Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

CAPÍTULO 7 - VLADISLEI

A floresta era um manto tenebroso de penumbra e estava mergulhada no mais absoluto silêncio. Uma pálida camada de neblina encobria o chão e parecia refletir a luz da lua. Era o macabro cenário que se encontrava a floresta ao redor da represa Xurinara.

O grupo de homens tinha sido dividido em quatro equipes que cobriam cada centímetro da represa e dos lugares adjacentes. Um desses grupos era formado por Vladislei, de 65 anos, ávido caçador que conhecia aquelas terras como as palmas das próprias mãos. Ele tinha nascido e sido criado ali, e não havia segredos na floresta que ele não pudesse conhecer e revelar. Juclenis, o mecânico da cidade, tinha 35 anos e era casado; Juvenil, 49 anos e solteiro; e Osvaldo, que era professor de educação física, completavam o grupo.

Aquela era a terceira área que eles cobriam, e estavam fazendo aquilo desde o meio-dia, quando o delegado reuniu o pessoal no ginásio da escola e passou as coordenadas de como o trabalho ia ser feito. Ele distribuiu um rifle de caça calibre 22 para cada equipe, além das armas que eles mesmos levariam. Estavam procurando um jacaré, ou qualquer coisa que fosse parecida com um jacaré. A ordem era abater.

Vladislei se distanciou alguns metros do grupo até o ponto onde havia algumas pedras. Dava para ver o lago quase que completamente dali. Ele fez um cigarro de palha, usando fumo de rolo. Não fumava cigarros comuns. O fumo de rolo, comprado em tabacaria, era coisa natural, nada daquelas químicas fodidas que colocavam em cigarros tradicionais. Era isso que matava: a química.

Vladislei fora casado por quarenta anos com Zoraide, a única mulher que ele já tinha amado em toda a vida. Zoraide vivia brigando com ele, dizendo que ele ia morrer de câncer no pulmão por ficar fumando. Zoraide havia morrido há dez anos, de câncer de pulmão, e ela nunca havia colocado um único cigarro na boca sequer.

Ele acendeu o cigarro usando um isqueiro Zippo que já tinha sido de seu pai. Tirou a garrafinha de cachaça do bolso e tomou um gole. Aquela era da boa, cachaça artesanal, feita por ele mesmo no alambique que tinha no sítio onde morava. Coisa natural, nada de química nas coisas que consumia.

Vladislei olhou para o lago que, àquela hora da noite, nada mais era do que uma mancha escura lá embaixo. Estavam dizendo que o que estava matando as pessoas ali era um maldito jacaré. Mas Vladislei tinha suas dúvidas. Em todos aqueles anos vivendo ali, ele nunca tinha visto um único maldito jacaré, nenhum sequer.

Havia bastantes lontras, capivaras... A floresta era abarrotada de javalis, que podiam ser muito perigosos. Mas jacarés?! Não. Ele daria sua cara a tapa. Ele era caçador velho, caçava ali sua vida toda, porra. Se um caçador não conhecia os tipos de bichos que existiam no lugar onde ele caçava, podia ser considerado um caçador de merda.

Não, devia ser outra coisa.

Mas que coisa? Que coisa podia destroçar um ser humano?

Vladislei já ouvira histórias assombradas sobre a floresta, histórias que os antigos contavam: coisas como criaturas sobrenaturais que habitavam a floresta, corpos secos, por exemplo. Ele próprio já tinha visto algumas coisas meio estranhas naquela floresta — não podia provar. Ele não era supersticioso nem nada desse tipo, mas acreditava em assombrações. Acreditava desde que vira uma quando tinha nove anos de idade.

Naquela época, se você quisesse mijar ou fazer o número dois, tinha que ir até a latrina que ficava do lado de fora.

Faziam três dias que sua vó tinha morrido, e antes ela tinha sofrido terrivelmente, vítima de um câncer no cérebro, câncer esse que a definhara. Ela tinha sido velada ali, na casa em que eles moravam, e até então, Vladislei nunca tinha tido qualquer experiência com a morte, e ver a vó ali, no caixão, como se estivesse apenas repousando, foi uma coisa que o impactou a ponto de lhe causar pesadelos por um tempo.

Três dias depois, Vladislei vira sua vó na latrina , e uma coisa profana caminhando no bosque que circundava a casa.

Ele acordou por volta das três da madrugada. Era uma noite fria de julho, e naquela época fazia frio de verdade. Ele sempre colocava um penico no quarto, mas naquela noite, por motivos que ele não fazia ideia quais eram, não. A única alternativa era caminhar até a casinha branca, a latrina.

Ele acendeu a lamparina, não precisava, porque a lua cheia brilhava com intensidade, transformando a noite em um dia, mas ele acendeu mesmo assim.

Caminhou até a porta da cozinha, virou a tramela e o ar congelante da noite o atingiu em cheio. Parado à soleira da porta ele conseguia vislumbrar a latrina, a casinha branca de madeira que seu pai tinha feito, e por algum motivo naquela noite ela parecia uma coisa viva, um fantasma pálido que o desafiava de longe.

“ Venha seu mijão. Venha aqui e mije em mim se for macho. Vou comer seu pau. Ouviu bem? Vou mastigar seu pintinho murcho de merda!”

Por algum motivo ele foi, mesmo tremendo de medo, mesmo sabendo que o medo poderia fazê-lo mijar nas calças antes de chegar à latrina.

Ele teve a impressão de que a porta da latrina se abriu sozinha, e de repente havia uma coisa lá dentro, algo nefasto e podre. O cadáver putrefato de sua vó, enlouquecida pela morte. A morte a tinha transformado em uma coisa inominável, profana e fétida. E por Deus, Vladislei não entraria naquela latrina nem que lhe pagassem, de jeito nenhum, nem por uma dúzia de chocolates, nem por um beijo doce de Graziela, que era uma menina bonita à beça, da escola.

Naquela noite ele mijou no mato, próximo da floresta, e foi quando ele viu. Ele era uma criança na época, mas tinha certeza de ter visto. Havia uma coisa na floresta, uma coisa tão nefasta quanto o cadáver podre de sua vó na latrina. De alguma forma ele sabia que o cadáver podre de sua vó (cagando) na latrina era apenas sua imaginação. Mas aquela coisa se arrastando na floresta não era. Aquilo era realidade pura, Porque de repente ele conseguia sentir o cheiro daquela coisa, e era o cheiro da morte, o cheiro de mil cadáveres podres, o cheiro de toda a merda que havia na latrina.

A coisa se aproximou de tal forma que ele sentiu aquele cheiro, e quando olhou na direção de onde vinha o cheiro ele a viu. Vladislei não ficou muito tempo ali, para ver a coisa, mas os segundos que ficou foram suficientes para que um terror profundo o invadisse.

Ele olhou para a floresta e viu dois olhos vermelhos, acesos entre as árvores como se fossem enormes vagalumes.

Vladislei arregalou os olhos e foi quando aquilo, a coisa entre as árvores, emitiu aquele som indescritível.

Segundos depois ele estava de baixo das cobertas, tremendo de medo, cheio de pavor.

A floresta era assombrada. Toda aquela região do lago era assombrada. Alguma coisa, alguma coisa muito antiga, habitava aquela floresta, se alimentava naquela floresta.

Vladislei sentiu um arrepio gélido percorrer todo seu corpo e apertou com força a espingarda calibre 12 que estava segurando.

E de repente ele ouviu aquele som. Há muitos anos não ouvia aquele som, mas de repente ele soou alto, entre as árvores, fazendo todos os seus ossos tremerem. Era o som do medo e do horror, era a voz da coisa que habitava a floresta, a coisa que se alimentava de carne.

Vladislei se levantou num salto e apontou a espingarda para a frente, e na mesma hora chegou a conclusão de que era uma boa ideia dar o fora. Que se danasse o grupo de busca, ele ia buscar lugar seguro entre as quatro paredes de seu rancho.

Ele escutou o som novamente e se voltou para baixo, para o lago, os olhos arregalados, o coração batendo a mil, o medo, uma coisa pulsante que corria em suas veias e fazia suas pernas ficarem bambas.

Na semi escuridão da noite não dava para ver muita coisa no lago. A luz da lua transformava ele em uma mortalha prateada.

Vladislei ficou olhando para a água por alguns segundos e então a viu. A coisa estava lá, olhando para ele com aqueles terríveis olhos vermelhos e acesos. Ele a viu se erguer das águas, surgindo das profundezas como uma aparição infernal, e de repente ela começou a deslizar sorrateiramente para fora da água, vindo em sua direção.

Ele ordenou que suas pernas começassem a correr, mas elas não obedeceram. Ele ficou ali, plantado, como se seus pés estivessem parafusados no chão.

Seus dedos acionaram o gatilho da escopeta, mais por ele estar tremendo do que por vontade própria. O estampido encheu a noite, o disparo atingiu a escuridão, a escuridão deslizante que vinha em sua direção.

Quando a escuridão chegou perto dele, Vladislei viu dentes, uma boca enorme. Um cheiro fétido de podridão o envolveu. Ele atirou novamente e viu a coisa grunhir, ou grunhido era o máximo em que ele conseguia pensar para descrever o som.

Só então ele conseguiu se mover. Saiu correndo e gritando, embrenhando-se por uma trilha, e a coisa estava atrás. A coisa corria, não se rastejava como ele pensava, mas corria, e era rápida.

Em plena corrida ele conseguiu recarregar a arma, apontou-a para trás e disparou. O estampido saiu amorfo dessa vez, como se a floresta assombrada tragasse o som.

Ele correu, mas sabia que não seria capaz de escapar, já não tinha mais aquela agilidade de quando era jovem.

Vladislei correu até tropeçar e cair. A espingarda espatifou-se de sua mão. Ele bateu a cara em alguma coisa que achava ser uma pedra e sentiu (e ouviu) seu nariz se partindo, O sangue quente desceu aos jorros. Ele ficou atordoado, tossiu, engasgando-se com o sangue. O terror agora dominava-o em toda a sua intensidade, o terror era como vermes rastejando-se sobre sua pele.

Em pânico, Vladislei começou a tatear o chão à procura da espingarda. Ouviu os passos da coisa atrás de si, em algum ponto da floresta escura, pisando folhas, quebrando galhos. Conseguia também ouvir o respirar daquela coisa, e o cheiro, o cheiro era repugnante.

Suas mãos tocaram a espingarda e ele se agarrou nela, como se esta fosse a mão de Deus.

Vladislei apontou a arma para a frente e havia apenas a escuridão.

A floresta agora estava silenciosa, ele ouvia apenas os sons sibilantes de sua própria respiração, e o coração batendo a mil, tentando acompanhar o ritmo da adrenalina que pulsava em suas veias.

Um leve som de galho se quebrando surgiu logo acima de sua cabeça e Vladislei olhou para cima. Os olhos se arregalaram, a boca se abriu em um grito sufocado. Alguma coisa cheia de dentes se fechou sobre sua cabeça e arrancou do pescoço.

Vladislei viu a escuridão e mergulhou nela.


Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro