Capítulo XVI
A resposta da Ashley pega-me de surpresa. Ela tem todos os homens ao seu dispor devido à aparência e a facilidade de se relacionar com eles, por isso pensei que iria rejeitar alguém como eu. Contudo, a forma intensa a qual seus olhos fitam-me é um sinal de sinceridade em suas palavras. Uau, Ashley Bennett me pegaria! Se ela cheia de critérios e experiências com homens me aceitaria, então eu tenho chances com a Elizabeth por possuir o coração mais puro que já conheci.
A morena permanece em silêncio, sem quebrar o contato visual enquanto eu estou um pouco tonto devido à cerveja. Mesmo não sendo uma tontura igual àquele dia, é melhor parar para o incidente não se repetir. Eu tive a sorte de não ser reconhecido por estar totalmente diferente da última festa, então quero manter o anonimato.
Ashley continua a beber, fazendo careta ao virar o copo para baixo e vendo o recipiente vazio. Eu me ofereceria para pegar mais bebida, só que não queria sair dali. É estranho, eu sei, mas meu corpo e mente desejaram permanecer naquele local ao lado dela.
Por causa da cerveja, a minha mente não possuía aquele filtro de palavras e pensamentos. Tudo vinha em minha mente e eu não podia controlar. Um dos pensamentos mais frequentes era sobre minha relação com a Ashley quando tudo isso acabar. Será que poderemos ser amigos?
— Vocês são surdos, só pode. — dizia Alan ao se aproximar com Ariana ao seu lado. — Nós estamos chamando há tempos.
— Perdão.
— Já querem sair da festa?
— Não, Ash. É que nós vimos vocês isolados e decidimos chamar para dançar.
— É uma boa!
Meus olhos quase saltam da órbita ao ver a Ashley de pé na maior naturalidade, mesmo quando admitiu estar tonta alguns minutos atrás.
— Eu ficarei aqui. — digo nervoso. — Dançar não é comigo.
— Para de ser careta, cara. E vai que alguém maldoso tenta te embebedar.
— Ei, eu não sou um ser frágil!
— É sim, nerd. Vamos logo antes que eu te puxe pelos cabelos.
Ergo as mãos em sinal de rendição, ficando de pé e os acompanhando até o interior da casa. Brigar com a Ashley é suicídio. Nós chegamos na sala, onde o show de luzes incomodava minhas retinas e o barulho ressoava em meus ouvidos. Aquele local estava mais cheio que os demais e as pessoas pulavam desordenadamente, fazendo-me questionar se isso poderia ser chamado de dança. O Alan e a Ariana já estavam seguindo o ritmo deles, rindo feito idiotas pelo simples fato de pularem ao som de uma música indecifrável. A minha vontade de sair dali só aumentava mas sinto as duas mãos da Ashley segurarem as minhas e desvio minha atenção para sua expressão divertida.
— Vamos lá, Nicholas. Mexa-se!
— Eu não sei fazer isso! — grito por causa do som alto. — Não há um padrão para ser seguido.
Ela ri mais alto do que minha fala, jogando a cabeça para trás.
— Que idiotice! Não precisa de um padrão, apenas sinta o seu interior se manifestar através do corpo. Veja!
Ela puxa minha mão direita contra seu corpo, movendo o quadril e depois puxa a mão esquerda. Conforme ela puxava, meu corpo se movia junto e começo a entender o sentido da dança. O sentido é que não há sentido!
Aos poucos, permito que o meu lado um pouco embriagado me guie nessa dança desordenada. Ainda segurando as mãos da jovem, começo a pular animado no ritmo das batidas e, às vezes, jogar meu corpo para os lados. Quando Ashley sente maior segurança em meus movimentos, solta minhas mãos e segue o ritmo da nossa dança sem sentido. Seus cabelos levemente cacheados balançam graciosamente no ar enquanto ela possui um largo sorriso no rosto.
Essa era a primeira vez em que ela sorri tão abertamente na minha frente, mostrando os dentes brancos e bem alinhados. Eles eram acentuados pelo batom borrado que, provavelmente, foi ocasionado pelos beijos em alguém.
Parando de dançar, apoio a mão em seu rosto e ela também interrompe os pulos fitando-me confusa. Então, passo o polegar pelos lábios dela tirando a parte borrada do batom e sorrio desajeitado. Ela continua me encarando com um leve rubor nas bochechas, perceptível apesar da pele morena.
— Estava borrado. — tento me explicar sem jeito. — E você é linda sem batom.
Sem o filtro mental, não dava para selecionar as palavras. Eu não conseguia seguir os ensinamentos dos meus pais porque, agora, estava agindo de acordo com as minhas concepções. Droga, Nicholas. Não é para sair elogiando outras mulheres, você só tem olhos para a Elizabeth! Minha mente continuava a gritar isso, até essa voz interior ser apagada pelo sorriso envergonhado da Ashley. Ela estava mostrando expressões desconhecidas para mim, mas totalmente perfeitas para serem admiradas.
O único problema é que não podíamos ficar juntos no mesmo lugar, senão começariam os julgamentos antecipados. Então, eu e ela nos afastamos repentinamente e fomos dançar com nossos respectivos amigos. Ela pulava eufórica com a Ariana, abraçando-a feliz enquanto encostava sua cabeça na dela. Enquanto isso, Alan dá um leve soco em meu ombro e o encaro sem entender.
— Estou feliz por você, cara.
— Por que?
— Está aproveitando a vida. Eu sempre fiquei preocupado contigo quando te via com a cara nos livros, mas agora sinto um grande alívio.
Nesse momento, percebo como possuo um ótimo melhor amigo porque nem todos têm uma preocupação tão sincera quanto à dele. O Alan sempre me observou estudar, temendo que meu futuro se resumisse à apenas isso. Então, jogo as preocupações e os valores dos meus pais para cima, aproveitando a música. Eu podia dançar todo desengonçado mas com uma genuína alegria.
Meus olhos captavam tudo ao redor, mesmo através das lentes dos óculos. Eu podia ver as pessoas rindo, bebendo e se pegando; apesar de ser um pouco constrangedor fazerem isso em público. Minha atenção é para a Ashley a fim de saber qual expressão nova está fazendo, mas a vejo sendo arrastada pelo Matt enquanto Ariana pegava mais bebidas na cozinha.
Droga!
— Eu volto já!
Nem dou tempo para o meu amigo perguntar, pois estou passando entre as pessoas com certa dificuldade. Depois de ser espremido por esses bêbados, consigo chegar no quintal onde as pessoas curtiam na piscina. Meus olhos procuram a Ashley e a encontram sendo conduzida para o pequeno espaço ao lado da casa, entre a parede e o muro do vizinho. Então, apresso meus passos parando somente quando ouço meu nome na conversa deles.
— Eu vou quebrar esse tal de Nicholas por ter me atrapalhado naquele dia!
— Para de ser babaca, Matt. Deixe o Nicholas em paz! — grita Ashley toda autoritária. — Tudo bem ficar bravo comigo, mas não o envolva nisso.
Espera, a Ashley está me protegendo?
— Eu não sei qual seu interesse naquela aberração, mas estou vendo como é uma vadia mesmo!
Após o grito do Matt, ele avança contra a morena segurando-a pelo pescoço e nesse momento meu sangue ferve. Saindo do meu esconderijo não tão secreto, empurro o brutamontes para longe e ele tropeça caindo no chão.
Ela me encara surpresa, correndo até mim enquanto apoiava as duas mãos em meu peito.
— Sai daqui senão ele te mata!
— Eu não ligo! — exclamo fazendo meu corpo resistir aos seus empurrões. — Eu não a deixarei sozinha.
Ashley para de exercer força em mim, erguendo o olhar enquanto o Matt se aproxima. Então, eu a abraço forte girando o corpo para o lado, fazendo o brutamontes passar reto entre nós mas já começando a avançar de novo.
— Corre, Ashley. Eu vou tentar dar um jeito nele!
— Você vai apanhar até virar purê, isso sim!
— Antes eu do que você.
Para mim, não há covardia maior no mundo do que um homem que bate em mulher. Por isso, se for preciso, serei a linha de frente para protegê-la.
— Eu vou buscar ajuda!
Essa é a última frase que escuto antes de receber um soco do Matt, cambaleando para os lados. Como o nosso peso é quase igual, consigo me manter em pé com o seu ataque. Infelizmente, ele gira a perna a fim de dar um chute e eu a seguro no ar, jogando-o para trás. O meu objetivo era fazê-lo cair mas Matt possui técnicas de combate e não sei qual delas me trará desvantagem caso eu arriscasse esse movimento. Então, minha única opção é aguentar o que vier à seguir.
As minhas esquivas eram tão desengonçadas quanto minha dança, mas isso me livrou de bons golpes. Infelizmente, sou atingido pela falta de equilíbrio e tropeço nos próprios pés, caindo sentado. Como o esperado, o Matt não espera uma segunda chance para tentar um golpe com o joelho mas alguém o puxa pela camisa, fazendo-o recuar.
— Se gosta de brigar, por que não nos divertimos do nosso jeito?
Eu conheço essa voz!
O Alan soltava a camisa do Matt, cruzando os braços e erguendo a sobrancelha com uma expressão ameaçadora. Essa é a primeira vez que o vejo assim. Ao seu lado, havia um homem alto de cabelos castanhos e os olhos verdes. Ashley aparecia empurrando o Matt para longe, ajoelhando-se ao meu lado enquanto me fitava preocupada.
— Você está bem?
— Sim, obrigado. Quem é esse?
— É o Trevor, um amigo meu.
— Quem são vocês dois? — Matt questiona eufórico.
— Somos as pessoas que vão quebrar a sua cara. — responde o tal Trevor em um tom autoritário. — Faça as honras, Alan.
— Claro.
Quando meu amigo dá dois passos em direção ao rapaz, ele recua assustado e lança diversos xingamentos antes de sair o mais rápido dali. Eu nunca imaginei que veria o Matt, um brutamontes, correndo de uma briga sem ao menos ter começado. Então, depois que não há sinal dele, fico de pé com a ajuda da Ashley.
— Desculpa a demora, cara. — Alan dizia ao se aproximar. — Ih, você tá sangrando.
— Hein?
Passo a ponta dos dedos pelo líquido que escorria do meu nariz e vejo um filete de sangue banhar minha pele. Como não sou muito resistente a essas coisas, sinto uma leve tontura e agradeço pelo Alan e o Trevor me segurarem.
— Vamos levá-lo de volta para a Yale. — dizia Ashley ainda preocupada. — Rápido!
Eu queria saber o porquê do seu desespero se não passo de uma parte do seu contrato, mas minha visão falha e acabo desmaiando.
(...)
Quando abro os olhos, vejo a luz insuportável incomodar minhas retinas e faço careta. Eu estava em um quarto branco com detalhes de corações e flores. Lembro-me que já estive aqui antes quando fiquei bêbado. Aos poucos, tento me levantar mas uma forte dor na cabeça faz com que meu corpo volte a ficar deitado na cama macia.
— Fica quieto. — resmunga Ashley enquanto enrolava dois curativos até formarem uma espécie de tubinho. — Levanta um pouco a cabeça.
— Para que?
— Você quer uma aula sobre hemorragia nasal ou quer ficar bem?
— Você sempre trata os seus pacientes com tanto carinho assim? — pergunto erguendo um pouco a cabeça.
— Não, somente os mais idiotas. — dizia colocando os curativos no meu nariz. — Pressione as pontes nasais, isso aumenta o ritmo da cura dos capilares sanguíneos machucados.
Enquanto seguia suas ordens, fito a jovem de canto a analisando. Mesmo com seu jeito rude, Ashley conseguia ser carinhosa durante o tratamento, pois colocou cuidadosamente os curativos em meu nariz sem ao menos piscar os olhos. Em seguida, ela fecha a caixinha branca de primeiros socorros e a guarda debaixo da cama.
— Onde estão os outros? — pergunto com a voz anasalada.
— O Alan e a Ari estão no corredor. Eu os dispensei para tratar o ferimento, odeio trabalhar com o local cheio.
— E o outro rapaz?
— O Trevor? — questiona e assinto com a cabeça. — Ele foi para a casa depois que o deixou aqui.
— Dê meus agradecimentos à ele. Foi uma grande gentileza alguém me defender daquele jeito sendo que mal nos conhecemos.
— As pessoas não precisam de motivos sólidos para ajudarem os outros. — dizia com uma expressão mais suave. — E você é meu amigo, claro que ele iria me ajudar.
Amigo? Eu sou amigo dela?
— Amigo? — deixo a palavra escapar dos meus lábios, sem querer.
— Claro, somos amigos.
— Eu pensei que o contrato...
— Sim, eu também pensei que somente o contrato importava. Mas hoje, diante de um jogador experiente em defesa pessoal, você me protegeu.
— Eu só ia apanhar até você estar longe da vista dele.
Ashley solta uma risada escandalosa.
— Bem, o que importa é a intenção. De qualquer forma, você confiou em mim para contar suas inseguranças e também não me julgou quando eu contei as minhas. Particularmente, não pretendia ser amiga de um nerd desengonçado como você mas... — ela apoia os braços na cama, ajoelhada ao meu lado enquanto me encarava. — Não posso vê-lo como uma mera parte desse contrato, não mais.
Pensando bem em suas palavras, uma boa parte das nossas interações iam além do acordo o qual estamos vinculados. Ashley também me ajudou com minha insegurança e eu a protegi – tudo bem que de uma forma desengonçada – contra o Matt duas vezes. E apanhei nas duas também. Ela mostrou uma fragilidade imensa chorando em meus braços e, além do mais, no momento em que contou o estado da sua mãe. Nós dois, aos poucos, estamos conhecendo melhor um ao outro e é uma surpresa essa sincronia existente entre ambos continuar forte. Eu e Ashley somos completos opostos mas, ainda assim, uma dupla única de amigos.
— Sim, você está certa. Eu também a considero minha amiga.
Ela sorri fraco até Alan e Ariana aparecerem abrindo bruscamente a porta. O meu amigo é o primeiro a se aproximar preocupado e Ashley sai de perto de mim, indo falar com sua amiga. Por um momento, fecho os olhos para relaxar.
— Meu Deus! O Nic morreu, ele tá usando esses negócios no nariz! — Alan exclama desesperado virando-se para Ashley. — Como pôde fazer o embalsamento aqui mesmo?
— Embalsamento?
— O cadáver ainda fala! — ele se afasta fazendo o sinal da cruz. — Tudo o que eu aprendi em Invocação do Mal será bem usado agora. Ariana, traga-me uma cruz e um padre.
Ariana apenas ria descontrolada e a Ashley acompanha suas risadas. Alan continua sem entender até que eu me sento com certa dificuldade, fazendo careta para não rir como um louco.
— Isso é uma espécie de compressa, Alan. A Ashley fez para que o sangue não escorresse e sujasse a minha roupa.
— Menos mal. — dizia com uma calma surpreendente, sentando na ponta da cama. — Como está se sentindo?
— Estou bem, Ed Warren.
Agora, é Alan quem ri sem controle algum quase caindo na cama.
— Que horas são? — pergunto ainda tonto, tentando me levantar mas meu amigo dá um pequeno empurrão em meu peito, fazendo-me deitar novamente. — Calma lá, Hulk!
Como Alan é atleta, ele possui uma força involuntária que exerce sem ao menos perceber. Um cara desses a gente não quer como inimigo.
— Quase três da manhã.
— Você só passou meia hora desacordado.
— Entendo.
— O Nic pode dormir aqui, Ashley?
— Nem pensar! — ela exclama puxando-me para fora da cama. — Pelo visto, o sangramento já passou e aqui estão mais duas compressas. — dizia entregando à Alan os curativos. — Meu quarto não é um leito de hospital.
— Carinhosa como sempre. — digo ironicamente caminhando para fora do quarto com a ajuda do Alan.
Ela ri e mostra o dedo do meio, entrando no banheiro. Ariana nos acena sorrindo gentilmente e depois fecha a porta do quarto.
— Desculpa ter estragado a festa de vocês, Alan.
Meu amigo olha-me confuso e nega com a cabeça.
— A festa foi ótima, bem melhor do que as outras porque eu pude te ver curtindo.
— Que fofo!
— Sai para lá. Se comentar isso de novo, eu te largo no meio do corredor.
— Tá bem, tá bem.
— Mas quero saber, o que há entre você e o Matt? Porque eu lembro muito bem que você nunca procurou briga, nem mesmo quando a bibliotecária disse que você amassou a folha daquele livro quando, claramente, não tinha sido você.
Esse episódio foi muito complicado, a Mariane me obrigou a pagar uma pequena multa por ter amassado a página do livro mas tenho certeza que foi outro aluno, já que me lembro de ter sido a primeira vez a ter contato com ele. Ainda assim, abaixei a cabeça e recebi a multa sem reclamar. Afinal, meus pais me ensinaram a não questionar os superiores. Por ser muito passivo em brigas, todos podiam fazer o que quiser comigo pois eu sempre me mantinha calado. Então, defender a Ashley e enfrentar o Matt foi a primeira vez que demostrei opinião própria.
— Ele havia implicado com a Ashley, um dia, no corredor.
— E vocês são próximos?
Infelizmente, precisei mentir para não comprometer o nosso acordo.
— Não. Ele estava reclamando algo sobre ela não poder o acompanhar até uma festa e iria bater na Ashley, se eu não tivesse a protegido.
— Então, você deu um jeito no Matt!
— Longe disso, eu apanhei; mas usei meus conhecimentos jurídicos para fazê-lo ter medo de mim ou da lei, pelo menos. — comento ouvindo a risada do Alan. — A Ashley se sentiu em dívida comigo depois daquele dia e, bem, acho que o débito foi pago hoje.
— Isso mesmo. Eu fiquei surpreso com o cuidado dela com você.
— Por que?
— Porque, sei lá, eu podia ver a preocupação sincera que ela possuía ao vê-lo desacordado. Nós queríamos levá-lo para o meu quarto, mas a Ashley fez o maior escândalo dizendo que era melhor no quarto dela.
Pego-me surpreso, imaginando a cena da durona Ashley Bennett preocupada com um "nerd" como ela diz.
Ao chegarmos no quarto, tomo um bom banho para relaxar os músculos ainda sob o efeito do álcool. Porém, desta vez, conseguia assimilar os fatos e agir "normalmente". Quando meu corpo se choca contra a cama macia, durmo mais rápido do que o esperado ignorando os questionamentos do Alan.
(...)
A minha cabeça latejava, provavelmente um efeito da ressaca, durante a aula. As palavras do professor pareciam ser ditas em grego, porque não conseguia me concentrar. O Alan percebeu o meu estado e tirou da mochila um remédio para dor de cabeça, ele sempre carregava consigo por precisar quando recebia alguma pancada no treino. Mesmo após o medicamento, ainda me sentia indisposto.
Por isso, apoiei os braços na mesa e fechei os olhos. Enquanto estava nesse estado, escuto os murmúrios dos alunos ao meu redor, surpresos por ver um dos exemplos da turma quase adormecendo na aula. Se o meu pai souber disso, vai me matar.
Contudo, diferente da primeira festa, eu não sentia arrependimento. Tudo bem que quase apanhei pior que saco de areia para o Matt, mas também tive bons momentos. Eu e Alan conversamos, descobri como sua amizade é sincera além de ter se tornado amigo da Ashley Bennett. Se em uma única festa tudo isso aconteceu, imagina na próxima.
Surpreendo-me com meus próprios pensamentos. Eu quero repetir essa experiência? Por que?
— Hoje você vai estudar com a Elizabeth, não é? — questiona Alan quando a aula acaba. — Tudo bem ir nesse estado?
— E eu tenho escolha?
— Eu posso pedir para a Ariana te analisar e...
Só havia uma pessoa em que eu confiava para isso e, estranhamente, é a mesma pessoa que me colocou nessa situação.
— Pedirei ajuda à Ashley.
— Está tudo se aproximar dela, cara? Eu acho legal a amizade de vocês, mas o que seus pais pensarão disso?
— Eles não irão descobrir.
— Na Yale, todo segredo vem à tona.
— Eu sei, mas somente você e a amiga dela sabem.
— Se você diz. Que horas irá estudar com a Elizabeth?
— Eu não irei.
— Hein? O que você fumou nessa festa? Vai deixá-la na mão uma semana antes das provas? É burrice.
— Depois nós estudamos, Alan.
Eu não queria que a Elizabeth me visse nesse estado, alvo de uma terrível ressaca e tontura. Meu maior desejo é manter a imagem de garoto correto para a pessoa que eu amo, então a melhor escolha era passar um único dia sem ser a sua companhia.
Afinal, o que pode acontecer de ruim?
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro