Acerto de Contas
Amon está mais ensanguentado do que qualquer um, por mais que sua armadura seja negra em maior parte, no momento ela se encontra quase toda vermelha, como se tivesse nadado no lago do inferno que surge nos mais sangrentos campos de batalha. E tudo isso traz uma leve sensação de nostalgia de suas vivências no antigo Japão. Finalmente uma saída é encontrada, porém o número de inimigos só aumenta. É como se o samurai tivesse acabado de entrar na mansão, devido a semelhança que este salão possui, mas existem várias diferenças e uma delas são escadarias em locais diferentes. A extensão é muito maior que a da entrada e os enfeites e móveis de luxo foram retirados, com exceção dos lustres.
Mas os dois maiores fatos são que existem duas passagens para se seguir em frente e que o local está repleto de escravistas que antes conversavam entre si, só que agora, estão assustados tanto com a aparência amedrontadora do samurai sangrento, como também por ele chegar ali. Todos automaticamente buscam se armar, porém antes que possam pensar nisso, Amon executa sua sequência de magias.
-Tetsu no Yoroi! Sensō e no Michi! Ignis Exitus!!!
Mal as auras de cor branca e amarela conseguem se formar em volta do corpo vermelho do samurai, ele executa um corte em xis, originando seu xis flamejante que dilacera e queima os inimigos desatentos a frente. E aproveitando o espaço criado, o samurai corre numa velocidade tão incrível, que é como se tivesse simplesmente aparecido dentre os vários escravistas e novamente executa outra magia.
-Dragon Boost! En o Kiru!
O guerreiro faz um ataque circular atingindo a qualquer um que suas lâminas flamejantes conseguem alcançar. O resultado são seis oponentes com suas gargantas trespassadas e carbonizadas, e os respingos de sangue que voam aos defuntos e aos outros inimigos por perto, na verdade é o mesmo se encontra na armadura do samurai, e agora é possível enxergar a cor negra que ela realmente possui. O cheiro da carne queimada cessa devido ao rápido processo de corrosão mágico do morto, mas apenas aquele aroma somado ao olhar assassino do intruso, é o suficiente para causar o pânico total.
Os mais distantes se apressam para invocar alguma quimera, enquanto os mais próximos pegam suas armas, porém antes mesmo de atirarem, o samurai está lá, usando suas espadas para decepar os antebraços dos fuzileiros e até mesmo as próprias armas de fogo, contudo, mais três vítimas são atingidas e, enquanto seus membros pintam o chão de escarlate, Amon aproveita de sua veloz investida para atravessar suas lâminas no abdômen de um outro soldado, que consequentemente, é usado de escudo contra outros tiros.
Devido a potência e a proximidade de alguns disparos, algumas balas atravessam o corpo, mas isso não apresenta nenhum perigo para Amon, que está com sua armadura e sua aura protetora. Então, confiante de sua proteção e ainda com o corpo empalado em suas espadas, o samurai avança furiosamente, jogando o corpo de maneira brusca, atordoando alguns atiradores com o forte impacto do defunto, criando assim uma breve distração, que permite com que o mesmo consiga usar mais magias.
-Draco Flammae! Honō no Bakuhatsu! “Explosão de chamas” em japonês. Diz Amon determinado e em posição de batalha.
Ao suas lâminas se acendem, o samurai salta atingindo uma boa altura e distância, sendo atingindo por alguns tiros em consequência, mas nada que possa realmente machucá-lo, e então ao cair no meio de tantos inimigos prontos para matá-lo, ele enterra suas espadas ao chão e na mesma hora, uma potente explosão é criada, queimando intensamente tudo que toca e jogando o que é torrado para longe. Dessa vez, são doze vítimas desse poderoso ataque, fazendo com que aqueles que estão mais próximos ao guerreiro se tornem estátuas de carvão que ao serem atiradas para longe têm sua forma despedaçada.
O ataque é tão forte que provoca um certo tremor e também uma fumaça sufocante em volta do local, deixando o suspense ainda maior para os soldados restantes. A dúvida de saber se ainda está vivo ou não é tão aterrorizante quanto ver seus aliados sendo mutilados em sua frente, então mesmo na dúvida um único soldado termina sua invocação e materializa uma espécie de vespa do tamanho de um homem com um ferrão tão longo quanto uma lança. A vespa é materializada no ar para que possa voar e seu rápido bater de asas auxilia a dissipar a fumaça, revelando algo inacreditável aos olhos dos soldados.
O samurai se encontra inteiro sem um arranhão sequer, ele está de pé com suas espadas em mãos ainda em chamas, mas sem mais nenhuma aura em sua volta, como se esperasse também a fumaça desaparecer. Novamente o desespero toma conta da situação, e o soldado ordena com que sua quimera ataque. A vespa obedece e avança rapidamente com seu ferrão longo a frente, mas o guerreiro não hesita e corre em direção ao perigo.
-Shōjun Katto! Diz Amon enquanto prepara para dar um outro pulo.
Um confronto único, veloz e aéreo. O samurai se esquiva do ferrão durante o salto e aproveita para cortar o grande inseto em várias fatias, inclusive o próprio ferrão. Cada parte dividida pelas espadas é tostada no ato, e quando tocam o chão se desmaterializam. Amon retorna para o solo, visando suas próximas e aparentemente últimas vinte vítimas, que depois de presenciarem tamanho poder, perdem completamente as esperanças. Então como última ação antes da morte, eles depositam todo o seu medo em suas últimas balas em seus fuzis e abrem fogo contra o samurai, que é obrigado a partir para a defensiva.
-Dragon Boost! Tetsu no Yoroi!
E mais uma vez a aura branca ressurge para protegê-lo, mas com um tamanho bem maior que o normal e se movimenta como se fosse uma chama, dando a impressão de um fogo branco que protege o guerreiro negro. Por reflexo Amon cruza seus braços na frente de sua máscara para proteger, mas não que isso seja realmente necessário. As balas chicoteiam freneticamente, como se batessem num pedaço bruto de ferro, e isso desanima cada vez mais os fuzileiros que, depois de um tempo notam que suas munições acabam, restando apenas o sentimento de pavor e temor a morte, que se encontra em sua frente.
-Finalmente as balas deles acabaram, terminaremos com todos eles de uma única vez! Diz Kira mentalmente.
-Tudo bem, mas podemos aproveitar e testar mais uma magia? Questiona Amon.
-Hum... Não vejo problema. Afinal todos estão condenados mesmo e nós realmente precisamos treinar mais essa parte de criação no campo da magia.
-Mas vamos gastar uma alta quantia de mana, tem certeza?
-Sim! Ainda temos muitas gemas mágicas reservas.
-Entendido. Diz Amon preparando para executar sua nova magia. Draco Inferno Ardere!!! “Dragão do Inferno Ardente” em latim.
De maneira sincronizada com as palavras citadas, o samurai aponta suas lâminas flamejantes para seus oponentes e no mesmo momento um poderoso e assustador turbilhão de fogo é criado dando forma de um dragão oriental que grunhe emitindo sua fúria no campo de batalha intimidando aqueles que ousam enfrentá-lo. Então ele sobrevoa o lugar permitindo com que seu extenso corpo possa ser criado e enfim abre sua boca e avança dilacerando, queimando e engolindo seus alvos, enquanto o resto de seu corpo longo faz o trabalho de carbonizar o que é deixado para trás. E para finalizar, os poucos não atingidos, mas que estão cercados por uma prisão de fogo infernal, o dragão bafora chamas tão quentes que não demora muito tempo para pulverizar seus alvos.
Ao ver que tudo está apagado, o samurai desfaz seu dragão infernal, cessando suas chamas intensas e finalmente relaxando um pouco os músculos depois de uma sequência de combates que não parecem terminar. Porém, para seu azar, um alarme dispara na sala, obrigando o guerreiro a se tencionar novamente para procurar o motivo do disparo ou o que ele está sinalizando. A resposta veio rapidamente, bem atrás de Amon há um sobrevivente que aciona uma alavanca vermelha de emergência, pisca uma pequena luz da mesma cor.
O soldado ao ser notado, demonstra seu olhar amedrontado, que o samurai ignora e usa uma magia para matá-lo e destruir o alarme.
-Ignis Exitus!
Um xis flamejante destrói completamente seus alvos, encerrando tanto a vida do sobrevivente, como também o barulho irritante do alarme, criando um estranho silêncio que aumenta o suspense e a tensão do guerreiro que procura por algo anormal.
-Nenhuma?! Nenhuma mudança?! Não pode ser, esse sinal tem que servir para alguma coisa! Diz Amon olhando atentamente para cada canto do cômodo.
