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O JÁZIGO (capítulo atualizado)

M E L I S S A   S A N C H E Z


— Essa é a mais provável e plausível.

Cassie disse, girando em 90 graus, no baquinho de rodinhas do laboratório.
Bom, ela tinha razão. Essa era a opção mais provável, plausível, simples de se provar e mais importante, era a opção que todos preferíamos que fosse verdade, porque ter um assassino em série solto novamente e agora com sede de vingança contra todos nós, era muito mais assustador.

— E como nós vamos poder comprovar qualquer uma dessas teorias? — perguntou Enzo.

— Vamos usar tudo o que temos... Vamos ter que trabalhar com o que ele nos deu. Ou é isso ou esperar o próximo ataque. — falei séria, os encarando.

— Vamos continuar procurando. — Cassie pulou do baquinho, se aproximando dos monitores. — São duas pistas, vamos formar duplas, aí cada dupla analisa uma pista.

Todos concordamos.

— Vocês dois ficam com a foto da lápide e eu e Edgar com a lista. — ela me entregou a foto da lápide, apesar de eu preferir olhar a imagem pelo telão, para dar zoom e olhar com mais detalhes.

Entreguei a foto para Enzo e foquei no telão, encarando a imagem durante um tempo, buscando os pequenos detalhes na imagem que podem ajudar. Como o ângulo que a foto da lápide foi tirada.
Como a imagem estava perto e nítida, acredito que a imagem tenha sido capturada de perto, para que a frase talhada na pedra fosse legível.

Dei zoom novamente, para tentar ver melhor a imagem.
A lápide era diferente, estranha. Ela parecia ser feita de um material diferente, que não se costuma ver em cemitérios. Ela era chamativa demais, brilhante... E seus detalhes como, manchas marrons, meio avermelhadas se destacavam no preto reluzente. Não, isso não era nada convencional para uma lápide.

— Olha a cor dessa lápide... — cutuquei Enzo — Pesquisa na internet sobre essa pedra...

Enzo, que estava com a foto da lápide nas mãos, foi até o meu computador, se sentando — Hum, vamos ver.... Pedra avermelhada com manchas pretas... — digitou, me fazendo desviar o olhar do telão para ele.

— Não, Enzo. Pedra preta, com manchas marrom-avermelhadas. — corrigir, indo até o computador e digitando.

— Eu sei escrever, sabia?— zombou ao me afastar dos teclados.

— Coloca em resultados de imagem. — pedi.

— Eu também sei usar a internet, Melissa. — falou revirando os olhos e fez o que eu disse.

Surgiram várias imagens de pedras com a descrição que demos ao Google, tinha pedras decorativas, pedras para piso e outros resultados sobre cristais e suas forças místicas. Todas elas se encaixavam na descrição de petra com manchas avermelhadas, mas só um resultado mostrou exatamente o que estávamos procurando. Que era igualzinha a pedra na lápide da foto que o Bombardeador nos deu.
Enzo clicou na foto e o resultado da pesquisa se dividiu no telão com a foto de uma gema.

— Obsidiana Mahogany... — li o nome da pedra em voz alta, para ver se minha mente assimilava algo, mas não deu em nada. Nunca tinha ouvido esse nome antes.

— Obsidiana Mahogany. — Enzo começou a ler, pausadamente em voz alta, enquanto abria outra aba e digitava o nome na área de pesquisa, onde encontrou alguns resultados sobre a pedra.

— O que você achou? — Quando percebi que ele tinha acabado de ler.

— Olha, não tem nada de relevante sobre essa pedra... É esse tipo de bobagem mística, sabe? De pedrinhas que trazem sorte, saúde etc... — ele ainda estava com os olhos no texto — E obviamente não é comum usar esse tipo de pedra para fazer, lápides.

— O que você achou sobre a pedra? — insisti — Leia.

— Indicações: Vidas passadas, Regressão. Propriedades: Revela segredos de vidas passadas. Para uso da regressão de vidas passadas e blá, blá, blá.

Franzi o cenho pensativa.

— Hum, precisamos saber como ela é feita. Quais são os lugares onde se encontra essa pedra com facilidade? Pesquisa ai.

— Hei, calma ai. Uma coisa de cada vez... — ele começou a digitar. — Isso tá parecendo as séries que a Cassie assiste na televisão. Vamos fazer o que? Encontrar o fabricante da pedra e pedir a lista de compradores? — zombou.

— Sai. — Mandei ele sair da frente do computador ao puxar sua cadeira para trás.

— Calma mulher! Eu só estava brincando. — ele levantou da cabeça, erguendo as mãos em rendição. — Uma piada de vez enquanto faz bem... Que garota estressada.

— Isso é sério, Enzo... — falei sentando e começando pesquisar no computador — Nossas vidas estão correndo perigo... Já esqueceu do que aconteceu com o Edgar? Além das bombas, tem alguém aí, tentando nos matar individualmente. — voltei a pesquisa e Enzo ficou atrás de mim, acompanhando a pesquisa.

— A obsidiana é um vidro natural, sem estrutura cristalina nem composição química constante, encontrado no interior de lava vulcânica.... — paro a leitura e me virou para Enzo. — Então a obsidiana é nada mais do que a lava derretida, que resfriou com rapidez após uma erupção vulcânica. O que pode ocorrer em vários países do mundo, mas podemos encontrar apenas onde houve vulcanismo relativamente recente... obviamente que não é o caso do Brasil, onde as mais recentes erupções vulcânicas ocorreram há cerca de uns 40 milhões de anos atrás...

Enzo me olhou estranho.

— O que foi?

— Você simplesmente mantém essas informações estranhas e inúteis armazenadas nessa sua cabeça loira, até que algum dia elas se tornem úteis? Porque diabos você sabe da última vez que houve uma erupção no Brasil?

— Você nunca fez um vulcão de papel machê na quarta série? — indaguei o olhando e me defendi. — Todo mundo pesquisou sobre vulcões nessa época.

— Sim, mas nenhum ser humano normal vai guardar essas informações e levar para a vida adulta, Mel... É tipo aprender a fórmula de bhaskara para nunca usar.

Revirei os olhos.

— Vamos focar no trabalho? — perguntei e sem deixar ele responder, voltei a leitura — As cores são sempre muito escuras como marrom, marrom-esverdeada, marrom-avermelhada ou preta. E o material é, com raras exceções, translúcido ou opaco. Como se trata de material de baixo valor seu uso como material ornamental se restringe à produção de pedras roladas, ovos, esferas e esculturas com a exceção da "obsidiana arco-Íris" ou "rainbow obsidian", encontrada no México .

— Ou seja, não é uma pedra cara e nem rara. — Cassie se aproximou da gente, junto com o Edgar — Deve ser fácil de se encontrar por aqui no Brasil.

— Trabalhoso deve ser transformar isso em lápide. — Edgar apontou para a foto.

— E a lista? — Enzo perguntou a eles.

— Não conseguimos nada... Viemos ajudar vocês com a pedra. — Cassie respondeu cruzando os braços.

— E a gente estava se divertindo ao escutar a briguinha de casal de vocês. — Edgar disse sorrindo.

— Briga de casal? Vocês estão viajando. — falei ao revirar os olhos, como se já não bastasse o Rodolfo achar que eu e Enzo estamos juntos.

— Galera...— ele chamou nossa atenção, estalando os dedos. Enzo estava bem perto do telão, apontando para a foto da lápide, que estava em aproximadamente duas ou três vezes.
Isso parece uma tampa é impressão minha?

Com essa declaração, todos saímos de nossos lugares para ficar de frente ao telão e olhar a foto mais de perto. Enzo apontou para uma quina quase imperceptível, encaixada na lápide.
Era uma tampa para um jazigo feito da mesma pedra da lápide

— Edgar, você disse que foi trabalhoso fazer essa lápide, mas mais trabalho foi fazer esse jazigo! — disse Enzo apontando.

— Se isso tudo não significa que ele quer deixar uma mensagem para gente no cemitério... Eu não sei o que é. — ao cruzar os braços e encarar Enzo

— Ok, já entendi. Vamos ter que ir pro cemitério. — Enzo bufou. — Agora precisamos descobrir qual o cemitério que tem esse jazigo tão especial, que nos aguarda. — zombou colocando aspas na palavra especial.

— Bom, vamos ter que ligar de cemitério em cemitério e perguntar sobre esse jazigo. — falei dando a única solução que tinha encontrado — Vamos fazer cópias da foto para a gente se dividir e procurar em mais cemitérios ao mesmo tempo. As buscas começam amanhã, depois do meu expediente, agora vamos para nossas casas, para descansarmos. Amanhã o dia será longo.



💣💣💣

E N Z O     T E I X E I R A

Durante a volta pra casa, fiz todo o percurso em silêncio. Pilotei devagar, aproveitando o tempo até em casa para pensar. Cassie que estava na garupa, abraçada a mim também seguiu em silêncio, concentrada em seus pensamentos.

— Chegamos. — Anunciei ao estacionar ao lado do meio fio, para ela poder descer.

Cassie desce, ainda em silêncio e abre o portão para que eu pudesse entrar e guardar a moto.
Subi a calçada com a moto, pronto para estacionar. Cassie já estava entrando e fechando o portão com a chave, mas quando se virou exclamou.

— Mas o quê que é isso?!

Ela estava se referindo a um carro, um belo Jaguar preto, que estava estacionado na entrada da garagem.

— Vó! — falei ao reconhecer o carro da minha velha. Eu pulei da moto, a estacionando de qualquer jeito no quintal e segui ao trotes apressado para dentro de casa, Cassie me seguiu curiosa, até alcançarmos a porta e entramos juntos.

Quando atravessamos a porta, eu já pude ouvir as vozes vindo da sala.
Uma senhora, que eu já conhecia bem, de ar elegante, provavelmente na casa dos 70 anos, que estava bem conservada pelos procedimentos de beleza e estética, em clínicas de alta qualidade, estava caminhando pela sala, com nariz empinado e olhar inspecionador.

— E como se não fosse o suficiente, a minha filha se muda e eu, a mãe dela, tenho que descobrir o endereço! — ela parou levando as mãos a cintura — Claro, que essa velha aqui... — ela apontou para o próprio peito para dar ênfase. — ... não serve mais para nada, então vocês pensaram: Vamos nos mudar e não dizer o endereço para ela. Quem se importa com ela?!

— Ah, mãe.— Minha mãe falou a olhando — Por favor, menos.

— Só porque você vai se casar não precisa abolir a sua mãe da sua vida. — Minha avó voltou a cruzar os braços, encarando minha mãe — Sinceramente, Verônica... Eu não esperava isso de você. Eu não te criei assim. — ela abriu os braços indicando em volta — E você trocou a sua casa para morar aqui, com o seu filho... Por que? — indagou e essa era uma excelente pergunta — Não me leve a mal, a casa não é ruim, mas para quatro pessoas... é pequena. Diferente da mansão, lá tem bastante espaço para todos e sobra — agora seu olhar se voltou para Rodolfo — Com certeza, foi ideia sua, né? Você fez a cabeça dela para ela vir morar em sua casa. — lança um olhar desafiador. — Por que? Seria menos homem ir morar na casa da sua futura esposa? Você a pediu em casamento sabendo que ela é rica... Não deve ter vergonha por ter menos dinheiro que ela...

