— Para o seu próprio bem, Jessica Martin, espero que esqueça essa aula caótica e apenas lembre-se que teve um dia comum e que seu professor Alaric Saltzman continua tão desinteressante como todos os dias. — Ele falava o meu nome com intimidade, como se não tivesse me conhecido pela primeira vez a apenas uma hora atrás. Aquele homem que claramente não era o meu professor de história segurava o meu queixo com firmeza para que eu pudesse o encarar diretamente nos olhos, eu só queria sair desesperadamente daquela sala e fugir do seu toque frio.

Meus pensamentos continuavam a voltar a aula de história e uma pergunta persistia em martelar em minha cabeça: Quem era aquele homem? Fazia algum tempo que eu estava sentada em uma das cadeiras do refeitório encarando uma maça meio mordida, um sanduíche de atum ainda embalado no plástico e o bolo de chocolate completamente esquecido na bolsa. Alguns alunos que se sentavam na mesa junto comigo também já tinham ido embora, apenas restava eu em uma mesa para quatro pessoas com mil e um pensamentos. Respirei fundo fechando os olhos por alguns segundos, pronta para me levantar e ir para a próxima aula quando escutei uma voz bem conhecida vindo de trás de mim. Fiquei quietinha no meu canto tentando fazer menos barulho possível para passar despercebida e apurei os ouvidos para escutar o que Bonnie Bennet estava dizendo.

— Não sabemos se eu não posso. Tenha um pouco de fé em mim.

— Isso não é justo. — Escutei o barulho de objetos sendo colocados em cima da mesa atrás de mim e involuntariamente prendi a respiração.

— Não pode usar o poder das cem bruxas mortas. Isso vai te matar.

— Shh, nós não temos certeza disso. Você prometeu guardar meu segredo, confio em você. Vou adiante com isso e se contar a alguém...

Não escutei a resposta de Jeremy Gilbert, tudo o que eu precisava ouvir eu já tinha ouvido. Bonnie tinha um plano para derrotar Klaus que incluía a sua possível morte e Elena não fazia ideia. Digamos que o dia não estava tão perdido quanto eu pensava. O começo de uma ideia para um plano começava a se formar na minha cabeça e se saísse como o planejado, Elena iria me ajudar a executá-lo. Quando voltei a escutar a conversa, Dana, uma das meninas do terceiro ano, estava se aproximando da mesa das duas.

— Oi, Elena, finalmente encontrei você. Isso vai soar estranho, mas um cara super gato me pediu para perguntar se você vai ao baile hoje. — Revirei os olhos e balancei a cabeça em negação, nada de útil aqui. Aproveitei que Dana tampava o campo de visão de Elena e Bonnie para pegar as minhas coisas e ir embora despercebida, mas o que ela falou em seguida me fez paralisar no lugar. — Ele vai estar no baile hoje. Procure por ele, seu nome é Klaus.

Klaus Mikaelson estava aqui, o que significava que.... Greta também estava. Naquele momento, eu não ligava se o mais temido vampiro de todos os tempos estava na cidade e eu não me importava nem um pouco com Elena e Bonnie. A única coisa que realmente importava era que Greta estava aqui em algum lugar de Mystic Falls. Senti algo quente escorrer pela minha bochecha, rapidamente enxuguei a lágrima indesejada. A esperança inundou o meu coração como nunca tinha acontecido antes, nem mesmo quando Elijah chegou nas nossas vidas esse sentimento foi tão forte quanto agora. Ajeitei a mochila nas costas e esqueci completamente que eu estava tentando evitar Bonnie e Elena, mas nem mesmo a bruxa Bennett acenando para mim conseguiu tirar o meu bom humor.

— Jessica! Elena, eu volto em um segundo. Jessica, espere. — Não a dei ouvidos e caminhei mais rápido. O corredor estava vago, o que facilitou com que ela me alcançasse mais rapidamente.

— Jessica, por favor espere. Eu preciso falar com você. — Bonnie segurou o meu braço o que eu imediatamente me desvencilhei, mas no pequeno segundo em que ela me tocou eu consegui senti-la. Tinha muito poder e poder antigo correndo em suas veias. Agora eu entendia o porquê de ela estar tão confiante em relação a conseguir deter Klaus.

— Eu não tenho nada para falar com você, Bonnie. Vou chegar atrasada na aula, preciso ir. — Ameacei dar as costas a ela, mas Bonnie ficou no meu caminho e impediu que eu passasse. Mordi o lábio inferior e senti minha magia dando sinais de que eu ainda a possuía depois de dois dias completamente adormecida.

— Olha, eu só queria dizer que sinto muito pelo seu irmão e pelo seu pai. Se tiver alguma coisa que eu possa fazer, você sabe que pode contar comigo. — Ela realmente parecia preocupada ou talvez toda a emoção que passavam pelos seus olhos fosse apenas remorso e culpa, mas independente do que fosse, a última coisa que eu queria era algo vindo deles.

— A única coisa que eu preciso nesse momento é que você me deixe em paz, Bonnie. Você e os seus amigos já fizeram o suficiente, agora eu realmente preciso ir. — Mágoa passou pelos seus olhos e dessa vez, ela não bloqueou o meu caminho quando tentei passar.

Eu não tinha tempo para Bonnie e seus arroubos de culpa. Eu tinha coisas mais importantes em que pensar e planejar, por exemplo o fato de Greta estar em qualquer lugar dessa cidade e talvez a poucos passos de mim.

