Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

⊱ 𝙇𝙞𝙫𝙧𝙤 𝙄; Astromélia

✣ Capítulo XXIV: Astromélia - Especial ✣

"A maldade é congénere do homem".

- Camilo Castello Branco. "

"A Semente"

Já estava tarde para a jovem Min Seo de oito anos caminhar pelas ruas de Haeundae-gu a admirar os letreiros coloridos das fachadas de restaurantes abertos próximos à marina. O cheiro de água salgada invadia suas narinas em uma confortável lembrança do extenso mar a sua esquerda, gostaria de correr e pular nas águas gélidas em pleno inverno, entretanto saberia que seus pais a repreenderiam avidamente se ousasse ao menos cogitar a ideia. Alguns metros atrás sua mãe caminhava com o marido de mãos dadas fitando a criança que com seu casaco vermelho pulava pelos ladrilhos da rua divertindo-se com a cantoria do pai.

- Oh não, uma macaquinha em plena avenida! - Correu tomando a filha nos braços entre gargalhadas da pequena que se agarrava aos ombros do pai para firma-se no colo.

- Pai, vai demorar muito para chegarmos à casa do amigo do Seojun? - Deixou que a lanterna de armação cor de rosa caísse sob o peito presa ao barbante amarelo, objeto aquele que utilizara em suas mais diversas explorações a procura de insetos no jardim da casa de seus avós.

- Já está cansada? - Questionou a mãe ao pôr de volta na garota à touca de seu casaco que insistira em cair. - Dorme um pouco no colo do papai, assim que chegarmos à gente te acorda.

Abraçou os ombros do mais velho aninhando-se em seu peito permitindo que o vento gelado acariciasse seu rosto como uma suave canção de ninar acalmando seu coração. Alguns minutos depois estavam parados em frente à portaria do condomínio que possuía três edifícios com cerca de dez andares dispostos. A Sra. Lee acariciou a mesa de mogno do hall de entrada encantada com o alto padrão.

- Os pais do Kang devem ser ricos, tudo aqui valeria mais do que o que comemos em um mês. – Comentou interessada.

- Não seja exagerada querida, nó máximo uma semana. - Brincou a fazendo rir, aos fundos do corredor longo as lâmpadas aos poucos se acendiam automatizadas pelos sensores que destacavam a passagem do grupo de pessoas.

Lee Seojun correra ao encontro dos pais os cumprimentando pela primeira vez no dia, havia ido a uma excursão escolar no dia anterior enquanto seus pais levaram sua irmã para a casa dos avós, entretanto os pais de seu amigo aproveitaram a ideia para convidá-lo a passar a noite em sua casa.

O garoto se apressou em tomar Mi-so dos braços de seu pai a abraçando, a garotinha imersa em um sono profundo não esboçara nenhuma reação levando os adultos a rirem do garoto que aos doze anos ainda era tão apegado a mais nova.

- Mi-so, seu irmão está aqui! - Seojun cutucou a garota tentando acordá-la. - Não vai nem me dar oi?

- Seojun? - O tom arrastado e sonolento da garota ecoou pelo corredor, suas pálpebras pesadas dificultavam a visão do garoto que a segurava em seus braços, em um ato repentino disferiu um peteleco na testa do irmão. - Por que você me acordou?

Pouco distante dos demais, Song Kang se fazia presente utilizando o mesmo uniforme do time de futebol que o amigo e com os olhos brilhando ao encarar a garota baixa como um gnomo brigar com Seojun.

A família Song os acompanhou até a saída reagendando um jantar para que pudessem enfim conversar e se conhecerem apropriadamente, entretanto para o jovem Kang tudo ao seu redor parecia estar tão distante o deixando incapaz de ouvir as vozes dos outros adultos que o rondavam, fascinado por Mi-so seguia os passos quieto se atentando aos detalhes coloridos de suas roupas.

- Até mais Mi-so! - Se despediu apenas dela que sorriu em resposta.

Provavelmente tenha sido naquele momento em que soterrou todos os sentimentos por baixo de camadas de terra presos em uma semente de casca grossa para evitar ter de presenciar novamente o olhar curioso do melhor amigo que fitava o estranho comportamento do garoto.

"O Broto"

Três anos depois um dia quente de outono ambos estavam sentados em um banco qualquer da quadra provando seus lanches esperando até o sinal da aula tocasse, embora nenhum dos dois realmente quisessem romper aquele momento. Para sua felicidade a namorada do amigo havia faltado no dia, o que os possibilitou passar mais tempo juntos, já que com a ausência dela, Seojun tinha mais oportunidades de conversar consigo que se mantinha entretido em contar a ele sobre o seu sonho de formar a própria banda.

Estavam juntando dinheiro juntos, já que o menino não sabia como manter qualquer quantia em mãos por mais de um dia sem gastar com qualquer material artístico que considerasse útil. Por mais que lidasse muito bem com seu eu interior e as relações que tinha com o mundo, as retratando em suas canções, por outro lado Song Kang era péssimo em qualquer assunto a não ser música. Esforçava-se muito para conseguir seguir um caminho distinto de seu pai, ao mesmo tempo ser alguém interessante o suficiente para atrair uma garota em específico.

- Seojun, eu preciso lhe contar algo sério. Podemos nos ver no sábado? - Proferiu cortando o relato do amigo sobre um dos novos jogos que comprara.

- Acho que sim, no mesmo parque de sempre? - Recebeu uma pequena confirmação, o jovem Lee notou a atitude diferente do adolescente ao vê-lo sair silenciosamente, uma aura fina imperceptível da tristeza que deixara alternava o clima doce e alegre para o questionável amargo.

O que restara da semana passou veloz como a lebre que ultrapassava a tartaruga logo quando fora dada a largada, como todos os dias subjacentes o sábado era banhado pela chuva e ventania que enunciava o solstício de inverno para os leigos.

Aguardou o herdeiro de a família Song chegar abaixo de uma das estruturas do teatro a céu aberto do parque ecológico próximo à casa do rapaz, tinham o costume de agendar todos os tipos de passeios pelas trilhas de cascalhos e playgrounds que preenchiam os espaços vagos entre as árvores grossas de troncos retorcidos cujo algumas folhas resistiam fortemente à estação mantendo-se firmes.

Questionava-se o que poderia ser tão importante para que Song Kang não reagendasse seu encontro para outro dia, ou sequer cogitado a ideia de trocar o lugar para um ambiente mais seco e de preferência com bebidas quentes como uma das dezenas de cafeterias da cidade. As linhas que acentuavam a madeira assimétrica das arvores alojavam as gotas de água resistindo à pressão da gravidade que insistia em fazê-las escorrer até o lamaçal de suas raízes irrigando os brotos recém-nascidos.

- Caramba, achei que não fosse mais vir! - Gritou quando o garoto de cabelos loiros descoloridos com a ajuda da mãe atravessou uma das pilastras de concreto largando o guarda-chuva recostado. - O que era tão importante?

- Desculpa, meus pais me fizeram ir ao escrito dos advogados para testemunhar a divisão de bens. - Comentou ajeitando o casaco quadriculado branco e preto com botões dourados, um bandaid destacava a região avermelhada de sua bochecha. Não era nenhuma surpresa para Seojun que a madrasta de seu amigo o repreendia com demonstrações agressivas direcionadas a mãe dele. - Eu preciso que prometa não me odiar.

- Por que eu te odiaria? Cara, você é meu melhor amigo. - Deu um passo à frente tentando alcançar o ombro do colega em um sorriso amistoso, entretanto Song Kang se afastara abruptamente evitando o toque.

- Eu gosto da sua irmã. - Sustentou o olhar em direção a uma das poças de água evitando o julgamento. - E planejo me confessar em breve.

- Song Kang não brinque com minha irmã. - Rosnou ao captar a verdade nas palavras proferidas ao ar como pétalas de uma flor levadas pela forte correnteza do vento. - Ela ainda é uma criança.

- E se eu não quiser me afastar dela? - Sorriu torto prevendo o azedo do sangue do corte em seu lábio que sujara a palma da mão de Seojun. - Sejamos francos, uma hora ou outra precisaria achar algum homem, então que mal teria se fosse eu?

- Não tenho problemas em relação a você, mas minha irmã mal fez dez anos! - Proferiu feroz, a concepção de que alguém de sua idade planejava tomar a pura Min Seo de sua infância o provocou acionando o pavio curto da bomba guardada sob sua pele. - Seu pai fez o mesmo com a amante? Por isso acha que eu deixarei?

- Lava a porra da boa antes de falar dos meus pais! - Se jogou contra o companheiro lhe socando no rosto, cuspiu contra o chão áspero acertando outro golpe.

Seojun gritara tentando sair da prensa do mais novo acabando por rolar em direção a chuva que encharcava o moletom do casaco cinza. O nariz formigava, suas mãos arranhavam a grama ao arrastar-se rumo ao meio fio da trilha, esforçou-se para levantar ignorando o zumbido que machucava sua audição.

- Eu não sou perfeito! – Song Kang se levantou mordendo o lábio inferior em desgosto. - Você sempre cobra isso de mim, mas eu não sou! - Empunhou os fios de cabelo do amigo o puxando para perto. - E você também não é.

- Kang, pare! – Gritou ao perceber as intenções no garoto. – Por favor! Vamos conversar!

- Agora você quer conversar? – Empurrou a cabeça do amigo contra a pilastra de concreto, o baque surdo o derrubara nos cascalhos.

"O Caule"

Olhando pela janela durante a aula de geometria o mundo parecia pequeno o suficiente para que apenas uma pessoa coubesse nele, o que seria maravilhoso, se sentia superlotado de rostos todos os dias. Andavam em cardumes ou falavam em línguas que não eram compreensíveis, rondavam uns aos outros como serpentes e pareciam se enrolar nas próprias caudas.

Para seu infeliz azar, a briga de alguns dias resultara numa forte gripe contraída por Seojun que fora internado evitando qualquer tentativa de contato do amigo. Song Kang não conseguia culpar outra pessoa pela distância que ambos estavam enfrentando desde o incidente, portanto não dava brechas para qualquer interação social com outros amigos de Seojun que tentavam se aproximar buscando as mais diversas fofocas.

Algum tempo depois sua mãe o buscou nos portões da escola para uma caminhada pelo parque. Aguardou que a mulher chegasse com seus chás de ervas sentado em um balanço próximo a barraca de castanhas fritas, não era surpresa que sua mãe fosse uma mulher reservada a ficar longos períodos sem proferir uma palavra sequer, enquanto para ele era algo maçante que estava acabando aos poucos com a felicidade que tinha.

- Por que está tão calada? – Questionou assim que a mulher largara o telefone na bolsa.

- Kang há algo que eu preciso lhe contar. – Respondeu tomando as mãos do filho em um aperto. - Prometa-me que será forte, ok?

- A senhora está me irritando. Diga logo o que aconteceu? – Instigou levantando-se do balanço. - Vai desistir da casa e entregá-la ao papai?

- Não, meu querido... como eu direi isso... - As lágrimas banharam seu rosto bronzeado borrando a maquiagem. - Seu amigo Seojun faleceu esta manhã, ele não resistiu.

- Isso significa que agora não veremos mais a Min Seo? - Indagou com a respiração curta.

- Meu filho, você escutou? Seu amigo se foi. - Suplicou a mãe assustada com a falta de empatia da criança.

- Eu deveria ficar triste por isso? - Largou à senhora atônita, retomando a caminhada pelas pedras acinzentadas. - As pessoas morrem todos os dias mãe, que sentido há em sofrer por isso?

"As Pétalas"

"- A família do Seojun vai se mudar para o outro lado da cidade, coitados do Senhor e Sra. Lee estão devastados com a morte do filho."

"- Ouvi dizer que ele contraiu pneumonia durante o tempo que esteve no hospital e não resistiu."

Agora mais do que nunca a Srta. Lee estava apegada a filha caçula que era incapaz de compreender a falta do irmão que todos os dias a levara para a escola a caminho da sua. Inconsoláveis, o casal adulto sediava o enterro do primogênito com o pesar em seus corações frágeis e velhos. Aos fundos do salão Min Seo brincava com sua boneca ao lado da tia que distraia a menina para que não tomasse ciência do que significava aquela cerimônia fúnebre.

- Querida, eu preciso dar uma palavrinha com seu pai, que tal ficar um pouco com a mamãe? - Sugeriu a senhora entregando a garota saindo com o patriarca.

- Mamãe o Seojun viajou com os amigos da escola de novo? - Questionou a garotinha encarando a foto do irmão no memorial coberto por flores e incensos acesos pelos convidados. - Como ele pôde faltar na própria festa?

- Pois é, que garotinho insolente. - Segurou o tremor de seus lábios, fungou algumas vezes contendo as lágrimas. - Meu amor, por que não vai comer algo? A mamãe precisa receber os convidados.

Acatou a ideia correndo para o balcão roubando alguns bolinhos de peixe os guardando nos bolsos do casaco. Pegou a lanterna cor de rosa caminhando pelos corredores largos adornados pelas coroas de flores das mais diversas tonalidades, piscou sua lanterna algumas vezes em direção à porta de vidro que dava acesso as escadas de incêndio.

Sorriu notando o brilho incomum que irradiava dos degraus copiando seu gesto, atacando-lhe a curiosidade, conferiu ao seu redor se estava sozinha antes de ir em direção à imensidão escura.

Girou a maçaneta enferrujada com um pouco de dificuldade, a porta estava emperrada quase desistira, entretanto, a luz piscou mais uma vez a incentivando a empurrar a estrutura de ferro sem desviar os olhos da janela de vidro. Adentrou o vazio vasculhando a origem da luminosidade, acendeu a lanterna passeando por cada canto a procura da pessoa que correspondera seu chamado.

- Aqui, Min Seo. - Chamou o garoto apoiado contra o corrimão de alumínio.

- Song Kang? - Constatou com um sorriso alegre. - Não foi com meu irmão no passeio?

- Bem, meus pais não deixaram. - Se ergueu estendendo a mão para a garotinha. - Que tal brincarmos um pouco? Eu sei de um lugar bem legal.

- Preciso pedir para minha mãe. - Ameaçou voltar, mas fora puxada de volta ao corredor.

-Shiu... eu já pedi e ela deixou. - Sussurrou para a criança.

Não foi possível contar o tempo que se passou até que aos poucos os convidados fossem se dissipando do velório, Lee SunWoo buscava pela filha entre as intermináveis salas do prédio. Para sua insatisfação ninguém sabia dizer se havia ou não visto aquela pequena criança sair acompanhada de alguém, acatou a ideia do marido correndo para a portaria onde o segurança acessara as imagens das câmeras.

O casaco vermelho cruzara o estacionamento em sentido a viela do restaurante chinês da esquina a cerca de uma hora, apressada largou o marido disparando contra os veículos parados pelo quadrado cimentado discando o número do celular de emergência da filha continuamente.

Após a ligação cair novamente na caixa postal, o número da filha brilhou na tela do smartphone aliviando a tensão da mulher.

"- Senhora Lee? Acho que Min Seo se machucou. - O tom embargado do choro cruzou a linha telefônica. - Eu quis trazê-la para casa porque estava reclamando sobre estar cansada, mas no meio do caminho nos perdemos nas pedras perto da praia e a Min Seo machucou a perna. - O choro evidente do rapaz tragava o coração da senhora Lee em uma cortina de fumaça sufocante. - Por favor se apresse, estou com medo de que ela fique pior!"

"A Flor"

Seus esforços para manter seu primeiro amor em seu bairro natal caíram por terra algumas semanas depois quando o caminhão de mudanças cruzou a esquina rumo a Dadae-ro. Após a morte de seu melhor amigo, Song Kang passara anos distante dos Lee visitando constantemente a antiga casa abandonada pela família, todos os desenhos feitos pelos irmãos no portão de entrada e paredes do quintal se mantinham vividos pelo giz de cera colorido.

Não planejara deixar Seojun desacordado abaixo daquele temporal, estava assustado demais para raciocinar e optou por correr para casa evitando ter de enfrentar novamente aqueles sentimentos confusos. Martirizava-se todos os dias por não o ter ajudado e quem sabe talvez agora o primogênito dos Lee não estivesse enterrado a sete palmas de terra.

Distanciou-se o máximo que pôde daquela família quando notou que seu comportamento enciumado levara a um quase rapto de Min Seo nas praias de Haeundae-gu, aventura que marcara a pele da garota com alguns pontos dados pela mãe do rapaz que era interna no hospital da região. Felizmente os pais dela não duvidaram de suas palavras, mas o olhar da matriarca indicara que não aprovava a ideia de tê-lo por perto a sondar sua filha.

Alguns anos depois considerava a si mesmo como um homem mais maduro capaz de tomar suas próprias decisões, aproveitou-se do sentimento de culpa de seu pai por negligenciá-lo por todos aqueles anos e solicitou que o deixasse completar a escola em um distrito um pouco longe de casa, ideia que o homem entendeu como o início da vida adulta de Song Kang. Entretanto ao adentrar a escola em que sua paixão da infância estava matriculada, ele possuía em mente um plano para resgatar seu amor que valia muito mais do que uma simples tentativa fracassada em seu passado.

Esgueirou-se por todos até que próximo o suficiente da garota descobrisse sobre o fato dela ter um namorado, usando como motivo a antiga amizade com seu irmão, adentrou suas vidas traçando uma nova linha de raciocínio para tomá-la. Com o passar do tempo convenceu Taehyun a entrar na banda do clube de música consigo e seguir a turnê que fariam por toda Seul alguns meses após a tão sonhada formatura, o que ele aceitou depois de longas conversas com a namorada. Sozinhos, pode finalmente o pôr contra a parede em um dos hotéis em que se abrigavam posteriormente aos shows em bares lotados.

- Em algum momento durante todos esses anos você chegou a sentir sequer um pouco de empatia por mim? - Jogou as cartas na mesa contra o homem, do lado de fora chovia, mas não o suficiente para apagar o fogo da ira de Taehyun. - Eu fui seu amigo, confiei em ti e aceitei tudo isso apenas para saber no final que seu plano era me afastar da minha noiva?! - Gritou o empurrando contra a porta.

- Realmente acreditou que qualquer pessoa se aproximaria de você se não fosse por interesse? - Cuspiu no rosto do rapaz que o prensara. - Órfãozinho de merda! Noiva? Você não passa de um brinquedo descartável.

- Eu pedi a mão dela na noite anterior a viagem. - Proferiu eriçando uma parte adormecida do garoto, a mesma parte que deixara Seojun sangrar durante aquela noite tempestuosa sem ninguém para salvá-lo. - Fique longe de nós. Se eu o vir novamente tratarei de levá-lo ao inferno com minhas mãos. - Socou a porta atrás dele dando à luz uma pequena rachadura.

Por um momento Song Kang sentiu a água sobre seus sapatos subir de nível até seus joelhos, Taehyun deixara o quarto com suas malas em mãos junto ao tilintar das chaves do carro sem aceitar a proposta de fugir e deixar Min Seo.

O brilho do vidro sendo erguido lhe trouxe a solidão, em sua volta se via preso naquela caixa transparente que dava a visão de todos que passavam por si, todos que iam e não fincavam suas raízes em sua vida. O frio aumentava assim como a água que passava a cobrir seu rosto, enquanto as palavras que pronunciava apenas saiam como bolhas sem qualquer significado para o mundo externo.

Sentia suas lágrimas se misturarem ao líquido transparente que preenchia o cubo, tal líquido que retirava o peso de seu corpo o fazendo flutuar sobre todas suas incertezas. Perdido, estagnado, do outro lado do vidro ímpio a via com seu sorriso simples para outro homem, a imagem perfeita de uma fantasia triste como as folhas do outono que caiam em direção ao chão dançando sobre o vento, a permitia rir o esnobando.

Os dias sem ela se passavam como horas, as horas como segundos e os segundos não pareciam sequer uma fração de tempo que valesse a pena contar. Estava na hora de desistir, se sentia esgotado, queria que alguém o levasse para casa e pudesse finalmente entender seu coração, mas sabia que não seria ela a fazer isso.

A cada certeza que constatava sentia a água sendo substituída pela areia, essa que rondava suas pernas o prendendo em uma posição desconfortável. A ampulheta do tempo estava se esgotando.

Percebeu o quanto se sacrificara por este amor desde que acatou a ideia de assisti-la ser feliz com outro homem. Tinha que tomar o controle de sua vida e para isso provaria que não poderia ser apenas um amigo mesmo que isso o consumisse como fogo queimando qualquer vestígio do paciente rapaz que estava determinado a mudar.

- Deveria ter aceitado quando pedi para ir embora, agora veja a confusão que está causando Taehyun.

Tomou às chaves de outro carro de um homem qualquer no bar do hotel seguindo para a rua de asfalto, o alarme aquietou-se com o destravar do botão no controle de acesso remoto. Ligou o motor arrancando pelas avenidas que davam acesso a expressa que seguia para o aeroporto, como um flash violento uma hora depois o carro colidiu contra a traseira de Taehyun o tirando a pista correta para a contramão.

O caminhão buzinou freneticamente ao tentar desviar da lataria que foi arrastada pela via por cerca de um quilometro e meio antes de arrebentar contra o poste de eletricidade. Os risos de Song Kang rasgavam a garganta enquanto as lágrimas cortaram seus olhos queimando as bochechas rumo às palmas das mãos que puxavam os fios de cabelo atordoado.

Extasiado pelo que acabara de executar, agora possuía o caminho livre para o coração de Min Seo, desta vez aproveitaria a chance. Poderia muito bem deixar os dois homens morrerem ali, mas devia muito ao motorista que dera fim o maior obstáculo de sua vida. Com esforço o puxou para fora do banco desprendendo seu cinto que o mantinha parado entre o airbag e a porta de latão deformada pela lateral do carro do cantor.

- P-por favor nos ajude, nós estávamos indo para o aeroporto, mas meu amigo perdeu a direção e bateu em um caminhão! - Tentava deixar sua dor soar convincente para a atendente enquanto se enfiava entre as ferragens retirando o cartão de memória da câmera do caminhão Truck Trago da Hyundai. - Eu não sei, os dois estão desacordados, por favor meu amigo está sangrando muito.

Retirou o isqueiro do bolso queimando o pedaço minúsculo de plástico, desligou o telefone dando o endereço à moça que pedia urgência ao encaminhar uma ambulância.

- Eu te devo uma das grandes seu filho da puta. - Proferiu ao homem o arrastando pelo chão para longe da confusão.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro