Capítulo 40: Lutero
Na sombria atmosfera do local, Lutero observava com um misto de fascinação e satisfação enquanto cada pessoa que havia se aproximado da Princesinha Ayla se afastava, um por um. Seus olhos, ocultos pelas sombras, percorriam os rostos dos indivíduos que agora partiam, notando a mudança em suas expressões. Eles carregavam consigo um ar de triunfo, uma aura de realização que antes estava ausente. Cada um tinha obtido algo que há muito tempo ansiava, algo que agora reluzia em suas feições mais do que a satisfação momentânea.
Lutero percebia a maneira como seus ombros pareciam mais leves, como seus risos eram mais genuínos e como suas conversas eram repletas de animação. Parecia que a frustração e inveja que havia corroído seus corações haviam sido finalmente liberadas, deixando espaço para um contentamento que há muito tempo não experimentavam.
Enquanto Lutero contemplava essa cena, seu olhar se voltou para a figura solitária de Ayla. Ela estava encolhida perto de uma majestosa árvore, lágrimas escorrendo por seu rosto anteriormente altivo. O orgulho real havia se desvanecido, deixando apenas vulnerabilidade em seu rastro. Seus soluços ecoavam, misturando-se com os murmúrios distantes de seus antigos pretendentes, agora distantes.
O prazer perverso que Lutero sentia era evidente, quase palpável. A ironia do destino não passava despercebida para ele. Ayla, que um dia havia esnobado aqueles que agora a deixavam para trás, implorava por misericórdia. Seu olhar orgulhoso e altivo havia sido substituído por um olhar de desespero, uma compreensão tardia de que sua posição real não significava nada na face da inevitabilidade.
— Rosetta, pode ir meu amor, eu cuido das coisas aqui.
— Tem certeza?
— Sim minha querida, é melhor você ir para ninguém desconfiar de nada, a noite já terei chegado.
— Tudo bem.
Lutero apenas olha para Rosetta indo embora, depois olha para Ayla com um olhar intenso, a fazendo se encolher ainda mais. Ele fica ali a encarando por alguns minutos, sabendo muito bem que isso causará mais medo na Princesa. Só de ver aquele pavor no olhar, a desesperança já é gratificante.
— Agora é a minha vez. - ele fala chegando perto dela.
As mãos de Lutero a agarram e apalpam, famintas e indesejadas. a respiração soluçando em sua garganta, os seus apelos não ouvidos ou ignorados.
— Tire suas mãos de mim!
Ele é mais forte que ela, inflexível, insistente. Lutero a quer, seus desejos significam menos do que nada para ele. O desespero a faz enviar suas unhas para a garganta dele, o unhando em todos lugares, até tirar sangue.
— Por que você não gosta de mim?
A adolescente, Ayla, se encontra em uma situação desesperadora. As pedras cravam-se dolorosamente em seu rosto e mãos enquanto ela se debate contra o homem, cuja presença é ameaçadora. Seu rosto está contorcido em uma mistura de dor e determinação, e as lágrimas fluem incontrolavelmente, misturando-se com o suor e a sujeira em sua pele.
O cenário ao redor amplifica a tensão. O som de folhas quebrando sob eles ecoa pelo ar, uma trilha sonora sinistra para a batalha que está se desenrolando. Cada passo e movimento se transformam em uma cacofonia de sons, intensificando o turbilhão de emoções que Ayla está enfrentando. A natureza, normalmente tranquila e serena, parece ter se transformado em um campo de batalha onde o próprio mundo parece estar torcendo para a adolescente.
Enquanto Ayla luta com todas as forças, seu coração bate descompassado, uma mistura de medo e coragem. Ela tenta bloquear as sensações dolorosas, concentrando-se unicamente na luta pela sua sobrevivência. Ayla é a personificação da resistência e da vulnerabilidade ao mesmo tempo, sua juventude contrastando com a força que ela está forçando para enfrentar o homem.
No entanto, apesar de sua luta, a sensação de impotência é esmagadora. Ayla sente a pressão das mãos do homem, cujo nome é Lutero, segurando-a de forma implacável. Cada movimento parece ser sufocado por essa força dominante, deixando-a com uma sensação de aprisionamento físico e emocional. A luta transcende o físico; é uma batalha pela sua própria identidade, dignidade e liberdade.
— Deus, eu quero te foder tanto. Quero sentir você.
Ayla está em pânico, seu peito arfando.
— Por favor. Por favor, Senhor Decker. Por favor me deixe ir.
Lutero apenas ri, afastando o cabelo suado de Ayla de seu rosto, a vendo e sentindo tremer com apenas um toque seu.
— Não posso, linda. Eu estive esperando muito tempo para te deixar assim.
Lutero tenta não estremecer ao imaginar quando tudo for consumado, mas não consegui, só o cheiro da Princesinha já está o deixando louco de desejo. Desejo de sentir o seu gosto, saber como ela reagiria quando a tocasse, a beijasse, ele sabe que esse seria o seu primeiro beijo, além de ser o primeiro homem na vida dessa Princesinha.
Ayla apenas não entende, já que Lutero é o guarda real, aquele que devia a proteger de todo o mal, mas não causar esse pavor que está sentindo. Ele não tem motivos para machucá-la dessa maneira. Então ela se joga nele, arranhando, arranhando, rasgando e colocando os punhos nele.
Finalmente ... ele a solta. Seus olhos a acusam antes que ele se afaste, assim criando uma oportunidade para ela fugir, correr o máximo que conseguir, ficar longe dele.
Ayla corre como se a sua vida dependesse disso, na verdade a sua vida depende disso, ela estava fugindo do homem no meio da floresta escura. Ayla olhou por cima do ombro e viu a grande sombra vindo em sua direção, pronta para agarrá-la e machucá-la.
Ayla correu o máximo que pôde, mas suas pernas pareciam pesadas e lentas. 'Por favor, não...' ela sussurrou fechando os olhos, com lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
— Apenas me deixe em paz! - Ayla gritou para o homem que o perseguia e se aproximava. Ayla desceu uma colina correndo, em direção a mais árvores, passando por pedras e galhos de árvores, e de repente tropeçou e perdeu o controle de seu corpo.
Ayla caiu de bruços e tentou não gritar pela dor. Ela ouviu os passos se aproximando e voltou a correr.
Ayla continua correndo pela floresta, tentando fugir dele, fugir do Lutero, fugir da sua morte iminente. Seu vestido rasgando mais por passar entre árvores e galhos:
— Coelhinha, cadê você? — Lutero chama com uma voz séria e amedrontador. — Eu vou te caçar e te achar coelhinha, nenhuma toca que se enfiar te ajudará a se livrar de mim, pois você é minha.
Ayla cria forças para correr, mas acaba sendo pega por Lutero, o seu sorriso a faz arrepiar de medo, é um sorriso que diz tudo o que ele quer fazer a ela, como ele olha o seu corpo com desejo palpável.
— A coelhinha não precisa ficar tão assustada.
— Me solta, eu não direi nada a ninguém, por favor.
— Você tem um cheiro tão doce, dá vontade de provar.
As mãos de Lutero passea pelo seu corpo mais uma vez, agora ele tenta rasgar o seu vestido, ou pelo menos o que resta dele. A Princesa em um momento de desespero dá uma joelhada em suas partes íntimas o fazendo se contorcer e a soltar. Ao longe Lutero fica olhando para baixo do penhasco, sabendo que se ela tivesse caído não teria chance de sobreviver.
Na manhã seguinte, o sol nascente pintava o céu com tons suaves de rosa e laranja, espalhando uma luz tênue sobre as ruas de paralelepípedos da vila medieval. As casas de madeira com telhados íngremes se alinhavam em harmonia, criando uma atmosfera acolhedora e pitoresca. Os moradores, vestidos com trajes simples de época, começavam a sair de suas moradas para dar início às atividades do dia.
Lutero, um homem de postura firme e olhar perspicaz, traçou um plano na noite anterior. Sentindo o peso de suas responsabilidades, ele decidiu convocar uma reunião, uma ocasião rara em uma época em que as informações eram transmitidas principalmente por meio de conversas de boca em boca ou mensagens manuscritas entregues por mensageiros.
Com um pedaço de pergaminho em mãos, Lutero anotou os nomes daqueles a quem desejava convidar para a reunião. Ele escolheu cuidadosamente os indivíduos cuja contribuição e presença seriam valiosas. Essa não era uma tarefa simples, uma vez que muitos estavam ocupados com as tarefas diárias de agricultura, artesanato e outras atividades que sustentavam a vila.
À medida que o sol ganhava força no céu, Lutero fez o seu caminho pelas ruas estreitas, batendo de porta em porta para entregar os convites pessoalmente. Alguns olhares curiosos se voltaram para ele enquanto ele explicava a importância da reunião:
— O que tem de tão importante assim que tem que ser logo de manhã? - Brayden pergunta.
— A Vossa Alteza, Princesa Ayla está morta.
— Tem certeza? - Trea Pergunta assustada ao saber disso, já que não era para matar a Princesa.
— Sim, não teria como alguém sobreviver a uma queda de um despenhadeiro. Podem ficar tranquilos, nada acontecerá a vocês, já que a pessoa que poderia fazer algo contra nós já está morta.
— Mas o combinado não era a matar. - Três se exalta, medo desse acontecimento.
O sol poente lançava um tom dourado sobre os arredores do castelo, pintando o céu com tons de laranja e rosa enquanto a reunião chegava ao seu fim. Após as discussões e deliberações, os membros do conselho se dispersaram, cada um seguindo seu caminho para cumprir suas tarefas designadas. Rosetta, uma jovem de olhos astutos e vestes modestas, observou o grupo se dispersar e, então, dirigiu seu olhar em direção a Lutero, um homem de postura firme e expressão pensativa.
Um questionamento ardente ardia nos olhos de Rosetta, mas o medo a mantinha cativa, como se ela estivesse presa entre o desejo de esclarecimento e a insegurança das possíveis respostas. Seus pensamentos eram como uma névoa densa, obscurecendo as palavras que ela ansiava expressar. Ela se sentia como uma folha à mercê do vento, hesitando no limite entre a coragem e a incerteza.
O olhar de Rosetta encontrou o de Lutero por um momento, um encontro de olhares que parecia transcender o próprio tempo. Ela viu um lampejo de compreensão nos olhos dele, como se ele soubesse dos tumultuosos pensamentos que a atormentavam. No entanto, nenhum deles se atreveu a quebrar o silêncio que pairava entre eles.
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