No final das aulas, me encontrei com Elena atrás das arquibancadas. Durante o intervalo das últimas aulas quando fui ao banheiro encontrei nada mais nada menos que Elena saindo de uma das cabines, exatamente a pessoa que eu precisava conversar. Combinei com ela para nos encontrarmos no final da aula debaixo das arquibancadas do campo de futebol e pedi que ela fosse sozinha, eu tinha algo importante a dizer. Enquanto eu me aproximava de Elena conseguia perceber claramente que ela estava desconfortável. Ela ficava trocando o peso das pernas o tempo todo e não conseguia me olhar nos olhos mais do que cinco segundos.

— Elena, que bom que veio...

— Jessica, eu sinto muito mesmo pelo que aconteceu, nós não tínhamos a intenção.... eu não tinha a intenção.... — Elena não conseguia olhar nos meus olhos ao dizer isso. Eu não tinha nada contra ela, mas eu sinceramente estava cansada das desculpas deles.

— Pode parar, Elena. Eu não preciso das suas desculpas, o que passou, passou. Não dá mais para reverter o que aconteceu, mas se você quer realmente se redimir, eu tenho um plano que talvez você tenha interesse em ouvir. — Fingi dureza que eu não possuía. Eu realmente não queria mais desculpas, precisava de ações.

— Tudo bem, desculpe-me. O que você tem em mente? — Elena cruzou os braços e me olhou atentamente.

— Sua amiga Bonnie tem um plano um tanto ousado para deter Klaus. Canalizar o poder de sem bruxas para conseguir matá-lo, você já ouviu falar sobre isso?

— Sim, mas onde você quer chegar? Aliás, como você sabe disso?

— Não importa como eu sei, o que importa é que Bonnie está disposta a dar a sua própria vida para manter você a salvo, você sabia disso também? — confusão passou pelos seus olhos e ela me olhou com descrença, descruzando os braços.

— Eu não entendo... O que você está querendo dizer? Esse plano não inclui a morte de nenhum de nós.

— Eu vou deixar isso bem claro para você, Elena. Canalizar o poder de sem bruxas mortas exige muito poder, exige tudo de uma bruxa. Não importa se ela é uma Bennet ou não, essa é uma missão suicida.

— Como você sabe disso? Quer dizer, porque ela não me contou nada?

— Eu imagino que ela não queria que você tentasse a convencer do contrário. Bonnie faria qualquer coisa para manter você viva, até mesmo mentir dizendo que está tudo bem quando claramente, manter você viva, pode causar a própria morte dela. — Sim, eu estava jogando sujo. Eu precisava que ela entendesse o meu ponto, para que ela pudesse concordar com o que eu estava prestes a propor.

— Eu não vou deixar isso acontecer. Não vou deixar que mais alguém se machuque por minha causa, nós vamos achar uma outra maneira.

— O único problema, Elena, é que vocês não têm muitas opções. É a Bonnie ou...

— Ou o que? Você tem uma ideia melhor?

— Na verdade eu tenho, mas vou precisar da sua ajuda, apenas sua. Ninguém mais pode saber.

— Por que? — Elena cruzou os braços novamente, ela estava ficando na defensiva, isso não era nada bom.

— Porque, a única pessoa que pode deter Klaus é Elijah e no momento ele está com uma adaga atravessada no coração.

— Não. Não mesmo — ela balançou a cabeça em negação e me olhou como se eu estivesse louca. Eu diria que era apenas falta de opção. — Ele vai me entregar para Klaus e eu vou precisar morrer no ritual, isso está fora de cogitação.

— E eu aqui pensando que você estaria disposta a fazer qualquer coisa para salvar a vida das pessoas que você ama. Além do mais, eu tenho certeza de que Elijah não deixaria você morrer, não para sempre. Ele é confiável e ele já provou isso para você diversas vezes.

— Tem que existir uma outra maneira, sem que ninguém precise se machucar. — Eu estava prestes a argumentar o contrário quando Stefan entrou no meu campo de visão vindo logo atrás de Elena, eu precisava me apressar.

— Nós não vivemos em um conto de fadas, Elena. Onde todos tem um final feliz e o vilão morre no final e todos vivem felizes para sempre. Essa é a vida real e na realidade precisamos fazer escolhas difíceis. Você tem uma escolha agora, se mudar de ideia, você pode me ligar. — Entreguei para ela um pedaço de papel com o meu número escrito. Eu não tinha certeza se ela iria mudar de ideia, mas eu realmente esperava que os ancestrais pelo menos uma vez me ajudassem.

— Algum problema aqui? — Stefan chegou por trás de Elena e colocou o braço ao redor dos ombros dela de maneira protetora, essa era a minha deixa.

— Não, Stefan. Nenhum problema, eu já estava de saída, tenham uma boa tarde. — Dei as costas para os dois e respirei fundo enquanto me afastava indo em direção a pousada Matthew's.

Eu nunca tinha tentado manipular alguém daquela maneira. Minhas pernas tremiam um pouco e meu coração batia como louco agora que eu estava sozinha, mas fazer isso era necessário, eu precisava de Elijah e Elena acabaria se beneficiando desse plano tanto quanto eu. Ao longo do caminho de volta para a pousada, eu continuava a repetir isso para mim mesma.

Feliz natal, gente!

Espero que estejam gostando da história.

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Até o próximo capítulo.

Bjjs 😘😘