Capítulo 34 - Deixar Ir.
ㅤㅤJá se tem conhecimento que Wukong e Fernanda estavam em um beco apostando. Mas e Gabriel junto de Maria? Estavam agora provando uns petiscos que compraram após conseguir todos os remédios e suprimentos necessários. As pessoas viam duas pessoas em mantos misteriosos por ali, o que não era comum de se ver por ali, acredite.
ㅤㅤ- Será que os dois já terminaram de comprar nossas roupas? Eu estou desconfortável com os trapos de batalha. - Gabriel devorava um palito de madeira mesmo que não tivesse mais carne ali, comia de tudo.
ㅤㅤ- Pela pouca interação que tivemos com eles Gabriel. . . Devem estar discutindo sobre o que comprar. Devíamos procurar eles, vamos! - Maria levantou já estando satisfeita e segurou o pulso do príncipe e foi caminhando alegremente com ele.
ㅤㅤ- Só espero que não tenha nenhum guerreiro ou guardião por aqui que consiga ver nossos rostos. Eu quero ter mais momentos assim, tranquilos. . . - Maria concordou, o abraçando e logo voltaram a andar.
ㅤㅤEles caminharam bastante, podiam jurar que já tinham passado em algumas vielas inclusive. Mas agora era diferente, em uma delas ouviram um choro e alguns gritos. Era de uma garota, provavelmente uma criança, ao chegarem mais perto tinha sim uma garota.
ㅤㅤUma garota de no máximo sete anos e alguns garotos e garotas da mesma idade, aquilo sim era um exemplo de bullying, estavam tirando sarro e espancando ela ali mesmo no escuro do beco. O motivo? A sua mãe, mesmo que não tivesse contato com ela, sabiam que ela era filha de uma prostituta famosa.
ㅤㅤ- Gabriel, temos que- Maria quase avançou, mas sentiu um aperto em seu braço. Era o príncipe a segurando.
ㅤㅤ- Não, não estamos aqui para isso. - Ele puxou ela para longe dali e saiu andando. Ele lembrava das vezes que também foi espancando e voltava com machucados em seu castelo e seu pai o mandava ser forte.
ㅤㅤ- "Você é um príncipe, tem que aprender a ser forte, sem mim." - Normalmente após essa frase, o pai sempre sumia. Claro que o príncipe só não queria ficar sempre sozinho sendo destratado. . . Espera! Que porra ele está fazendo?! Ele mesmo que tenha tirado Maria dali, o próprio voltou correndo e entrou naquele beco cheio de ódio.
ㅤㅤ- ACHO BOM SAÍREM DE PERTO DELA! - Ele compreendeu, nem todos eram um príncipe com legado e se mesmo ele precisava de ajuda, não podia negar isso a mais ninguém.
ㅤㅤ- Quem é esse idiotinha? - Percebeu-se que não tinham só garotos de sete anos ali, tinha um tipo de repetente de colégio ali também, estava com um pedaço de madeira na mão. - Acho bom você sair anão, vai acabar sendo o próximo! - Sim, o príncipe era meio baixo.
ㅤㅤ- Repete! - Claro que o idiota iria repetir, mas ainda não acabou. - Repete, na minha cara! - O príncipe fechou os punhos ao ponto de querer pular nos idiotas, mas nem precisou. Eles viram algo que os fez gelar, Gabriel exalou tanto ódio que seus olhos pareciam brilhar em azul, e em suas costas. . . Sua forma dracônica, com os olhos agora dourados, não azuis.
ㅤㅤEram crianças, então apenas saíram correndo ao ver aquilo, e a garota que ainda estava ao chão chorando não conseguiu se levantar, coitada. Os dois foram até ela e a seguraram, levando ela até um banco e comprando algo para ela comer também.
ㅤㅤ- Garotinha, você está bem? - Maria perguntou lhe entregando um espeto de carne, que ela agarrou e mordeu sem pensar engolindo um pedaço em seco.
ㅤㅤ- E-estou. . . Obrigada, estranhos. - Ela ia comendo tranquila, agora estava bem segura. Perceberam que ela tinha machucados antigos, não parecia ser a primeira vez.
ㅤㅤ- Eles fazem isso frequentemente? - Ao questionar, Gabriel teve a confirmação que sim. Ele deixou suas garras saírem e pensou em ir atrás deles, até que a garotinha segurou o manto que ele estava usando.
ㅤㅤ- Não precisa ir lá, são só idiotas. Eu não me abalo com isso, não é nada.
ㅤㅤ- Mas qual o motivo dessa violência toda? - Maria questionou, fazendo alguns curativos nela.
ㅤㅤ- Por conta da minha mãe ser uma prostituta. . . Antes me tratavam bem, quando meu pai estava vivo. Era tipo um herói daqui, mas depois que ele morreu, só me vêem como a filha de uma mulher que não me queria. - Ela quase chorou de novo, mas segurou. - Mas meu pai. . . Ele sofria mais que eu, não tenho do que reclamar.
ㅤㅤ- Sim. . . Qual seu nome? - Gabriel percebeu que não tinha sido educado ao ponto de querer perguntar.
ㅤㅤ- Emma. . . Emma Weihen. - Ela estendeu a mão e ao invés de ficarem confusos os dois juntos, Maria agarrou a mão da garota e balançou bem rápido.
ㅤㅤ- WEIHEN?! VOCÊ É FILHA DE ERIK WEIHEN?! - Ele era um dos ídolos de Maria, tinha três exemplares dele. Não conseguia acreditar que conheceu a filha dele. - Sou fã número um do seu pai! Sinto muito pela sua perda.
ㅤㅤGabriel não conhecia as histórias desse homem, mas tem certeza de já ter ouvido isso em alguma de suas aulas sobre os humanos. Eles se ofereceram para levar ela até em casa, e ao chegarem notaram o nome engraçado da loja em que ela os levou: "Vestimentas do Zezin." Maria quis rir, mas não queria afinal a garota os arrastou para dentro.
ㅤㅤ- Vovô! Voltei, e trouxe clientes! - A garotinha ainda tentava ajudar no empreendimento da família e então o senhor veio até todos e então os recebeu muito bem.
ㅤㅤ- Bem-vindos! O que desejam?
ㅤㅤ- Só viemos trazer sua neta senhor, tinham uns idiotas espancando ela! - O senhor ouvindo isso já foi até ela e ficou analisando seu rostinho. Ele pediu detalhes e Maria foi conversando com ele, enquanto Gabriel; farejava.
ㅤㅤ- Esse cheiro. . . - Ele chegava perto daquela jaula de vidro que Wukong tinha visto a roupa que queria e então reconheceu o cheiro, eram de Fernanda e do Rei. - Senhor! Duas pessoas estiveram aqui antes de nós? Uma elfa e um. . . Cara exótico?
ㅤㅤ- Uma elfa. . . Ah, sim! Eles vieram comprar umas roupas aqui e foram atrás de mais dinheiro. . . Seu amigo quis comprar essa roupa aí. - Apontou para a roupa por trás do vidro, a garotinha vendo isso ficou chacoalhando seu avô.
ㅤㅤ- Vovô, você não vendeu as roupas do papai, não é?! Diz que não!
ㅤㅤ- Eu disse que se eles trouxessem 50.000 wuzos eles poderiam levar. - A garota ficou com uma cara de desgosto tão grande que os três se assustaram por um momento.
ㅤㅤ- AS ROUPAS DO PAPAI NÃO TEM VALOR VOVÔ! - Emma saiu em disparada para fora da loja, chorando pois não acreditou que seu avô fez aquilo.
ㅤㅤ- Por que o senhor decidiu vender algo histórico como as roupas de Erik Weihen?! Sei que era pai dele, mas. . . - Maria perguntava tentando não o ofender.
ㅤㅤ- O jeito que seu amigo olhou para as roupas do meu filho. . . Eu sei que ficaria ótimo nele, como ficou no meu filho, mas eu não poderia dar por um preço baixo, então queria ver se ele é capaz de trazer todo o dinheiro! - Incrivelmente não se ofendeu, era uma pergunta plausível afinal. - Considerem um teste pro seu amigo.
ㅤㅤMaria e Gabriel se olharam e deram uma risada tranquila. Sabiam que ele ia conseguir o dinheiro e sem dúvidas, honrar o homem corajoso que usou aquelas roupas uma vez.
ㅤㅤEmma por outro lado, não queria que ninguém levasse as roupas de seu pai embora. Era a única coisa que conseguia fazer ela se sentir mais perto dele, a única coisa que lembrava ela daqueles momentos mágicos aonde ele passeava com ela! O único pensamento na cabeça dela era: - "Tenho que conseguir os 50.000 wuzos antes deles!" - Até esqueceu que Gabriel e Maria tinham lhe ajudado, não podia deixar eles levarem e aquela foi a única solução que conseguiu criar.
ㅤㅤ- FAÇAM SUAS APOSTAS, O HOMEM É IMBATÍVEL! SERÁ QUE ALGUÉM CONSEGUE ABAIXAR ESSE BRAÇO DE FERRO?! - O narrador gritava ao fundo, no mesmo beco que estavam Wukong e Fernanda.
ㅤㅤ- Então Fernanda, quanto falta?
ㅤㅤ- Exatos 5.000 wuzos. - Fernanda disse beijando o saco de dinheiro como se não houvesse amanhã, nunca teve tanto.
ㅤㅤ- Ótimo, vamos! Ninguém mais tem coragem de me enfrentar?! - No mesmo momento que disse isso, o Rei viu uma pequena mão colocar o dinheiro que faltava na mesa e então Emma subiu no banco e se sentou.
ㅤㅤ- Eu! - Ela era uma garota inteligente e já sabia que aquela quantia. . . Era aquele homem que queria as roupas de seu pai.
ㅤㅤClaro que os homens derrotados e o próprio narrador ficaram surpresos, mas logo depois uma chuva de gargalhadas surgiu. Afinal, se homens enormes como eles não conseguiram, como uma criança iria? Mas logo um rugido alto vindo do Rei cessou as risadas.
ㅤㅤ- Não riam dela! Uma coragem assim é de se elogiar, garota. . . Se fizer meu braço se mexer, você ganha. - Deixou o braço na posição e logo viu ela se ajoelhar no banco para o alcançar e agarrou a mão dele.
ㅤㅤ- . . . Comecem!
ㅤㅤA garota ouvindo o narrador, começou. O tanto de esforço que ela fazia para tentar mexer o braço dele era tanta ao ponto das veias da testa dela parecerem que iam estourar, ela rangia os dentes, suava de desespero.
ㅤㅤ- Eu n-não vou deixar você. . . Tirar meu pai de mim! - Ela dizia chorando aos montes por cima do dinheiro que jogou na mesa.
ㅤㅤ- Eu não conheço seu pai. Do que está falando?
ㅤㅤ- Você quer tirar as únicas coisas que me lembram dele, aquelas roupas. . . São tudo pra mim! - Os olhos do Rei arregalaram. . . Finalmente entendeu, ela só estava ali tentando proteger o legado do pai. Sabia o que era isso, percebeu o mesmo sentimento no príncipe que estava acompanhando. A única diferença, é que ele não tinha nada para levar consigo.
ㅤㅤ- Então é isso. . . - Simplesmente do nada, Wukong começou a tremer, rangendo os dentes como ela. Ele tremia como se fizesse esforço, fazendo Fernanda e os outros arregalarem os olhos desacreditados. - Essa garota é muito forte! - O braço de Wukong começou a descer, Fernanda não acreditava naquilo e viu ele forçando os pés, viu que estava fingindo, chegando bem no ouvido dele.
ㅤㅤ- Tem certeza, Son? - Ela perguntou com as mãos sobre seu ombro.
ㅤㅤ- Não posso fazer isso com ela, não sou esse tipo de pessoa! - A garota estava quase perdendo a consciência de tanto esforço. Até que o Rei soltou a mão dela e se jogou contra uma parede, quebrando ela inteira.
ㅤㅤ- . . . E A NOSSA GANHADORA É. . . Garotinha, qual seu nome? - Ela demorou para responder, afinal ficou tão surpresa quanto todo mundo ali.
ㅤㅤ- Emma Weihen! - Todos ficaram ainda mais surpresos, era filha do grande aventureiro cego!
ㅤㅤ- A NOSSA VENCEDORA É A LENDÁRIA EMMA WEIHEN! - O narrador pegou o dinheiro de Fernanda que quase não entregou e entregou para a garotinha, que saiu correndo de volta até seu avô.
ㅤㅤ- Levanta, imbecil. - Fernanda de braços cruzados dizia para Wukong, que logo saiu do buraco na parede.
ㅤㅤ- Ah, não fica irritada! Compramos roupas para mim depois.
ㅤㅤ- Não é por você imbecil, era tanto dinheiro! - Fernanda saiu bufando de raiva de volta para a loja, teriam que dizer ao senhor que não conseguiram.
ㅤㅤEles não iriam desconfiar que a criança era neta do homem da loja. Afinal a roupa do pai dela podia só estar lá a venda pois o senhor era de confiança para o aventureiro. Iriam descobrir ao chegar, mas Wukong estava mais preocupado com Fernanda o ignorando o trajeto inteiro. Mas não tinha o que fazer por agora.
ㅤㅤDiferente deles, a garotinha já tinha chegado na loja carregando o saco pesado de dinheiro. E então viu seu avô e levantou tudo o máximo que pude, chorando de alegria.
ㅤㅤ- V-vovô! Eu trouxe o dinheiro, por favor não venda as roupas do papai. . . Por favor! - Ela caia por conta do esforço que fez e o peso do dinheiro.
ㅤㅤ- Como conseguiu o dinheiro antes deles?
ㅤㅤ- Eu ganhei deles, vovô! Na queda de braço!
ㅤㅤGabriel e Maria não acreditaram nenhum pouco, como ela ia ganhar de Wukong no braço? Até mesmo de Fernanda! Essa dúvida não durou muito, eles entraram na loja alguns minutos depois. Fernanda puxando o Rei pela orelha e então o jogou dentro da loja.
ㅤㅤ- Senhor, nós não conseguimos o dinheiro, uma garot- Fernanda viu a menina ali empurrando o dinheiro para o avô.
ㅤㅤ- Eu trouxe o dinheiro vovô, eles não podem mais ter a roupa!
ㅤㅤ- Oh, ele é seu avô? Hm. . . Senhor, as roupas do pai dela me chamaram muita atenção, mas trato é trato. Eu não consegui, estamos indo. - Wukong fez um sinal para todos, iriam sair. Mas o senhor deixou o dinheiro na bancada e foi até eles, segurando a mão do Rei.
ㅤㅤ- O espírito do meu filho irá descansar tranquilo, sabendo que um homem tão justo que não quis machucar os sentimentos de uma criança, estará usando suas roupas. Por favor, as leve! - Ele se ajoelhava, mas logo foi levantado.
ㅤㅤ- Isso não depende de mim, senhor. . . E sim dela, só se ela estiver confortável com isso.
ㅤㅤEmma via todos olhando para ela, a pressão estava imensa. Ela tinha conseguido o dinheiro e poderia manter as memórias de seu pai ali para sempre com ela. Mas ao ver o sorriso sereno do Rei para com ela, lembrou do mesmo sorriso de seu querido papai. Um olhar tão tranquilo e até mesmo um dos olhos era cego, se ela conseguia ver seu pai nele. . . Podia o ver em todo lugar, não importasse aonde.
ㅤㅤLogo, olhou para a vidraça aonde estavam suas roupas e foi até elas. A garotinha e o avô tinham a chave, ela logo abriu e as segurou com o maior zelo possível, e as entregando para eles.
ㅤㅤ- Meu vovô tem razão, ele iria adorar que você usasse. Só promete lavar bem, t-tá bom?! - A garotinha ia chorar de novo, mas recebeu um abraço apertado de Wukong, fez ela se sentir tranquila e protegida.
ㅤㅤ- Eu juro. . . - O abraço durou alguns minutos, mas então finalmente conseguiram tudo que precisavam. E todos saíram, menos Wukong, o velho tinha um presente para ele ainda.
ㅤㅤDemorou até que ele voltasse, Maria estava vendo as roupas de Fernanda dentro da sacola. Não deixaram Gabriel ver, iria ser surpresa. Mas Maria quando viu a dela ficou cheia de vergonha.
ㅤㅤ- Só tem isso?!! - Ela procurava por mais.
ㅤㅤ- Vou fazer você ficar com um visual maneiro Maria, confia em mim! - Fernanda disse fazendo uma dancinha boba.
ㅤㅤ- Ele já não devia ter voltado? - O príncipe perguntou, mas logo a preocupação cessou quando o viram sem nada nos braços ou usando algo, o senhor tinha mesmo dado um presente?
ㅤㅤ- Desculpe a demora, Emma queria que eu visse fotos do pai dela antes de ir. Ele era mesmo um cara incrível.
ㅤㅤ- Era, né?! O maior aventureiro! - Maria disse feliz, começando a caminhada animada ao lado de Fernanda. Enquanto isso, Gabriel e Wukong iam bater um papo.
ㅤㅤ- Você é mesmo um cara legal Wukong, eu fiquei admirado.
ㅤㅤ- . . . Obrigado, vindo de você significa muito carinha. - Fez um cafuné na cabeça dele e continuou andando, todos juntos dessa vez.
ㅤㅤEmma e seu avô viam aquele grupo peculiar sumir de vista, a garotinha conforme os via caminhar, chorava cada vez menos. Ela depois de dois longos anos compreendeu que as vezes, temos que deixar as lembranças irem, deixar aqueles que amamos descansarem.
ㅤㅤEla não precisava de pedaços de tecido e couro para lembrar de seu amado pai, ele sempre estaria com ela. Aquilo já era o suficiente, mais do que suficiente, até que fez uma promessa para seu querido avô, logo ao lado, o abraçando com vontade.
ㅤㅤ- Vovô, eu prometo que vou ser forte como aquele senhor e um dia virar uma aventureira igual o papai era! - O senhor abraçou ela, ele sempre achou as aventuras de seu filho algo perigoso, mas os livros que ele escreveu, as coisas que fez. . . E a criança incrível que deixou para ele cuidar, tinha certeza que sim, ela ia ser uma aventureira forte também!
ㅤㅤ- Tão boa quanto seu pai, querida! - Se ajoelhou e a abraçou com vontade, um abraço apertado e caloroso que confortava ambos.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤCONTINUA. . .
Emma Weihen, alguns anos no futuro.
Dizem que é uma aventureira tão habilidosa quanto seu pai, isso se não for mais.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro