Capítulo 34: O quase
Quando Margery soube da morte de Jeffery, ao invés de ficar feliz com essa notícia, ela chorou, Margery ainda o ama desde quando o viu pela primeira vez, ela se moldou em alguém que ele poderia amar, se vestiu de uma forma que saberia que iria o agradar, pois o amava. Mas depois que ele a denunciou por infidelidade, Margery se sentiu abandonada e sozinha, pois nada aplacar a sensação de vazio e angústia que a assola constantemente.
Hoje Margery sente medo, ansiedade, raiva, tristeza e culpa, ela só não entende o porquê de estar sentindo isso tudo, ela quer acabar com o seu sofrimento e poder ser encontrar com o Jeffery, poder cumprir a promessa que fizeram de ficarem juntos até depois da morte:
— Você conseguiu Princesinha.
Com um sorriso em sua face, Margery acaba com a sua vida medíocre e cheia de humilhação. Esse sendo o ponto final na vida de Margery, mas sendo assinado por Ayla Phareman.
A notícia que Margery se jogou de um penhasco e por consequência morreu, foi contada por todos, como uma labareda de fogo que se alastra rapidamente, chegando ao Palácio Phareman, onde para alguns está a mil maravilhas, já outros estão vivendo com pesadelos e arrependimentos.
Pela primeira vez tentando não cruzar no caminho pelos corredores do castelo, Emma e Ayla estão frente a frente, dando para se notar apenas em uma troca de olhar a saudade e muitas outras coisas que não tem como explicar, pois elas não sabem explicar o que vem sentindo com essa distância, os sentimentos que vem descobrindo e a negação plausível.
As borboletas no estômago, a emoção no peito, o rubor nas faces, a alegria inexplicável... são sintomas que todas as pessoas que já estiveram apaixonadas reconhecem facilmente.
As duas jovens, Ayla e Emma, reconhecem esse sentimento, mas elas tentam esconder, mesmo parecendo impossível, principalmente pela época em que vivem, além do fato da separação abrupta que tiveram.
Como dizem por aí, que se a saudade não vai embora é porque o amor decidiu ficar. E isso às machuca, pois quando maior é o amor, maior é a dor:
— Vossa Alteza, Princesa Ayla. - o olhar de Emma é uma mistura de sentimentos que Ayla não consegue identificar, a formalidade que a Emma a tratou foi a que mais lhe machucou.
— Emma... - Ayla para de falar. - Como está sua família?
— Estamos nos recuperando, agradeço pela preocupação Vossa Alteza. - Emma tenta ser mais distante, por saber que Ayla quer falar sobre a discussão e a separação, ela também quer conversar, mas não sabe como.
— Precisamos conversar sobre...
— Eu tenho que ir.
— Emma, eu sei que as consequências do que fiz, a fez sofrer, mas...
— Que diferença isso faz agora?
— Emma, por favor, vamos conversar.
— Olha, precisamos seguir em frente, não quero falar sobre isso. Vossa Alteza mudou muito. - Emma fala e abaixa a cabeça. - Preciso ir agora, com licença.
Ayla segura a mão de Emma, a Princesa está a olhando tão abertamente, olhos escuros com a necessidade de conversar. Lábios rosados se separaram e Emma jura que pode ver a forma de seu nome neles. Emma se sente vazia, dolorosamente. Seu peito queima com algo diferente de raiva.
A sensação de dedos fortes em seu pulso faz Emma se soltar, vendo que não deixou marcas, ela se vira e vai embora, fazendo assim Ayla se virar, elas não se viram uma última vez para olhar a outra, elas seguem o seu caminho.
Naquele corredor escuro, os relâmpagos são a única fonte de luz, deixando tudo mais melodramático, a chuva sendo a metáfora para as lágrimas não caídas.
A Princesa jogou com força o espelho de mão no chão, que logo se quebrou se dividindo em mil pedaços. Ayla apenas observava seu reflexo em meio aqueles cacos, via a escuridão da noite se espalhar tomando controle daquele quarto, escuro com uma pequena luz que vinha de algumas velas na escrivaninha.
— Por que?. - Ayla reclamou, caminhou sorrateiramente até sua cama e sentou na mesma, suspirou cansada. - Eu não sei o que fazer, o que devo fazer? Emma quando eu olho para você, eu posso sentir isso. Eu olho para você e me sinto em casa. - Ayla sussurra pelo quarto vazio, o eco de sua voz reverberando pelo cômodo.
A chuva fria e solitária caia do lado de fora do castelo, a Princesa só sabia observar o quanto aquilo lhe trazia recordações tristes de tudo o que já tinha passado em sua vida, Ayla gostaria de arrancar aquela dor de seu peito e jogar fora, mas isso era claramente impossível.
Ela se permitiu que seu corpo caísse sobre a cama e fechasse seus olhos em total cansaço tratando de espantar seus pensamentos ruins querendo tirar da cabeça que ocorreria mudanças, ela não gostava de mudanças, afinal nem sempre essas mudanças eram sinônimos de coisas boas.
Ela não consegue dormir essa noite, os pesadelos sempre a perturbam, mas agora a sua briga e distanciamento com Emma também está muito presente, muitas vezes se misturando com o dia que ficou marcado como a perda da sua ingenuidade.
A notícia que se espalha pelo castelo é que os recém casados, Bentley e Eda vão ter um filho, menos de dois meses e já vão ter um herdeiro.
Com tantas coisas acontecendo nesse reino, todas as denúncias e as mortes, são nessas pequenas coisas que faz o povoado pensar que nem tudo é tão horrível, Deus está lá para abençoar os seus filhos fiéis.
Um filho que será a felicidade do casal, para alegrar o castelo, para preencher um lugar no coração dos jovens pais que não podiam nem imaginar ou saber que estava vazio até aquele momento.
Em algum dos corredores do enorme castelo, a Rainha Isabel estava andando calmamente até ser puxada para um lugar escuro e frio, ela tenta gritar, mas sua boca esta sendo tampada, o medo é refletido em seus olhos, principalmente ao ver quem a pegou...
... Lutero Decker, o Guarda-Mor do Rei
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro