Capítulo III
Enquanto os olhos intensos de Ashley me encaravam, eu não conseguia pensar em outra coisa que não fosse a Elizabeth. Tê-la ao meu lado como namorada parecia algo tão impossível, mas essa garota na minha frente tinha convicção de que, um dia, ela seria minha se eu seguisse o seu plano. Como uma pessoa racional, o melhor a se fazer era recusar.
— Então, temos um acordo? — ela insiste batendo o pé de forma inquieta.
— Não. — digo cruzando os braços sobre o peito. — Não posso tratar os sentimentos de alguém como um simples contrato.
Ela rola os olhos bufando irritada e dá alguns passos em minha direção. Mesmo com aquele salto enorme, Ashley é menor do que eu mas seu olhar demonstrava total confiança em si mesma. Sinto que tamanho nunca será um problema para essa garota.
— Quer uma demonstração de como meu plano pode dar certo?
— Como assim?
— Espere e verá.
Ashley saía do depósito me deixando sozinho e confuso. O que ela tem em mente? Apesar de evitar ser visto com alguém como ela, acabo seguindo seus passos e a encontro conversando com Elizabeth no corredor. Nesse momento, sinto minhas pernas falharem e me escondo atrás da fileira de armários, fitando-as curioso. Por não estar tão distante, posso ouvir a conversa delas.
— Sabe o nome daquele nerd de óculos da sua turma? — Ashley perguntava.
— Eu não sei. — Elizabeth respondia timidamente.
— Poderia descobrir para mim? Eu fiquei sabendo que ele é um dos melhores alunos de toda a ala de Direito e uma amiga minha quer a ajuda dele.
— Sério?! Mas eu nunca ouvi-...
— Acredite em mim. — Ashley apoia as mãos na cintura com um sorriso confiante. — Eu dormi com uns garotos que só elogiavam o desempenho dele.
Senti vontade de interromper essa conversa sem sentido, até ver o sorriso bobo que a ruiva deu. Ela estava sorrindo por um assunto relacionado à mim e meu coração saltitou de alegria. Ashley conduzia o diálogo de uma forma que Elizabeth nem percebesse as intenções da morena.
A conversa iria longe se não fosse por Clark que surgiu das profundeza do inferno – ou da sala – puxando Elizabeth para perto de si. Pelo visto, eles se tornaram amigos e mais um ponto para o número um da sala. Praticamente, Ashley foi enxotada para longe e caminhou em minha direção, após perceber que eles dois já haviam retornado para a sala.
Como o corredor estava vazio, fiquei frente à frente com a garota a encarando ainda surpreso.
— Viu só? Eu consigo fazê-la se apaixonar por ti. — ela dizia confiante. — E nem precisei apelar para as baboseiras de aparência.
— É, tenho que admitir.
— Mas o tal do Clark está bem mais avançado. Nós precisamos fazer algo.
— Espera... "Nós"?
— Claro... Depois de tudo isso, ainda duvida das minhas habilidades?
— Não... É que...
— Aceita o acordo ou não?
Toda a minha reputação como bom estudante estaria em risco e meu pai não aprovaria a ideia de ter seu filho voltado para relacionamentos amorosos na universidade. Talvez minha mãe aprovasse, mas somente se não prejudicasse os meus estudos. Também não queria que esse plano fosse descoberto, senão seria motivo de chacota de todos ali – principalmente do Clark.
Tudo indicava que ia dar errado. Tudo. Mas...
Eu não podia ignorar a minha imensa vontade de ter Elizabeth em meus braços, poder ver seu belo sorriso direcionado apenas para mim. Queria ser confiante em mim mesmo para declarar todos os sentimentos que venho guardando desde a minha infância.
Nesse momento, tive que concordar quando Alan disse que eu precisava aproveitar mais a minha vida universitária. Mas será que ter um acordo com a Ashley Bennett, pessoa mais "liberal", de toda a Yale seria a melhor forma de aproveitar? Precisaria descobrir e a única maneira era...
— Eu aceito!
Pude ver os olhos da morena cintilarem com minha resposta e um sorriso surgiu de seus lábios marcados pelo tom avermelhado do batom. Seus dentes claros e alinhados se destacavam com a cor de sua boca, como se fosse um atrativo para que muitos homens a experimentassem. Mesmo assim, eu não me importava com a garota à minha frente. Minha mente se invadia pelo sorriso de Elizabeth ao falar sobre mim. Depois de ver tal "mini conquista", eu não poderia estragar tudo... Principalmente a minha imagem.
