com força perfurando o antebraço que está sem armadura, cuja dor faz com que ela parasse sua magia.
Amon se vira para ver aquilo que o atingiu, os outros três perseguidores restantes que não avançaram no início da batalha estão agora perfeitamente alinhados e armados com suas metralhadoras silenciadas. Eles se apressam para recarregá-las, mas mesmo assim, Amon faz uma poderosa investida ficando bem próximo do atirador que está no meio, e assim desce sua espada sobre o inimigo, trucidando-o. Litros de sangue são espalhados pelo local, principalmente no próprio samurai, causando intimidação e medo sobre os outros atiradores.
Ainda assim eles não hesitam, terminam de recarregar e abrem fogo sobre Amon, que se posiciona de forma diferente, enrijecendo todos os músculos de seu corpo e diz:
-Tetsu no Yoroi! “Couraça de ferro” em japonês.
Com isso, uma aura cinzenta envolve o corpo de Amon, fazendo com que as balas se ricocheteassem sem causar dano algum no samurai, é como se as balas estivessem atingindo um pilar de metal maciço, e os acertos reproduzem o mesmo som metálico. Ao terminarem de descarregar suas armas a aura finalmente desaparece e então Amon volta a se movimentar. Ele pega sua espada e prepara para realizar um outro corte, porém é surpreendido por um ataque em suas costas.
É o perseguidor que o atacou antes com suas espadas, ele realiza um corte diagonal profundo nas costas do samurai, enchendo-o de raiva. Por mais que a dor o incomodasse muito, Amon a ignora e aproveita da base de batalha de seu inimigo totalmente aberta para atingi-lo, desferindo um golpe horizontal rasgando-o no meio, deixando o beco ainda mais escarlate. Em consequência, a ferida em suas costas abre um pouco mais, causando uma dor que o obriga a parar de se mexer por um instante.
Os atiradores percebem a limitação do samurai e voltam a atirar, Amon tenta se defender colocando rapidamente sua grande espada em sua frente, servindo-lhe de escudo, mas ainda assim sua perna esquerda fica exposta, ao sofrer o primeiro tiro, o samurai a recolhe com uma dor aguda, que o atrapalha a pensar no que fazer para poder contra-atacar, porém, de repente os tiros simplesmente cessam. Amon deduz que pararam para poder recarregar, então com as esperanças de que sua perna direita ainda pudesse ter força suficiente para se aproximar e atacar, ele retira sua espada de sua dianteira e a usa como apoio para levantar, mas ao ver o que está acontecendo, o samurai se impressiona.
Os dois atiradores são decapitados por um estranho, ele veste roupas idênticas aos antigos ninjas, tecidos negros como a noite, com apenas algumas regiões com proteções metálicas cinzentas, e ao invés de panos para esconder o rosto, usa uma máscara de Oni, numa cor semelhante as partes metálicas com chifres curtos, porém com presas longas e curvadas. Em suas mãos se encontra-se uma foice dupla com uma corrente azul luminosa e, ambas lâminas ensanguentadas.
O estranho rapaz se vira e começa a correr em direção a Amon, que se prepara erguendo sua espada, ficando em guarda. Porém o ninja negro salta velozmente na parede, e começa a correr no muro, aproximando-se de Selenis de forma silenciosa, como se ele nunca estivesse lá. Ao ficar próximo, ele finca uma de suas foices no muro, travando-o, jogando a outra em direção do perseguidor. A corrente começa a aumentar de tamanho, como se fosse infinita, e assim a foice não apenas enrosca no pescoço do inimigo, como também a lâmina o corta levemente, com isso o ninja puxa com força a corrente, degolando-o violentamente, assustando Selenis e Alice.
Sem perder tempo, a corrente começa a encolher voltando para o tamanho original, o ninja negro salta para a outra parede e volta a correr, se aproximando agora de Robin. Chegando lá, o ninja faz uma investida poderosa do muro para o último perseguidor, fazendo um corte circular na horizontal, fatiando assim o crânio de seu oponente em três partes.
Após exterminar todos os perseguidores, o ninja simplesmente se vira para os três jovens e se mantém parado, como se estivesse esperando-os se organizarem. Selenis aproveita da situação e começa a se curar, enquanto Amon vagarosamente se aproxima de Robin, para auxilia-lo a levantar e curá-lo. A sacerdotisa termina sua cura e corre para curar Amon, mas antes de chegar lá o estranho ninja finalmente solta sua voz.
-Quem são vocês? Diz ele em japonês.
-Nós que deveríamos perguntar isso! Diz Amon.
-Se não fazem parte da mesma máfia local, vocês só podem ser de fora... De onde vieram?
-E quem garante que você não irá nos fazer mal se respondermos?
-Irei lhe fazer mal se não me disserem! Agora respondam-me! Diz o estranho ninja apontando umas de suas foices em direção a Amon.
-Ora, seu...
-Nós somos Invocadores e viemos do Brasil para realizar uma investigação por aqui. Diz Selenis interrompendo-o.
-Selenis?! O que está fazendo?! Questiona Robin.
-Brasil? Vieram de tão longe para realizar uma mera investigação? O que tem de tão importante nela? Pergunta o Ninja.
-Nós viemos aqui para investigarmos sobre os Chevalier e o passado de uma guerra entre Invocadores que aconteceu por aqui há quase duas décadas atrás, e para isso precisamos encontrar uma pessoa. Diz Selenis ignorando Robin.
-Hum... E quem seria essa pessoa?
-Aki Takeda. Você por acaso o conhece? Sabe onde ele está?
-Isso vai depender... Por que precisam tanto desse indivíduo?
-Por favor, confie em nós... Não viemos fazer mal algum. Precisamos conversar com ele porque ele guarda o receptáculo de um Invocador que participou dessa guerra.
-Um receptáculo?
-Sim! Necessariamente, o receptáculo do pai dele. Diz Selenis apontando para Amon.
-D-do pai dele?! Não me diga que você carrega o nome Matsunaga?!
-Por que o espanto? Por acaso você o conhece? Questiona Amon.
-Bom... Se você é mesmo o filho dele... Não devo me preocupar... Vamos abrir o jogo então... Acho que vocês não vão precisar procurar por mais ninguém... Diz o ninja desfazendo sua posição de batalha.
-O que quer dizer com isso? Pergunta Robin.
-Que meu Invocador é o próprio Aki Takeda. Mas agora vamos, sei de um lugar seguro para que vocês possam conversar melhor. Diz o ninja que se aproxima dos três para poder ajudá-los a se levantar, auxiliando assim a cura de Selenis.
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