Pequena Eu
Eii cerejinhas!
Trago apenas alguma poesia das memórias da minha infância. Eu não iria postar aqui, mas minha mãe gostou tanto disso que pediu que eu publicasse.
No fundo ela apenas está com medo que eu apague, se eu postar aqui ela vai ter uma segurança de que eu nunca vou perder esse texto.
Mas é apenas um texto que mantém as memórias da pequena Bia do passado vivas.
Aproveitem 💕
Às vezes eu era da realeza. Com vestidos da mamãe e joias baratas que pegava disfarçadamente do lixo da minha tia. Em um castelo de papelão, fugia pela janela e me encontrava com um plebeu bonitão.
Às vezes eu era aluna e minha principal missão era sempre traçar os contornos das páginas encardidas da minha grande coleção de gibis da Turma da Mônica.
Na escola eu era a popular. Carregava uma bolsa com tudo quanto é tipo de produto e mascava chicletes barulhentos. Uma mesinha era minha carteira de identidade e uma almofada velha em formato de coração era o que chamava de salvação.
Eu também era professora. Entre as páginas das revistas da Avon criava trabalhos e exercícios complicados, cujo os preços e descontos marcavam as notas que dava.
Muitas vezes era espiã e a alça da minha bolsa preferida virava material de escalação. Por um tubo imaginário chegava ao meu escritório e lá criava apetrechos com o lixo do quintal da minha amiga.
Sereia era sempre. Com os pés bem juntinhos mergulhava debaixo da cama. Minha casa era um guarda-chuva de fadinhas e minha comida anéis de latas de refrigerante.
Atacava de policial sempre que podia. Em alta velocidade meu volante era o caderno de receitas da mamãe. Chegava ao local sorrateiramente, sacando minha arma, um secador rosa choque, e mais anéis de refrigerante como munição. Atirava em travesseiros suspeitos e então recarregava com mais anéis tirados da embalagem de manteiga.
Outra hora era vampira, mas gostava mesmo era de ser pirata. As roupas no varal eram minhas bandeiras e os cabos velhos de rodos e vassouras eram as armas que matavam os inimigos. Meu amor era um traidor, as frutas eram envenenadas e eu nunca era feliz sendo capitã, pois meu maior tesouro era sempre pedrinhas brilhantes catadas na areia do meu vô.
Era aventureira. Sem causa ou motivo, subia em cima do balanço que fazia de carruagem e o dados de presentes da vovó viravam comida dentro da cabana. Por falar em cabana, com cadeiras e cobertores montava no canto do quarto meu aconchego.
As vezes tomava chá com meus bichinhos. Usando longas luvas e chapéus chiques servia bolo de abacaxi aos convidados.
Brincava de mãe solteira. Fazia as contas do dinheiro e gastava tudo no supermercado. Era uma mãe irresponsável que batia na filha quando fazia algo errado.
Era ora Rapunzel com cabelos feitos de cintos e cordas e fivelas, ora Chapeuzinho Vermelho com uma capa rodada e doces numa cesta.
Fui bombeira muitas vezes. Jogando os ursinhos e gatinhos em cima do guarda-roupa fazia esquemas complicados de resgate. Quando a todos resgatava era a médica que os salvava com operações engraçadas.
Trabalhava em um grande escritório, onde no meu laptop da Xuxa escrevia letras aleatórias, em folhas manchadas fazia desenhos tortos e feiosos.
Era piloto de corrida que tinha armadilhas perigosas. Chefe de cozinha que trabalhava certas vezes com amoras e limões, outras com sucos coloridos através de canetinhas da Faber Castell. Tinha até estúdio de tatuagem onde as pelúcias eram vítimas amedrontadas.
Já fui muita coisa na verdade.
Sempre fui Rainha, nunca uma Princesa. Na pirataria eu era capitã e na polícia prendia todos os bandidos. Fazia sucesso na escola e era a popstar do momento no meu quarto. Era aventureira aos domingos e mãe de família na semana. Controlava grandes empresas ao mesmo tempo que cuidava de gatinhos laranjas em banheiras cor-de-rosa. Em uma faixa possuia distintivos merecidos e do estetoscópio fazia um chuveiro num salão chamado "Dentista". Ganhava todas as lutas com meu travesseiro e sempre escapava das prisões dos meus inimigos.
Viajava no tempo em uma caixa dágua e explorava o mundo em uma cadeira. Num frasco de perfume infantil tinha veneno, em uma base vencida tinha lasers e segredos. No meu anel continha um grande poder, com minha varinha fazia chover. Na minha mão um pires virava panqueca e um bule de chá era perfume da alta classe média. Todos da família brincavam comigo e a festa era garantida.
Sem dúvidas eu era tudo que queria, e é por isso que é tão doloroso crescer.
B☆C ❤🍒❤
E foi isso cerejinhas!
Inclusive, o que acharam da capa dessa história? Estou tentando manter um padrão entre as capas.
Sabe, eu tenho visto muitas autoras que mantém um padrão de cores ou de estilo em suas capas e eu achei isso muito interessante, porque só de ver uma capa eu já sei que pertence a @ tal.
Não que eu seja uma gênia da edição, mas eu tento, então aqui está o padrão de capa que pretendo manter.
Beijinhos caramelados.
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