— Mas terá condições. — acrescento.
— Quais? — ela me olha confusa.
— Não podemos ser vistos juntos, seus planos precisam ser aplicados quando eu puder ver e nada de contar isso para ninguém.
— Tudo bem.
Fico surpreso com a facilidade em que Ashley aceitou minha condições, porque a primeira delas representava claramente a minha preocupação com a imagem. Ser visto com uma mulher tão frívola iria atrapalhar meus planos de chegar até o topo, por isso as pessoas não podiam saber que sequer conversávamos.
— Então, qual a próxima etapa?
— Eu já dei o meu primeiro passo, agora é sua vez de cumprir o acordo. Quero que encontre três livros bons sobre Medicina Legal.
— Até quando?
— Até amanhã, ora.
— O que?! Eu teria que passar o resto da tarde na biblioteca procurando.
— Então, acho melhor ir logo.
E dito isso, ela sai do meu campo de vista com aquele rebolado estranho. Encosto o ombro no armário soltando um longo suspiro, desviando o olhar para baixo refletindo sobre a gentileza ao qual Elizabeth falava comigo.
(...)
Alan já havia me amaldiçoado mais vezes que a bruxa da Bela Adormecida, mas, nesse caso, queria que estudasse por cem anos seguidos e só fosse liberto com um bom soco dele no rosto. Esse mau humor era ocasionado pelo pedido de me acompanhar até a biblioteca para procurar livros. Ele aceitou sem pensar duas vezes porque eu sempre fazia isso, porém começou a desconfiar quando me viu na sessão de saúde.
— Desde quando se interessa por essas coisas, Nic? Não me diga que quer virar enfermeiro?!
— Eu não vou virar enfermeiro, Alan. É porque quero adiantar as matérias.
— Se bem que você podia virar enfermeiro mesmo, nunca se sabe quando alguém vai ter uma parada cardíaca no meio da aula. — comentava com um leve tom de preocupação. — Ou precisar de uma respiração boca à boca.
— Quem vai se afogar no meio da sala, Alan?! — questiono virando meu corpo em sua direção e erguendo a sobrancelha.
— Você está certo. Mas se for virar enfermeiro ou médico, já pensou em quem vai pegar no quartinho de limpeza?
— Alan! — repreendendo-o respirando fundo. — Você precisa parar urgentemente de assistir Grey's Anatomy.
— A série é legal, cara.
Reviro os olhos, voltando meu olhar para a prateleira enorme com uma imensa variedade de livros. Como a bibliotecária arrumava o material pronta para ir para casa, não quis incomodá-la perguntando qual a sessão correta. Por isso, estamos a quase uma hora à procura da ala teórica até encontrá-la com muito esforço.
— Finalmente... — murmuro puxando os livros, um por um.
— Imagina se você virar médico e usar uma bengala? — Alan pensava em voz alta.
— Pare de ver House! — exclamo o olhando de canto.
— Mas a série é legal.
E eu me pergunto se há alguma série que o Alan não goste. Qualquer coisa que o faça passar o tempo, já é digno de suas críticas positivas.
Após pegar entorno de sete livros na biblioteca e registrá-los no atendimento, volto para o meu quarto carregando-os com a ajuda do meu amigo. Alan continuava a me amaldiçoar por ter que levá-los, ele acha que quero passar em primeiro lugar para Medicina e abandonar o curso de Direito.
— Olha, Nic. Se eu te ver usando um jaleco ao invés de um terno, eu juro que jogo seu jaleco dentro da privada.
— Hein?! Eu já disse que só quero adiantar as matérias.
— Medicina Legal é matéria optativa do nono período... DO NONO!
— Eu sei, mas quero adiantar essa matéria já que estou com um tempo livre no final de semana.
— Você está ficando maluco, Nic.
Dou nos ombros o ignorando e entrando no quarto. Eu me considero louco não por adiantar uma matéria, mas sim por apostar com uma desconhecida o futuro do meu amor de infância. Pensando dessa forma, estou vendo como sou inexperiente. Primeiro, aceitei o conselho maluco do Alan em esbarrar em alguém e agora considero a ajuda da Ashley Bennett, a última pessoa na face da Terra que sabe o que é o amor.
Enquanto Alan vai para o banho, começo a ler o conteúdo do primeiro livro e tenho dor de cabeça com as palavras desconhecidas. Eu sempre pensei que Direito detinha as expressões mais difíceis, porém acabo me surpreendendo como a área de saúde possuí palavras – ou melhor, chamarei de enigmas – tão complexas.
Eu espero que todo esse esforço vala à pena.
Horas depois, meus olhos cansados percorrem as páginas do quinto livro e acabo adormecendo ali mesmo. Como Alan havia saído com o pessoal do time para treinar até tarde, nem o vi voltar para o quarto. Quando acordei, os raios solares invadiam as brechas da cortina e bocejo alto.
Por quanto tempo eu dormi?
Como ainda estava cedo, aproveitei o tempo para terminar de ler o livro e guardo o restante em minha mochila. Só precisava ler dois deles para ter a certeza de quais escolher e, assim, me livrar desse fardo.
O sono foi um grande desafio a ser enfrentando durante a aula, pois não conseguia manter os olhos abertos por muito tempo. Então, ia diversas vezes para o banheiro lavar o rosto mas não funcionou muito. Elizabeth notou meu cansaço e posso ver seus olhinhos azuis demonstrarem preocupação. Como ela é fofa!
— Eu não vou te segurar se você desmaiar aqui, cara. — adverte Alan enquanto levava a bandeja com o almoço para uma mesa. — Eu quero ser visto com uma garota nos braços, não contigo.
— Você não consegue ficar quieto?! — resmungo massageando as têmporas, obviamente no meu limite de paciência.
Eu nunca passei uma noite mal dormida, porque sabia organizar o meu tempo para não precisar estudar até tarde. Meu pai me educou para ser um aluno exemplar e ele dizia que "bons alunos dormem bem e têm uma vida saudável".
— Não vi o Matt com a Ashley depois daquele dia. — Alan comentava mordiscando o seu sanduíche de atum. — Sabe o que eu acho? Acho que a Ashley não tem confiança em si mesma para encontrar um homem decente.
— É...
Eu não queria saber com quem a Ashley ficava, só precisava do olhar confortante da Elizabeth e seu sorriso meigo.
— Ih, cara. A Ashley tá vindo pra cá.
— Hein?!
Quando menos espero, posso sentir seu perfume de quinta categoria invadir minhas marinas. O som de seu sapato alto ficava cada vez maior até parar, quando a garota estava frente à frente com a nossa mesa. Ela cruzava os braços, erguendo a sua sobrancelha com uma leve falha e sorrindo de forma maliciosa. Talvez esse seja o único sorriso capaz de fazer.
— Oi. — ela dizia de forma impaciente, desviando o olhar para Alan e sorrindo de canto. — Você é do time, certo?
— Si... Sim. — Alan suava frio.
— Por que não saímos um dia desses?
— Hein?
— Oi?
— Não quero nada com você, quatro olhos. — ela me diz com frieza no olhar e tom de voz. — Então... — voltava a atenção para Alan. — O que acha?
— Olha, eu... Eu... — engolia seco. — Eu vou pensar, tudo bem?
— Tudo bem.
Ashley dava uma piscada, passando suavemente a ponta dos dedos no ombro do meu amigo e percebo como ele está tenso. Eu nunca pensei que ela teria interesse no Alan, já que os dois nunca trocaram uma palavra sequer. Mas ela é desse tipo mesmo.
Quando a garota saiu do nosso campo de vista, abraçando um dos rapazes na outra mesa, ele voltou a atenção para mim ainda pasmo. Alan consegue ser tão branco quanto uma folha de papel quando está com medo.
— Ai, meu Deus. Ela quer transar comigo!
— Fala baixo, Alan! — repreendo. — Ou quer que toda a universidade descubra?
— Sei lá, pelo menos eu seria famoso.
— Não me venha com essa!
Continuar dando broncas no Alan era uma boa opção, mas meus olhos pesavam e não conseguia me manter atento às palavras do meu amigo. Ele falava algo sobre precisar ir primeiro pois todo o time iria treinar e boa parte da universidade estaria ali para assistir. Eu apenas concordo silenciosamente com um gesto de aceno e, logo em seguida, repouso a cabeça na mesa fechando os olhos. Então, sou envolvido pelo cansaço em um abraço gélido.
(...)
O toque macio das mãos de Elizabeth acariciam meu sonho e ouso abrir os olhos, vendo-a usando um belo vestido branco com uma coroa de flores na cabeça. Seus longos cabelos ruivos pairavam ao ar de forma elegante e harmônica, como se a ruiva fizesse parte daquele vasto campo de flores em que estávamos. Ela estende a mão para mim, mostrando seus belos dentes brancos e sorrindo de forma acolhedora. Sua voz era tão suave quanto a melodia celeste:
"Ei..."
Tento falar mas sua beleza deixa minha mente em total processo de estagnação. As sinapses diminuem a velocidade enquanto meus lábios se contraem, na tentativa de dizer algo. Porém, sua voz suave continua a se manifestar.
"Acorde..."
Acordar? Estou mais acordado do que nunca, apesar de não crer que um anjo como esse esteja diante de mim. Conforme dou passos em sua direção, posso perceber o sorriso nervoso de Elizabeth e seus olhos azuis brilhavam de forma inimaginável.
"Vamos... Acorde..."
Não poderia abandoná-la nesse momento, queria continuar dormindo – se assim, essa doce voz insistia em dizer – para apreciar tamanha beleza. Contudo, aos poucos, a voz suave começa a se tornar algo tão rude e grosso, não demonstrando afeto algum. A minha princesa se tornou em um dragão?
Antes mesmo de abrir os olhos, sou recepcionado com um objeto chocando-se contra minha nuca e ergo a cabeça assustado. A visão está um pouco embaçada, por isso só vejo um vulto preto na minha mente. Posso sentir a tensão em seu olhar mesmo sem fitar aquele estranho ser. Quando recobro os sentidos, percebo que é a Ashley me encarando com uma mão na cintura e a outra segurando um livro de anatomia.
Então, é com isso que ela me bateu, concluo acariciando a região da pancada.
— Isso é crime, sabia?
— Bater em um nerd babando a mesa do refeitório? Essa eu quero ver. — ela dizia em um tom desafiador.
Limpo a saliva que escorria do canto da boca, amaldiçoando o aparelho que causava esse efeito nada agradável.
— Então dente de lata, achou os livros?
— Sim e não me chame assim novamente.
Ela apenas solta um longo suspiro, batendo o pé no chão impaciente enquanto olho ao redor. Não havia ninguém ali e o crepúsculo rasgava o céu. Quando volto meu olhar para a garota, percebo como os raios alaranjados do sol refletem em sua pele morena que possuí um tom levemente dourado.
— Minha mochila... Ela... — olho para os lados preocupado até ver o mochila ser colocada na minha frente. — Como?
— Quando voltou do jogo, seu amigo saiu feito maluco te procurando. Então, pedi para que um dos membros do time perguntasse à ele onde ficava a sala de vocês. Depois disso, eu mesma fui à sua procura e encontrei a sala vazia. — ela explicava sentando-se na minha frente, empurrando o objeto entre nós para o lado. — Peguei sua mochila e voltei para o refeitório, pois foi o último local em que te vi.
— Você dá para fazer criminologia.
— Crimi... O que?!
— Nada, nada. De qualquer forma, obrigado. — digo tirando três livros da mochila e entregando-os à ela. — Eles contém a melhor leitura e até possuem o assunto esquematizado ao fim de cada capítulo.
— Valeu. — Ashley dizia seca, apontando para um copo ao seu lado. — Isso é pra você.
— O que é? — pergunto segurando o copo, levando-o para perto das minhas narinas. Esse cheiro aconchegante só poderia ser...
— Café. — ela responde se levantando abraçada com os livros. — Quando eu te vi dormindo feito mongol, aproveitei que a cantina ainda estava aberta e comprei um café para você.
— Por que fez isso?
Era estranho receber um gesto de gentileza vindo de alguém, principalmente se esse alguém fosse a Ashley. Ela nunca demonstrou nenhum afeto com ninguém – pelo menos, nos momentos em que nos encontrávamos nos corredores – mas, agora, posso ver uma quantidade quase insignificante de gentileza em seu olhar.
Quase.
— Porque eu sei que você não dormiu para escolher os livros que eu pedi. — disse com um fraco sorriso que logo sumiu no mar vermelho de seus lábios. — Esse café vai ajudar a te manter acordado antes da hora de dormir.
Por mais que eu quisesse agradecer, ela já acenava de costas para mim e entendi o seu recado de que não queria conversar com ninguém no momento. Então, bebo o café em lentos goles envolvendo a alça da mochila no ombro. O caminho até o quarto seria seguido de uma longa reflexão sobre a suposta gentileza da Ashley.
Provavelmente, ela quer algo com o meu amigo e está se aproximando de mim para conseguir conquistá-lo.
Mesmo sendo uma boa teoria, não poderia acreditar sem que houvesse provas pois seria um julgamento antecipado do mérito. Como quero fazer a prova de magistrado, algum dia, eu precisaria demonstrar total imparcialidade em minhas ações.
— Você me parece distraído. — Alan dizia jogado na cama, desviando a atenção de seu livro para me encarar.
— Impressão sua.
— Não, acho que não. Eu já te pedi para desligar o ar condicionado três vezes e você não ouviu. Eu estou todo encolhido aqui e não estou falando do meu corpo!
— Argh, Alan! — digo fazendo careta, ajustando a temperatura do ambiente com o controle em minha mão. — Você é sempre tão discreto assim?
— Eu sempre dou o meu melhor. — ele abria um sorriso convencido voltando à leitura.
Nessa noite, eu consegui dormir bem melhor do que ontem devido ao café que me manteve acordado até o horário correto para descansar. Mesmo com a mente relaxada, meus sonhos foram tão confusos pois sonhei com os doutrinadores de Medicina Legal debatendo entre si. Por isso, acordei com um salto e completamente suado, olhando para os lados e conferindo se não havia nenhum filósofo jurídico para atormentar a minha vida. Apenas encontro Alan estirado na cama dormindo, murmurando as jogadas do time enquanto estava embargado pelo sono.
(...)
A primeira matéria do dia era Direito Processual Penal, uma das minhas preferidas apesar do meu pai afirmar que tenho futuro na área Civil. Não tenho nada contra contratos, herança ou problemas de família; só não me identifico com essa área. Mesmo assim, preciso seguir exatamente os passos do meu pai para ter sucesso.
Quando chego na sala, só encontro Elizabeth encolhida em sua cadeira lendo um livro de romance. Tento prestar atenção na capa mas meus olhos pregam uma peça, focando nas leves ondulações do vermelho de seus cabelos. Ela umedecia os lábios, ainda concentrada na sua leitura enquanto os raios de sol refletiam sua pele alva, destacando as sardas em seu rosto.
Tudo nessa garota era perfeito, do seu modo fofo de sentar até o seu perfume adocicado e suave. Os olhos azuis dela eram lagoas de águas profundas, as quais eu me afogava toda vez que os encarrava com intensidade.
Como se lesse meus pensamentos, a garota ergue o olhar para mim que estava paralisado na porta. Lentamente, ela abaixa o livro repousando-o na mesa e abre um sorriso gentil. Meu coração falha no exato momento que vejo seus perfeitos dentes em harmonia com os lábios rosados, sem batom algum. Ela não precisa de algo assim.
— Bom dia. — digo com a voz falha.
— Bom dia... Ahm...
Seu olhar dizia tudo: Elizabeth queria saber o meu nome. Nesse momento, lembro de Ashley e da conversa das duas, onde ela perguntou à ruiva qual era o meu nome. Agora consigo entender o porquê de tal questionamento, essa é uma maneira da Elizabeth falar comigo.
— Nicholas, meu nome é Nicholas.
— Prazer, Nicholas. Sou Elizabeth Wright. — ela dizia gentilmente, ficando de pé e esticando a mão.
— Prazer.
Ao segurar sua mão, sinto uma corrente elétrica percorrer o meu corpo e respiro com certa dificuldade, pois estava me afogando na imensidão azul de seu olhar. Tudo pareceu parar naquele momento, onde só havia nós dois ali e nossas respirações sincronizadas. Meu rosto provavelmente estaria vermelho como o dela, mas não dou importância.
De forma sutil, Elizabeth recua a mão e volta a se sentar na cadeira. Ela retorna à leitura e vou para o meu assento com um sorriso de orelha à orelha.
Talvez eu deva confiar mais nos planos da Ashley.
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