6-ʟᴏɴᴇʟʏ ᴘʟᴀʏʙᴏʏ.
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"M𝒆𝒖 𝒃𝒆𝒎, 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒆𝒓𝒂 𝒄𝒐𝒎𝒐 𝒖𝒎 𝒔𝒐𝒏𝒉𝒐.
𝑨𝒕𝒆́ 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒎𝒖𝒅𝒂𝒓 𝒄𝒐𝒎𝒊𝒈𝒐."
𝑳𝒐𝒏𝒆𝒍𝒚 𝒑𝒍𝒂𝒚𝒃𝒐𝒚 – 𝑳𝒊𝒍 𝑷𝒆𝒆𝒑
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𝐿𝑎𝑠 𝑉𝑒𝑔𝑎𝑠, 𝑁𝑒𝑣𝑎𝑑𝑎. 28 𝑑𝑒 𝑓𝑒𝑣𝑒𝑟𝑒𝑖𝑟𝑜 2019
Merda, eu devo ter bebido muito ontem, não sei onde estou e nem que roupas estou usando.
Levanto da cama rápido demais, o que me faz ter uma tontura do caralho. Saio do quarto e escuto a voz de Caleb.
Caleb????
—A princesinha acordou.—Fala vindo em minha direção.
—Para de gritar.—Falo passando a mão no meu cabelo. —O que estou fazendo aqui?
—Você disse para a sua mãe que ia dormir na casa de Isabel, mas vocês não são mais amigas, então não tinha pra onde ir.—Fala me entregando um remédio. —E depois da briga de ontem você quis ir embora mais cedo.
—Briga? Eu briguei com mais alguém?
—Você não. Kainan.
—Kainan? O que ele fez?—Pergunto me jogando no sofá.
—Ethan te beijou e Kainan não gostou, e deu um soco em Ethan. Um não, deve ter sido uns quatro.
—Kainan só me traz problemas. —Bufo. —E por que estou com sua roupa?
—Você queria dormir com um vestido que caberia em uma criança de oito anos?—Fala com deboche.
—E você me trocou?
—Não, não. Eu deixei uma bêbada que não conseguia nem subir as escadas se trocar.—Fala com ironia.
Abro a boca pra falar algo, mas logo fecho quando vejo alguém sair de um dos quarto do pequeno apartamento de Caleb.
—Que porra é essa? —Fala passando a mão pelo cabelo.—Achei que tínhamos combinado de não trazer meninas em dias de semanas.—Diz se jogando no sofá ao meu lado.
—Eu tenho cara de puta por acaso?
—Você quer que eu pense o quê? Você dormiu aqui e está usando as roupas de Caleb.
—Ela é só uma amiga.
—Não vai me apresentar essa sua "amiga"?—Pergunta pegando uma mecha do meu cabelo.
—Eloise. Eloise Mendez.
—Eloise do Kainan?—Faz uma cara de surpresa.—Cara, se ele sonha com isso ele te mata.
—Nós não fizemos nada, porra!—Caleb grita.
—Tem como vocês pararem de falar de mim como se eu não estivesse aqui?—Cruzo os braços.—E outra, não sou de Kainan!
—Vou fingir que acredito.—Levanta do sofá indo para cozinha.—Chase, aliás.—Dá uma piscadinha.
—Que horas são, Caleb?—Mudo de assunto.
—seis e cinquenta.
—Merda.—Levanto rápido do sofá.—Eu tenho que ir pra escola.
—Sério, Eloise? Não tem como faltar hoje?
—Já faltei um dia essa semana, não posso faltar mais.
—E como você vai pra escola?
—Vou passar na minha casa.
—Seus pais não vão ver?
—Entro escondida.
Depois dessa conversa eu sai da casa de Caleb e fui para minha casa. Não sei o que aconteceu ontem à noite, e eu nem quero saber. Toda vez que bebo faço alguma bobagem, por isso não costumo beber.
Estaciono o carro fora de casa para os meus pais não ouvirem eu chegando, entro discretamente dentro de casa, vejo meus pais e meu irmão na mesa tomando café da manhã, parecem felizes. Subindo as escadas lembro das palavras de Nicollas na minha cabeça.
"𝑣𝑜𝑐𝑒̂ 𝑒́ 𝑢𝑚𝑎 𝑟𝑖𝑑𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎, 𝑜𝑢 𝑚𝑒𝑙ℎ𝑜𝑟, 𝑢𝑚𝑎 𝑖𝑛𝑢́𝑡𝑖𝑙. 𝑆𝑖𝑛𝑡𝑜 𝑝𝑒𝑛𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑜𝑐𝑒̂."
"𝑎𝑔𝑜𝑟𝑎 𝑒𝑛𝑡𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑟𝑞𝑢𝑒̂ 𝑛𝑒𝑚 𝑠𝑒𝑢𝑠 𝑝𝑎𝑖𝑠 𝑞𝑢𝑒𝑟𝑒𝑚 𝑓𝑖𝑐𝑎𝑟 𝑝𝑒𝑟𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑜𝑐𝑒̂."
Será que é verdade o que ele falou? Será que eu realmente sou inútil? Será que ele tem pena de mim? Será que os meus pais não querem mesmo ficar perto de mim? Odiei o que Nicollas falou, odeio como o que ele falou tem poder sobre mim. Infelizmente a única coisa de Nicollas que queria odiar, não consigo. Ele mesmo.
Subo as escadas rapidamente. Chegando no meu quarto tomo um banho rápido e visto meu uniforme, nem faço uma maquiagem ou arrumo meu cabelo. Eu só quero ir para a escola o mais rápido possível. Agora que estou pronta tenho que sair sem que ninguém me veja. Desço as escada silenciosamente esperando que minha família não esteja no andar de baixo ou no jardim.
Para minha sorte não vi sinal deles, sai correndo indo em direção aos portões. Entrei no meu carro e fui para a escola.
Na escola foi normal, normal não. Foi estranho. Ninguém implicou comigo, o que é muito estranho. Eu lembro de Kainan batendo em Ethan, bem feito inclusive. Esquisito Ethan ou Britanny não ter falado nada comigo. Nem mesmo Belly falou, até ontem ela tava desesperada pelo meu perdão. Enquanto Nicollas nem olhou na minha cara, mas não liguei. Também não fiz muita questão de olhar para ele ou até mesmo falar. Sorte minha ter conhecido Caleb. Quando entrei na sala ele estava lá, mesmo tendo falado à uma hora atrás que não viria pra escola. Assim que entrei na sala de aula ele acenou para mim, e eu acenei de volta.
Chegou a pior parte do dia pra quem é sozinho na escola, o intervalo. Sempre foi eu e Belly, as vezes ficávamos com Nicollas ou alguns amigos de Isabel, na maioria das vezes sempre foi nós duas. Agora eu estava sozinha.
—Não vai comer nada, princesinha?—Caleb pergunta em frente a mim.
—Tem como parar de me chamar assim?—Reviro os olhos e baixo minha cabeça, encostando-a na mesa.
—Não respondeu minha pergunta.—Fala se sentando.
—Eu quero ficar sozinha, Caleb.
—Problema seu. Você cresceu em um mundo onde tudo que você quer você tem, mas saiba que no mundo real não é assim. Então não. Não vou sair.—Fala com deboche, e eu levanto minha cabeça para prestar atenção em sua fala.
—Não é bem assim, eu não tenho tudo o que quero. E se quiser que sejamos amigos você tem que parar com isso.
—Parar com o que?
—Com isso, você sempre faz questão de dizer que sou rica e mimada.
—Mas você é rica e mimada.
—Não como as meninas dessa escola.
—Ate porquê se você fosse, eu não estaria aqui conversando com você. —Caleb fala e eu dou uma pequena risada. —Mudando de assunto, o que tem entre você e Kainan?
—Por que Kainan está sempre na conversa?
—Ele está logo atrás de você. Te observando.—Morde um pedaço de maçã.—Por isso falei dele.
Dou uma olhadinha para trás, e Kainan está realmente me olhando. —Mas é idiota. Fica encarando uma enquanto está com outra.
—Acha que esse relacionamento dura quantos dias?
—Uma semana, depois ele se cansa e logo Isabel será só mais uma. —Dou uma risadinha e quando olho para trás para ver Kainan é vejo que ele está se aproximando.—Merda. Vamos pra outro lugar?
Levanto rapidamente da mesa e dou de cara com Kainan, solto um suspiro de ódio.
—Já está indo embora, docinho?
—Vamos Caleb.—Tento me desviar de Kainan, mas ele puxa meu braço. —Sério, Kainan? Você não tem o que fazer? Me deixa em paz!
—Onde você dormiu?
Eu e Caleb nos entreolhamos.—Não é da sua conta.—Respondo com grosseria.
—Que porra aconteceu?—Pergunta parecendo estar irritado.
—Nada.—Puxo meu braço das mãos de Kainan.—Vai ficar com sua namorada, e me deixa em paz.
Saio andando com Caleb e começo a me perguntar se realmente não aconteceu nada, eu pergunto para ele, mas ele não me responde. O sinal toca na hora e ele usa como desculpa para entrarmos na sala de aula. O que me faz ter dúvida se realmente não aconteceu nada, tirando a parte que ele me deu banho, não deve ter acontecido mais nada.
Merda. Ele me deu banho.
As aulas continuaram passando e nada de mais aconteceu. Estudamos um pouco de física e química e eu começo à me questionar se meu lugar não é realmente na cozinha.
Não dormi nada essa noite, e ter que escutar uma velha de 50 anos explicar uma coisa que nem ela sabe não é muito agradável, apenas deitei minha cabeça e dormir um pouco. Acordei com o som alto no sinal.
Sai da sala de aula até que feliz por ter sido um dia estranhamente calmo, sem brigas ou discussões com a chata da Britanny. Apenas alguns olhares quando cheguei pela briga de ontem.
Ando indo em direção ao meu carro, no meio do caminho vejo Caleb fumando um cigarro.
—Você ainda não respondeu minha pergunta, Caleb. Alguma coisa aconteceu ontem?
—Nada aconteceu, Eloise. Eu te dei banho, e você dormiu.
—Mais nada?—Pergunto para Caleb vendo ele revirar um pouco os olhos e ficar batendo o pé não chão, logo percebo que ele está mentindo. —Você é um péssimo mentiroso, Caleb. Fala logo, não pode ter sido tão ruim.
—Você me beijou, e...
"𝐸" 𝑡𝑒𝑚 𝑚𝑎𝑖𝑠???
—Você me beijou, e praticamente pediu pra fuder comigo.—Dá uma tragada no cigarro.
Eu automaticamente me sinto ficar vermelha. Que vergonha.
—Meu Deus, Caleb. Mil desculpas sério. Não sei o que estava na minha cabeça.—Digo desesperada.
—Relaxa, Eloise. Você estava bêbada.—Caleb ri enquanto fala.
—Não é engraçado, é horrível. Sério me desculpa.
—Tudo bem. Olha pra mim, é normal você querer transar comigo.
Dou uma risada que logo sai do meu rosto quando um soco é depositado do rosto de Caleb.
—Porra Kainan. Sério?—Caleb fala.
Caleb sai do chão e vai em direção à Kainan e dá um soco no mesmo. Kainan vai para cima de Caleb mas antes que comecem a brigar de verdade eu entro no meio dos dois, morrendo de medo de levar um soco sem querer.
Kainan está ofegante de ódio e com as mãos fechadas prontas para dar outro soco. Quando seus olhos encontram os meus, ele relaxa suas mãos e volta a respirar normalmente. Não falo nada, meu olhar já diz tudo. Me viro para Caleb que está com a marca de um murro no olho, também não falo nada à ele, apenas faço sinal com a cabeça, saio andando indo em direção ao meu carro e Caleb vem atrás de mim.
—Sinto muito Caleb.—Digo ligando o carro.
—Não entendi o murro, Kainan tem doença por acaso?
—Ele é assim. Bate em todo mundo, sem motivo algum.
—Ele é um filho da puta isso sim.
—Pode xingar ele o quanto quiser, só não xinga a mãe dele por favor.—Falo com tom de ironia.
O caminho foi silencioso, não falamos mais nada. Chegamos no prédio onde Caleb mora, e subimos até sua casa.
—O que aconteceu?—Chase, amigo de Caleb pergunta.
—Kainan me deu um soco, aquele desgraçado. —Encosta a mão no olho roxo.
—Eu avisei.
—Cala a boca, Chase—Digo.—Faz alguma coisa que preste, pega uma bolsa de gelo.
—Nossa, Mendez. Mal chegou e já acha que manda em tudo.
Ele fala isso, mas pega a bolsa de gelo que pedi.
—Peço desculpas pelo Kainan.—Falo colocando a bolsa de gelo em seu olho.
—Quem tem que me pedir desculpas é ele, não você.
Ele está certo, infelizmente.
—Eu tenho que ir, qualquer coisa me manda mensagem tá?—Ele balança a cabeça com um sim.
Ando em direção à porta.
—Só pra dizer, princesinha. Não posso dizer que não vou bater nele se eu ver ele na rua.
—Claro.—Engulo em seco.
Vai ser uma burrada da parte dele, Kainan é forte, bater nele é burrice. Ele fez box durante uns anos. Parou depois que a mãe percebeu um comportamento agressivo da parte dele. Acho que a agressividade é falta de terapia.
Estou muito cansada, dormi pouco essa noite e tudo que mais quero fazer é dormir. Sei que estou dormindo demais esses últimos dias, mas é a única coisa que está me deixando feliz ultimamente. Minha vida está tão complicada, e eu não tenho ninguém pra falar sobre isso.
Chegando em minha casa deixo o carro no jardim e vou direto para dentro de casa. Entrando lá vejo meus pais discutindo. De novo. Paro no meio da sala e fico observando a "briga", esperando que um deles me veja.
—Ricardo, você tem uma família! Deveria ficar mais em casa.—Mamãe grita.
Meu pai percebe que estou aqui.
—Filha.—Olha para minha mãe.—Não sabia que tinha chegado.
—Por que estão brigando?—Pergunto indo em direção ao meus pais.
—Não estamos brigando, Eloise. Estamos apenas conversando. —Mamãe solta um sorriso. —Vou chamar o Ravi para vim comer.
Ficamos só eu e papai na sala, um olhando para cara do outro sem falar nada. Eu sempre fui mais próxima de meu pai quando criança, mas já tem uns anos que isso mudou. Ele pensa muito no trabalho, e vive trabalhando. Ultimamente ele vem ficado cada vez mais estranho, chegando tarde para o jantar, muitas reuniões, fora que ele está começando a trabalhar nos dias de sábado. Acho que por isso que ele e mamãe estão brigando tanto.
—Está gostando de dirigir?—Papai quebra o silêncio.
Balanço a cabeça com um sim.
—Sabe, Eloise. Tava pensando, o que acha de uma viagem em família esse fim de semana?—Pergunta indo para a sala de jantar.
—Seria legal.
—O que seria legal?—Ravi pergunta descendo as escada com mamãe.
—Uma viagem. O que acham?—Papai fala.
—Viagem? Para onde?—Agora mamãe que pergunta.
—Vamos para casa de campo passar o fim de semana.
—Fazer o que lá?
—Passar o tempo em família. Você não disse que eu devia trabalhar menos?
—Tabom. Nós vamos então. —Mamãe olha para mim.—O que foi Eloise?
—Oi?
—O que você tem?
—Nada. Só estou cansada.—Respondo.—A escola hoje foi bem...—Penso na melhor resposta.—cansativa.
—Ah sim.
—E sobre essa viagem, tem como eu não ir?—Pergunto.
—Mas é uma viagem em família!—Ravi fala.
—Eu não estou muito afim de sair.
—E você vai ficar bem sozinha?—Papai pergunta.
—Sim. Não sou mais uma criança, sei me virar.
Continuamos a conversa e no final eles decidiram que iriam viajar hoje mesmo. Logo após o almoço eles foram arrumar as coisas que iriam levar. Só vão voltar no domingo de manhã, ou seja, tenho um tempo pra curtir sozinha.
Confesso que não gosto de ficar sozinha em casa, não à noite. E eu também nunca fiquei sozinha aqui. Vai ser a primeira vez. Mas acho que nem vou ligar, eu só vou dormir mesmo.
Ainda tem o racha que Kainan estava preparando, provavelmente acontecerá nesse sábado.Eu quero ir, só não quero ir sozinha. Da última vez que fui, estava com Nicollas, mas era como se eu estivesse sozinha. Ele praticamente me abandonou lá. Vou chamar o Caleb para ir comigo, só que dessa vez não vou beber muito.
Passei a tarde inteira no meu quarto planejando e arquitetando o “fim de semana perfeito”. Infelizmente não tenho vôlei hoje e por incrível que pareça não estou com sono.
A tarde foi bem chata, passei o tempo todo deitada na cama e assistindo filmes de “romance” se é que me entende. Por volta de 18:30 eu finalmente levantei da cama e fui tomar um banho. Passei pelo menos trinta minutos debaixo do chuveiro, eu precisava relaxar. Após o banho fui até meu closet procurando uma roupa confortável já que não iria sair, era isso que pensava.
Escuto meu celular tocar e corro até a cama para pega-lo. Vejo que é Caleb me ligando e então decido atender.
—O que você quer?—Pergunto assim que o atendo.
—Oi princesinha, boa noite pra você também.—Diz sendo irônico.—O que vamos fazer hoje? Que tal ir pra um bar e encher a cara novamente?
—Para de ser ridículo. Não vamos fazer nada hoje, estou sozinha e quero aproveitar esse momento.
—Sozinha? Hm…—Um silêncio predomina e posso sentir o quão feliz ele ficou em saber disso.—Chego aí em vinte minutos.
Antes que eu possa dizer algo ele desliga a chamada. Bom, até gostei de saber que ele vai vir pra cá, minha noite seria chata e entediante, com ele aqui talvez seja mais divertida.
Volto ao meu closet e continuo procurando uma roupa. Visto uma saia preta e uma blusa branca de crochê com mangas compridas, acho que está ótimo. Vou até a penteadeira e desembaraço meus fios que estão encharcados. Faço uma maquiagem básica apenas pra esconder minha olheiras que parece que perdi cinco noites de sono. Pra equilibrar meu look coloco uma pantufa nos pés, estava muito arrumadinha para ficar em casa, acho que agora equilibrei bem o look.
Não se passa muito tempo quando vejo meu celular tocar novamente. Caleb, novamente.
—Fala
—Tem como você abrir o portão?
—Não, pule o muro.
—Se fode, vadia. Ande, não tenho o tempo todo.
—ta, estou descendo.
Desço as escadas rápido e aperto o botão que abre automaticamente os portões da casa. Olho pela janela e vejo o carro entrando no jardim e parando em uma das vagas. Abro a porta principal e vejo eles, sim eles.
—Oi princesinha, cadê as bebidas?—Caleb fala enquanto anda em minha direção.
—Ta maluco? Zero álcool.
Caleb sorri e para ao meu lado enquanto me analisa. Nesse meio tempo vejo Chase saindo do carro e andando em nossa direção enquanto tira um cigarro do bolso de seu moletom.
Chase é alto, tem cabelos ondulados e pretos, tem um corte baixo o que realça seu rosto extremamente bonito. Seus olhos são castanhos, ele tem tatuagens por todo o corpo, o que faz ele ficar ainda mais atraente. Ele é musculoso e tem uma mandíbula bem marcada. Já Caleb, não tem nada a ver com Chase. Caleb não tem tatuagens mas, tem um piercing no canto direito da boca. Caleb é alto, assim como Chase. Tem cabelos longos e pretos o corte dele é um mullet, desde sempre ele usou esse corte. Ele não é tão forte quanto Chase, mas, tem uma barriga muito definida. Seu estilo…Bom, seu estilo não combina com sua personalidade. Caleb é extremamente bonito e atraente, assim como Chase.
—Iae Mendez.—Chase fala quando se aproxima de nós.—Quer uma trago?—Fala esticando o que eu achava que era um cigarro mas na verdade é um baseado.
—Eu não fumo.—Respondo me virando para dentro da casa.
Caleb me segue e sentamos no sofá, enquanto Chase continua lá fora desfrutando de seu baseado.
—Caleb, o que vamos fazer aqui em casa?
—Podíamos encher a casa de puta e fazer uma espécie de festa. O que acha?—Um sorriso estremecido aparece no canto de sua boca.
—Só fala merda. Tinha que ser homem.—Reviro os olhos.
Caleb ri.
Olho para porta e vejo Chase vindo até o sofá.
—O que foi, Eloise?—Chase pergunta se sentando ao meu lado.
—Nada, só não entendi o porquê você veio. Acho que ficar falando bobagem em uma casa de rico não é muito sua praia.—O encarando vendo um sorriso se formar em seu rosto.
—Pequena Eloise.—Fala enquanto se aproxima mais.—Entenda, um homem se submete a muita coisa quando está interessado em algo ou alguém.—Sorri.
Sinto minha pele ardendo e sinto o quão vermelha devo estar.
—interessado? Não entendi.
—Você é muito burra garota.—Caleb aumenta o tom.
Chase sorri e apenas ignora minha pergunta.
—Estou com fome, vamos fazer algo para comer.
—Vai você, lugar de mulher é na cozinha mesmo.—Chase fala e acabei ri ouvindo as atrocidades que seu amigo fala.
—Então vá pro lixo, que é lugar de homem.—Fala levantando do sofá e caminhando até a cozinha.—Vem Caleb, você é um lixo reciclável.
Caleb vem até a cozinha e espera que eu pegue as coisas, tinha que ser homem. Homem sempre preguiçoso né? Incrível.
—Onde é a adega dessa casa? Todo rico tem né?
—Ao lado da sala de jantar.—Aponto para a sala de jantar.
Chase vai até a adega e volta com um vinho e whisky.
—Toma.—Coloca um vinho sob a bancada.
Eu e Caleb nos servimos e bebemos vinho enquanto cozinhamos um macarrão.
Após terminar de cozinhar, nós servimos. Chase falou que não queria comer, acho que bebeu tanto que até perdeu a fome.
—Vamos pro meu quarto assistir um filme.—Falo indo em direção a escada.
—Tenho querer?
—Não, não tem.
—Não vou assistir nenhum filme de romance. Coisa de mulher.
—Você por acaso é gay?—Encaro ele e sorrio.
—Abra as pernas e eu te mostro o gay.—Arqueia a sobrancelha.
Sorrio e ignoro sua fala escrota, afinal é homem.
Olho pra Chase e pergunto.
—Você vem?—O olho com indiferença.
—Não, vou fumar e beber.
—Tomara que tenha uma overdose e morra.
—Não posso morrer antes de te fuder.—Sorri com malícia.
—Então você será imortal.
Eu e Caleb subimos as escadas indo em direção ao meu quarto, paramos no meio do caminho onde tem uma sala de jogos.
—Sabe jogar sinuca?—Pergunto.
—Óbvio.
—Só não é melhor que eu.
—Vamos uma partida? Vou provar quem é o melhor na sinuca.
—Mas é claro, só que quando perder não venha chorar.—Brinco
O que era pra ser uma partida se tornou quatro, empatamos. Caleb pediu para que jogássemos mais uma partida para desempatar. Já estava cansada de tanto jogar então resolvemos ir para meu quarto finalmente assistir o filme.
Não assistimos nem 30 minutos de filme quando a porta do meu quarto se abre. É como se alguém quisesse derrubar a porta. Alguém não, Kainan.
—Eloise eu...—Kainan se cala quando percebe que estou com Caleb.—Que porra é essa? Você quer levar outro murro?—Fala olhando para Caleb.
—Não estamos fazendo nada Kainan.—Digo saindo da cama.
—Cala a boca Eloise. Não falei com você.—Avança em Caleb que já está em pé, ao lado da cama.
—O que foi Kainan? Vai me bater de novo?—Caleb fala indo em direção à Kainan.
—É. Talvez eu te bata de novo, você tá merecendo.
Antes que a briga comece eu entro no meio dos dois, impedindo.
—Você não vai brigar com ninguém. Não na minha casa.—Grito.
—Sai da conversa, docinho.—Kainan fala, parece irritado.
—Não fala assim com ela, porra.—Caleb avança para Kainan.
—Quem você pensa que é? Eu falo o que eu quiser!—Kainan está MUITO irritado.
—Dá pra você sair do quarto Kainan?—Viro a cabeça de lado e olhos bem nos olhos de Kainan.—Por favor!
—Pra quê? Pra vocês fuderem em paz?—Kainan brinca. Mas não acho que seja tão brincadeira assim.
Eu o olho com insatisfação, eu quero chorar. Não acredito que ele pense isso, mas de maneira que ele falou, ele parece achar que estou ficando com Caleb.
Depois que Kainan disse isso eu simplesmente saí do meio dos dois, tô nem ai que eles briguem, é bom que Kainan leva pelo menos um murro.
—E se for? O que você vai fazer? Vai ficar aqui assistindo?—Caleb o provoca cada vez mais.
—Filho da puta!—Kainan não se controla dessa vez. Dá um soco no rosto machucado de Caleb. O rosto que ele machucou.
Caleb cai no chão dando um leve gemido de dor.
—Vou te matar Hidalgo!—Ele levanta do chão e parte pra cima de Kainan, dando um soco no mesmo.
A briga começou. Caleb deu um soco em Kainan, e ele, bom, obviamente revidou. E assim foi. Eu não estava nem aí pra briga, as palavras de Kainan ainda reviravam em minha cabeça.
Estava sentada na minha cama olhando para um ponto fixo e os dois idiotas dando murro um no outro. Kainan em algum momento olhou para mim, e nisso parou a briga.
—Eloise tá tudo bem?—O idiota do Kainan pergunta.—Eloise!
Acordo do meu transe, Kainan está com o rosto todo machucado, olho para Caleb que está logo atrás e ele também está muito machucado. Talvez até mais.
—Sai daqui Kainan. Agora!—Grito e aponto para a porta.
—Não vou embora daqui, Eloise.
Ignoro Kainan. Vou até Caleb, que está tocando em seus machucados.
—Você está bem?—Sussurro.
Caleb olha para Kainan e tranca o maxilar.
—É melhor eu ir embora.—Caleb fala.
—Não, Caleb. Não vai, por favor.—Me humilho para não ter que ficar sozinha com Kainan.
—Eu não vou continuar aqui.—Olha novamente para Kainan.—Não com ele aqui.
—Não é um problema, ele já vai embora.—Olho para Kainan também.—Não é?
Kainan dá aquela risadinha sarcástica dele.—Você acha mesmo isso?
—Até depois.—Caleb fala antes de sair.
—Você é um idiota Kainan.—Falo indo em direção à Kainan e dou um empurrão nele, mas ele nem mesmo se mexe.
—Porra, Eloise.
—Por que você veio?—Pergunto com os braços cruzados.
—Sua mãe falou que você ia ficar sozinha em casa. Mas pelo visto ela se enganou.
—Não quero você aqui. Pode ir embora.
—Eu não vou. Já falei.
—Então pelo menos fica longe da minha cama. Você tá sujo de sangue.
—Vou tomar um banho, já venho.
—Pode ficar por lá se quiser.
Depois que Kainan saiu do meu quarto eu também fui tomar um banho. Um banho rápido e relaxante. Vesti meu pijama, pego meu celular e mando uma mensagem para Caleb.
"𝐷𝑒𝑠𝑐𝑢𝑙𝑝𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝐾𝑎𝑖𝑛𝑎𝑛. 𝐷𝑒 𝑛𝑜𝑣𝑜."
"𝐶𝑜𝑚𝑜 𝑣𝑜𝑐𝑒̂ 𝑎𝑔𝑢𝑒𝑛𝑡𝑎 𝑒𝑙𝑒?" Ele responde.
"𝐸𝑢 𝑠𝑖𝑛𝑐𝑒𝑟𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑛𝑎̃𝑜 𝑠𝑒𝑖."
Saio do meu closet e dou de cara com Kainan. Fico encarando seu rosto. Ele consegue ser lindo até assim.
—O que é?—Kainan pergunta.
—Nada.—Vou em direção à minha cama e Kainan me segue.—O que está fazendo?
—Nada.—Repete a minha fala.
—Então sai daqui.—Kainan me ignora.
Deito em minha cama, o filme que eu e Caleb assistíamos ainda estava passando na TV. Kainan estava encostado na parede me encarando.
—Não tem o que fazer não? Além de ficar me encarando!
—Na verdade não.
—Mas eu tenho!—Jogo um travesseiro nele. —Sai daqui. Quero dormir em paz, e com você aqui eu tenho tudo, menos paz.
Ele me encara por mais alguns segundos, mas logo sai do meu quarto. Me deixando finalmente em paz. Desliguei a tv, estou muito cansada e eu só quero dormir
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