— Oi, senhor. Tudo bom? — Falei. — Desculpe, mas acho que você se enganou. Eu não pedi nenhuma limusine.

— O nome da senhora não é Jéssica? — Ele perguntou.

— É sim.

— Então é a senhora quem procuro. Bob me pediu para te buscar neste endereço.

— O Bob pediu? — Perguntei com ar de sarcasmo, duvidando da informação.

— Sim, senhora.

— O mesmo Bob que anda com uma lata velha para todo lado alugou uma limusine para mim?

— Eu sinceramente não sei qual é o carro dele, senhora.

— Um minuto, por gentileza.

Puxei o meu celular e liguei para o Bob.

— Jéssica? — Ele atendeu.

— Você por acaso pediu uma limusine para mim?

— Sim.

— Por quê?

— É surpresa.

— Desculpa, eu estava achando que era um plano do Lu...

— Jéssica, você está estragando toda a magia que planejei. Entra logo na limusine.

— Eu estou com o Ick.

— Pode trazer o garoto, eu já pensei nisso também.

— Eu estou totalmente desarrumada.

— O propósito de fazer uma surpresa é justamente pegar a pessoa de surpresa, e não recebe uma ligação para ajustar todos os detalhes do que vai acontecer.

— Eu preciso tomar banho.

— Não há tempo.

— Mas eu to fedida!

— Jéssica, não temos muito tempo. Se a ligação durar mais alguns minutos, tudo vai ser arruinado.

— Ok, estou indo.

Desliguei o telefone e me dirigi ao velhinho:

— Só um segundinho.

Tenho certeza de que o ouvi suspirar enquanto corria de volta para casa.

Bob disse que eu não teria tempo para me arrumar, mas eu precisava pelo menos trocar de roupa, tirar o pijama surrado que vestia e colocar um sutiã. Odiaria estragar o momento colocando os meus mamilos em jogo.

Peguei o Ick, que estava acordado (graças a Deus, não aguentaria o seu chororô) no berço e fui até a limusine do mordomo do Batman.

O carro já estava equipado com uma cadeirinha infantil para o meu filho. O seu interior parecia mais espaçoso que o meu quarto contava com frigobar, televisão e uma cesta cheia de chocolates.

— Uau...

Dirigimos por mais tempo do que imaginei. Saímos da cidade, pegamos a estrada e paramos numa das cidades vizinhas, famosa por ser cheia de prédios. E foi justamente em frente a um prédio que paramos. Um hotel, dos grandes, tão algo que mal conseguia enxergar o seu topo.

Assim que descemos da limusine, três mulheres vieram ao nosso encontro. Uma delas tinha os seus cinquenta anos, era gorducha e fala alto em francês.

— Boa noite! — Disse uma das mulheres. — Nós somos as encarregadas de cuidar do pequeno Ícaro.

A senhora francesa quase puxou o filho dos meus braços, tive que me esquivar para evitar que isso não acontecesse:

— Como assim?

— Donne-moi le bébé, bientôt! Tout va bien se passer! — Esbravejou a senhora, como se eu entendesse alguma coisa.

— Lorena é a melhor profissional em crianças do mundo. Ela foi contratada e viajou para cá exclusivamente para ficar com Ícaro enquanto você está com Bob. Foi um pedido dele.

— A senhora pode ficar tranquila — a outra moça disse. — O seu bebê não poderia estar em melhores mãos.

— Je suis le plus grand bébé professionnel du monde! J'en ai marre des mamans inquietes! — Exclamou a babá de luxo enquanto recebia Ick nos braços.

Fui guiada pelo hall, apreciando a beleza do lugar. Entrei em um elevador gigante e me guiaram até o quarto em que ele me esperava. Abri a porta e Bob estava lá, vestindo uma camisa social, aparentando nervosismo. Ao seu lado, uma mesa com o jantar nos esperando e velas por todos os lados. O mais incrível era a parede, completamente de vidro. Conseguia enxergar toda a cidade de onde estávamos e, de tão longe, a paisagem parecia até uma pintura.

— Exagerei? — Bob perguntou inseguro.

— É claro que exagerou — respondi. — Mas eu também sou uma pessoa exagerada.

Bob se aproximou e me beijou, seus lábios possuíam o poder mágico de me fazer esquecer todos os meus problemas imediatamente.

— E o que você planejou? — Perguntei.

— A vista aqui é perfeita — respondeu apontando para a parede-janela. — E daqui a pouco vai acontecer algo incrível. O Sol, a Terra e a Lua vão se alinhar. A Terra vai ficar entre o Sol e a Lua, impedindo que a Lua receba luz direta. Mas, como nós temos atmosfera, a luz do Sol vai ser refletida no nosso planeta e chegar filtrada na Lua a tornando vermelha. O nome é Lua de Sangue e deve ser lindo de se ver. — Apontou novamente para a janela. — Imaginei que poderíamos ver juntos.

Existem homens puros no mundo.

Jantamos a comida mais deliciosa que já experimentei em anos. Ele puxou a cadeira para ficar mais perto de mim e dividimos o vinho.

O despertador tocou indicando que o evento estava prestes a começar, tínhamos um sofá especial para apreciar a Lua. De fato, aconteceu, o astro ficou vermelho à medida que se alinhava com a Terra, era possível enxergar até a linha curva da sombra do globo a engolindo aos poucos.

— Não é a coisa mais linda do mundo? — Bob perguntou, maravilhado.

Para ser sincera, não. Era só uma Lua vermelha. Igual a Lua branca que vemos todas as noites, só que vermelha. Olhei para o lado e preferi apreciar cada detalhe de Bob. Sua inocência, inteligência, bondade, capacidade de conseguir o que quer. Seus olhos castanho escuro, seus fios de cabelo amarelados, sua boca pequena que lembra um formato de um coração de desenho animado quando não sorri.

— Sim, é a coisa mais linda do mundo — respondi, mas não me referia à Lua.

O beijei.

Ele correspondeu.

Meus dedos dançaram pelo seu corpo.

Os dedos dele pelo meu.

Ofeguei.

Ele também.

Abri o primeiro botão da sua camiseta o suficiente para passar a palma da mão no seu peitoral.

Ele agarrou a minha cintura, com mais força do que aparenta ter.

Desabotoei os outros botões.

Ele deixou.

Joguei sua camisa no chão.

Ele beijou o meu pescoço.

Arqueei sentindo aquele beijo em cada centímetro do meu corpo.

Ele passou a mão por debaixo da minha camiseta até encontrar os meus seios.

Eu deixei.

Tiramos o resto de nossas roupas.

Juntos

Aconteceu.

A primeira vez que faço isso em dois anos.

Foi perfeito.

Do jeito que deveria ter sido desde a minha primeira vez.

***

Nota do autor

Oi, pessoal

Tudo bom?

A atualização atrasou porque o Wattpad está com alguns bugs. Inclusive, o livro desapareceu completamente por 24h (maior susto haha). Se você também está enfrentando alguns bugs, não se desespere! A equipe já está trabalhando para resolver. 

Mudando de assunto: quem for na Bienal comenta "eu" aqui nesta linha.

Beijos!

Felipe Sali