Capítulo VI Relação enfraquecida
Os mesmos dias tediosos de sempre, foram passando. Já faz um mês desde o meu primeiro dia de aula na escola Madsburgh, agora eu já conheço mais as pessoas, isso não significa que eu tenha feito novas amizades, apenas que os observei o suficiente para conhecê-los melhor, talvez até entende-los.
A única coisa realmente boa que aconteceu nesse tempo foi eu ter conhecido Chloe e ter feito uma amizade com ela, nós não nos conversamos sempre mas é porque ainda estamos nos conhecendo, Chloe até então não veio aqui em casa, mesmo assim minha mãe tem conhecimento da minha amizade, ela só não sabe quem. Não vou dizer que minha vida melhorou cem por cento depois que fiquei amiga dela, ela só não ficou pior do que já estava. Eu gosto da Chloe, ela me faz bem, quando estou com ela, consigo esquecer a maioria dos meus problemas mas quando vem a noite, a solidão vem junto, tudo volta, e as vezes volta pior, todos aqueles sentimentos ruins vêm me fazer companhia e isso é horrível. Ela é como um calmante para mim, consegue fazer eu esquecer as minhas tristezas, mas é momentaneamente.
Nesse tempo que passou, Chloe conheceu novas pessoas, penso que pelo fato dela ser mais extrovertida que eu. Esses dias quando estava indo para a biblioteca vi Chloe, Amber e Katy conversando no corredor. Não gostei muito da ideia de vê-la com essas meninas, ainda mais por ser horário de aula, mas eu não posso força-la a fazer nada, infelizmente. É uma escolha dela se envolver com pessoas desse feitio.
Sobre essas meninas que Chloe anda conversando, eu as reparei um pouco. Amber me parece ser uma garota frustada com a vida por algum motivo, ela tenta descontar tudo de ruim que sente em outras pessoas, talvez por questões maiores aprendeu a ser fria, a tratar os outros como inferiores em sua maioria, possivelmente a resposta disso, seja porque ela tem tudo em questão de bens materiais mas quase nada no quesito amor familiar, sua família parece ser parecida com a minha, os pais querem dar tudo de valor monetário mas esquecem que o mais importante é a presença deles em nossas vidas, ainda mais numa fase tão conturbada que é a adolescência. A outra menina, que vi Chloe conversando se chama Katy, ela parece ser a melhor amiga de Amber. Até agora não a compreendi muito bem, mas digamos que ela seja uma "maria vai com as outras", faz tudo sem hesitar que Amber pede, ou devo dizer ordena. Também tem os garotos populares, que são amigos das garotas populares, isso inclui Amber, Katy e quem sabe Chloe... Os que estão sempre nesse grupo, se chamam: Gregory, Morgan e Luke. Nada a declarar sobre eles, por enquanto, na verdade tem, são idiotas. Mais idiota que eles só essa classificação entre populares, nerds, perdedores e assim por diante.
Keila está grávida de dois meses, a barriga está bem pequena, de longe nem se nota que ela está grávida, dependendo da pessoa, nem de perto. A relação da minha mãe com meu pai está tensa, afinal, Keila ficou grávida dele enquanto meu pai e minha mãe ainda estavam casados.
Hoje na escola, irei pedir para Chloe vir aqui em casa para minha mãe conhecê-la, estou fazendo isso por pura pressão dela. Espero que dê tudo certo. Estou com receio que ela implique pelo fato de Chloe ser pobre. Seja positiva, ela vai adorar Chloe, elas têm uma história de vida parecida, minha mãe só conseguiu estudar numa escola particular no segundo ano do ensino médio, que foi quando ela começou a trabalhar e teve dinheiro suficiente para pagar a mensalidade da matrícula, o resto do tempo ela estudou numa escola pública, igual a Chloe que começou a estudar em Madsburgh só agora, no primeiro ano do ensino médio por mérito próprio, conseguiu uma bolsa de estudo.
Após tomar meu suco de laranja natural, decido ir para sala de estar, sento-me e espero Chloe chegar, combinei dela passar aqui para irmos juntas a escola.
Depois de uns quinze minutos a esperando, ela toca a campainha, eu saio de casa e a encontro no portão da minha casa.
- Seu cabelo em especial hoje, está lindo, esses cachos estão tão definidos. - elogio enquanto caminhamos.
- Sempre tão gentil. Pois saiba que dá muito trabalho cuidar. - ela sorri.
- Eu imagino. Olha, eu não quero te colocar pressão, é só que... Por que você gosta de gente como a Amber? - ela para de andar e me observa.
- Acho que você só conhece o lado ruim dela... - se explica.
- E qual é o lado bom da Amber? - questiono. Nós voltamos a caminhar.
- Não importa o que eu diga, você já criou uma impressão sobre ela. Mas mudando de assunto, é hoje que eu vou conhecer a sua mãe, certo?
- Sim. Nossa! Eu quero tanto que ela goste de você.
- Também quero. - solta um leve suspiro.
***
O sinal bate, eu e Chloe saímos da escola, praticamente correndo vamos para a minha casa, nós duas estávamos igualmente nervosas.
Nós chegamos na minha casa. Minha mãe abre a porta, entramos e ficamos todos em pé, no meio da sala de estar.
- Oi mãe, essa é a Chloe, minha amiga, e Chloe, essa é minha mãe, Elisa. - puxo Chloe mais para frente de nós. Minha mãe fica por alguns instantes a analisando.
- Oi Chloe. Moreninha sua amiga. - Eu a olho séria, Chloe estreita os olhos em direção a minha mãe.
- Dona Elisa, eu não sou moreninha, eu sou negra, e com muito orgulho! - corrige em um tom firme.
- Não, você é uma morena com um pouco mais... - eu a interrompo.
- Mãe... Pare, s-só... Pare. Meu Deus! - Chloe fica notavelmente desconfortável.
- Deixa Jenna. Já conheci o necessário sobre sua mãe. - mesmo diante de uma situação como essa, Chloe permanece estável. Ela abre a porta da frente e sai.
- Satisfeita? - minha mãe encolhe seus ombros.
Eu saio de casa e vou ao encontro de Chloe. Peço para que ela espere.
- M-me desculpe por isso, e-eu não queria que fosse assim. - cruzo as minhas mãos, em sinal de tensão.
- Não precisa me pedir desculpas. Talvez... Nossa amizade não dê certo.
- Não diga isso! Não era pra ser assim, sabe? Tem a Dona Ivone... - Chloe fica perceptivelmente perplexa. - Que trabalha aqui, limpando as coisas de casa, ela é negra, minha mãe e eu, sempre a tratamos bem, então... Eu não sabia que ela reagiria assim.
- Quer que eu te dê os parabéns por tratá-la como qualquer outro ser humano de bem, merece ser tratado? Caramba!... Ela é a minha mãe.
- S-sério? Eu me expressei mal, me desculpe, eu sempre falo as palavras erradas, droga! Ela é sua mãe? E-eu não sabia.
- Eu juntei as peças, minha mãe se chama Ivone, trabalha como faxineira em casas de família, e ela já falou o nome da sua mãe em uma de nossas conversas, então é, ela é a pessoa que trabalha pra Dona Elisa.
- Não sei o que dizer... - confesso, incrédula.
- É por isso que a nossa amizade não tem como dar certo. Eu sou o tipo de pessoa que faz os serviços que pessoas como você, ordenam. Sou a filha da empregada doméstica e sua mãe, a patroa...
- Chloe, eu preciso da sua amizade, eu preciso! Você é a pessoa mais importante pra mim. Não vou tentar justificar o que minha mãe fez, porque não há justificativa, só quero que entenda, que não importa quantas diferenças existam entre nós duas, isso não será o suficiente pra acabar com a nossa amizade, porque eu não vou deixar.
- Preciso refletir sobre o que aconteceu. Não te prometo nada, me desculpe. - ela vai embora. Suas palavras ainda ecoam na minha alma, elas soam como uma facada em meu coração.
Tudo bom? O que será que acontecerá com a amizades das duas? Não perca os próximos capítulos. Votem, comentem, se quiserem, até mais!
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