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UM POUCO DE MEL (capítulo atualizado)

M E L I S S A    S A N C H E Z


Eu soltei uma gargalhada comemorando, aliviada pela bomba não ter explodido.
Cassie saiu correndo do salão, em direção ao lago e vimos ela se jogar em cima do rapaz que tinha acabado de levantar da grama. Ele desequilibrou e os dois acabaram caindo, mas isso não atrapalhou o momento fofo do casal. Cassie continuava grudada nele, o abraçando e enchendo de beijos, super feliz. Os dois riam, rolando na grama, Edgar correspondia ao abraço e cada beijo, muito satisfeito pela sua recompensa.

Sorri e com Enzo, fomos lá fora, com eles, para agradecer a Edgar pelo seu ato heroico que salvou o dia.

— Olha, só eu estou te molhando toda, vai estragar a sua roupa... — disse ao deixar Cassie ficar por cima, enquanto ele abraçava sua cintura.

— Dane-se o vestido. Você tem noção do que acabou de fazer, Edgar? Você salvou umas trezentas vidas em menos de cinco minutos. — ela indagou ao acariciar o seu rosto — Você é incrível, sabia? Você salvou o dia.

Quando nos viram, ao nos aproximarmos, o casal se levantou, Cassie ajudou Edgar, que estava ajeitando o cabelo, ainda ensopado.

— Pois, é. Cada um tem que fazer a sua parte. Alguns de nós abrem cachorros mortos e os degolam, ou então detonam bolos de casamento caríssimos, e outros se penduram em estátuas de santos do segundo andar de uma igreja para conseguir pistas. Já eu? Bom, eu mergulho em lagos com placas de proibido nadar para pegar envelopes coloridos com pistas que desarmam bombas em caixas de presentes de casamento.. — deu de ombros — Enfim... Cada louco com a sua mania.


Acabamos rindo, das gracinhas de Edgar.
Sem a ameaça iminente de bomba, o ar estava mais leve, podíamos finalmente relaxar e descontrair.

— Não pensei que fosse sério o lance de ser nadador... — falei cruzando os braços ao olhar para Edgar — Você podia ir para as olimpíadas. Foi extremamente rápido.

— Acho que a pressão de uma bomba prestes a explodir em menos de cinco minutos ajudou um pouco. — brincou.

— Você se superou cara. Salvou todo mundo. Foi incrível. — Enzo o elogiou, estendendo a mão para ele dar um soquinho.

Edgar sorriu, correspondendo ao cumprimento.

— Foi um trabalho de equipe, cara. Como disse, cada um fez a sua parte. Nós salvamos todo mundo.

— Esquadrão suicida: 2 x Bombardeador: 0! — Cassie comemorou o placar, fazendo o dois com os dedos.

— É melhor não ficar comemorando, hein. Esse foi o nível médio, imaginem o nível difícil. — Enzo já especulou, nos olhando.

— Na verdade eu tô preocupado com o nível expert...Isso, caso a gente consiga passar no difícil é claro. — Edgar falou ao coçar a barba.

— É por isso que precisamos desmascarar esse cara antes dele nos matar. — disse pegando as folhas das pistas aleatórias que encontramos — De acordo com o padrão temos uma semana de férias depois de cada fase. Precisamos usar esse tempo para encaixar essas pistas em seu devido lugar e desmascarar esse canalha. Segundo o jogo, ele deixa uma trilha para chegarmos até a sua identidade.

— É hora da foto gente, a Heloisa pediu para chamar vo.... — Ouvimos a voz de Rodolfo se aproximando da gente, e paramos de falar rapidamente, ao nos virarmos em sua direção. E ele também parou de falar ao se deparar com o estado de Edgar que estava encharcado, com as roupas e cabelos pingando água e depois encarou a filha, que por ter abraçado Edgar, tinha molhado o vestido também.

Cassie deu um passo à frente e quando abriu a boca para tentar se explicar, o pai estendeu a mão, sinalizando para ela parar e balançar a cabeça negativamente.

— Não. Agora não. — ele respirou fundo, tentando manter a calma. — Depois. Depois vocês vão me explicar o que está acontecendo com vocês. Agora, você moleque. — Rodolfo apontou para Edgar — Você vai para o banheiro e vai arrumar um jeito de sair de lá seco. — seu olhar se voltou para todos nós. — Quero todos vocês prontos em dez minutos para tirar as fotos. — mandou e se virou nos dando as costas e voltando para o salão.

Demorou quinze minutos, mas com a ajuda de um secador de cabelo do banheiro feminimo e o soprador de secar mãos do banheiro masculino Edgar com a ajuda de Enzo conseguiram secar a camisa social e calças, mas o paletó ainda estava muito molhado, por causa do tecido mais grosso, então ele decidiu não usar. Quando a Cassie, eu ajudei a secar as partes molhadas do seu vestido com o secador de cabelo e em seguida, retocamos a maquiagem. Com todos arrumados de novo,
voltamos para o salão para a sessão de fotos. Participamos de várias fotos para o álbum do casamento que quase estragam ao tentar salvá-lo.

Como o noivo conseguiu comprar um outro bolo em cima da hora, o casamento seguiu quase normal. Depois das fotos conseguimos, finalmente conseguimos parar para aproveitar o restante da festa, comemos, bebemos, dançamos até cansar. Nós nos divertimos, sem o peso de uma ameaça de bomba.

Quando a festa terminou e todos os convidados foram embora, nós quatro fomos enquadrados pelos recém-casados e por Rodolfo e Verônica.

— Agora vocês podem explicar o motivo de tentar acabar com o meu casamento? — a noiva indagou, com um tom irritado com as mãos na cintura — E é bom que seja um ótimo motivo porque eu estou prestes a matar todos vocês!

— E então foram vocês que destruíram o bolo? — o noivo perguntou de braços cruzados, lembro da Helô ter apresentado ele, alguma vez... Seu nome era Rodrigo — Por que será que eu tenho a leve impressão que são vocês que estão envolvidos com o acidente na igreja?

— Olha a gente tem um ótimo motivo, eu garanto... — respondi eles, atraindo sua atenção — Mas não podemos falar esse motivo, agora...

— Tem um ótimo motivo e não pode falar? — Rodolfo deu uma risada irônica — Parece que vocês se esforçaram ao máximo para estragar o casamento da Heloisa. O bolo, a igreja, o lago. O que há de errado com vocês?

Cassie virou o rosto fechando a cara, com certeza mordendo a língua, querendo responder. Edgar e Enzo permaneceram calados, com o olhar baixo, apenas ouvindo as broncas.
Como Cassie, eu estava irritada, chateada, querendo contar toda a verdade, mas infelizmente não pude. Nós não merecíamos ouvir toda essa bronca, não depois de tudo que passamos para salvar todas as pessoas no casamento, inclusive eles!

— Nós não queríamos estragar o casamento! — falei com os olhos cheios, sem conseguir ouvir em silêncio, como os outros — Muito pelo contrário, queríamos que desse tudo certo!

— E estragar bolo de longe melhoras as coisas, Melissa! — Heloísa repreende ao me encarar.

— Helô, a gente só estava...

Cassie cutucou o meu braço, me fazendo olhar em sua direção. Ela estava balançando a cabeça negativamente. Sinalizando que não adiantava alongar essa discussão.
Realmente não haveria como argumentar sem poder dizer a verdade.

— Eu pensei que você ia gostar de ser Dama, Melissa. — Heloisa estava me encarando com uma expressão de decepção, seu desapontamento e tristeza na voz, esmagaram meu coração — Se você não queria, era só me falar... Nós encontramos outra pessoa.

— Eu gostei muito de ser sua dama... Foi uma honra ser escolhida. Sinto muito por ter te desapontado. — Minha voz saiu num sussurro, enquanto eu tentava segurar minhas lágrimas, com a cabeça baixa.

— Você fez parecer exatamente o contrário...— retrucou magoada — Eu não consigo entender, esse comportamento estranho de vocês...

— Me perdoa... — Sem conseguir segurar o choro por mais tempo, eu tive que sair correndo dali, aos soluços, extremamente chateada com toda essa situação. Nada disso não estava certo. Não era justo.

💣💣💣

C A S S I E   A N D R A D E


Olhamos a Mel sair correndo aos prantos, extremamente chateada com todas as coisas injustas que estávamos ouvindo, sem poder nos defender decentemente.

Heloisa pigarrou, secando o rosto.

— Eu quem deveria sair correndo, chorando. O meu casamento foi um desastre! — falou áspera.

— Acredite, podia ter sido muito pior! — falei, igualmente ríspida.

Heloisa me encarou incrédula.

— Pior?

Quando eu ia responder, Edgar pousou as mãos nos meus ombros, balançando a cabeça, como se dissesse que não valia a pena continuar com aquilo.

— Isso não é justo com a gente... — falei baixo, o encarando.

— É justo tudo o que vocês fizeram? — Meu pai indagou ao me ouvir, erguendo a sua sobrancelha.

Eu fechei os olhos e comecei a respirar fundo, em um tipo de exercício de respiração, tentando me acalmar, pois a minha vontade de gritar que salvamos aquele casamento de uma bomba, estava entalada na minha garganta.

— E então... já acabaram? Podemos ir?

— Não é de hoje esse comportamento estranho de vocês. — a rainha falou pela primeira vez, nos encarando, já desconfiada. Ela se virou para os noivos e pegou nas mãos de Heloisa — Eu espero que vocês nos perdoem, Heloísa.
— Está tudo bem. Não foi culpa de vocês. O importante é que apesar de tudo, o casamento conseguiu dar certo.

Os noivos ficaram conversando com meu pai e Verônica, dando brecha para Enzo, Edgar e eu saímos de perto, sem sermos percebidos.

Não muito longe, ainda no salão encontramos a Mel, sentada no chão, perto das flores.

— Como ela pode pensar isso de mim? Da gente? — ela perguntou entre fungadas, quando viu que nos aproximávamos dela.

— Eles vão entender, quando toda a verdade for à tona. — disse me sentando ao lado dela, e Enzo se sentou do outro — E vão nos pedir desculpa por tudo isso, ainda.

Ela soltou um suspirou pegando na minha mão e deitando sua cabeça no ombro de Enzo.
Edgar se sentou ao meu lado, exausto.

— Pelo menos temos uma semana para descansar e esquecer isso tudo... — falou, ao meu lado.

— Vamos começar agora, indo para casa e dormir até tarde, porque esse dia foi um porre...

— Não. Não. Não, nada disso. — Enzo se levantou, ficando de pé a nossa frente — O que precisamos agora, é de uma saideira. Precisamos comemorar nossa vitória e um belo barzinho.

— Eu gostei da ideia. — Edgar sorriu animado com a ideia se levantando também. — Eu topo.

— Não sei se é uma boa ideia... — falei franzindo a testa e olhei para a Mel, toda borocoxó, deitada no meu ombro. — Nós duas não somos muito de beber. — Eu não gostava de bebidas alcoólicas, pois achava o gosto horrível. O que me agradava eram bebidas docinhas, como balas. Sim, infelizmente tenho o paladar infantil.

— Esse dia foi uma droga. Heloísa está chateada comigo pensando que eu tentei estragar o casamento dela e ainda vou ter que encarar o olhar de decepção de Rodolfo pelo resto da semana. Que se dane, eu quero beber! — ela falou levantando a cabeça e me surpreendendo pela mudança de comportamento.

— Eu gosto cada vez mais dessa garota. — Enzo sorriu animado, a olhando e estendeu a mão para ela — Vamos chutar o balde. Foda-se todo o resto.

Melissa sorriu e pegou sua mão, se levantando. Enzo sorriu, secando seu rosto, a fazendo sorrir.
Franzi a testa, preocupada com essa aproximação repentina dos dois. Ele não era uma das melhores influências para uma Melissa sensível, triste e decepcionada por decepcionar as pessoas que mais admira no trabalho.

— Eu não sei não, Enzo... — Edgar estava me ajudando a ficar de pé também. — A Mel não está bem para...

— Eu tô bem, Cassie. — ela sorriu ao me interromper — Eu preciso disso.

— Bom, só falta a filhinha do papai decidir se vem com a gente ou não. — Enzo me provocou, com um sorrisinho debochado.

— Não precisa ir se não quiser... — Edgar me abraçou por trás e beija minha cabeça — Eu te levo pra casa, de moto.

— Como se precisassem de ninguém para tomar conta de vocês. — resmunguei abraçando seus braços e bufei de leve — Vou ser a sóbria desse rolé.

Seguimos de boto, até um barzinho chique na lapa, um lugar já conhecido por Enzo.
Ele e Edgar deixaram as motos no estacionamento e entramos no bar juntos.
Como já era de imaginar, fomos os centros das atenções, ao entrar no lugar ainda vestidos com as roupas do casamento.

Ignoramos os olhares curiosos, curtindo o ambiente. Era um lugar bem decorado, animado, com música ao vivo e espaço para dançar.
Enzo, como cliente vip, nós conseguimos uma bela mesa e fomos atendidos assim que chegamos e ele pediu quatro caipifrutas para começar. Os drinks chegaram em poucos minutos, em belos copos enfeitados com as frutas do sabor de cada bebida escolhida e um canudinho dobrável.
Eu escolhi a de maracujá, já Mel escolheu a de morango e os meninos ficaram na tradicional de limão.

— Humm, é gostosinha. — falei ao provar a minha, bebendo devagar, com o canudinho.

— É doce. — disse Mel ao saborear a sua em um gole, em seguida ela virou o copo bebendo tudo. — Eu quero mais... — ela puxou o cardápio que estava com Enzo — Não tem algo mais forte? Marguerita... É boa?

— Não é uma boa ideia, a não ser que já esteja acostumada a beber. — disse Edgar a encarando. — E pelo visto não é o caso...

— O que é isso? A Cassie é a minha mãe e você é o meu pai? — indagou áspera, ao ergue as sobrancelhas, o encarando. — Eu sou maior de idade e e estou afim de encher a cara. Me deixa, valeu?

Edgar levantou as mãos como se estivesse se rendendo.

— Ok, ok... Foi mal.

Percebi o olhar surpreso de Enzo pairando em mim enquanto, lentamente, eu degustava a minha bebida e eu só dei os ombros como se dissesse: Eu não te avisei?

Soltando um suspiro longo, ele se levantou e gesticulou para que eu o seguisse, nós dois fomos até a calçada, onde o som do bar ficou abafado, pelas portas fechadas.

— O que tá acontecendo aqui? Quem é aquela garota? — perguntou apontando, ao perceber uma Melissa totalmente diferente da que conhecia.

— Ela está se sentindo culpada pelo que aconteceu no casamento e amanhã bem cedo irá enfrentar um chefe que está desapontado e daqui há algum tempo uma recém-casada muito chateada! Ela só está tentando esquecer isso. Como você mesmo sugeriu. — Soltei um suspiro, me virando para olhar os carros passarem na rua — Somos culpados por quase destruir o casamento, mas só queríamos salvar as pessoas na festa e não poder falar nada sobre isso é enlouquecedor, ainda mais quando o peso de culpa cai sobre a pessoa que foi escolhida para ajudar no casamento e não o contrário, entende? Por ser escolhida para ser dama de honra, ela era uma das pessoas que tinha que fazer de tudo para o casamento dar... E agora ela vai tentar usar o álcool, para afogar todo esse sentimento de culpa. Percebe como isso não ajuda?

— Já sei, já sei... Vir aqui foi uma péssima ideia. Eu só queria trazer todo mundo aqui para relaxar, comemorar que não morremos. — suspira olhando para ela dentro do bar — Como iria imaginar que ela iria pirar e ficar assim? O que eu posso fazer para arrumar isso?

— Você pode passar essa noite com ela.

— O que? — indagou surpreso, me fazendo revirar os olhos.

— Não é desse jeito que está pensando, idiota!— expliquei rapidamente. — O que ela está precisando agora é de carinho, um ombro amigo. Depois que terminamos aqui, você vai levar ela pra casa, vai cuidar dela, vai dar um carinho, um consolo. Depois vai colocar ela pra dormir e só vai embora quando ela for sair trabalhar. É só disso que ela precisa, de carinho e alguém que entende o que estamos passando.

— E porque não pode ser você. São melhores amigas não são? — argumentou cruzando os braços.

— Primeiro. — levantei o meu dedo indicador, com a unha de acrigel decorada — Você que inventou essa história de encher a cara. Segundo, você ouviu ela lá dentro. Ela não quer alguém que banque a mãe ou o pai dela. Só seja legal com ela. Que seja gentil e carinhoso e diga que ela não fez nada de errado. — o encarando, eu falo em tom de ameaça, séria — Se você faltar com respeito, ou fizer qualquer coisa, eu mesmo trato de te capar, Enzo. — apontei cutucando seu peito dando ênfase a minha ameaça, enquanto ele me encarava com espanto e segui de volta para o bar.

— Ei! Eu não disse que topava isso.

Como eu continuei andando e entrando no bar, ao perceber que foi ignorado e não tinha escolha.
Quando Enzo voltou ao bar, eu já estava acomodada ao lado de Edgar e a mesa, tinha uns cinco copos vazios de drinks diferentes que Melissa pediu para provar e virou tudo.

Enquanto Enzo se acomodava ao lado de Melissa, o garçom já servia outra caipirinha, para Mel, que já estava aparentemente alterada por todas as bebidas que tomou.

Sorrindo, ela agradece ao garçom, já levando a mão em direção a bebida, mas Enzo intercepta o copo.

— Quer ajuda? — ele perguntou e sem esperar a resposta, virou todo o líquido do copo de uma vez. — Uau! Essa estava forte. — disse ao se sentar.

— É, e era pra mim! — resmungou, sem gostar do roubo da sua bebida. — Por que não pediu uma pra você? — ela já estava levantando a mão para chamar o garçom e pedir outra bebida, mas Enzo segura seu pulso com leveza e abaixa sua mão devagar.

— Vamos pra casa. Eu vou fechar a conta. — falou ao se levantar e tirar a carteira do bolso.

Sua declaração fez Melissa e Edgar o olharem confusos.

— Nós acabamos de chegar! — aumentou o encarando.

— Eu sei. Mas, vamos continuar essa festa em casa. — ele deu um sorriso de canto, a encarando. — Que tal a sua casa?

Edgar olhou para mim, ainda confuso eu só dei de ombros e finalizei minha caipivodka de maracujá, que estava deliciosa.

— Na minha casa? — indagou, pensativa. Avaliando a ideia.

— É, e assim nós podemos falar abertamente do Bombardeador e até dá uma olhada nas provas. — ele mentiu, a encarando ainda com seu sorriso de galanteio barato — Eu aposto 100 reais que você tem um quarto cheios de computadores e equipamentos nerds, que invadem redes secretas e privadas. — sorriu se virando para mim e Edgar. — O que vocês acham, topam? Eu sei fazer ótimos drinks também.

— Por mim tudo bem. — Edgar já foi topando, ao se levantar.

— Tanto faz. — Mel deu de ombros — Desde que tenha bebidas. Você vai Cassie.

— Eu vou pra casa. Só quero a minha cama. — dispensei o convite, percebendo que Enzo entendeu o meu recado e na verdade queria levar Melissa para casa. — Edgar, você me leva pra casa?

Edgar assente rapidamente.

— Claro, então fica pra próxima, gente. Vou levar a Cassie e também vou pra casa. — ele se despediu de Melissa e Enzo.

Foi aí que nos separamos.




💣💣💣

E N Z O    T E I X E I R A

Quase bêbada, até que a Mel conseguiu me instruir bem até a sua casa. Ela também morava em Ipanema, em um prédio bem localizado no bairro, mas nada muito chique. Enquanto subíamos de elevador, ela me contou que também morava com os pais, que são formados em medicina e biomedicina. Os dois trabalhavam juntos em um laboratório medicinal.

— Que coisa bonita, família de biológicas. — falei ao sair do elevador e segui-la pelo corredor. — Imagino que até seus filhos terão esse gene e vão trabalhar nessa área.

— E você é o patinho feio da sua família, menino da engenharia de produção, enquanto todos são do ramo do direito. — retrucou ao pegar suas chaves, já parecendo mais sóbria e entrando.

— Eu vou mudar. — ri a acompanhando e entrando junto com ela, a casa estava toda escura, com todas as luzes apagadas — Pretendo honrar a família.

— Hum, meus pais ainda não chegaram... Devem ter saído para algum lugar depois da festa. — ela concluiu se sentando no sofá, e tirando os saltos altos — Aí, meus pés... por que salto altos são tão dolorosos? — resmungou esticando os pés e recostando no sofá — Você pode ir preparando as bebidas, enquanto eu vou pro quarto tirar esse vestido?

Concordei com a cabeça enquanto tirava os meus sapatos, paletó e gravata. Melissa sorri, agradecida e levanta indo para o quarto e me deixando na sala.
Sigo para a cozinha, pegando os ingredientes para fazer uma leve batida de morango, alguns minutos depois, quando já estava terminando a batida, Melissa surge vestindo um moletom, com estampa do herói da marvel, flash e uma calça do mesmo conjunto, estampada com vários mini raios.

— É, sério?

— O que foi? Ele é um dos meus heróis preferidos.

— Você é mesmo muito nerd. — falei sorrindo, enquanto servia dois copos de batida.

Melissa sorriu, pegando sua batida e dessa vez ao invés de virar, ela degustou com um gole.

— Hum, que delicia.

— Quer conversar? — perguntei depois de bebericar a minha.

Soltando um longo suspiro, ela depositou seu copo na mesa e ficou o encarando por alguns instantes. E então pude perceber sua expressão de exaustão.

— Olha, não precisa ser sobre hoje. — sugeriu a olhando com um sorriso. — Podemos falar sobre qualquer assunto. Pode ser sobre você. Eu quero te conhecer melhor. — Como estávamos na bancada da cozinha, me sentei ao seu lado, trazendo minha batida comigo.

Melissa piscou surpresa, me encarando.

— Você quer saber de mim?

Minha resposta foi um leve menear de cabeça, positivo.
Ela, ainda estranhando a situação, pegou seu copo bebendo mais um gole.

— Sim, um pouco de Mel, sempre faz bem pra saúde — brinquei, fazendo um trocadilho com seu apelido, para descontrair.

— Tipo, o que você quer saber? — indagou, me olhando.

— Bom, você já sabe a minha história, de como eu me interessei nesse ramo da investigação, por causa da história com o Stalker. E é a primeira pessoa a saber que vou mudar o meu curso para direito. Você também sabe da minha relação com o Rodolfo, com a Cassie. E você já até conheceu a minha mãe. Você praticamente já sabe tudo sobre mim e eu não sei nada sobre você. Só sei que você é a ratinha de laboratório superdotada de homicídios e estagiária preferida do Rodolfo.

Ela sorriu, me ouvindo.

— Dúvido, não sei se sou tão preferida assim agora... — disse com um sorrisinho. — Mas pode fazer suas perguntas.

— Vamos começar. — sorri pensando. — Qual o seu sabor de sorvete preferido?

— Sério? — me indagou risonha.

Balancei a cabeça, confirmando que era uma pergunta séria.

— Sorvete sensação, de morango com pedaços de chocolate. Hummm, o melhor do mundo.

Ela estava sorrindo, ao falar do seu sabor preferido de sorvete, o que me fez sorrir junto com ela.

— E o seu?

— O meu é napolitano. Três em um. Quer coisa melhor?

Melissa sorriu e deu outro gole na sua batida.

— É gostoso também.

— Seu filme preferido?

— Essa é difícil... — falou mordendo o lábio — Filmes de heróis, com certeza. E não consigo escolher só um.

— Jurava que iria falar de Guerra nas estrelas.

— E quem disse que não gosto de guerra nas estrelas? — retrucou com um sorrisinho.

— Imaginei. — falei sorrindo. — E, e série de tv favorita?

— Doutor House. — respondeu rápido, quase sem pensar — Medicina e investigação. Combinação perfeita.

— Interessante. Deixa eu adivinhar, você entende um pouco de medicina também?

Mel soltou uma risada graciosa.

— O básico dos primeiros socorros... e sim, algumas coisinhas. Tenho pais médicos e cientistas, eu cresci em meio a livros e anatomias e tal. Não tinha como não saber.

— Pelo visto, seu hobby é estudar, não é?

— Eu só me interesso pelo novo.

— Alguém está precisando mudar o estilo de vida, em ratinha. Você é tão inteligente, mas não sabe como se divertir. Bom, você está com sorte, por me ter na sua vida, pois sou o mestre da diversão e vou te ensinar todos os meus segredos. — pisco, sugestivo.

Melissa riu, batendo um tapa no meu ombro.

— Você é muito besta.

— Continuando... Faz quanto tempo que você trabalha com Rodolfo? E como exatamente você entrou na homicídios.

— Bom... e comecei com dezesseis anos... — começou pensativa, puxando os detalhes da memória, segurando o copo com as duas mãos — Quando terminei a escola, já fui fazer a minha faculdade de ciência da computação, para depois fazer a pós graduação em perícia criminal. Na época eu já era obcecada pela área e corri logo, agarrando a bolsa que tinha ganhando depois de fazer o ENEM. Quando conheci Rodolfo, eu já estava no segundo ou terceiro período do curso e foi muito por acaso que a gente se esbarrou. — ela começou a sorrir — É uma história bem curiosa, na verdade. Eu sou um pouco parecida com a Cassie, sabe? Sempre fui ligada nessas séries criminais, mas o meu foco mesmo era na ciência forense, o modo de achar pistas que levassem até o culpado do crime, todos aqueles equipamentos e tecnologias me encantaram. Ai eu pensei, eu quero trabalhar nisso. E desde do ensino médio eu já pesquisava na internet, qual faculdade eu deveria fazer, essa foi a parte fácil. Então, eu me dediquei mais na área, para tirar notas altas no enem, e ter pontos o suficiente para o curso... Como eu estava animada, com a faculdade nova, logo estava ansiosa para trabalhar, mas como estava apenas no segundo ou terceiro período, tive que focar nos estudos. E então, em mais um dia comum, eu fui até o laboratório, onde meus pais trabalham, para levar alguma coisa pra eles, não lembro bem o que. Contudo, descobri que não era um bom momento para visitas, pois eles estavam passando por uma crise. O que aconteceu foi que um dos cientistas cometeu um erro e esse erro custou a vida de um paciente. O laboratório havia se tornado uma cena de crime e a polícia civil, já estava lá, isolando o laboratório todo. Meus pais estavam desesperados, nenhuma morte nunca havia acontecido ali e mortes em laboratório médico tem um impacto negativo. Ninguém mais confia nos métodos e não se oferece para os testes em humanos. Bom, na entrada, quando estava chegando, eu barrei com um conhecido da família, um cientista que trabalhava lá desde sempre. E sempre que ele me via, parava para dar um alô, conversar, mas nesse dia ele estava muito nervoso e com pressa. No máximo, ele sussurrou um pedido de desculpas e se foi. Eu estranhei, mas não dei muita atenção, então segui em frente e encontrei meus pais na recepção. Lembro que a minha mãe me abraçou, chorosa e meu pai que estava um pouco mais calmo e me explicou a situação, eu fiquei chocada, mas nem tive tempo de reagir, pois a polícia civil já estava mandando fechar tudo, para falar com os suspeitos e testemunhas. Foi quando vi Rodolfo pela primeira vez, ele estava pedindo para que todos se concentrassem na recepção, pois iria falar com cada um. Quando chegou a vez dos meus pais conversarem com ele e eles foram chamados até a sala do paciente morto, para dar mais detalhes e eu fui atrás de intrometida, mas claro não me deixaram entrar, então eu fiquei do lado de fora, enquanto meus pais conversavam com o Rodolfo, dentro do quarto.

— Olá doutores, sou o Investigador Rodolfo Andrade. — o investigador estende a mão para cumprimentar os cientistas. — Gostaria de saber o que aconteceu aqui, me falaram que vocês são os diretores do laboratório.

— Gostaria dizer que é uma satisfação conhecê-lo, mas nessa situação infeliz... Enfim, eu sou o doutor Pablo Sanchez e essa é a doutora e minha esposa Carmen Sanchez. — ele apertou a mão de Rodolfo e em seguida indicou a filha, que seguiu os três até o quarto. — E essa é a nossa filha Melissa.

Sem dar muita atenção à jovem, o investigador a cumprimentou com um leve e educado meneio de cabeça e pediu licença, encostando a porta, deixando a garota do lado de fora.
Curiosa, ela ficou espiando pela fresta, ouvindo toda a conversa dos seus pais com o investigador.

— A verdade, senhor investigador, é que nós também não sabemos o que aconteceu. — a doutora tentou explicar, aflita — Uma situação assim, nunca acontece antes em nosso laboratório. O senhor Reynaldo, nosso voluntário sempre tomou esse tipo de medicação, e até então ela vem dando um resultado positivo para a doença que o acometia. E então de repente, isso acontece... Eu não consigo compreender.

Enquanto o investigador ouvia com atenção, um policial estava anotando tudo em um caderninho.

— Hum, então o Reynaldo tinha o costume de tomar os remédios e nunca surgiram efeitos negativos? Ou vocês nunca perceberam.

— Nunca teve nenhum efeito negativo, nós podemos garantir. — o doutor respondeu com convicção — Nós monitoramos nossos pacientes com cuidado e todo zelo, prestando atenção em qualquer reação negativa para interromper a medicação e repelir do corpo com uma lavagem, se for necessário.

— Isso mesmo, senhor investigador. Nós priorizamos a vida dos nossos pacientes. Queremos o melhor para eles. — garantiu a esposa.

O assistente continuava anotando, concentrado.

— Vocês deram alguma medição diferente para ele? — o investigador, indagou o casal.

No entanto, quando iam responder a questão do investigador, um outro agente da polícia civil, passou por Melissa, pedindo licença e interrompeu o interrogatório ao chamar o superior. O agente estava com um celular na mão, descansando o aparelho no ombro.
Rodolfo bufa, levemente irritado e vai ao encontro do agente.

— Desculpe interromper, mas acabaram de avisar que não vão poder enviar um perito forense. Disseram que os profissionais estão em falta. — o agente tentou explicar — Os superiores nos mandaram nos virar, sem ele.

— Mais ainda? — o Investigador Andrade indagou com deboche, ao ergue uma das sobrancelhas. Em seguida soltou um suspiro pesado e pegou o telefone que estava com o agente e foi até um canto mais reservado, para argumentar com o seu superior.

Enquanto isso, Melissa aproveitou a distração, para se esgueirar para dentro do quarto do paciente, um espaço muito impessoal, como qualquer quarto de hospital, mas ela pode perceber que o paciente, tentou trazer um pouco dele para o espaço, decorando a cômoda com alguns de seus pertences. Como, alguns porta-retratos, com fotos da sua família e miniaturas de personagens de desenhos e filmes, uma pequena pilha de livros de romance e um belo vaso com decoração chinesa, com um singelo arranjo de margaridas amarelas e girassóis.
Curiosa para saber o que estava acontecendo, ela se aproximou da maca, e quando se deparou com o paciente morto, arqueou cobrindo a boca com as mãos. Seus pais se assustaram ao ver sua filha entrar sorrateiramente no quarto com um cadáver. Normalmente a adolescente nunca faria uma coisa dessas, mas naquele dia a sua curiosidade foi maior.

— Filha! Você não deveria estar aqui! — Carmen tentou induzir a adolescente para fora, mas a garota desviou da mãe e deu alguns passos em direção ao paciente morto.

Olhando de perto, ela pode perceber que a garganta do paciente estava muito proeminente, como se estivesse inchada, seu rosto também parecia inchado e também estava roxo. O corpo foi descoberto revelando marcas de urticárias por todo corpo.
Melissa se aproximou lentamente...Ao mesmo que estava horrorizada com a cena, ela sentia uma estranha atração a fazia se aproximar mais e mais do corpo. Querendo desvendar o que tinha acontecido.

— Já sabem a causa da morte? — perguntou, ao tentar passar por debaixo da fita de isolamento da maca, para ver mais de perto.

—Mel!? O que você está fazendo? — o pai dela arqueou espantoso e impediu a filha— Não podemos avançar na cena do crime.

— A causa da morte? — a garota perguntou novamente, olhando do pai para mãe.

— Anafilaxia. — respondeu a mãe, Carmem — Ainda não sabemos como aconteceu... Isso é muito incomum aqui.

Ainda analisando o paciente, Melissa caminhou em volta da maca, pensativa.

— Estranho, muito estranho. Ninguém estava por perto quando ele teve a reação? — a garota perguntou.

— Você não está nos ajudando, filha — disse Pablo sem gostar das perguntas da filha.

— Essa era justamente uma das minhas próximas perguntas. — os três ouviram o investigador falar, ao entrar novamente no quarto. — Em um laboratório medicinal desses, um paciente tem uma reação alérgica fatal e não há nenhum médico por perto para atendê-lo?

Carmem fechou os olhos com força, tentando conter as lágrimas

— Nós não somos negligentes se é o que está querendo dizer, senhor investigador. Como já dissemos, estamos procurando o responsável que atendeu ao paciente por último. Só pode nos explicar, o que de fato aconteceu.

— Acidente ou não, doutora Sanchez, uma pessoa morreu e alguém foi o responsável e precisa prestar contas à justiça, seja quem for. — o investigador disse sério.

— Não foi proposital. — eles ouviram a adolescente falar e quando se deram conta, ela já tinha atravessado a fita que isolava o corpo e o analisava de perto.

O investigador Andrade, sobressaltou quando viu a garota, perto do corpo, como só de desse conta da presença dela, dentro do quarto naquele momento.

— O que essa menina está fazendo aqui? É uma cena do crime, você está contaminado! — falou preocupado — Saia já daí.

— Filhinha, obedece o investigador. Saia daí, vem. — A mãe tentou convencer a filha a sair.

— Eu acho que sei o que aconteceu. — adolescente ignorou os adultos e disse animada, ao levantar o dedo indicador, e saiu de perto do corpo com cuidado, passando por debaixo da fita e foi até os pais. — Mãe, pai. Vocês sabem a doença de cada paciente aqui, certo?

Os dois balançaram a cabeça, positivamente em resposta a pergunta da filha, mas com expressões confusas, sem entender o que ela estava fazendo.

— Certo, então Senhor Reynaldo sofreu anafilaxia, certo? Essa é a causa da morte.

— Certo. — o pai dela concordou com a testa franzida.

— Até agora, o nosso legista está a caminho, para confirmar. — o investigador franziu o cenho, ao perceber que estava participando da brincadeira daquela adolescente e soltou um suspiro. — Olha, e u não tenho tempo para isso. Podem pedir que sua filha se retire. Isso aqui é uma cena de crime e não é um lugar adequado para crianças.

— Calma, eu tenho uma teoria, o senhor não quer ao menos me ouvir, senhor policial. Só preciso de cinco minutinhos. — ela pediu.

— Isso aqui não é uma brincadeira, garota.

— Eu sei, eu sei. Eu só acho que posso ajudar. Só me escuta e se achar absurdo, eu juro que vou embora, senhor policial, por favor.

— Investigador. — ele soltou um suspiro, olhando para o relógio, como tinha tempo até o legista chegar, resolveu ouvir a garota, ele tinha uma filha adolescente e sabe como essa fase é difícil de lidar, quando contrariada. — Você tem três minutos e depois irá para sua casa, esperar seus pais lá, entendeu?

Melissa deu alguns pulinhos empolgada pela oportunidade.

— Legal, legal! — comemorou pulando — O senhor, não vai se arrepender, senhor investigador, eu garanto.

— Agora você tem dois minutos e meio.

— Ok, ok — respirando fundo e se concentrando, Melissa se virou em direção aos pais — Imagino que vocês saibam das alergias que o senhor Reynaldo tem, como sabem das restrições de outros pacientes.

— Correto. — concordou Carmen. — Temos arquivos no computador, com todos os dados importantes dos pacientes. Quando eles se voluntariam, fazemos uma entrevista, perguntando sobre todas as alergias e outras possíveis doenças.

— E qual eram as alergias do Senhor Reynaldo, mãe?

— Se me lembro bem, os analgésicos. — respondeu coçando o queixo — Vou verificar no prontuário. — ela pega o prontuário e confirma a informação e entrega para a filha ler.

— Então é isso. Eu sei o que aconteceu. — falou — Sei como o senhor Reynaldo morreu.

— Quer acabar logo com isso? — o investigador pediu impaciente.

— Tudo bem.... — Melissa limpou a garganta, pigarreando e começou a falar sua teoria. — Suponhamos que o senhor Reynaldo recebeu uma visita da família, então os parentes carinhosos deixaram essas lindas flores. — ela caminhou até a cômoda com os pertences de Reynado e apontou para um vaso, com um arranjo de girassóis e margaridas amarelas. — E antes de algum funcionário do laboratório, conservar as belas flores no vaso, Reynaldo manteve o arranjo próximo de si, ali na mesinha de cabeceira, todo feliz por receber esse carinho da família.

Inicialmente o investigador não estava prestando muita atenção na teoria da jovem, mas se atentou quando percebeu que ela se atém a fatos, que ele não tinha percebido antes e começa a prestar mais atenção na teoria dela.

— Reynaldo se seus parentes ficam conversando, feliz pelas melhoras no tratamento. Quando as visitas se vão, Reynado fica sozinho no quarto, talvez apreciando as flores, segurando perto de si, ou só deixando ao lado, na sua mesinha de cabeceira. Até ai, tudo bem. — ela caminha até a janela do quarto, que era grande e estava aberta. — Geralmente as janelas dos quartos dos pacientes ficam abertas nos dias de calor, para arejar o quarto... Dessa vez não foi diferente... Só que ai, Reynaldo recebe uma outra visita. — Todos os olhares estavam em Melissa, curiosos — Uma visita pequenina e de asas. Uma abelha ou vespa, entram no quarto, atraídas pelas flores. Sabemos que margaridas de girassóis são só algumas das flores preferidas das abelhinhas.
Enfim, Reynaldo está perto das flores e escuta o zumbido da abelha, que voa perto dele. Como qualquer pessoa, ele tem o reflexo de dar um tapa no ar, para espantar o inseto. Infelizmente o gesto só irrita a abelha que acaba picando o seu Reynaldo. Graças a essa picada ele sente algumas dores, alguns incômodos, provavelmente descobrindo outra alergia, e então um médico, terminando seu plantão, distraído e desavisado, vê sua reação e aplica algum analgésico, para aliviar as dores de Reynaldo e vai embora, deixando o próximo médico chegar e monitorar o paciente. Só que a reação alérgica de Reynaldo se agrava, ao se dobrar junto com a reação da picada da abelha. Sentindo dor e começando a ficar sufocado, com dificuldades para respirar, ele sentiu a língua começar a ficar dormente, com tudo isso, infelizmente o paciente não conseguiu chamar por ajuda. Então sua garganta começa a fechar, obstruindo as vias respiratórias... O que acabou o levando óbito em poucos minutos, graças ao choque anafilático.

— Meu Deus! — Carmen estava em choque, ao ouvir a conclusão da sua filha, sobre o caso.

— Sim, isso tudo faz muito sentido, sim... Como você percebeu tudo isso filha? — o pai a indagou surpreso.

— Eu sou uma ótima observadora. — ela sorriu, orgulhosa de si mesma. — E então, senhor investigador, o que acha?

— O meu legista vai me dizer a causa da morte e vamos descobrir se você tem alguma razão, nessa sua teoria toda. — o investigador tentou não se mostrar impressionado pelo raciocínio rápido e olhos afiados da adolescente, apesar de estar. Ele se volta para os cientistas. — Aqui tem câmeras de segurança nos corredores?

— Temos sim. — confirmou o doutor.

— Ótimo, eu quero ver as imagens gravadas perto do horário da morte, assim podemos identificar a última pessoa a sair do quarto e aplicou o analgesico no paciente.

Com prontidão, os médicos cientistas se ofereceram para levar o investigador até a sala de segurança. Meia hora depois, com a chegada do médico legista da equipe do investigador Andrade, confirmou-se que a causa da morte de Reynaldo Silva foi um grave choque anafilático, o que só confirmou que a teoria de Melissa, estava no caminho certo. E para ajudar a corroborar a teoria da adolescente, com as imagens da câmera de segurança, foi possível identificar que o doutor Luís Fagundes, o médico que esbarrou em Melissa, mais cedo, foi o responsável pela morte do paciente Reynaldo Silva, pois ele foi a última pessoa a sair do quarto, horas antes da morte da vítima. Poucas horas depois o doutor Luís Fagundes foi preso, ao ser encontrado em casa.

— O Doutor Luís Fagundes é uma pessoa boa. Eu tenho certeza que ele não teve a intenção. — Carmem estava pesarosa pela prisão do colega de profissão.

— Ele vai responder homicídio culposo, quando não há intenção de matar — o investigador explicou — Entendemos que foi um acidente, uma fatalidade, mas ele precisa responder pelos seus atos.

O doutor Sanchez abraçou a esposa, concordamos.

— Sabemos disso, senhor investigador. Só lamentamos muito que isso tenha acontecido.

Em seguida eles se despedem com um amistoso aperto de mãos, com os doutores agradecendo pelo serviço prestado.
Antes de ir, o investigador foi até a filha do casal, ainda impressionado pela descoberta dela.

— Sua teoria sobre o caso. Estava completamente exata.— o investigador falou se aproximando da garota — Como soube?

— Tenho bons olhos, eu acho— respondeu sorrindo, ao perceber que chamou a atenção do investigador — Sei lá, eu só sou perceptiva, olho os detalhes à volta, sempre procurando um motivo científico que bata. Tipo, a reação alérgica foi muito exagerada. Estava gritante. E eu sei que nenhum dos médicos que trabalham com meus pais dão superdoses para os pacientes, logo percebi que tinha algo de errado. Então deduzi que tinha algo a mais que causou todos aqueles sintomas, analisei o corpo de perto e bingo! Encontrei uma picada no braço, as flores no vaso... Sei lá, não podia ser coincidência.

— Interessante. Você é bem inteligente. Seus pais devem ter orgulho de você. — ele sorriu — Meus parabéns, continue assim e você vai longe, mocinha. — o investigador já estava se virando para ir embora.

— Espera! Eu quero fazer investigação forense e perícia criminal — ela anunciou, o fazendo parar e se virar para encará-la. — Será que pode levar um currículo? Eu estou querendo estagiar e ouvi dizer que vocês não tem cientistas forenses. Eu estou no terceiro período de ciência da computação.

— Sim, nós precisamos de profissionais formados. Que estudaram a fundo sobre o que vão trabalhar. — ele a encara — E você é muito nova para estar na faculdade e trabalhar. Vai estudar, vai.

— Ei! Vai dizer que o meu trabalho, aqui não foi de profissional? — a garota ergueu uma das sobrancelhas confiante — Eu acertei na mosca, qual é? O senhor iria passar o dia todo aqui, trabalha, sem um perito se eu não tivesse ajudado. — ela estendeu o currículo, na direção dele. — Por favor...

O investigador solta um suspiro, pegando o currículo das mãos dela.

— Eu vou levar, mas não garanto nada. — avisou e seguiu para fora do laboratório com sua equipe.

— Uns meses depois, eu recebi uma ligação, para trabalhar com estagiária, um tipo de assistente, na delegacia de homicídios, e foi assim que eu consegui o meu emprego. — Melissa concluiu sua história de como conseguiu trabalhar na com o Rodolfo.

— Interessante. — eu estava se espreguiçando e levantou recolhendo os copos vazios até a pia— Você deu sorte.

— Sorte? — ela indagou ao me encarar, erguendo a sobrancelha.

— Sorte. — afirmei balançando a cabeça com um sorrisinho após provocá-la. —Com certeza a polícia estava sem verba e tiveram que se contentar com uma pirralha, estagiária. — sorri ao implicar e vê-la revirando os olhos.

— Agora entendo, porque a Cassie disse que você é tão irritante. Ela estava certa.

Dei uma risada, balançando a cabeça.

— Faz parte do meu charme, deixar as mulheres louquinhas. — pisquei e apontei para a sala— Vem, vamos ficar no sofá, deve ter algo de bom passando na tv.

Para a minha surpresa, ela desviou de mim e seguiu para um corredor.

— Vamos pro meu quarto... E colocar em alguma coisa em algum desses canais de streaming.

Eu a segui, pelo corredor até a alcançar para o seu quarto e entrei junto com ela, olhando em volta. Curioso de como seria seu espaço pessoal. Uma de suas paredes, a que ficava atrás da cama, paredes, era toda coberta com um papel de parede simulando páginas de hqs, as três paredes restantes eram brancas, com desenhos decorativos. Em sua escrivaninha, ela tinha um computador completo, e também um notebook. Seu guarda-roupa era grande, branco e rosa e ela também,tinha um gato que estava acomodado na cama. Era um felino bonito pelagem longa e farta, preta e branca. O bichano era todo exuberante, com marcações escuras nas extremidades face, orelhas, cauda e pontas das patas.

— Qual é o nome? — Deitei ao lado do felino e comecei a fazer cafuné nele.

— Ele se chama Apolo e é muito dengoso. — falou, pegando o controle da sua televisão e jogando em minha direção, indicando para que eu escolhesse algo para assistirmos.

— Quer assistir o que? — pergunto ao pegar o controle.

— Tanto faz... — ela deu de ombros deitando na cama, perto de Apolo e eu.

— Comédia? — sugeri e como resposta ela deu de ombros.

Escolhi dois filmes de comédia, um brasileiro e um internacional. Os dois conseguiram arrancar nossas risadas, nos divertimos tanto com os filmes, que nem percebemos o tempo passar. Eram quase quatro horas da manhã. Surpresa, Melissa desligou a televisão, dizemos que temos que dormir, pois amanhã ela trabalhava. Ligando o ar-condicionado e puxando o edredom do guarda roupa, ela se deitou ao meu lado, puxando o cobertor para nos cobrir, deitou a cabeça no meu peito, se ajeitando para dormir. Sorrindo, eu deixei ela se acomodar e a abracei fechando os olhos.

— Enzo, obrigada por ficar aqui comigo, essa noite.— sussurrou me abraçando. — Foi muito legal da sua parte, ficar para cuidar de mim.

— Eu só vim pela bebida, ratinha. — brinquei fazendo cafuné.

Melissa soltou uma risadinha doce ao se aninhando ainda mais a mim, eu sorri beijando a sua cabeça, suspirando, sentindo o cheiro doce dos seus cabelos, e abaixei mais a cabeça, até chegar nos seus lábios e dei um beijo curto, o que fez Melissa começar a rir.

— Você ainda está bêbada? — perguntei franzindo a testa.

— Eu não sei. — ela respondeu risonha — O seu beijo fez cosquinha.

— É, você ainda está bêbada.

— Não, tô não. Eu nem bebi tanto assim, Enzo.

— Você bebeu o suficiente.

— Como você é chato — resmungou voltando a fechar os olhos — Boa noite, Enzo.

— Boa noite, Mel. — Também fechei meus olhos, me preparando para dormir e foi assim que passamos o restante da noite. Juntos, dormindo abraçados debaixo do edredom, com o Apolo deitado sob nossas pernas.

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