Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo V

Sinceramente, não estava acreditando que o plano de Ashley daria certo. Eu me via dentro do filme Missão Impossível, até podia jurar que a música do filme tocou em minha mente quando a garota começou a explicar seu plano. No entanto, ao final, tudo deu certo de uma forma maravilhosamente incrível. Quem diria que Matt fosse capaz de aparecer no momento correto e também colaborou para o plano sem pedir algo em troca. Eu preciso parar de vê-lo como um cara superficial, talvez sejamos amigos no futuro.

Como o planejado, instiguei Alan à ajudar Lisa com o trabalho de Direito Administrativo II com algumas mentiras que foram necessárias para obter sucesso no plano. Ele ficou tão preocupado com a loira que correu em sua direção quando o professor comentou sobre a atividade em dupla. Pelo visto, a conversa foi produtiva pois Lisa ria de forma exagerada enquanto meu amigo contava uma de suas piadas. E foi nesse momento que Clark saiu da sala para falar com Matt.

Minhas pernas tremiam a cada passo dado, andando até a ruiva que permanecia perdida em seus pensamentos. Ao parar ao seu lado, encho o ar de meus pulmões e pigarreio alto conseguindo a atenção da bela dama à minha frente. Antes mesmo de se pronunciar, Lisa foi tão rápido quanto os meus pensamentos:

— Você é o Nicholas, certo? Faça o trabalho com minha amiga, por favor. — ela dizia já me empurrando para a cadeira ao lado da ruiva. — Eu e o Alan iremos fazer juntos, certo?

— Certo! — Alan sorria animado.

Lisa puxou o seu braço, levando-o até o outro canto da sala onde ficava a sua mesa. O professor havia pausado a aula para que as duplas se estabilizassem em seus lugares antes de dar prosseguimento ao assunto. Enquanto isso, passava minhas mãos pelas coxas secando o suor na calça. O nervosismo me deixava desse jeito, todo desconcertado. Como se eu não fosse assim normalmente.

— Ahm... Então, somos só nós dois.

— Sim.

Respiro fundo, desviando o olhar para a garota ao meu lado. Os longos cabelos ruivos caíam graciosamente sobre os ombros, possuindo uma ondulação natural que me encantava. Seus olhos azuis fixos nas próprias anotações do caderno enquanto mordia levemente a ponta da caneta. Seus lábios bem desenhados combinavam com todos os traços delicados de seu rosto. Quando menos espero, Elizabeth gira a cabeça em minha direção e nossos olhares se encontram. Lentamente, ela descia a caneta até a mesa sem quebrar o contato visual.

Por um momento, eu pensei que ela me reconheceria pela forma que o mar azul de seu olhar penetrava minha alma. Então, revivia inúmeras vezes a primeira vez que nossos olhares se cruzavam no ensino fundamental. Desde aquele dia, venho procurado outra forma de esquecê-los mas percebo como é impossível. Eu realmente estou apaixonado por Elizabeth Wright.

— O trabalho é para a próxima semana. — ela comenta, afastando meus pensamentos remotos sobre seu belo rosto. — Onde iremos fazer?

— É...

— Nicholas?

— Hã? Perdão. Não tem planos para o final de semana? Não quero te atrapalhar com o trabalho.

— De forma alguma, eu gosto de administrativo. — dizia timidamente mostrando mais uma vez seu belo sorriso. — E não tenho nada para fazer esse final se semana.

— Perfeito! — digo animado mas logo percebo como exagerei, encolhendo-me na própria cadeira. — Pode ser esse sábado?

— Sim.

— Na biblioteca?

— Sim!

Eu já poderia morrer feliz por ouvir sua voz suave e ver seu sorriso encantador. Para alguém como eu, tudo isso se tratava de uma enorme conquista. Se o pouco tempo desse acordo pôde causar tamanho avanço em nossa relação, preciso dar alguns créditos à Ashley por articular tão bem seu plano.

(...)

A ligação inesperada de Ashley me deixou com os nervos à flor da pele. Eu não acreditei que ela queria meu carro para ir em uma festa quarteirões dali. De certa forma, era compreensível a vontade de ir em algum veículo, já que voltar andando para casa de madrugada era muito arriscado – principalmente para uma mulher – mas não queria me envolver na sua noitada. Por mais que eu negasse, Ashley usou toda sua manipulação e ameaçou abrir o jogo para Elizabeth sobre nosso plano.

Minha mente não conseguia assimilar meus dois compromissos no mesmo dia: ir à biblioteca com a Elizabeth pela tarde e à festa com Ashley pela noite. Queria desmarcar o último mas estou sendo manipulado, como a maior parte dos homens que se envolvem com essa garota. Pelo menos, não estou envolvido fisicamente com alguém assim.

