Capítulo 12
Sons de gritos de passarinhos ressoavam na minha mente. Não um canto eram gritos que ecoavam como porretes batendo dentro da minha cabeça. Lentamente tentei abrir os olhos, mas só consegui manter por alguns segundos as minhas pálpebras abertas antes de fechá-las novamente quando um feixe de luz atingiu os meus olhos. Os pássaros continuavam gritando. Tateei a superfície onde eu aparentemente estava deitada, era úmida e eu sentia cheiro de terra. Ainda sem coragem para abrir os olhos, me levantei de onde estava e sentei com as pernas estiradas. Não foi um movimento brusco, mas minha cabeça começou a rodopiar e eu senti vontade de colocar qualquer coisa que estivesse no meu estômago para fora. Respirei fundo uma, duas, três vezes até que a ânsia de vômito estivesse controlada e minha cabeça parasse de girar, então eu abri os olhos novamente.
Eu estava debaixo de uma árvore frondosa com galhos que chegavam quase até o chão. Até onde minha vista alcançava era apenas mato, eu nunca tinha estado naquele lugar. Era bem calmo e nenhum som da cidade parecia poder penetrar aquele mundo verde cheio de pequenos animais que rastejam ou pulava por ali. A minha pele estava grudenta e cheia de terra e ao passar a mão pelos meus cabelos senti que ele não estava muito diferente ao tirar algumas folhas presas entre os cachos emaranhados. Eu não sabia a quanto tempo estava desacordada, mas agora o meu estômago gritava de fome e o meu corpo estava enrijecido.
Eu não sabia o que estava fazendo ali, minha mente estava em um completo vazio. Apoiando-me na árvore, cuidadosamente me levantei. Esperei até que minhas pernas estabilizassem o peso do meu corpo e comecei a explorar os arredores. Tudo parecia exatamente igual e nem um pouco familiar. Parei por um instante a minha exploração e olhei para cima vendo que havia passado do meio dia porque o sol estava mais a oeste. Deveria ser o final da tarde de um dia que eu não sabia qual era.
Distraidamente, recomecei a andar, mas vindo do absoluto nada, algo passou correndo pelos meus pés me fazendo dar um passo em falso para trás e cair no chão. Olhei na direção a qual a coisa passou correndo e descobri que foi apenas um coelho branco muito apressado. Dei um sorriso frouxo e levantei limpando a terra da parte de trás da calça jeans, o que era um absurdo já que ela estava toda suja mesmo.
Assim que me levantei novamente uma nova onda de tontura me atingiu e com ela as memórias. Tudo estava de volta: Klaus, Elijah, a morte do meu pai, do meu irmão e finalmente... A morte da minha irmã. De repente aquele cenário verde já não parecia mais tão tranquilo, a paz tinha ido embora e agora a morte me espreitava novamente como uma velha amiga. Todo o peso das mortes e das dores voltaram com tudo, eu não conseguia mais chorar, estava tão cansada disso. Eu só queria voltar para casa com a minha família, seria pedir muito? Nem ao menos o alívio da falta de memórias e da dor da perda me foi concedido por mais que alguns minutos.
Respirei fundo e engoli o nó na garganta, eu mal podia contar quantas vezes eu estive naquela mesma situação: respirando fundo e engolindo o choro. Agora que eu sabia o que eu precisa fazer, chamei o único nome que vinha me ajudado durante todo esse tempo, esperando que pelo menos ele não tivesse ido embora:
— Elijah! — Gritei o mais alto que os meus pulmões permitiam, mas apenas a calmaria da floresta me respondeu de volta.
— Elijah! — gritei novamente enquanto andava a procura da saída daquele lugar sem fim.
Eu não precisei gritar uma terceira vez. Elijah apareceu na minha frente com a sua velocidade vampírica. Ele não parecia muito melhor que eu, seu terno estava desalinhado e seus cabelos estavam desgrenhados. Eu não sabia se um vampiro poderia ter uma aparência cansada, mas se pudesse, ela estaria esboçada no rosto de Elijah. Ele não tinha olheiras ou algo do tipo, mas os olhos quebradiços e a barba por fazer indicava que independente de quanto tempo eu fiquei desacordada, os dias não foram bons para ele.
— Onde está a minha irmã? — Eu não sabia por quanto tempo tinha ficado desacordada e sim, eu tinha muitas dúvidas na minha cabeça, mas naquele exato momento isso não era a minha prioridade.
— Você está bem, Jessica? — Elijah deu um passo para frente em minha direção e eu dei dois para trás. Não importava como eu estava, nada mais importava, eu só queria ver a minha irmã uma última vez.
— Onde está a minha irmã, Elijah? — Perguntei novamente encarando por cima do ombro. Eu não queria olhá-lo. Não queria olhar em seus olhos e ver todas as promessas descumpridas e culpa. Não, eu não precisava ver nos olhos de outra pessoa o que já tinha em mim mesma.
— Eu não sabia que meras bruxas poderiam tratar vampiros como nós dessa maneira, irmão. Em outros tempos elas se curvariam. — A voz debochada de Klaus Mikaelson fez com que o meu corpo estremessese e que eu engolisse em seco sem desviar os olhos do horizonte.
Eu não iria olhar para ele, a visão que eu tive anteriormente estava mais viva do que nunca na minha cabeça. A lembrança das veias saltadas dos olhos e os longos caninos brancos quase me fizeram estremecer novamente. Klaus Mikaelson era realmente o retrato do grande mal e que agora estava mais poderoso do que nunca.
— Deixe-a em paz, Niklaus. Ela está de luto pela família e além do mais Jessica não é uma mera bruxa ela é irmã da sua bruxa, Greta Martin.
— Eu sei exatamente quem ela é, Elijah. Vou deixar essa ofensa passar, mas não irei da próxima vez, garotinha. — E mais rápido do que um piscar de olhos, Klaus estava na minha frente, com os caninos à mostra e os olhos alaranjados e dilatados exatamente iguais a de um lobo.
Klaus segurou meu maxilar com força me obrigando a manter os olhos voltados para ele e começou a se aproximar lentamente do meu rosto. Instintivamente fechei os olhos e prendi a respiração, eu não sabia o que ele queria, mas nada do que ele fizesse poderia ser mais doloroso do que a dor que eu já estava sentindo. Mesmo assim, o meu coração vergonhosamente estava acelerado e minhas mãos caídas ao lado do meu corpo estavam frias. Ele se aproximou lentamente do meu ouvido, aproveitado o medo que causava em mim, eu conseguia sentir o prazer dele em ver a sua vítima tremer e como um predador traiçoeiro, ele sussurrou:
— Eu estou de olho em você, Jessica Martin. Um passo em falso e você poderá fazer a reunião de família que tanto deseja. — E desapareceu floresta adentro, mas não sem antes dar uma piscadinha sarcástica para mim.
Mal sabia Klaus Milkalson que uma reunião de família era tudo o que eu deseja naquele momento, mas eu não daria o gostinho a ele de me matar. Não. Eu iria viver, iria me vingar e se preciso fosse eu faria um pacto com o próprio diabo.
— Eu sinto muito por isso, Jessica. — Elijah voltou a se aproximar, mas não chegou a me tocar. Eu sentia o seu olhar preocupado, constrangido e culpado, mas saber disso não fazia eu me sentir melhor, não fazia eu me sentir compadecida por ele e nem mesmo fazia eu me sentir menos sozinha. Eu não sentia nada, apenas a dor e a certeza da vingança.
— Onde. Está. A minha irmã? — Eu finalmente olhei para Elijah e como eu havia previsto, a culpa estava estampada em seus olhos, mas eu também conseguia ver refletido nos seus olhos escuros toda a minha raiva, um sentimento que eu nunca achei que sentiria de verdade, mas que a partir daquele dia, seria tudo o que me restava.
— Siga-me.
Olá, pessoas volteiii!!
Sim, antes tarde do que nunca não é? 😅
Digo e repito, não vou desistir dessa história. Peço que vocês tenham paciência e não desistam também, pleasee 🙏~
Essa história vale a pena, eu prometo.
Se tiverem gostado votem e comentem 💓
bjss
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