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João, o comedor de gatos

Tudo começou naquela noite, eu deveria ter por volta dos 10 anos. Aguardava ansiosamente pela chegada do meu pai em casa, depois de um longo dia de trabalho. Já estava deitada em minha cama. Estava sem sono, ficava quieta e atenta ao som do carro estacionando e o barulho do portão se abrindo, era indício de que meu pai havia chegado. Mamãe ficava na sala, assistindo televisão, também esperando meu pai para preparar sua janta.

Senti aos pés da minha cama, minha gata Mel, chegar e se acomodar para dormir. Mel era muito apegada à mim. Naquela noite não demorou muito para meu pai chegar em casa, ouvi o barulho do carro estacionando e o portão se abrindo, parecia que estava tudo bem, porém a pergunta da minha mãe me alarmou, não foi só a pergunta em si - mas sim - a entonação de voz que ela utilizou ao perguntar:

"O que houve, querido!? Por que está tão pálido!? Parece que viu um fantasma!"

Foi quando meu pai começou a explicar:

"A rua estava deserta, estava guiando o carro, quando virei a esquina, a luz dos faróis clareou uma coisa no beco, foi muito rápido, parecia alguém corcunda, com uma capa verde e de capuz, era deformado e havia um gato em suas mãos. No susto quase perdi a direção do carro... Eu ... Não tenho ideia do que era aquilo."

Continuei em silêncio ouvindo o relato do meu pai, tive muito medo aquela noite, abracei forte minha gata até cair no sono. Na manhã seguinte, perguntei ao meu pai sobre o que ele havia visto, mas ele desconversava, claro que ele não iria querer me deixar assustada, mas mesmo ele não dizendo, eu sabia o que havia ouvido.

Não demorou muito para que os gatos de rua do bairro começassem a desaparecer, logo já não havia mais nenhum, somente os domésticos. No entanto, havia notícias de que um ladrão estava invadindo as residências, mas para a estranheza de todos, ele não estava roubando dinheiro ou jóias, mas sim os gatos. Temendo pela minha gata, eu insistia para que meus pais deixassem sempre a casa trancada, e na hora de dormir eu fazia questão de conferir todas as portas e janelas.

Ao lado de casa, morava meu vizinho Pedro, ele tinha mais ou menos a minha idade na época. Me lembro de todas as tardes após chegarmos da escola; eu ficava escorada na cerca que separava nossos quintais e conversavamos por horas. Costumávamos ficar alí até o sol ficar avermelhado e se esconder entre as montanhas, e nossas mãe viessem nos chamar para jantar. Sinto falta dessa época.

Em uma dessas conversas, comentei com ele sobre os desaparecimento dos gatos e o que meu pai havia visto naquela noite. Pedro disse que o boato já havia se espalhado pela cidade, o assunto estava na capa dos jornais, começaram a chamar o ladrão de João, o comedor de Gatos. Acabou se tornando a lenda urbana da vez.

Havia também rumores de que esse tal João se escondia no castelinho no fim da rua. O castelinho era uma igreja abandonada com muitos relatos de assombração, por isso ninguém da vizinhança se atrevia a entrar lá. Porém nada disso me importava, desde que a Mel, ficasse em segurança em minha casa.

Nessa mesma época, meu pai recebeu promoção no trabalho e decidiram em um final de semana, sairmos para comemorar, ir jantar fora. Me lembro daquela trágica noite, aquela sensação ruim que me apertava o peito, me sufocando. Pedi para minha mãe me deixar ficar em casa com a Mel, mas ela negou, afinal era algo importante para meu pai, sua única filha deixar de ir, o deixaria chateado.

Enquanto conferia as trancas das portas e janelas da casa, percebi que a Mel, estava fixando seus olhos para o guarda roupa, ela miava de um jeito estranho, como se estivesse com medo. Me aproximei do guarda roupa para ver o que tinha alí, quanto mais me aproximava, notei que um cheiro horrível estava vindo do móvel, não soube distinguir o que era, deduzi que poderia ser algum rato morto. Então em vez de abrir o guarda roupa, resolvi avisar minha mãe de que havia alguma coisa morta no quarto. Se eu tivesse aberto a porta naquela noite, nada disso teria acontecido.

Chegamos em casa por volta dás onze horas da noite, assim que encostamos o carro, percebi que havia algo de errado; a janela do meu quarto estava aberta, eu sabia que a tinha trancado antes de sair. Entrei apressadamente para dentro de casa, gritando por minha gata, subi as escadas de dois em dois degraus, quase caindo por diversas vezes, porém eu não a encontrei. Procurei em todos os cômodos, mas não havia nenhum sinal dela, apenas aquele mesmo cheiro horrível que agora parecia estar pela casa toda.

Meus pais tentavam me convencer de que ela voltaria, mas depois de alguns dias eu desisti de esperar. Eu acabei associando o desaparecimento da Mel com a lenda do João, então tive uma ideia, chamei a única pessoa da qual eu poderia contar, meu vizinho Pedro. Disse que nós iríamos no castelinho tentar procurar pela Mel, óbviamente de início ele negou, mas depois de chorar um pouco, meu amigo acabou aceitando.

Combinamos o dia certo, então depois de voltar da escola, me preparei, peguei o que achei que seria útil: uma lanterna e uma chave de fenda. A chave de fenda era para se fosse nescessário abrir alguma porta e também poderia usar como arma. Pedro estava esperando do outro lado da cerca, o medo era nítido em seus olhos. Eu odiava ter que envolvê-lo nisso, mas eu precisava de ajuda.

O castelinho, ao entardecer ficava ainda mais horripilante. Pedro não parava de falar, a todo momento choramingava:

"Só vamos olhar e voltar, antes que minha mãe perceba que saí."

A porta do castelinho não estava trancada, na verdade a tranca e as dobradiças da porta estavam sendo corroídas por ferrugem, então foi fácil de conseguir entrar.

A primeira coisa que percebemos foi aquele mal cheiro, era terrível, quase inrrespiravel. Notei que aquele odor era semelhante ao que havia sentindo em meu quarto no dia em que a Mel desapareceu.

Os cômodos estavam escuros, somente alguns pequenos flashes de luz, vindos das janelas com as vidraças quebradas, clareavam parcialmente o lugar. Me lembro daquela névoa formada pelo pó que ficava visível ao entrar em contato com os poucos raios de sol. Havia cacos de vidros espalhados pelo chão, alguns bancos de madeira podres, próximo ao pequeno altar.

Nos aproximamos da escada de madeira em formato de espiral, cada passo para subir era de um rangir rústico e alarmante. Quando faltavam apenas cinco degraus para chegar ao andar de cima, começamos a ouvir os miados dos gatos, pareciam ser muitos, o som que mais pareciam pedidos de ajuda, estavam vindo dos fundos.

O andar de cima estava ainda mais escuro, havia apenas uma pequena janela ao final do corredor, Tentamos caminhar com muita cautela, olhavámos para todos os lados atentos á quaisquer ruídos. Pedro relutava em seguir em frente com seus pequenos passos curtos e trêmulos, mas ele continuou, não sei dizer se era por medo dele ter que voltar só ou era seu instinto de protetor falando mais alto. Enquanto andávamos, percebemos que ao chão havia restos de Gatos mortos; eram ossos, manchas de sangue seco e pedaços de carne já em decomposição. Foi então, que encontramos as gaiolas empilhadas, e presos dentro delas, estavam os gatos da vizinhança, inclusive a Mel. Sorri e suspirei de alívio ao vê-la, comecei a tentar abrir a gaiola com a chave de fenda, enquanto Pedro ficou parado na porta, tremendo. Ele estava tentando me dizer algo, mas sua voz não saia.

- Me ajuda aqui, Pedro! - eu gritava, mas ele permanecia imóvel.

Foi quando ouvimos a porta do andar de baixo ranger suavemente, em seguida, passos começaram a estalar o piso de madeira, seja lá quem fosse, estava vindo até nós. Eu não sabia se ele já sabía que estávamos lá ou apenas subia para se alimentar.

Corri na direção do Pedro o puxando para dentro de um armário velho, era o único lugar onde poderíamos nos esconder. Eu tapei a boca do Pedro com a mão, enquanto ouvíamos ele se aproximando.

Vimos aquela sombra chegar e passar em frente ao armário velho, sua respiração era pesada e ofegante, sua capa comprida, arrastava pelo chão erguendo uma nuvem de pô por onde passava, aquilo foi direto para as gaiolas, deixando os gatos ariscos e inquietos.

- Olá meus aperitivos, quem de vocês que irá ser meu alimento hoje? - dizia a voz rouca e falhada. Eu estava com tanto medo que fechei meus olhos nesse momento.

Eu só queria que ele saísse para que pudéssemos fugir e soltar todos os gatos. Ainda com olhos fechados orava em pensamento, lutando contra o meu choro para não soluçar ou fungar.

Senti um ar quente tocar meu rosto suavemente junto com aquele fedor podre que invadiu minhas narinas. Aquela ar ia e voltava, fazendo as dobradiças da porta do armário rangirem conforme o ar pesado entrava pela porta. Eu continuei de olhos fechados, senti um puxão forte no meu braço que me fez abrir os olhos com o susto. Pedro havia puxado meu vestido, sem voz ele apontava para a pequena fresta deixada pelas portas do armário e entre elas estava aquele enorme olho. Fixo em nós. Aquilo, puxou o ar como se estivesse nos farejando.

- Ora! O que temos aqui! - disse a criatura, salivando. Sua saliva respingou em meu rosto, queimando feito ácido minha pele.

Eu tentei correr, mas ele me segurou pelos ombros e me arremessou contra a parede, Pedro ficou imóvel de medo soluçando freneticamente, como se o próprio ar estivesse o sufocando.

- O que vocês querem aqui!? - perguntou a criatura.

Com meu único fio de coragem e entre o choro eu gritei:

"Devolva minha gata! Seu monstro!"

- Então é isso que você quer - disse ele caminhando na direção da gaiola.

- Qual desses lindos gatinhos é o seu? - continuou, enquanto passava sua língua ponte aguda em seus lábios finos e secos.

- Espera, eu me lembro de você! Sim você é a dona da gata branca, como você chama ela mesmo.... Hum... Ah claro, era Mel, justamente ela quem eu ia escolher hoje para comer - ele abriu a gaiola, enquanto tentava lembrar o nome da Mel. Com os dedos longos e finos, aquela criatura a segurou pela nuca, puxando sua pele.

O João, o comedor de gatos, abriu a sua boca por completo, fazendo sua cabeça encostar em sua corcunda, sua saliva escorria pelo canto dos lábios enquanto sua língua se envolvia pelo corpo da Mel vagarosamente.

- Nãooooo! - gritei o mais alto que pude.

João, sorriu de forma maligna e fechou sua boca de vagar, recolhendo sua língua.

- Garotinha, vou dar uma chance para você resgatar sua gata, o trato é simples. A sua vizinhança está ficando sem gatos, logo irei embora e não posso ficar me expondo, preciso de um lanche para a viagem, se você me trouxer Cinco Gatos sendo que todos eles sejam filhotes, em três dias eu devolverei sua gata. O que me diz? - Enquanto ele fazia sua proposta, ele colocou Mel de volta para dentro da gaiola o que me fez sentir um alívio momentâneo.

- Você tem três dias para pensar - afirmou a criatura - se você contar a alguém, eu vou embora levando sua gata junto comigo.

Eu estava em um enorme dilema, eu não teria o sangue frio de dar cinco filhotes para serem devorados por ele, ao mesmo tempo que não poderia deixar ele levar minha gata, da qual eu era tão apegada.

Foi difícil a decisão, eu não me orgulho disso, mas tive que tomá-la. Pedro e eu cabulamos aula para ir em outro bairro para procurar os cinco gatinhos, meu coração estava aflito, ao mesmo tempo que eu queria a Mel de volta, eu também não queria encontrar os cinco gatinhos. Mas em um beco, dentro de uma caixa de papelão, ali abandonados, com fome e com frio, estavam os cinco gatinhos.

Ao recordar disso meus olhos se enchem de lágrimas e não consigo me olhar no espelho. Sim! eu fui um monstro sem coração. Mas Eu queria minha gata de volta.

Eu os levei até o João, nunca vou me esquecer, daqueles olhares inocentes e seus miados agudos, pedintes por comida sendo servidos de bandeija para aquele monstro. Como o combinado, Mel me foi devolvida. Naquele dia, voltei para casa com Mel em meus braços, mas não conseguia parar de pensar naqueles filhotes. Como de costume, minha gata dormiu abraçada por mim naquela noite, enquanto eu soluçava de tanto chorar.

Pedro depois daquilo, nunca mais voltou a falar comigo, acho que ele deve ter ficado com uma terrível impressão de mim. Pouco tempo depois ele e sua família se mudaram do bairro, eu assisti ele partindo, mas ele se quer acenou para mim, apenas desviou o olhar enquanto o carro seguiu até sumir na rua.

Demorou um tempo até que o bairro voltasse a ter gatos de novo e nunca mais tive notícias de que alguém voltou a ver o João, o comedor de gatos. Não se sei se ele realmente foi embora. Não sei ele possa ter ido ou de onde ele veio, mas nunca mais voltei ao castelinho para confirmar.

Enquanto a mim e a Mel, vivemos em paz, por apenas três dias. Um dia quando voltei da escola, fui procurar Mel, mas ela não estava em canto algum de casa. A única coisa que estava em meu quarto, era aquele maldito fedor de podre. Eu Sinto a falta dela.

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