-Nem ao menos barulhos de passos de outros soldados aparecem... Isso é muito suspeito... E parece que nenhuma armadilha de emergência também é ativada... Diz Kira mentalmente também bem alerta.
-De fato, e eu não gosto nem um pouco disso!
-Espere! Encontrei algo! Diz Kira agora concentrado.
-O quê?! Onde?! Questiona Amon procurando por algo na sala.
-É... É uma quantia de mana que... Não!!! Diz Kira espantado.
-O que foi?!?!
-Parece que aquela coisa veio até nós...
-O cavaleiro?!
Bem próximo as escadarias que levam as outras entradas, uma quantia de mana absurda se acumula e dá origem ao oponente que Kira e Amon haviam se preparado tanto para enfrentar. O próprio Luís XVI, que se encontra em guarda com sua maça, aguardando o inimigo.
-É... O plano de achar o velho antes de usarem-no foi para os ares... Diz mentalmente Kira preocupado.
-Sabe o que isso significa, não é? Questiona Amon.
-Infelizmente, e eu não gosto disso...
-Muito menos eu... Não me sinto bem sabendo que você ficará sozinho num lugar desses...
-Então apenas se concentre em partir aquela montanha de aço em duas partes para que você consiga voltar pra mim o quanto antes! Diz Kira determinado.
-Certo... Diz Amon soltando alguns risos. Então o que está esperando? Me chame!!! Diz Amon bem empolgado.
-Venha até mim, Amon!!!
As chamas rubis se levantam a frente do rapaz, queimando o chão ali e ao se extinguir, Amon em sua forma draconiana aparece abrindo suas asas e soltando um poderoso rugido que toma conta do local. Ele pega as espadas com Kira que as fusiona com sua magia, e consequentemente, a armadura negra desaparece do corpo do rapaz, mostrando o colete especial que Aisha fez para ele.
-Fusionem Gladii.
E então depois de tanto tempo a “Ira do Dragão” renasce no campo de batalha, porém com alguns detalhes agora em dourado e com os nomes em kanji: Kira, no lado esquerdo da lâmina; Amon, lado direito; Ira do Dragão, entre esses nomes; Yukio, na outra face da lâmina no lado direito; Musashi, no lado esquerdo; Irmãs de Excalibur, entre esses nomes. Todos eles escritos em vermelho. Kira bem atento nota algo estranho próximo do calcanhar do cavaleiro real, algo como uma espécie de linha de energia bem fina e que tem um brilho bem fraco.
-Certo! Amon, preciso que você o tire da frente para que eu possa avançar! Diz Kira após deduzir algo.
-COM PRAZER!!! Diz Amon avançando contra seu oponente.
A força que o dragão faz para ir para frente é tanta que boa parte do chão se racha, criando imensas fissuras e deslocando o ar como se um jato passasse por ali, por fim ele executa um golpe decadente com a espada colossal que trava o cabo da maça de Luís, gerando um impacto metálico assombrador. Com isso, Amon aproveita do fato de ainda estar no ar e profere um chute potente atingindo em cheio a lateral do elmo de Luís, afastando-o para o lado e diz:
-Agora, Kira! Vai!!!
O rapaz não hesita e corre o máximo que pode, porém devido a distração de Amon, o cavaleiro ganha um tempo bem oportuno e executa um soco no rosto do dragão e em seguida aponta seu equipamento massiva para o rapaz e dispara um feixe de luz, fazendo o coração de Kira quase parar ao notar que seria atingido.
-Magicae Murum!
Uma rápida parede mágica luminosa surge do chão e se ergue protegendo Kira de uma morte súbita, mesmo que após absorver o ataque, a mesma parede se desfaz instantaneamente. O rapaz permanece correndo graças a sua memória muscular pois ao chegar em uma das escadarias, suas pernas pesam e ficam bambas devido ao excesso de tensão e também pelo susto. Ao olhar para trás nota que a luz de esperança que o salva do destino final, na verdade é Selenis que agora se encontra em pleno ar sendo movida rapidamente pela ação dos ventos ao seu redor que a levantam e direcionam para frente, passando pelos dois gigantes que se enfrentam violentamente.
-Kira?! Você está bem?! Foi atingindo? Pergunta Selenis preocupada.
-Não... Graças a vocês me mantenho inteiro. Diz Kira rindo de nervoso.
-Fico mais tranquila com isso, mas... Se Amon está ali, significa que você vai sozinho para... Diz Selenis contrariada e triste.
-Infelizmente sim... E devo fazer isso o quanto antes... Diz Kira também entristecido.
-Certeza que é necessário matá-lo? Alice também tem dúvidas sobre isso!
-Estaremos fazendo um favor a ele, provavelmente na idade em que está, sem falar do tempo que faz serviços para os Chevalier, com todos os rituais mágicos que deve ter passado também... É possível que sua consciência própria se foi. Aisha explicou sobre isso, lembra?
-Você realmente acha isso? Ele é uma das poucas pessoas que sobraram da família dela, entende?
-Eu sei, não acha que eu faria de tudo para trazê-lo de volta se fosse possível? Acha que eu não gostaria de fazer Alice e a senhora Maxine felizes? Justo as pessoas que me abraçaram e me acolheram quando eu mais precisava?
-Não, Kira. Sei que faria de tudo por elas, em momento algum eu duvidaria disso.
-É triste para mim também... Ter que assassinar alguém tão querido de uma pessoa tão importante e preciosa para mim...
-P-preciosa?! Diz Alice mentalmente um tanto envergonhada, porém feliz.
-Você não o está assassinando, Kira. Apenas mentalize que você irá libertá-lo de um mal muito maior, tudo bem?
-Certo... Obrigado... Desculpe um pouco pela grosseria... Apenas... Quero terminar com tudo isso. Diz Kira percebendo apenas agora a maneira que estava conversando.
-Tudo bem, apenas se concentre na batalha e tome muito cuidado, por favor! Aliás, antes de você ir, se proteja com isso... Arcane Clypeus.
Uma aura branca envolve Kira, com o mesmo intuito de sua magia de proteção, servindo temporariamente para se proteger de ataques que podem ser mortais.
-Oh! Errr... Obrigado.
-Não tem de quê! Agora siga seu caminho que eu seguirei em frente!
-Certeza que não quer esperar os outros ou voltar para ajudá-los?
-Sim... Afinal, quanto mais rápido chegarmos ao fim desse buraco, mais rápido tudo isso vai acabar. Não era isso que queria?
-É... Sendo assim, tomem bastante cuidado vocês duas então! Diz Kira correndo nas escadas.
-Você também! Benedictio Ventis! Diz Selenis enquanto voa para o topo da outra escadaria para seguir em frente.
A sacerdotisa pousa e avança rapidamente, entrando novamente nos corredores que desta vez não há mais nenhum guarda ou quimera, apenas as armadilhas mágicas convencionais, no qual Selenis desvia ou destrói com facilidade. Contudo, a maga não demora muito para chegar no fim do mesmo. O mais fundo de todos os outros cômodos não é tão diferente que os anteriores cercados de concreto cinzento e frio.
Porém, seu diferencial é que toda a parede do fundo do local é feita de metal e possui um enorme buraco semelhante a um grande túnel, cuja a iluminação interior é fraca. No chão é possível ver trilhos metálicos e densos que se estendem na escuridão do túnel. Mas nada disso é suficiente para tirar a tensão, preocupação, ódio e rancor que Selenis e Alice sentem ao fixar suas atenções para quem está aguardando o lugar. O responsável pela fama dos Chevalier, o destruidor dos Maxine, o assassino sádico que destruiu muitas felicidades de Alice. Ninguém menos que o alvo principal dessa guerra, Armand Chevalier, que mesmo de costas, é possível entender que ele usa as mesmas vestimentas, máscara e armas de quando elas o viram pela primeira vez.
Tantos sentimentos negativos, junto ao trauma de se sentirem impotentes durante a primeira batalha contra ele, tudo isso abala o coração das duas, fazendo-as suar frio, mas ao mesmo tempo lembram-se de toda desgraça que aquele homem causou para sua vida, e para muitas outras também. É como se ele fosse um centro de quase todas as maldições da vida de Alice e Selenis podia entender e sentir o mesmo. Com isso elas não hesitam em momento algum e correm furiosas movidas pelo ódio, que faz a adrenalina de seu corpo arder, como nunca havia ardido antes. E as únicas palavras que saem de sua boca são:
-ARMAND!!!
Percebendo o grito cheio de ira, o Chevalier apenas se vira mostrando a estranha e maciça caixa que segura, para entender qual é a perturbação que chegou. No mesmo tempo, ao notar a velocidade que a sacerdotisa vem, ele joga a pesada caixa para trás e então saca seus sabres, entrando em guarda.
-Fera Ignis!!!
Mal o círculo mágico surge diante seu orbe e as chamas se disparam para frente como se fossem engolir seu alvo.
-Redoma Sacré! Diz Armand.
A redoma mágica se levanta protegendo o francês do fogo, em consequência, sua visão é limitada ao mar ardente que se espalha para os lados já que não conseguem penetrar, dando assim uma outra oportunidade para a sacerdotisa.
-Alabastrites!
Por sorte o Chevalier percebe um certo tremor no solo, e por reflexo se esquiva da grande estalagmite que se ergue com uma ponta capaz de perfurar até mesmo cinco homens de uma vez. Contudo, tal ação faz com que as chamas se apaguem e que a redoma também se desfaça, permitindo uma melhor movimentação, porém, Selenis continua freneticamente a pressioná-lo.
-Lux Trabem!
O feixe de luz é disparado, atingindo uma velocidade assustadora, obrigando o francês a se manter na defensiva.
-Sentier des Pégases! “Trilha do Pegasus” em francês.
Num piscar de olhos, o Chevalier se desvia do disparo com facilidade, como suas pernas estão leves, ele consegue locomovê-las rapidamente sem fazer muito esforço. Preocupada com o que vê, a sacerdotisa começa também a se prevenir, mas sem deixar com que seu oponente tome vantagem.
-Arcane Clypeus! Radii Glacies!
Enquanto a aura branca cobre o corpo de Selenis, seu orbe cria um outro círculo mágico que dispara outro feixe com uma cor mais azulada e que ao atingir o chão, Armand desvia com uma imensa despreocupação, a área atingida é congelada instantaneamente, conseguindo assim congelar a bota do Chevalier, prendendo-o e surpreendendo-o.
-O quê?! Diz Armand tentando forçar sua perna para que saia do lugar.
-DESSA VEZ VOCÊ NÃO ESCAPA! ANGELI GLADI!!! Diz Selenis extremamente furiosa.
As inúmeras espadas de luz aparecem iluminando o teto com uma iluminação tão precária, preenchendo os olhos do francês, como se estivesse vendo um céu estrelado. Então, as espadas caem, como mísseis aéreos, obrigando Armand a pensar ligeiramente e sair de lá com vida. Por fim, antes de usar suas magias defensivas, o francês utiliza seu sabre para quebrar o gelo com a ajuda de uma magia ofensiva.
-Coupe Machiavélique!
Seu sabre brilhante parte o gelo em vários fragmentos miúdos, permitindo que ele se movimente levemente outra vez.
-Redoma Sacré! Impulsion Psychique!
Enquanto a redoma mágica se ergue protegendo-o de algumas espadas, sua leveza somada aos seus impulsos psíquicos, disparam-no para longe dali, e como sua redoma está incompleta quebra-se depois de alguns acertos e então o próximo alvo é apenas o chão, que ao ser atingido por tantos projéteis velozes e potentes, acaba formando alguns buracos e, consequentemente, levantando uma cortina de poeira.
-Será que ele foi abatido? Pergunta Alice mentalmente.
-Não tenho certeza... Essa poeira toda está nos cegando. Responde Selenis.
-Digo isso porque não podemos destruir o Receptáculo de Maquiavel, afinal ele era do meu pai, é poderoso demais para perdermos...
-Sim... Eu entendo... Só fico curiosa em tentar entender o que é aquela caixa estranha que ele carrega.
-Eu também quero entender isso! Porém a única coisa que sei é que ela emana um poder energético bem forte e intenso.
-Sim... Também sento isso... Mas será que pode ser um outro Receptáculo Divino?
-O quê?! Não! Isso é impossível! Diz Alice com firmeza.
-E o que a faz ter tanta certeza disso?
-Se ele de fato é um escravista megalomaníaco, o que faz ele querer guardar um Receptáculo bem melhor que o dele? Afinal, ele é o chefe de todos aqui! Explica Alice.
-Hum... Concordo com a dedução, mas... Então o que realmente está lá dentro? Murmura Selenis pensativa.
-Ei! Selenis! A poeira abaixou! Avisa Alice.
-Espera! Tem algo de errado! A mana dele está... Diz Selenis assustada.
A poeira de fato se extingue, porém o francês se encontra bem nas costas da sacerdotisa e então diz:
-Bem astuta você com suas habilidades.
O frio na espinha de Selenis faz com que ataque por puro instinto para se afastar do perigo mortal que a aguarda em retaguarda.
-Fulgur!!!
Um poderoso relâmpago é disparado pelo orbe de Selenis, obrigando o francês a se esquivar, com isso, a sacerdotisa aproveita para se distanciar de seu oponente.
-Benedictio Ventis!
Com o auxílio dos ventos, ela flutua rapidamente para bem longe do perigo e olha para a maga de maneira desafiadora e intimidadora.
-Belos reflexos, Maxine... Porém, se observar bem, ainda é incapaz de me ferir. Acha que ainda tem chances de vencer? Diz Armand de maneira sarcástica.
-Arcana Animalibus... Nihon no Kemono!!! “Feras japonesas” em japonês. Diz Selenis ignorando completamente as palavras de seu inimigo.
Vários animais luminosos surgem em volta da sacerdotisa. São dois ursos, três tigres, quatro águias e cinco raposas. Todos eles rosnando e prontos para lutar.
-Sério? Novamente vai usar esse truque ridículo? Sinceramente a única coisa que devo admitir é que você melhorou seus ataques... Mas acha que vai me derrotar só porque invocou um ou dois passarinhos a mais? Diz Armand zombando-a.
-Cale a boca! Ataquem-no!!! Ordena Selenis.
As criaturas avançam furiosamente como se os sentimentos de Alice transbordassem em suas essências, motivando-os ainda mais que o normal, porém, Armand nem se abala, apenas prepara seus sabres para desferir um golpe e então diz:
-Taglio Diabolico! “Corte diabolico” em italiano.
Suas lâminas brilham em vermelho intenso, com isso o francês faz um corte horizontal no ar com apenas um de seus sabres, o corte desenhado no ar avança e se expande partindo todos os seres luminosos de Selenis, assustando-a. Com o caminho livre, ele executa outro corte com o seu sabre restante criando novamente o poderoso corte que faz a sacerdotisa em uma ação de desespero, se proteger magicamente.
-Magicae Murum!
A parede brilhante se levanta, porém não absorve o ataque e sendo cortada também. Por sorte a sacerdotisa percebe a falha de sua defesa e se agacha rapidamente, esquivando-se por pouco da magia. O corte passa livremente por cima de seu alvo e viaja em linha reta até bater na parede rochosa, deixando um grande buraco com o mesmo formato da linha de corte. Selenis tenta se levantar mas é impedida por Armand que silenciosamente corre para perto dela e pisa com força em sua cabeça, enterrando no chão.
A intensidade do ataque é tão intensa que causa algumas rachaduras em sua máscara e seu nariz se quebra. A dor é imensa e aguda, porém o francês ainda não satisfeito ao retirar seu pé da cabeça da sacerdotisa, chuta-a nas costelas jogando-a para longe e agora com mais alguns outros ossos quebrados e sem sua aura branca defensiva.
-Patético... Espero que entenda que seus esforços até aqui são completamente inúteis... Como os dos seus pais, que achavam que conseguiriam salvar milhares e milhares de pessoas, pensando que os escravistas estavam diminuindo... Patéticos! Diz Armand tentando provocá-la.
Deitada no concreto frio, Selenis usando sua forte força de vontade ignora a intensa dor que se alastra por toda sua face, para executar uma de suas magias.
-Sanitatem...
Círculos luminosos envolvem todo seu corpo, aliviando gradualmente as dores de seus ferimentos e regenerando-os. Armand observa com desprezo enquanto vagarosamente caminha até Selenis.
-Essa sua teimosia só vai lhe fazer sofrer ainda mais, sabia? Entendo que todos os seus sentimentos estão perfeitamente sincronizados com seu espírito, porém deve aceitar a realidade, você nunca será capaz de nos matar, e com certeza sua vingança jamais se completará! Diz Armard continuando sua provocação.
-Fecha essa maldita boca! Diz Selenis quase toda curada levantando-se.
-Essa grosseria jovial é deveras irritante... Murmura Armand. Com toda essa raiva eu possa dizer que sabe utilizar bem seus poderes e que pode ser do meu exército! Mas o fato de ser uma Maxine afeta uma outra parte do meu coração e dos meus sentimentos mais obscuros, que me fazem ter apenas um desejo.
-E acha que eu já não sei que desejo é esse? Levi Gladio! “Espada de luz” em latim.
A mana de Selenis se transfere de seu orbe para sua outra mão, acumulando-se e transformando-se em luz adquirindo um formato semelhante ao de uma espada e então, se põe em guarda com um olhar furioso para o francês, que novamente demonstra-se despreocupado, soltando até mesmo alguns risos.
-Acha que me assusta com isso? E respondendo sua pergunta, não... Você de fato não sabe qual é o desejo que minha mente cria. E sei disso devido sua resposta ao levantar essa espada. Responde Armand.
-Como assim? Pergunta Selenis confusa.
-Ora... Por que não tira essa resposta de mim, caindo sobre meus pés implorando pela vida?
-Nunca! Diz Selenis avançando com sua espada.
-Bom... Vou ser justo com você... Usarei apenas uma lâmina também! Diz Armand guardando um de seus sabres e levanta sua guarda.
As espadas se encontram e se travam violentamente, demonstrando os sentimentos que esse combate causa e também a importância do mesmo. Como uma dança os participantes balançam suas armas como se fossem parte de seus corpos e abusam dos sentidos e reflexos próprios para se defender ou atacar, e cada estalar metálico que as lâminas emitem, a alegria e prazer que antes estavam bem ocultos em Armand, afloram de acordo com a quantia de adrenalina em seu corpo, fazendo-o rir e sorrir durante o combate, o que instiga cada vez mais Alice e Selenis a quererem atravessar a garganta do francês.
-O que foi? É só isso que é capaz de fazer com essa lâmpada estranha? Diz Armand gargalhando.
-De fato, Selenis... Se não conseguirmos sair dessa, com certeza ele vencerá! A habilidade dele com o sabre é muito maior que a nossa. Diz Alice mentalmente.
-Então o que faremos para compensar essa diferença de experiência? Pergunta Selenis.
-A caixa!
-O quê?!
-Aquela caixa estranha, vamos pegá-la e ameaçá-lo com ela! Se ele queria fugir com ela afinal, é porque ela deve ser muito importante!
-Certo! Vou atrás dela agora!
-Está me ignorando por quê? Está tão tensa com a luta que não consegue fazer duas coisas ao mesmo tempo? O que a falta de poder é capaz de fazer com a escória! Diz Armand ainda provocando-a enquanto gargalha intensamente.
-Inlustris! “Brilho das estrelas” em latim. Diz Selenis fechando seus olhos e virando seu rosto.
A espada de luz brilha fortemente obrigando o francês a tampar os seus olhos para que a ardência diminua. Em consequência, a arma se desfaz, porém a sacerdotisa aproveita da oportunidade e corre em direção a caixa metálica que Armand jogou para longe no início da batalha. Faltam pouquíssimos metros para que ela alcançe, porém o francês recupera sua visão e utiliza uma magia para impedi-la.
-Impulsion Psychique!
Selenis ia dar o último passo para agarrar a caixa, mas é empurrada bruscamente para frente como se alguém a jogasse com força para atingir a parede metálica. Mas antes de ocorrer o impacto, mais uma vez, ela usa outra magia defensiva.
-Arcane Clypeus!
O impacto é forte e dolorido, mas a aura mágica protege a sacerdotisa de danos maiores. Ela se encontra com chão de costas tirando um pouco do ar guardado em seus pulmões, entretanto antes de se recuperar do impacto, Armand está ao seu lado com seu sabre apontado para baixo e pronto para perfurá-la.
-Scolare la Fortuna!
O sabre adquire a cor roxa e com isso desce ao chão. Selenis se esquiva movendo sua cabeça para o lado, ficando ainda assim, com a lâmina perto de sua bochecha, demonstrando que a mira de Armand está entre seus olhos. Porém, a esquiva não foi totalmente bem-sucedida. Enquanto ela se distrai com um sabre, o francês consegue velozmente perfurá-la no antebraço esquerdo, atravessando sua armadura e perdendo sua aura mágica devido a lâmina que a atingiu também está encantada com a mesma magia. A dor é indescritível e os gritos são inevitáveis.
-Isso!!! Seu sofrimento para mim é a melhor música que posso desejar!!! Diz Armand rindo da desgraça alheia.
-MALDITO!!! Grita Selenis tentando se mexer para fazer uma magia.
-Não, não, não... Diz Armand atravessando o outro antebraço da sacerdotisa com seu outro sabre, causando ainda mais sofrimento, dor e gritos. Sabe, você realmente me diverte bastante, me faz lembrar os velhos tempos! Mas devo admitir, sua esgrima é digna dos Maxine, domina a espada tão bem quanto sua mãe, além da beleza e... Desse olhar de ódio! Diz ele ao olhar diretamente para o olhar furioso de Selenis.
-Não fique tão convencido assim!
-Oh! E por que não devo? Armement de Réserve! “Armamento reserva” em francês.
Armand usa sua mana para concentrá-la e materializá-la em novos sabres idênticos aos anteriores e assim se aproxima lentamente da sacerdotisa.
-Porque não estou sozinha nessa! E eles vão acabar com...
-Boca fechada! Diz Armand interrompendo-a enquanto finca seus novos sabres nos joelhos de sua oponente, que se segura para não gritar de dor. Escute aqui, sua criança desesperada! Não adianta se abraçar a uma esperança que não existe! Da mesma forma que acha que seus amigos são fortes, eu também coloquei pessoas que com certeza são capazes de matá-los! Afinal, nós estamos em casa! O que nos garante uma grande vantagem! E no final das contas, você nem sabe se eles estão vivos agora.
-É claro que estão!!!
-PARE DE ABRAÇAR ESSA MALDITA FAGULHA DE ESPERANÇA QUE AINDA RESIDE NESSE SEU CORAÇÃO!!! Grita Armand. Bom... Não adianta gastar saliva com esses Maxines, são teimosos como mulas. O jeito é dar um choque de realidade quando entender o que farei com você, minha nova prisioneira!
-O que quer dizer com isso?!?!
-Hum... Agora que me recordo que não respondi para você qual é meu desejo, não é? Bem... Você não vai implorar pela vida, mas acho que ver você totalmente impotente, e sangrando aos litros... Com certeza é bem melhor!
-Seu doente desgraçado!!!
-Ohhh... Apenas isso que pensa de mim? Fico sentido com isso... Mas voltando ao que interessa! Diz Armand enquanto caminha até a caixa metálica. Você pensará muito mais coisas horríveis de mim quando sentir na pele o que é ter o destino nas mãos do mal. Primeiramente, você se tornará minha escrava... Não... Será brinquedo de todos os meus soldados! Segundamente, se caso conseguir descendentes bastardos, permitirei que cresçam e trabalhem ainda como escravos para toda minha família, tendo aberturas para momentos felizes, construindo laços! E quando na idade certa, os mesmos descendentes terão a mesma função que a sua, e então gradualmente vocês se multiplicarão o suficiente para formar uma suposta família. E só assim, permitirei que façam um massacre na frente de seus olhos matando todos seus parentes, exceto a mais nova das mulheres, que sobreviverá para ver a morte de todos os parentes, incluindo você! E assim o ciclo se repetirá! SEMPRE, SEMPRE E SEMPRE!!!
-Não... Murmura Selenis completamente horrorizada.
-SIM! E eu e toda minha família assistiremos a esse espetáculo de horrores de camarote! O que você fará agora sabendo de todo o seu destino? Escapar não será uma opção... O máximo que poderá fazer é evitar sentimentos como amor, afeto e piedade sobre seus descendentes e abraçar o ódio, medo e desespero desse futuro cruel! Mas conhecendo os moles do Maxine, ISSO SERÁ IMPOSSÍVEL!!!
-Isso não vai acontecer...
-Quê?! Por favor, poupe-me desses seus comentários utópicos! Diz Armand enquanto levanta a caixa metálica e a observa com orgulho. E isso, será entregue ao poderoso cliente, para que a minha recompensa esteja garantida! Para maior poder, um melhor Receptáculo! Por mais que não seja do mesmo nível que este aqui, mas estou satisfeito por agora, graças a essa maravilhosa captura! Uma Maxine, pronta para ter sua linhagem amaldiçoada pela calamidade Chevalier! Diz Armand gargalhando intensamente.
-Você não vai vencer! Diz Selenis indignada.
-Como é?
-Essa guerra ainda não acabou, Armand!!! Não cante a vitória antes da hora! Meus aliados ainda virão e lhe matarão!
-Será mesmo que eles me matarão com uma importante refém em mãos?
-Meu sacrífico será para um bem maior! Prefiro muito mais morrer aqui do que viver no inferno que acabou de me descrever!
-Tola! Não há maneira de chegarem aqui!
-Então espere para ver! Logo lhe provarei o contrário!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro