Capítulo 14 - Amizade.
ㅤㅤDragões são criaturas majestosas e acima de tudo feras, mas como são tão amigáveis? Uma vez um pequeno bebê se perdeu de seus pais em uma colina, nessa mesma época essas feras aladas ainda não tinham boas relações com a maioria dos humanos. Isso mudava pouco a pouco conforme o bebê e o filhote de um dragão se encontravam, o pequeno dragão percebeu que o mais frágil sentia medo e ficou com ele, o protegendo até que seus pais chegassem para buscá-lo.
ㅤㅤEsse acontecimento mudou grande parte do mundo, o rei dos dragões, pai de Gabriel, conseguiu estabelecer relações amigáveis com o resto do mundo humano, e até mesmo o mundo de outras tantas feras, menos os magos. . .
ㅤㅤOs dragões eram os únicos que podiam cancelar a magia dos magos, isso os tornou maiores inimigos, uma rixa que ainda não tem solução. Mas do que isso importa? A relação com o mundo estavam boas, podia se dizer até que os dragões eram os melhores amigos do homem, até claro, o dia fatídico que mudou a vida do nosso príncipe, sua reputação excelente destruída, tudo que representavam, suas culturas? Todas jogadas ao alto como se não fossem nada.
ㅤㅤEsse tipo de amizade ainda assim, não se extinguiu. O nosso príncipe conquistou uma amizade incompreensível com nossa maga em aprendizado, aquela que era para ser a maior inimiga dos dragões.
ㅤㅤO que aconteceu com Maria? Depois que apertou aquela runa com força, causou uma explosão, mas ela não afetou a mesma, estava até mesmo melhor que antes. A loira por outro lado, estava caída no chão, olhando para as copas das árvores, estava gravemente ferida, sem entender o que acontecia, enquanto cuspia sangue. - C-como. . .? - Maria interrompeu pisando forte no chão, enquanto ainda olhava para ela cheia de raiva, apontando o dedo da manopla na cara dela.
ㅤㅤ- Isso foi tudo culpa sua! Era só ter nos deixado em paz! - Maria nunca teve tanta confiança, chegando perto mesmo com sua oponente acordada.
ㅤㅤ- O q-que você f-fez? - Ela tossia enquanto falava em pausas.
ㅤㅤ- Usei um presente de uns amigos, deve saber sobre as runas de dano revertido. . . Tudo que me causou, causei em você em dobro! - Quando Maria foi levantar para ir ajudar Gabriel, afinal ouviu um estrondo, sentiu Cachinhos lhe agarrar pela sua bota. - Por qual motivo se arrisca tanto por aquele dragão? Sua idiota! - A loira ainda não entendia, aquele pequeno príncipe representava perigo, pelo menos foi isso que lhe ensinaram, mas Maria se soltou sem muita dificuldade.
ㅤㅤ- Diferente de você, eu não acho que ele é só um dragão! - Finalmente a garota se virou de costas para a loira, correndo sem demora até Gabriel, nos levando novamente até o. . .
ㅤㅤPresente.
ㅤㅤVidro, o grande mestre se posicionava para entrar em um combate com Maria, já ferida. Claro que ela não tinha o mínimo calibre marcial para tentar o combater, mas ele não iria jogar o esforço de uma jovem tão determinada quanto ela, no lixo. Ele ficava parado, esperava que ela viesse, até que ouviu a coisa mais engraçada de sua vida.
ㅤㅤ- Pode vir velhote, o que foi? Está com medo?! - Ele não se conteve e soltou uma risada de deboche.
ㅤㅤ- Não, só não achei que fosse idiota o suficiente para esperar que eu fosse! - Ao terminar a frase, em um piscar de olhos, estava na frente de Maria, lhe dando um peteleco na testa, aquilo parecia mais um soco, a jogando contra o chão na mesma hora, amortecendo o impacto do seu crânio com sua bolsa, que por coincidência, parou onde sua cabeça iria bater. - Garota! Você deve ter nascido com muita sorte, se batesse contra o chão iria morrer, não que você não vá! - Ele deu um chute baixo, acertando em cheio o estômago de Maria, a dor dela era indescritível, apenas conseguindo dar um grito querendo recuperar o ar.
ㅤㅤ- Podia ter nos deixado cuidar do seu amigo e poderia voltar para casa, ele não é igual você. . . Você sim tem lugar para voltar.
ㅤㅤ- N-nunca. . . - Ela não conseguia terminar a frase, estava perdendo o ar.
ㅤㅤ- Oh, quando fiquei tão mal educado? Fale. - Tirou seu pé dali.
ㅤㅤ- Nunca o deixaria sozinho com idiotas que nem vocês! - Ela mesmo com dor, tentou se levantar para agarrar o senhor.
ㅤㅤMas estranhamente, parecia ter atravessado seu corpo, como se uma rajada de ar levasse ela para trás, a jogando contra o chão. Aquilo foi o velho mestre, ele utilizou do próprio ar em volta para jogar Maria ali, atrás dele. - Muito pretensiosa em achar que podia me derrubar, jovens. . . - Quando ia se virar para a garota novamente, ouviu passos pesados se aproximando, o príncipe dragão acordou, Gabriel já tentou desferir uma mordida no velho, com sua forte mandíbula que podia destruir árvores.
ㅤㅤEstranho foi que o senhor deslizou pela boca do dragão, saltando mais alto que um humano normal iria conseguir, criando um pequeno redemoinho de ar abaixo dos pés, caindo por cima de uma pedra. - Você está acordado, majestade? Ótimo! Não seria divertido se a presa morresse tão rápido! - Mas logo o olhar de admiração chegou para com o príncipe, o corpo dele era reativo, ainda estava inconsciente, ele podia ver isso pelas pupilas totalmente brancas da forma animal dele.
ㅤㅤ- Quer proteger sua amiga inconscientemente? Incrível! - Maria jogou uma pedra enquanto o senhor estava distraído, mas ele apenas quebrou ela em pedaços, quebrando o ar novamente, causando pequenos tremores ao redor de sua mão. - O que é isso?! - Maria se questionava, como ele controlava o ar? Não era magia, como seus compatriotas magos faziam.
ㅤㅤ- Hm? Isso é Fluxo! Você é uma maga e não sabe o que é? - Ele ganhou mais motivos para rir.
ㅤㅤ- Não sei que baboseira é essa e não preciso saber, tenho minha mana! - Ela começou a brilhar um pouco, com uma aura rosa.
ㅤㅤ- Não são tão diferentes assim. . . - Uma aura branca começou a surgir pelo senhor também, o fazendo brilhar, ele fazia uma espécie de dança enquanto lançava uma rajada de ar, parecia uma lâmina, cortando um lado dos cabelos de Maria. -
ㅤㅤCom isso, eu posso simplesmente usar o Fluxo do mundo junto do meu, podendo o controlar parcialmente, assim! - Ele abriu as mãos para os lados de seu corpo, parecia estar agarrando algo, mas não, ele segurava o próprio ar, que parecia ser algo abstrato, mas não era.
ㅤㅤEle literalmente agarrava o ar, o quebrando como se fosse vidro, esses cacos simbólicos faziam a terra e tudo ao redor tremer, fazendo até mesmo Gabriel acordar, olhando para o senhor e Maria, que estava dando o seu melhor para ficar em pé.
ㅤㅤ- "Maria!" - Gabriel chamava ela mentalmente, enquanto corria o mais rápido que podia mesmo sendo pesado para ir até ela e tentar fugir, mas o senhor saltava até ele e dava um chute forte em uma de suas asas, o jogando no chão novamente, ficando por cima dele.
ㅤㅤ- Sabia que ser um alvo tão grande é muita burrice?! - O velho carregou um soco pesado, que quebrava o ar em camadas até chegar no rosto duro do dragão, que chegou até a rachar suas escamas, até que Gabriel rapidamente voltou em sua forma humana e aproveitou da fumaça que produziu no processo para segurar o rosto do senhor e lhe dar um soco e o fazer ir um pouco para trás, míseros metros.
ㅤㅤEle tinha a cabeça levemente empurrada mas logo voltava, e quando voltou a olhar para o príncipe viu algo que não via faziam anos. . . A mesma pose que Retsu, fazia quando caçava junto dele. Pelo menos, uma tentativa de imitar seu velho companheiro; ofendido, foi como Vidro se sentiu ao ver Gabriel tentando imitar seu mais antigo amigo, então ao invés de avançar para atacar, deu um tapa na cara do rapaz, como se fosse seu pai, que estava o punindo.
ㅤㅤ- QUEM TE DEU PERMISSÃO DE USAR ESSE ESTILO?! - Ele dava mais dois tapas enquanto na última, dava um chute em seu estômago o fazendo cair para trás.
ㅤㅤ- Meu mestre Retsu, o maior de todos! - Ele fazia força com as mãos e ficava em pé novamente, em posição.
ㅤㅤ- Seu m-mestre? Claro, claro que ele é seu mestre! - Agora os golpes do velho não eram mais lentos, ele agora iria ligar como um verdadeiro mestre marcial, com golpes rápidos e versáteis, confundindo Gabriel que mal se defendia. - Ele não te ensinou nada? Você não sabe nem se defender?! - Gabriel realmente nunca foi um bom aluno, mas sempre deu seu melhor para tentar, só podia se jogar para trás, evitando ao máximo de Vidro o atingir.
ㅤㅤ- Está dizendo que ele não sabia ensinar? Ora seu! - Ele ficou irritado, pois sabia que seu mestre não estava lá para se defender e nunca estaria, ele se foi.
ㅤㅤ- Se ele te visse agora, estaria envergonhado! - Com essa frase foi a gota d'água, Gabriel aproveitou de uma abertura sem nem mesmo saber, dando um soco em cheio no rosto do velho, quebrando seus óculos.
ㅤㅤ- Eu mesmo vou dizer que seu discípulo é uma piada! - Ele pegou os óculos quebrados e jogou em uma velocidade extrema no rosto do garoto, o fazendo girar para trás, e então avançou e começou a espancar ele contra o chão, ele só conseguia se defender com os braços.
ㅤㅤVidro não parecia irritado ou preocupado com o que Gabriel poderia representar, mas sim por ele estar desperdiçando as técnicas bem cultivadas de seu antigo amigo e rival, Retsu. Maria via que o senhor não ia parar até que matasse Gabriel, então ela apenas gritou.
ㅤㅤ- ELE TÁ MORTO! – Os socos pararam abruptamente, o velho olhou imediatamente para Maria, confuso. Se levantando e deixando Gabriel em segundo plano ali no chão. - Hm? Como assim garotinha, quem está morto?
ㅤㅤ- R-Retsu. . . Aquele senhor gentil está morto. - Ela falava tremendo, pois conseguia ver a aura reluzente do velho ficando escura, como se estivesse se apagando em meio a um rio de escuridão.
ㅤㅤ- Eu vi seu cartaz de procurado mas não achei que. . . Isso é culpa de vocês dois! - Ele deu um chute poderoso contra o rosto de Gabriel no chão, mas não o atingiu, e sim algo diferente, era menor e então percebeu que era o pé de alguém do seu lado, era a Cachinhos Dourados. - Querida, está viva? - Ele achou que ela estava morta, mas principalmente, qual o motivo dela ter o parado?
ㅤㅤEle tirou seu pé de perto do garoto e fez um teste, se movendo em algumas direções para ter acesso aos pontos vulneráveis do corpo do príncipe, mas a loira andava junto dele, não ia deixar que o tocasse. - Que merda você tá fazendo, em?! - Ela apenas levantou os punhos e começou a dar pulinhos, indicando que não iria deixar ele chegar perto sem lutar, logo ela dirigiu a palavra para Maria.
ㅤㅤ- Ei garota idiota! Leve seu amigo daqui. - Maria ficou confusa, agora ela queria os ajudar? Mas não teve tempo de pensar, ela chutou Gabriel para que Maria o pegasse. Foi o que fez, segurou o corpo pequeno de Gabriel e colocou no colo, começando a correr até aquela espada com a marcação novamente.
ㅤㅤ- O que está fazendo, Cachinhos?! Os monstros vão fugir! - Ele tentou avançar, mas ela como uma barreira se colocava na frente tentando o golpear. - Você não vai passar por mim, velho! - Ela não conseguia atingir Vidro, assim como os nossos heróis, mostrando que até mesmo naquele trio de caçadores, o velho era superior.
ㅤㅤ- Sabe que não vou te machucar, por favor. . . Saia do caminho! - Ele sentia dor só de imaginar machucar Cachinhos, sempre enxergou a garota como uma filha que nunca pôde ter.
ㅤㅤ- Nunca! - Ela achou que tinha acertado um soco, mas percebeu que tinha voado para longe, de repente. Como? Ela em um momento estava ao lado do mestre, ele simplesmente a jogou para longe com um movimento de mão, como se tirasse uma mosca do seu caminho.
ㅤㅤ- Tudo bem, eu mesmo crio meu caminho. - Ele posicionou as mãos e fez um golpe cortante no ar, fazendo as ondas de choque irem na direção de Maria.
ㅤㅤEla não era mais rápida que ondas de choque, no momento que ia ser atingida, Gabriel acordou e se jogou na sua frente, fazendo suas escamas duras saírem, aguentando o máximo que podia com a dor que já estava.
ㅤㅤVidro se surpreendeu com a pose que Gabriel fez, era a mesma que Retsu fazia quando recebia um golpe parecido, no passado o mesmo tinha um mantra para isso e inconscientemente os dois, o velho e Gabriel repetiam baixo e ao mesmo tempo, sem ouvirem um ao outro. - "Leve como pena, duro como rocha, aquilo que desaba, não me abala." - Em respeito, Vidro não atacou novamente, apenas encarou Gabriel ao longe, ambos com um olhar feroz um pelo outro, até que Maria puxou o príncipe para longe, o velho mestre não os seguiu e foi até Cachinhos.
ㅤㅤ- Porque você resolveu os ajudar, Cachinhos? - Ele estava com um semblante sério, mas sem raiva para com a garota.
ㅤㅤ- E-eles me lembraram de você e do senhor. . . Retsu~ - Ela afirmava com um sorriso, deixando o velho desconfortável, ele se levantou a agarrando nos braços, iriam até o corpo do Pescador, que ainda estava ali morto, sem um devido enterro no chão, em meio à várias espadas.
ㅤㅤ- Eu também nos enxerguei neles, por um momento, sabe. . . - Os dois velhos mestres tiveram um passado conturbado, mas era evidente que nenhum deles tinha menos respeito de um, do que pelo outro.
ㅤㅤPensando se o que Maria disse foi mesmo verdade, ele indagou para si mesmo, será que Retsu realmente tinha morrido? O caminho de seu rival foi considerado errado por muito tempo, mas não imaginou que iria chegar até aquilo, aquele destino cruel.
ㅤㅤEspera, mas que caminho? Bom, isso irão saber um pouco depois. Uma história de dois grandes amigos, assim como o dragão antes era considerado o maior amigo do homem, aqueles dois eram considerados os homens mais amigos que existiram.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤCONTINUA. . .
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