— A Lisa é uma pessoa legal. — Alan comenta jogado na cama, lendo um HQ do Homem de Ferro. — Mas ela escuta Spice Girls.

— Complicado, hein. — murmuro virando a página do livro, largado na cama concentrado na leitura. — Mas elas foram uma febre.

— "Foram", Nic. Passado do Nunca-Vai-Acontecer-Novamente.

— Acho que o passado é perfeito.

— Depende, né. — Alan abaixa a HQ para me encarar. — A gente não deve reviver o passado.

— Eu estava falando das normas gramaticais.

— Devia ter dito antes. — ele resmunga e apenas solto um longo suspiro em resposta. — Ela não parou de falar da nova música de Lady Gaga e achou que eu gostava dela também.

— Por que? 

— Porque quando a Lisa falou da Lady Gaga, apenas soltei um "Ro mah ro-mah-mah
Gaga oh-la-la! Want your bad romance", e agora ela acha que sou fã também.

Eu não pude conter a risada, deixando o livro de lado e batendo na cama de forma descontrolada. Eu ri tão alto e forte que senti minha barriga doer, junto com as lágrimas escorrendo pelos olhos.

— Não ri, cara! Eu fiquei preocupado. Imagina se o time souber disso.

— Quer uma dica?

— Claro.

Desta vez, fico sério e sento na cama cruzando as pernas.

— Quando tomar banho com o pessoal do time, nunca deixe o sabonete cair senão você vai ver o "ro mah ro-mah-mah! Gaga oh-la-la!".

— Vai se fud...

O celular do Alan vibra, fazendo-o interromper a sua forma carinhosa de tratamento. Ele parecia absorto à tudo ao seu redor, respondendo as mensagens de uma certa loira. A vantagem do plano da Ashley é que o Alan tinha grandes chances de se relacionar com a Lisa, uma boa garota vinda de uma família com a situação econômica invejável.

Pelo o que eu pude perceber, os dois teriam um tipo de "encontro" domingo pela manhã para debater sobre o trabalho. É a primeira vez que vejo uma dupla fazer isso, então desconfio que haja segundas intenções da Lisa em meu amigo.

Vai com tudo, Alan.

— Você deu sorte, Nic. Fará o trabalho com a Elizabeth.

— É, que sorte, hein.

— Agora só precisa aprender a dar uma voadora no Clark.

— Tá ficando maluco?! Eu nunca vou dar uma voadora nele, o cara é lutador profissional. Quer me matar, Alan?!

— Anote o que eu digo, você ainda vai dar uma voadora no Clark.

Reviro os olhos para o seu comentário sem cabimento, voltando à leitura. Mesmo concentrado no assunto, às vezes o sorriso da Elizabeth invadia a minha mente e eu sorria como um bobo. Então, isso é o amor? Essas emoções dançavam em meu peito, causando uma sensação de conforto ao mesmo tempo que me deixava nervoso. Tudo que eu mais queria no momento era ter meus sentimentos retribuídos mas não poderia dar um passo tão grande na minha atual situação. Eu posso ser bom em Direito, porém sou péssimo em relações sociais. Se a forma que eu tentar conquistar a Elizabeth der errado, não terei outra chance novamente pois sei que ela me evitará à todo custo.

Eu não posso falhar.

O tão esperado dia – sábado – chegou e preciso admitir que mal dormi naquela noite, pensando no sorriso da ruiva. Mesmo sendo uma ocasião especial, pelo menos para mim, usei meu típico visual: camisa presa dentro da calça, cinto, um suéter por cima e o cabelo para trás por causa do gel. Também não pude dispensar os meus óculos. Então, após borrifar meu perfume favorito, encaro o reflexo no espelho e a insegurança só aumenta.

Não importa quantas roupas eu use ou se mudar o meu penteado, nunca vou conseguir amar quem está diante do espelho. Nesse momento, admiro pessoas como a Ashley que são confiantes e usam qualquer tipo de roupa sem preocupação com a opinião alheia. Já eu vivo na sombra dos meus pais e me sinto incapaz de dar um passo sem o consentimento deles, sempre seguindo os valores que foram repassados desde minha infância. Enquanto ajeitava a gola da camisa, uma memória invade meus pensamentos.

Coloco os óculos pela primeira vez, fazendo uma careta estranha por serem tão "estranhos". Caminhei em passos lentos até o espelho, vendo uma nova pessoa ali na frente e temia que não fosse capaz aceitá-la na forma que estava. Atrás do meu reflexo, posso ver uma bela mulher usando um coque que prendia seus majestosos cabelos negros. Ela apoiava suas delicadas mãos em meus ombros contraídos pelo nervosismo e a visível negação.

— Você está ótimo assim. — ela sussurrava e sua voz suave ecoava por meus ouvidos.

— Mas eu não gosto dessa armação, é sem graça. — comento tentando tirar os óculos mas minha mãe impede, colocando sua mão na frente.

— Não precisa ter graça. Um Carter tem que manter a postura, independente da situação. Você sabe como seu pai se esforça para que sejamos a melhor família possível, então colabore, querido.

Solto um longo suspiro, afastando as mãos da armação dos óculos e deixando os braços relaxados ao lado do corpo. Volto a erguer meu olhar para o espelho, ainda odiando com todas as minhas forças essa pessoa estranha em meu reflexo. Mesmo assim, forço um sorriso para minha mãe e ela não percebe a tristeza estampada em meus olhos, afastando-se e saindo do quarto com um semblante calmo. Sempre será assim: Todo mundo só precisa fingir ser a família perfeita.

As batidas na porta me pegam de surpresa, afastando essa memória desconfortável e limpo a lágrima teimosa que escorria pelo canto do meu rosto. Ao destrancar a porta, Alan entra como um jato e se joga no chão ofegante. Nem preciso perguntar que voltou de outro treino exaustivo, ele tem dado duro no time ultimamente.

— Cara, eles me fizeram correr toda a quadra cinco vezes!

— O treinador realmente pega pesado com vocês.

— No final, eu senti que podia fazer parte de The Walking Dead pela forma que me rastejava. É sério, eu daria um ótimo zumbi!

Não consigo conter a risada e Alan também ri com o próprio comentário.

— E aí, preparado para o encontro?

— Não é um encontro, Alan. Só vamos pesquisar sobre o tema para o trabalho.

— Isso ainda com cara de encontro.

— Só você mesmo para pensar assim. Preciso ir, vê se toma um banho e não fica largado no chão.

— Vai logo. — ele gesticula fechando os olhos. — Eu vou sonhar com umas gatinhas aqui.

— Você vai sonhar no show da Lady Gaga, dançando como "louca".

— NICHOLAS! — exclama irritado. — Vai se fod...!

Fechei a porta antes de ouvir suas "doces" palavras, caminhando pelos corredores com as mãos no bolso. Era estranho sair com alguém para fazer um trabalho, já que essa era a primeira vez que eu faria dupla com outra pessoa. Quando era com o Alan, a gente pesquisava dentro do quarto ou um de nós ia para a biblioteca enquanto o outro escrevia o artigo.

Perco a linha de raciocínio ao ver a Elizabeth me esperando no corredor.

Ela usava um vestido bege com a estampa florida, uma sapatilha da mesma cor e seu longo cabelo ruivo estava preso em um coque. Como sempre não usava nenhuma maquiagem, apenas um leve brilho em seus lábios finos. Fico sem palavras ao vê-la assim, tão bela e radiante diante de mim. Acabo a cumprimentando com um aceno tímido que ela retribui.

— Bom dia.

— Bom dia, Nicholas.

Sorrio sem jeito.

— Vamos?

— Sim.

O caminho até a biblioteca foi um completo silêncio, apenas ouvia o som de seus passos ecoarem pelo corredor vazio. Aos finais de semana, a maioria dos alunos voltavam para suas casas ou iam sair com seus amigos. Geralmente, Alan ia para alguma festa com os membros do time mas ele disse que estava sem humor para sair do quarto esses dias. Eu acho compreensível já que o sermão que seus pais o deram no último final de semana foi assustador. A mãe de Alan é uma mulher gentil mas odeia ver o filho "brincando" ao invés de estar com a cara nos estudos – como a minha – e virou uma fera quando soube que ele fugiu de uma aula para se encontrar com os amigos para beber. Desde então, vejo como meu amigo está receoso em sair.

— Vai ser difícil encontrar o livro em meio à todos esses. — Elizabeth murmura analisando as prateleiras.

A nossa biblioteca é uma das maiores do Estado – e arrisco a dizer que do mundo também – devido à suas inúmeras fileiras de livros. Parece um corredor sem fim. Havia entorno de cinco mesas longas de madeira alinhadas perfeitamente sobre o piso brilhante, além de um abajur verde em cima da cada uma delas. Toda a arrumação era impecável, não havia um livro sequer fora do lugar. Enquanto andávamos pela seção de Direito, onde a quantidade de livros se tornava mais considerável, fomos direto para a área de Direito Público. Isso explica porque esse curso é tão estimado na Yale.

— Eu consigo encontrar.

Esse lugar é tão familiar quanto minha própria casa. Lembro dos finais de semana que passava estudando na biblioteca, onde posso me isolar de todo o barulho do exterior e focar unicamente na leitura. A bibliotecária já me reconhece, dentre tantos alunos, por frequentar aquele lugar todas as semanas. 

— Aqui. — comento pegando três livros da estante, ao ficar na ponta dos pés. — Essas doutrinas são bem aceitas no mundo jurídico.

— Você é rápido, Nicholas. — ela diz com brilho no olhar, pegando um livro que eu segurava.

Quando nossos dedos se tocam, sinto novamente aquela corrente elétrica invadir cada parte do meu corpo e acabo ficando vermelho. Elizabeth tinha uma expressão diferente naquele momento, parecia mais tímida que o normal e apenas conseguiu lançar um sorriso em resposta. Enquanto ela caminhava até uma mesa, eu fiquei longos segundos estáticos com a mão no ar, ainda revivendo na mente o momento em que eu a toquei.

Puxo o celular do bolso, mandando uma mensagem para a Ashley sobre como posso puxar assunto, e a única coisa que ela responde é: Fala o básico, idiota. Tenta descobrir mais da vida dela. Nesse momento, sinto vontade de jogar o aparelho longe com uma dica tão boba mas o guardo no bolso, caminhando até a ruiva e sentando à sua frente.

— Então... — pigarreio ao perceber que minha voz mal sai da primeira vez. — Por que escolheu esse curso?

Elizabeth ergue o olhar surpresa com a minha pergunta. É óbvio, né?! O tonto do Nicholas Carter não conversa com ninguém.

— Por causa do meu pai. — ela diz abaixando o olhar, folheando o livro com uma mão apoiava na bochecha enquanto o cotovelo estava sobre a mesa. — Ele é juiz e não pode passar mais de dez anos na mesma comarca. Então, a gente acabou se mudando quando eu era pequena. — soltava um suspiro baixo, mordendo o lábio inferior em seguida. — No começo, eu me senti mal por me despedir da minha antiga escola, mas depois aprendi que é algo necessário. Tudo é passageiro nessa vida, não é?

Isso explica porque, naquele dia, ela saiu de forma tão repentina da escola.

— Sim, acho que sim. — digo desviando o olhar para baixo. — Mas isso não te faz viver com intensidade cada momento, já que você sabe que tudo é passageiro?

— Intensidade? — Elizabeth negava com a cabeça, rindo sem jeito. Não deixo de admirar como sua risada é discreta e bela. — Não, eu acho que devemos planejar nossa vida e sermos sensatos.

Essa garota é perfeita para mim!

Meus olhos se enchem de brilho ao analisá-la através dos raios solares que invadiam a biblioteca. Então, ela percebe meu olhar e sorri timidamente, voltando sua atenção para o livro e começando a fazer algumas anotações no seu caderno. Como não posso ficar parado apenas admirando a pessoa mais perfeita do mundo, começo a pesquisar sobre nossa temática em outro livro. Porém, às vezes sou tentado a apreciar sua beleza e perco a linha do raciocínio.

No final das contas, a gente não conversou muito mas eu aproveitei cada minuto ao seu lado, sentindo o cheiro adocicado que emanava em sua pele. Enquanto andávamos pelos corredores, Elizabeth apertava o livro contra seu peito e uma mão segurava seu vestido por causa da forte ventania.

— Ainda bem que adiantamos o trabalho, só falta fazer a resenha e entregar ao professor. — digo para quebrar o silêncio.

— Sim e também dividimos a parte da resenha. Acho que em dois dias, nós já-... Ah!

O vento bagunçava seu cabelo ruivo e alguns fios ficavam presos em seu rosto. Elizabeth tentava, de forma atrapalhada, tirar os fios mas não podia largar o vestido. Então, passo a mão por seu cabelo colocando-o atrás da orelha. Nesse momento, ela parava de respirar e me encarava surpresa. Suas bochechas ficam coradas e sinto vontade de continuar assim, mas o meu telefone toca.

— Eu... Eu preciso ir. — Elizabeth comenta dando alguns passos para trás, sorrindo sem jeito e acenando timidamente.

Continuo estático mas consigo acenar de volta.

— Tchau, Elizabeth! 

Retribuo o seu aceno, vendo-a sair pelo corredor em passos apressados. Sua maneira graciosa de andar a tornava uma personificação de princesa, algo tão puro e intocável que às vezes penso que a Elizabeth é um anjo. Ao atender o telefone, ouço a própria voz do demônio – ou como todos conhecem, Ashley Bennett – em meu ouvido:

­— Onde você está?! Não posso me atrasar para a festa do Trevor, por isso esteja na frente da universidade em dez minutos!

Antes mesmo que eu pudesse responder, ela desliga na minha cara e respiro fundo. Espero que essa seja a única vez a aturar algo assim, não quero que ela pense que sou seu motorista particular.

(...)

O modelo de roupa que escolhi foi a mesmo, a única diferença era a cor do suéter: um verde cana com preto, formando um campo de xadrez. Não podia abrir mão do gel e dos óculos, afinal eram minha marca registrada. Esperei pacientemente no carro, trocando as estações até que ouço a porta do passageiro ser aberta e uma morena toda produzida sentar ao meu lado.

Ashley usava uma saia preta de couro, combinando com seu sapato alto da mesma cor. Um top preto em formato de "V", mostrando os volumosos seios e um colar preso ao pescoço. Seu cabelo estava solto, as pontas levemente cacheadas e revoltas. Como sempre, usava uma maquiagem exagerada mas não como um palhaço, apenas acentuava demais seus lábios carnudos.

— Eu realmente tenho que fazer isso? — choramingo.

— Claro. — ela dizia olhando o próprio reflexo no espelho de bolso. — Agora, vamos.

Tento manter minha concentração na estrada enquanto a vontade era dar meia volta e ir para o meu quarto. O perfume forte de Ashley invadia minhas narinas, causando uma certa irritação e faço careta.

— Deveria usar algo menos forte, como um L'Eau de Cloé.

— Perfume importado? — ela arqueia a sobrancelha.

— Sim, ele é muito bom e suav-...

— Riquinho de merda.

— Hein?

Viro o rosto em sua direção para reclamar pela ofensa, mas vejo uma expressão diferente na garota. Ela fitava a paisagem pela janela, as sobrancelhas caídas e o canto do baixo torto. Podia jurar que estava triste pela forma vazia que fitava as árvores e as pessoas na rua. Porém, quando fui perguntar o que houve, chegamos ao destino e ela sai do carro mais rápido do que quando entrou.

— Já sabe o horário que vou voltar, mas mandarei mensagem trinta minutos antes para confirmar. — ela explica enquanto se afastava de mim.

Permaneço em silêncio, cruzando os braços e rolando os olhos. Decido sair do carro, apoiando as costas nele e observando a casa do tal Trevor. Como o esperado, um imóvel de classe média alta com piscina nos fundos. Por isso, o local estava cheio. Todos querem se aproveitar do "amigo" rico, típico de pessoas fúteis como a Ashley.

Não percebo como o tempo passava pois lia um livro que trouxe comigo. Sei que poderia voltar para o dormitório e aparecer aqui somente quando a Ashley ligasse, mas tenho quase cem por cento de certeza que iria dormir quando caísse na cama. Então, esperar aqui não faria mal à ninguém.

Estava tão concentrado na leitura que não percebo quando uma loira me puxa pelo braço. Nesse momento, ergo o olhar surpreso e deixo o livro cair no chão enquanto sou "sequestrado" para dentro da casa.

— Vem beber com a gente também, mocinho. — ela dizia com a voz arrastada.

Claramente, essa garota está bêbada como muitos nessa festa.

Mesmo contra minha vontade, sou jogado para dentro da casa e olho ao redor. Ambas as salas estavam repletas de jovens dançando e o sofá ocupado por casais que se beijavam sem pudor algum. A escada também estava cheia, onde alguns garotos davam em cima das convidadas e passavam a mão pelo seu corpo. Procuro a Ashley com o olhar mas não a encontro.

Deve estar transando com alguém.

A mesma loira de antes surge das sombras, colocando um copo vermelho em minha mão e pedindo para que eu bebesse. Nego com a cabeça e aponto para a porta, fazendo menção de que quero ir embora mas ela simplesmente não deixa.

— Não seja um covarde!

Franzo o cenho e decido beber, virando de uma vez o copo e sentindo o líquido queimar minha garganta. Por mais que tente me segurar, acabo fazendo uma careta.

— Isso! — ela exclama animada, erguendo os braços. — Vou pegar mais para você!

Enquanto ela corria em direção ao balcão na cozinha, vejo tudo girar sutilmente e solto uma risada anasalada.

Até que essa sensação é boa. Acho que não tem problema beber um pouco mais. 

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro