Capítulo 9
Eu não me canso de ouvir mamãe falar sobre como conheceu papai. É uma história simples, bem diferente do que vemos nos livros. Não há castelos e nem príncipes em cima de cavalos o que me deixou decepcionada. Mas mesmo assim deixou meu coraçãozinho derretido como manteiga e com gostinho de quero mais.
Mamãe estava no último ano do ensino médio quando conheceu papai. Ela era a única solteira entre as amigas, pois achava que não valeria a pena se apaixonar no último ano já que iriam para a faculdade em breve. Muitos homens já a chamaram para sair pela sua beleza, cabelos longos cor de chocolate cheio de ondas naturais e olhos azuis brilhantes, mas ela nunca aceitava. Com a fama de negar tudo e todos, logo não havia mais nenhuma alma para convida-la para um passeio.
Apesar de achar que o amor não valeria a pena naquele momento da vida, Jamile sentiu falta da bajulação e dos caras dando selinho em sua mão para conquista-la. Então, um dia o baile do colégio chegou e todas as suas amigas iriam acompanhadas de seus namorados. Sem esperança, mamãe achou que nenhum homem aceitaria leva-la até o baile depois de tê-los rejeitado, mas para sua surpresa um atleta alto e de olhos verdes como uvas a chamou.
Não se engane. Esse não era meu pai, mas era bonito e gentil. Minha mãe disse que esperou ansiosamente por aquele jovem na porta da escola. Ela usava um longo vestido azul com pedras brilhantes como as estrelas. Nos pés calçava saltos pretos que combinavam com a faixa em seu cabelo. Mamãe aguardou horas e viu todas as suas amigas chegarem e se encontrarem com seu par, mas nada do seu homem chegar.
Mais tarde soube que tudo aquilo não se passava de uma brincadeira de mau gosto. Seu par, na verdade, já estava lá dentro acompanhada de outra bela garota e com um sorriso maldoso no rosto. Tudo aquilo não se passou de uma brincadeira para se vingar de todos os foras que deu nos garotos do colégio.
Abalada ela correu até os fundos do colégio e se escondeu em um canto escuro. Teria que esperar a festa acabar para ir embora. Não seria capaz de ligar para seus pais logo no inicio da festa e pedir para busca-la. Mamãe ficou por minutos intermináveis escondida na sombra do prédio, com as lágrimas borrando a maquiagem.
Até que ela ouviu um barulho. No começo achou que fosse apenas uma coruja passeando pelo céu escuro, mas depois percebeu que não se tratava de um resmungo vindo de uma ave e, sim, de alguém chorando. Curiosa, ela saiu das sombras e caminhou pelo pátio, procurando o dono do choro e foi ai que ela conheceu meu pai. Ele estava sentando na beira da fonte com o rosto entre as mãos e os ombros tremendo por conta dos soluços. Ele vestia um terno preto comum e flores estavam caídas aos seus pés.
Jamile se aproximou e perguntou o motivo de estar chorando. Logo descobriu que Júlio havia terminado com a namorada e sido humilhado na frente de seus colegas. Contou que comprou flores para a namorada. Eram simples, pois não tinha muito dinheiro, mas vinha do coração. Parece que sua namorada não gostava de simplicidade e decidiu terminar com ele assim que viu o pequeno buquê em suas mãos, bem menor do que suas amigas haviam ganhado.
O garoto, depois de contar sua história, percebeu que Jamile também tinha lágrimas nos olhos. Ela lhe contou sua história a ele, mostrando que ele não tinha sido o único a ter uma noite ruim.
Percebendo que não adiantaria ficar sentados chorando no escuro, Júlio a convidou para voltar ao baile com ele. Assim os dois poderiam se vingar do que fizeram com eles e se divertir. E foi assim que acabaram se apaixonando. Depois de uma longa noite dançando e conversando, não se desgrudaram mais.
- Conte mais mamãe- Imploro para saber mais. Queria me afundar naquele mundinho que meus pais viviam quando eram mais jovens. Parecia tão perfeito e... Romântico!
-A história é essa Jessie- Mamãe passa os dedos pelos meus cabelos desmanchando os pequenos nós- Depois disso fizemos coisas que todo casal apaixonado faz.
-Ah! O amor! Eu quero viver um- Digo soltando suspiros como as pessoas apaixonadas faziam nas novelas de televisão.
-Um dia você vai conhecer um garoto que mecha com seu coração. Mas, por enquanto, você é nova demais para isso.
-Mas assim vai demorar demais!- Exclamo, cruzando os braços e fazendo bico.
-O que vai demorar demais?- Pergunta titio entrando em casa. Sua barba parecia maior do que nos últimos dias e possuía olheiras embaixo dos olhos escuros como azeitonas pretas.
-Estava contando à Jessie como conheci seu irmão e agora ela quer viver um romance- Mamãe belisca meu nariz provocando cócegas- Mas ainda é nova demais para isso.
-Eu quero mais histórias! Quero saber o que os casais apaixonados fazem!
-Posso contar como conheci minha primeira namorada na época do colégio. Hoje estou solteiro, mas na época vivemos uma história de amor- Conta titio sentando-se no sofá.
-Eu quero saber!- Peço sedenta para saber mais sobre o amor.
-Não agora meu amor- Interrompe minha mãe- Seu tio está cansado. Talvez ele possa te contar amanhã. Aproveite que eu e seu pai vamos sair e ele vai tomar conta de você.
Grito em comemoração, saltitando pela sala e depois correndo para os braços carinhosos de mamãe.
-Vai acordar o hotel todo desse jeito Jessie!- Diz ela rindo da minha felicidade e me apertando em seus braços.
Sempre ouvi os adultos dizerem que a melhor fase é a infância, quando até as coisas mais simples nos encantam.
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