— Mãe! — Minha mãe exclamou repreendendo minha avó, incrédula.

Minha avó sempre teve dificuldade em aprovar os namorados da minha mãe. Nenhum homem, nunca era bom o suficiente para a sua única filha mulher.

Rodolfo estava sentado no sofá, ouvindo tudo com as sobrancelhas erguidas — Dona Valentina... — ele falou devagar, mantendo a voz impassível, mas a minha mãe, o silêncio com os olhos ao pousar as mãos nos ombros. Os dois tiveram uma breve e intensa troca de olhares comunicando-se. Sem precisar dizer uma palavra, ele apenas assentiu e minha mãe sorriu, beijando seu rosto.

— Onde já se viu... Casar com um policial... — minha vó continuou resmungou — Além de perigoso, sabe como esses homens são autoritários e abusivos...

— Chega mãe! — minha mãe disse alto, ao se levantar, para a surpresa da minha avó que a encarou incrédula. — Você está falando do meu futuro marido, dentro da nossa casa.

— Verônica Teixeira, abaixe o tom da voz quando for falar comigo. Eu sou a sua mãe!

— Não, mãe, eu não abaixo não. Quem tem que maneirar aqui é a senhora. Está na minha casa. Na casa do meu noivo. — Ela cruzou os braços — A senhora que diz que tem sempre tanta classe, sendo assim uma visitante tão grosseira.

Dona Valentina lançou um olhar incrédulo para a filha.

— Mãe, por favor... Seja razoável. — Minha mãe pediu ao se levantar e se aproximar dela. — Eu não quero brigar e também acho que a senhora não veio de tão longe pra isso, não é mãe? — continuou ao pegar suas mão com carinho e beijar.
O olhar da minha avó finalmente foi suavizando, até que ela cedeu e abraçou a minha mãe.

— Desculpa, mãe... É que a nossa mudança foi tão repentina e eu sabia que a senhora iria surtar se eu contasse... — ela pediu desculpas ao abraçar a minha avó, apertando de leve.

— Está tudo bem, querida. Já está feito, não é... — disse conformada ao soltar a minha mãe do abraço. — E bem, aqui não é ruim. É uma boa casa. Pequena, mas boa.

— Obrigado. — agradeceu Rodolfo ao erguer uma das sobrancelhas.

— E foi ideia minha, de nos mudarmos para cá.

— Sua?— minha avó indagou, olhando para minha mãe, cética.

— Pior que foi, vó. — Entrei na sala, me metendo na conversa e a abracei dando um beijo no rosto e beijando sua mão, pedindo benção. — Bença, vó.

— Meu netinho! — ela me apertou num abraço de urso, e sorriu quando beijei sua mão pedindo a benção. — Deus abençoe meu filho. — ela me beijou de novo. Que saudades! — exclamou acariciando o meu rosto — Vocês se esquecem dessa velha, depois que não precisam mais, em?

— Sem dramas, vó. — pedi, ao me jogar no sofá e sentar ao lado dela.

Quando minha avó percebeu a Cassie, que estava estranhamente quieta, ela sinalizou para que a garota se aproximasse.

— Venha cá, mocinha. Deixe-me te ver... — gesticulou com as mãos, para Cassie ir até ela. — Eu ouvi coisas maravilhosas de você.

— Ouviu?— a mini Andrade indagou desconfiada.

Cassie se aproximou timidamente, parando em frente a minha avó, e foi surpreendida por um abraço de urso, quando ela levantou.

— Sim! Verônica só fala coisas maravilhosas de você. — disse minha avó sorridente, a soltando — Estava doida para te conhecer. Uma neta... — ela acariciou o rosto de Cassie, com carinho.— Posso te chamar assim né?

— Claro. — disse Cassie — Avós nunca são demais. — brinca.

Minha avó riu, achando Cassie divertida.

— Ah, Cassiana você é a primeira neta da família, sabe? Meus filhos só tem meninos.

— Sorte a deles. — murmurou Rodolfo e bebericou o seu café, tentando disfarçar.

— Eu ouvi isso. — disse Cassie lançando um olhar de repreensão para o pai, e então se virou para minha avó, mudando a expressão para uma mais gentil — Ei, pode me chamar de Cassie.

— Cassie... — minha avó repetiu o apelido, saboreando e sorriu no final — Gostei. É meigo.

— Bem contraditório, se tratando da pessoa em questão. — falei, já que não podia perder uma oportunidade de alfinetar a Cassie e para confirmar minha teoria, ela me exibiu o dedo do meio e eu devolvi o gesto, claro.

— Crianças! — minha mãe nos repreendeu.

— Então, Cassie querida, você vai ser a dama de honra?

— Não... Não, não... — ela negou prontamente, fazendo uma leve careta — Definitivamente, não.

— Por que não? — minha mãe questionou a encarando sem entender.

— Sei lá, talvez porque eu não tenha mais, cinco aninhos? — indagou irônica.

— Ah, relaxa... Ninguém vai perceber, pela faixa de altura...

— Enzo, vai se... — ela parou de repente, sendo policiada pelo olhar repreendedor do pai, respirou fundo. — Ferrar. — concluiu me lançando um olhar mortal.

— Eles são assim mesmo, mas se adoram... — minha mãe disse pra minha avó e então se voltou para Cassie — Hoje em dia, está super na moda damas de honra adultas.

— Beleza, eu topo só se o príncipe da vara de família for o Pajem. — ela negociou me fazendo franzir o cenho.

— Príncipe do que? — minha avó perguntou.

— Ah, isso é coisa da Cassie. Não liga... mas eu achei uma ótima ideia. Podem entrar juntos.

— Como é que é? — Questionei me levantando — Mas que diabos é isso?

— Quem leva as alianças. — respondeu Cassie, me encarando com um sorriso vingativo.

— Nem pensar. — Neguei prontamente.

— Claro que sim. É justo. — disse minha mãe sorrindo, já animada com a ideia absurda — Vocês dois entram lado a lado. Vão ficar tão lindinhos.

— Eu vou matar você... — ameacei Cassie, e ela apenas sorriu satisfeita e me lançou um beijo, debochada.

Praguejei indignado, a fazer se divertir mais. Então era assim que ela se sentia, quando a irritava? Definitivamente era melhor estar do outro lado, o lado que irrita.

— Estava tão ansiosa para te conhecer, Cassie! Vamos nos divertir muito juntas. — disse minha avó empolgada, olhando para minha mãe e Cassie. — Tenho tantos planos para nós três.

— Tanta coisas de meninas para se fazer, e tanta coisa para conversar. — ela mexeu no cabelo de Cassie, enrolando no dedo — Você já namora?

— É eu tenho um namorado... — respondeu Cassie.

— É um rapaz incrível.— minha mãe complementou. — E é muito gato. — ela estava com um sorrisinho, empolgada.

— Tá ficando embaraçoso. — disse Cassie entre os dentes.

— Não quer falar de garotos na frente do seu pai, hein. — disse minha avó, sorrindo — Entendo.

Rodolfo estava contendo o riso, com a cena.

— Não é isso. — disse Cassie balançando a cabeça — Não é só isso, é que... Por que temos que falar de mim? O Enzo também tá namorando.

Cretina. Jogou a bomba no meu colo.

— Mentira?— disse minha mãe empolgada, já me encarando. — Quem é?

— Eu não estou namorando — disse lentamente, para não dar muita corda — Você não pode ficar espalhando notícia falsa, Cassie.

Ela deu de ombros, como se não fosse grande coisa.

— Tudo bem, se os jovens não querem falar de suas vidas amorosas. Não vamos forçá-los. — disse minha mãe, depois de bebericar seu suco.

— Verdade. E já que está todo mundo aqui e até uma convidada especial. — Rodolfo começou a pousar sua xícara no descanso na mesinha — Acho que é uma ótima oportunidade pra você poder revelar a grande surpresa, amor — ele se direcionava a minha mãe.

Todos os olhares foram direcionados para a minha mãe que se levantou ao ser pega de surpresa pelo Rodolfo.

— Que surpresa? — perguntei, curioso.

— Ahh... — começou a minha mãe a percorrer os olhos pela sala, alisando a calça, ficando nervosa. — A surpresa?

— É. — Rodolfo assentiu a encarando.


— É que.... — De repente, minha mãe foi ficando pálida, e do nada ela desmaiou no meio da sala!

Corremos todos para socorrê-la, imediatamente.

Rodolfo a levou para o quarto, preocupado assim como todos nós, sugeri que a gente fosse para o hospital, mas Cassie disse que não precisava e ia ficar com minha mãe, até ela acordar.
Rodolfo e eu insistimos mais um pouco, mas Cassie pediu pra esperar ela acordar. E se ela ainda se sentisse mal, a gente correria para o hospital.

— Que estranho. — disse me sentando no sofá.

— Deve ser o estresse do trabalho. — disse Rodolfo descendo as escadas.

— Nesse caso, eu não sei como estou de pé então. — murmurei.

— O que?

— Nada. — respondi rapidamente — Só acho muito estranho, porque minha mãe sempre trabalhou muito e nunca desmaiou. Será que ela está doente?

— Na minha época essa doença tem outro nome. — disse minha avó se levantando depois de atrair a atenção do Rodolfo e minha. — Eu vou preparar um chá para quando ela se levantar. — disse minha avó indo para a cozinha.

💣💣💣

C A S S I E    A N D R A D E

— Você assustou todo mundo. — Falei enquanto a ajudava a se recostar na cabeceira, com alguns travesseiros — Meu pai queria chamar uma ambulância e tudo.

— Você cuidou de tudo, né?— perguntou ao terminar de se ajeitar na cama.

— É claro. — respondi — Mas o que aconteceu? Estava se sentindo mal? Por que não falou comigo?

— Eu não estava... Estava ótima... Foi de repente....Acho que a pressão caiu ou assim... — respondeu Verônica, pegando na minha mão com um sorriso — Não é nada que precisemos nos preocupar, eu prometo.

— Tudo isso pela pressão de dar a notícia?

— Sei lá... Talvez — ela suspirou, parecendo tentar entender também — Eu não sei o que está acontecendo comigo. Parece que voltei no tempo. Tô tão insegura...

— São os hormônios. — disse e franzi o cenho, nem eu sabia o que estava falando, mas parecia algo a se dizer para acalmar um grávida. — É normal que você fique assim. Sensível e tal. Coisas de grávida, eu acho.

Verônica deu uma risadinha, concordando.

— Agora só temos que arrumar uma maneira mais sutil de comunicar a gravidez. — falei tentando pensar — Pra que você não entre em pânico de novo e desmaiei.

— Como? — Veronica me perguntou, parecendo mais perdida que eu.

— É melhor ser direta... O desmaio já foi meio que sugestivo. — sugeri — Meu pai é um bom investigador. Ele logo vai pescar.

— Tem razão... Vou ser direta... — ela assentiu, firme — Mas preciso de um chá de maracujá antes.

— Perfeito.

— E quanto ao Enzo?

— Ele é bem lentinho. Vai ter que desenhar.

— Cassie...

— Seja direta, também... Já não temos tempo pra comprar canecas personalizadas do melhor pai e irmão do mundo.Tá bem em cima da hora.

Consegui outro risinho. Verônica já parecia mais calma e a vontade.
Peguei nas suas mãos carinhosamente.

— Eles vão adorar a notícia... Porque te amam.

Verônica me puxou para um abraço, emocionada.

— Obrigada, querida.

Depois de duas batidas, a porta do quarto se abriu, interrompendo o nosso abraço.
Era a mãe de Verônica com uma bandeja de chá. O cheiro era de maracujá e camomila.

— Fiz uma cházinho para nós. — disse ela

— Obrigada, mas eu não quero...

— Cassie odeia chá, mãe.— Verônica explicou.

— Ah. — disse ela pousando a bandeja na cama e pegou uma xícara para filha.

— E então, tá esperando o que pra contar? Quando ele responder sim no casamento? — indagou Dona Valentina.

— Eu estou esperando a hora certa. — respondeu Verônica e depois bebericou o chá.

— De qualquer forma, não vai poder esconder isso por muito tempo. Dá pra ver que que está engordando, seu rosto estava ficando redondo. Deve ser um menino.

Verônica pousou o chá na bandeja e começou a tocar o rosto. — Eu tô? — ela se levantou e foi se olhar no espelho — Céus, eu estou comendo feito uma louca. É o estresse, a ansiedade.

— Deve tirar licença do trabalho. — disse Dona Valentina.

— Eu ainda estou no terceiro mês, mãe — Respondeu Verônica .

— Você nem devia trabalhar. Precisa descansar. — insistiu Dona Valentina — Pelo amor de Deus Verônica , você está grávida. Deve ser mimada e bem cuidada. Se não for assim, tá se casando para quê?

— Isso faz sentido. — concordei com a mãe dela.

— Viu só?

— Eu vou contar. — ela suspirou. — Vou contar hoje.

— Contar o que? — perguntou o meu pai entrando no quarto.

— É melhor você sentar, pai. — disse saindo do quarto.

— Eu vou dar privacidade para vocês.— Dona Valentina saiu junto comigo, levando sua bandeja de chá.

Ao fechar vi os dois se sentando na cama e começando a conversar.
Eu me lamentei por perder a reação do meu pai, mas eu tinha coisas mais importantes para fazer, tipo decifrar a maldita lista. Então, segui para o quarto e fui até a minha mesinha de estudos, colocando a folha no quadro e sentei em frente ao computador, para começar a trabalhar.

N° – Estado - Ano

16 – Rio de Janeiro. - 2015

20 – Espírito Santo - 2014

20 – Minas Gerais - 2013

20 - São Paulo - 2012

20 – Paraná - 2011

20 – Santa Catarina - 2010

20 – Rio grande do Sul – 2009

Concentrada, eu tentei ler a lista de todas maneiras, para tentar entender a mensagem que o Stalker ou Bombardeador estava tentando passar, naquela pista. Só que não consegui encontrar nenhum sentido. Então tentei seguir por outros caminhos, eu tentei somar os números, eu tentei subtrair, eu tentei multiplicar, cara eu tentei usar até a porra da fórmula de baskarah e nada. Nada fazia sentido.

Busquei um sentido para aquela lista, de todas as formas que podia, tentei reler de todas as formas possíveis, de trás para frente, de cima para baixo, de baixo para cima, trocando letras e absolutamente nada fazia sentido.

Já exausta de tanto fracasso, eu recorri ao Google, pesquisando os números tentando relacionar a cada estado e ano e também não encontrei nada.

— Que inferno essa porra não faz sentindo! — bati na mesa impaciente.

— Sério que vai continuar lendo isso? — disse Enzo, ele estava sentado na cama afinando o seu violão. Eu estava tão concentrada que nem ouvi ele chegar ou tocar algo.

— Alguém aqui, que é um investigador de verdade, está investigando. — retruquei ao girar a minha cadeira para olhar em sua direção.

— E pelo visto, a sra. Detetive está conseguindo todas as respostas, não é espertalhona?— zombou.

Soltei um longo suspiro, me controlando e resolvi ignorar o Enzo e voltar ao meu trabalho.

Inesperadamente, Enzo fechou o notebook, me deixando incrédula pela sua ousadia.

— Amanhã... — ele começou a falar, antes que eu me levantasse para matar ele. — Amanhã, nós vamos conseguir mais pistas,todos juntos. — disse — Não adianta você se matar agora com algo que não faz o menor sentindo.

Eu bufei, cruzando os braços, mas ele tinha lá sua razão, por isso não contestei.
Comecei a guardar todo meu material de pesquisa na gaveta e fui deitar, tentando deixar toda essa história da lista pra lá, pelo menos temporariamente.


💣💣💣


Na manhã seguinte nós fomos acordados, pelos nossos pais, às nove horas da manhã para mais uma reunião em família. Como eu já imaginava do que se tratava, ainda mais pelo semblante animado de Verônica, levantei sem reclamar, já Enzo levantou resmungando feito um senhor mau-humorado de oitenta e quatro anos.

Depois de ir ao banheiro para fazer nossas higienes básicas, seguimos para sala, sentamos no sofá e esperando a reunião começar.

— Bom... — meu pai começou coçando a barba, dava para perceber que o impacto da notícia ainda não tinha sido bem digerido durante a noite. Sorri, percebendo meu pai tão inquieto e ansioso quanto verônica estava. É, dava pra entender, nenhum dos dois tiveram outro bebê a quase 20 anos.... Estavam com medo de ter esquecido tudo. — Verônica tem algo para dizer para vocês. — ele passou a bola pra ela, sentando na poltrona.

Verônica se posicionou na nossa frente, com um sorriso animado e deu a notícia como um relâmpago.

— Vocês vão ter um irmãozinho.

Ela falou super-rápido, mas foi o suficiente para o Enzo entender, e pular do sofá no susto.

— QuÊ?

— É isso aí. — meu pai falou, segurando a mão de Verônica — Sua mãe está grávida.

— Calma ai, calma ai. — ele se aproximou deles devagar — Você não é muito velha para ter bebê? — e depois se virou para o meu pai — Vocês dois não são muitos velhos para ter um bebê? Vocês não conhecem a velha invenção da camisinha? Um bebê a essa altura do campeonato? É loucura!

Eu tive que levantar para dar um belo tapa na nuca de Enzo — Quer calar a boca, seu idiota! — falei, meu pai balançou a cabeça em agradecimento pelo tapa no Enzo.

Se não fosse eu, seria ele. E a rainha poderia não gostar.

— E quais são os planos? — perguntei me virando para eles. — Essa casa não foi feita pra uma família tão grande assim. Vai ficar apertado. E sinceramente, no meu quarto não cabe três pessoas o bebê vai ter que ficar com vocês.

Verônica riu.

— Bom, ontem à noite conversamos exatamente sobre isso, em como a família cresceu e a casa está ficando pequena demais pra todos nós. — ela falou.

— Sempre foi. — resmungou Enzo se deixando cair no sofá.

— E mesmo com a reforma do quarto novo que seria para o Enzo, com a chegada do bebê atrapalhou bastante. E já que não é justo para vocês, que estão acostumados com quartos particulares, tirarmos novamente o direito de um quarto privado, decidimos nos mudar para a nossa casa em Copacabana.

Enzo vibrou ao meu lado no sofá e saltou para abraçar a mãe e se abaixou para beijar a barriga.

— Eu já te amo maninho. Você nem nasceu e fez uma coisa boa.

Verônica soltou uma risada, acariciando os cabelos de Enzo.

— Como você é bobo, filho. — e então ela me olhou. — Tudo bem para você, Cassie? A mudança?

— Tá brincando?— indaguei, erguendo a sobrancelha — Uma casa com piscina, com vista para a praia. Seria meu sonho. — falei animada — E quanto a ele? — Apontei para meu pai.

— Apesar de eu achar aquela casa extremamente exagerada, vai ser bom não ter que ouvir vocês brigando pelo banheiro. — disse meu pai.

— Ficou feliz com a notícia de ser o papai do ano? — brinquei o encarando.

— Eu ainda estou digerindo a notícia — meu pai se recostou na poltrona tentando relaxar — Eu não estou preparado psicologicamente para choro de bebê. Faz 18 anos que eu não sei o que é isso.

— Nem eu. — disse Verônica sentando no colo dele e o abraçando — Mas ainda temos 6 meses pela frente para nos prepararmos.

— Seis? — ele indagou incrédulo a encarando.

— Sim. Eu já estou com três meses. Eu não mencionei?

— Você esqueceu de mencionar esse importante detalhe.

— Bom, agora já está mencionado. — ela começou a se levantar — Vamos resolver a mudança? Cassie e Enzo, quero que vocês separem em caixas os itens pessoais que vão levar. A casa já está toda mobiliada, então não precisamos levar móveis.

Meu pai soltou um suspiro pesado.

— Vamos lá, o carro da mudança vem depois do almoço. Vamos arrumar tudo rápido.

Entramos em ritmo de mudança. Como Verônica explicou que a casa já estava toda mobiliada, só precisamos levar os objetos pessoais, pertences e as nossas roupas.

Chegamos na mansão de cinco andares vista para praia e piscina.

Enzo explicou o mapa da casa: Primeiro andar, sala de visitas, sala de estar, sala de jantar, cozinha e banheiro de visitas. Segundo e terceiro andar: Todos os quartos. Quarto andar. Sala de jogos, biblioteca, cinema, estúdio de música com paredes anti-som e escritórios. No quinto andar, era onde ficava a piscina térmica e de hidromassagem, e à vista.

Tínhamos mais duas piscinas, além das térmicas do quarto andar. Uma na frente da casa e outra nos fundos. No quintal dos fundos tínhamos uma pequena casa de piscina onde aconteciam os churrascos e festas na piscina, quadra de esportes e uma pequena estufa.
No quintal da frente, para uso do dia a dia, com uma pequena área de lazer.


Depois que Enzo me mostrou toda a mansão, eu fiquei impressionada. Nós precisamos usar um carrinho de golfe para percorrer todo o terreno. Me senti em um filme, onde os ricos têm essas mansões com nome próprio.

— Caramba, quando eu chamava vocês de monarquia da vara de família, eu não sabia que era tão sério assim. Isso não é uma casa, é um castelo.

Enzo riu.

— É quase isso mesmo. Isso tudo é herança de família. Essa casa já passou por gerações e gerações de juízes e advogados e outros cargos relacionados a direito. — Eles respirou fundo, olhando em volta — Mas é incrível, não é? Bem vinda mansão da realeza da Vara de família.

— Ufa, achei que você ia chamar esse lugar por um nome próprio, como nos filmes.

— Seria bem apropriado, não é? Depois você me ajuda a batizar a casa, já que você adora dar apelidos.

— Eu morreria pelo simples fato de sair daqui e ir morar naquela casa em Ipanema. — disse — Isso aqui é o céu. Como você conseguiu?

— E eu não sei? Agora você sabe como me senti — concordou Enzo — Quem diria que um bebê fez isso pela gente.

— Ele nem nasceu e já devemos muito a ele.

— Ele não precisa saber.

Eu ri concordando.

Quando terminamos de carregar toda a mudança já eram duas horas da tarde.
E eu ainda estava terminando de arrumar o espaço do Draco na sua nova mansão canina.
Verônica havia comprado uma casa de cachorro enorme e toda personalizada para ele, e agora o Draco tinha um espaço no quintal só para ele, para poder destruir tudinho.
Ele estava todo feliz.

O único ponto negativo da mansão eram as escadas, pra uma pessoa sedentária como eu, era um sacrifício subir três andares ou mais, várias vezes ao dia para me deslocar do meu quarto para os outros cômodos da casa.

Faltavam poucas caixas para eu terminar de me instalar e personalizar meu novo quarto.
O quarto era tão grande que sobrou espaço pra caramba. Eu não sabia como administrar todo aquele espaço, mesmo com todas as minhas coisas lá dentro, eu ainda tinha espaço para instalar, sei lá, uma pista de boliche naquele lugar.
Eu tinha um closet, um banheiro enorme com chuveiro e banheira e outras coisas que os ricos têm no banheiro. Eu tinha uma sacada com mesinha e cadeiras só pra mim.
É galera, finalmente os humilhados foram exaltados

— Está na hora, Cassie — Enzo me chamou, entrando no meu quarto.

— Mas eu nem terminei de arrumar as minhas coisas... — falei fazendo bico...

— Vai ter tempo depois, os outros estão nos esperando.

— Tá, eu vou tomar banho e me arrumar. — falei bufando. — Do luxo ao cemitério. Que péssima troca.

Enzo riu.
— É, a vida tem seus altos e baixos. — ele saiu para que eu pudesse me arrumar.


💣💣💣

Quando Enzo e eu chegamos no cemitério, Melissa e Edgar já estavam à nossa espera. Combinamos de vir a caráter, com roupas apropriadas para o local. Todos vestindo peças pretas e óculos escuros, como se estivéssemos de luto, para não chamar a atenção e não incomodar ninguém. E para todos os efeitos, nós quatro estávamos indo a um enterro, como todos no cemitério. O disfarce perfeito.

Como de costume no hell de janeiro, o sol ainda estava brilhando a todo vapor a seus 40 graus celsius, às quatro horas da tarde. Como de costume, mais um dia ardendo na cidade maravilhosa.
E estavam acontecendo vários enterros simultaneamente, várias famílias velando seus entes queridos. Umas com choros mais expressivos e altos e outras com choros mais contidos.

Como já era de se esperar, o ambiente pesado nos fez caminhar com cuidado, estávamos fazendo o máximo possível para não incomodar aquelas famílias, nesses momentos tão difíceis.

Vimos funcionário do cemitério, o coveiro que havia terminado de enterrar um caixão, deixando a família terminar a despedida, se afastar para dar privacidade. Nós fomos em sua direção, ele era um homem com mais ou menos cinquenta anos, parecia trabalhar a algum tempo naquele lugar, talvez pudesse nos ajudar.

Melissa tomou a frente, indo até o homem e pediu uma informação. O coveiro a analisou, desconfiou e depois encarou nos encarou, ainda mais desconfiado. Com um sorriso simpático, ela puxou o distintivo, atraindo a atenção dele.

— Trata-se de uma investigação da polícia civil, senhor. Precisamos da sua colaboração.

— Claro, claro, senhora policial. Em que posso ajudar?

Sem intimidação e apenas usando seu sorriso e gentileza, ela era boa.

— Consegue identificar essa lápide? — ela mostrou a foto da nossa lápide.

O coveiro pegou a fotografia analisando.

— Ah, sim... Temos uma dessa aqui sim. Eu levo vocês até lá.

Como dito, ele foi nosso guia nos levando até a lápide em questão, onde a frase foi talhada.

— Obrigada, senhor. — Melissa agradeceu o olhando e ele entendeu a deixa sutil deixa e nos deixou sozinhos com a lápide.

— É essa mesmo? Como vamos ter certeza? — indaguei olhando em volta.

— Eu acredito que poucas lápides, tem essa frase talhada e bastante sugestiva. — falou Enzo, observando de longe também.

— Não toquem em nada. — Melissa pediu ao tirar a sua mochila das costas e sacar seu pequeno kit florence. — Se essa for a nossa lápide, deve estar cheia de evidências. Digitais, dna.... — ela começou a trabalhar concentrada, nos pedindo para manter distância.

Enquanto Melissa fazia sua parte, nós não podíamos ficar só observando em volta do jazigo.
Então comecei a distribuir as tarefas para que trabalhássemos juntos.

Eu pedi para Enzo tirar fotos da lápide de vários ângulos, para mais tarde observarmos elas com mais calma. E uma boa câmera pode captar o que nossos olhos não podem ver.
Eu também mandei Edgar conversar com coveiro, para coletar o máximo de informações possíveis sobre aquela lápide, como quem eram os proprietários, quanto tempo ela estava ali, quem visitava ela com frequência.

Sorri percebendo, que todos estavam empenhados em suas respectivas tarefas, fazendo o seu melhor. Olhando assim, até pareciamos mesmo uma equipe CSI Júnior.
Deu até um orgulho da minha equipe.

— Acabei de descobrir o motivo dessa lápide ser feita dessa pedra. — Melissa soltou um suspiro, balançando a cabeça — Ela chama atenção, por ser bonita e única aqui no cemitério, chama tanto a atenção que as pessoas que passam por aqui, se aproximam para tocar... Tem dezenas de digitais sobrepostas aqui. São digitais por cima de digitais. É impossível filtrar. — ela nos olhou desanimada — Ele pensou em tudo... Odeio admitir, mas o desgraçado é brilhante. Ele poderia vir aqui, mexer e em poucas horas sua digital estaria coberta por outras digitais de desconhecidos.

— Então vamos acabar com isso de uma vez?— Questionou Edgar colocando o óculos entre os cabelos. — Só nos resta abrir esse jazigo e ver o que tem aí dentro.

Soltei um longo suspiro assentindo.

— Vamos lá.

Edgar e Enzo começaram a mover a tampa do jazigo, com um pouco de dificuldade.
Imediatamente um cheiro horrível subiu, fazendo com que todos nós recuarmos com uns quatro passos para trás, para afastar a ânsia de vômito e o enjoo do odor pútrido que saia de dentro daquela coisa. O vento soprou aquele cheiro de morte, nos fazendo tossir, enojados.
Melissa distribuiu algumas máscaras para enganar o cheiro, mas não adiantou muito.

Quando nos aproximamos novamente, notamos uma escadaria, que dava para o interior do jazigo.
Era um tipo de jazigo perpétuo. E parecia ser bem maior do que os jazigos familiares comuns, parecia ter mais de dois metros de profundidade, o que deixava tudo ainda mais assustador, sem saber o que iríamos encontrar ali.

— Olha, se a gente for relembrar todos os filmes de terror, eu diria que é uma péssima ideia entrar aqui dentro. Geralmente os que fazem essa loucura são os primeiros a morrer... — falei, tentando olhar dentro do jazigo. Mesmo com a luz do dia, não era possível ver o fundo do jazigo. Estava completamente escuro, indicando que aquele lugar deveria ter alguns metros de profundidade.Usei a lanterna do meu celular para a escada de metal, chumbada na parede e mesmo assim não conseguimos ver o fim daquele buraco. — Misericórdia...

Enzo jogou uma pedra, e em poucos segundos ouvimos o som dela alcançando o chão.

— Hum, não é tão fundo. Vamos descer.

— Você acabou de ouvir o que eu falei, sobre ser o primeiro a morrer?

Me ignorando, Melissa se debruçou, colocando metade do corpo dentro do jazigo com a lanterna.

— Parece ser muito grande... e fundo... não é o comum para um jazigo... É um tanto suspeito. — de repente, ela arquejou — Olha! Aqui tem algumas gavetas... Podem ter as pistas que estamos procurando. Temos que descer para investigar melhor.

— Okay, okay. Quem desce primeiro, então? — perguntei e todos ficaram mudos. — Meninos?

— Nem fudendo que eu vou ser o primeiro a descer ai. — disse Edgar dando um passo para trás. — Já fui atropelado recentemente, dá um desconto.

Olhei para Enzo,que desviou o olhar.

— Que homens corajosos, temos ao nosso lado, em Mel... — zombei a olhando — Okay, eu vou na frente então.

Eu comecei a descer a escada de metal, lentamente, enquanto eles tentavam iluminar o meu caminho com a lanterna. Como Enzo suspeitava, o lugar não era tão fundo assim. Contei pelo menos dez ou doze degraus até meu pé alcançar o chão. Quando comecei a pisar firme, para descer da escada, senti um tipo de relevo no solo. Era algo diferente da textura da terra do cemitério, era gelado, mole...Quando coloquei meu segundo pé, finalmente descendo a escada, acabei tropeçando em alguma coisa, meus pés acabaram se enroscando em algo que eu não fazia ideia, não sei se era cordas, troncos, mas acabei desequilibrando e caindo.

Ouvindo o meu grito pelo tombo, rapidamente as lanternas me iluminaram quase me cegando.

— Cassie? Está tudo bem? — Melissa perguntou

— O que aconteceu? — Enzo quis saber.

— Você se machucou, amor? Eu vou te buscar.

Tentando escapar dos fechos de luz que me cegavam, eu tentei me levantar para responder a todos eles.

— Eu tô bem... Eu só caí em... — eu olhei em volta tentando identificar o que causou o meu tombo. E encostado em minha perna, eu vi um pé cinzento com unhas pintadas de rosa, no meu colo estava uma mão com dedos torcidos e roxos, atrás de mim vi uma cabeça quase careca, com os olhos abertos, cinzentos, parecendo me encarar. Só então, me dei conta do cheiro de podridão que estava ali dentro, com todos aqueles cadáveres.

Meu coração já batia acelerado e forte espancando o meu peito, minhas pernas estavam bambas e não respondiam aos meus comandos, as únicas partes do meu corpo que respondia ao meu cérebro era a minha boca, que soltou um grito tão agudo de terror, meus braços que faziam de tudo para tirar aqueles corpos de cima de mim.

Eu caí onde o Bombardeador desova suas vítimas.

— Socorro! Me tirem daqui! Me tirem daqui agora! — gritei por ajuda, apavorada, desesperada.


💣💣💣

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