⊱ 𝙇𝙞𝙫𝙧𝙤 𝙄; Alisso
✣ Capítulo XXV: Alisso ✣
"A obsessão é uma coisa curiosa"... ela supera tudo. Até o amor.
- Lex; Smallville. Season 7 - EP7."
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- Meu primeiro contato com Song Kang não durou mais do que cinco minutos. - A neve caia do céu em uma dança lenta, restaurando o equilibro que desaparecera durante a noite de bebedeira. - Mas foi o suficiente para que ele acreditasse que estávamos predestinados a estar juntos, consequentemente se aproximasse mais do meu irmão e passasse a frequentar minha casa.
O resto do grupo se mantinham atônitos, silenciosos e complacentes com a dor de Mi-so, a jovem evitava enfrentar os sentimentos com os quais lidava desde o momento em que precisou ser forte para suportar aquela situação. Somente para que todas aquelas inoportunas sensações viessem como uma avalanche a soterrando em neve fria e molhada, onde seus gritos por socorro não poderiam ser audíveis a nenhuma outra pessoa.
– Pouco antes do enterro do meu irmão, meus pais decidiram se mudar para recomeçar a vida e acho que foi nesse momento que o Song Kang deve ter se sentido solitário, por isso quis cuidar para que nunca os separássemos. - Fechou os punhos suportando a vontade de desabar em lágrimas, as unhas fincaram-se na carne criando pequenos arranhões, algumas finas gotículas de sangue mancharam a bainha da camisa social branca que Tae Oh lhe emprestara para dormir.
Anos depois ela não mantivera contato com ele após o enterro de seu noivo, duas semanas após o sepultamento, o livro havia sido publicado por uma editora renomada e levantado à ira do garoto que ligara marcando um encontro às pressas.
Mas o que a jovem Mi-so não imaginava era a obsessão do homem em ser Taehyun. Durante todo o encontro não podia ignorar as vestes semelhantes, o dialeto de Busan que o menino insistia em usar, o cabelo descolorido ao loiro médio perfeitamente ajeitado pelo gel, mas o que lhe chamava mais atenção era a paleta de metal que a escritora dera a seu noivo pendurada na corrente de prata do baterista.
Entretanto quando a autora saiu da clinica de reabilitação, Song Kang retornara e voltara a ser o melhor amigo com quem ela tanto sonhava. Pelo menos até começar a matar pessoas por diversão.
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(Inicio do Flashback)
"Naquela noite anos atrás"...
- Cadê o Junjun? - Clamou pelo irmão mais velho através do apelido que criara durante as intermináveis seções de teatro das quais brincava com ele.
- Min Seo, você gosta daqui, não é? - A garota confirmou com a cabeça observando o mar sobre o alto de algumas pedras. - Por que não ficamos aqui para sempre então? Se você quiser nós podemos ver o Seojun.
- Eu quero ver o Junjun... - O tom manhoso se arrastou pela areia fina rumo ao quebrar violento quebrar das ondas agitadas do mar inquieto como um animal irritadiço.
- Vamos, por favor! - Tomou o braço da garota entre os dedos aplicando força ao puxá-la em direção à imensidão azul oxford, se ambos morressem ali seria muito fácil para que Song Kang entendesse a impossibilidade daquele amor, entorpecido pelo sonho da eternidade ao lado de Mi-so, mal notara o choro quase inaudível atrás de si.
- Minha meia calça rasgou. - Proferiu a garotinha atraindo a realidade para o rapaz que se virou preocupado com o sangue a escorrer na rocha deformada onde o tênis rosa com glitter prendeu-se a derrubando.
A água era fria, agitada, batia com força e recuava alguns metros antes de retornar com mais força, no mesmo ciclo sem fim. "
(Fim do Flashback)
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- Depois disso minha mãe me proibiu de falar com o melhor amigo do meu irmão, o que não foi difícil porque nos mudamos para o outro lado da cidade. - Continuou o relato incomodada com o silêncio do qual todos faziam para não a interrompe-la. - Mas durante o ensino médio Taehyun, meu namorado, o encontrou e juntos eles formaram uma banda que chegou a fazer sucesso.
- Taehyun era o seu noivo que morreu, aquele do qual você se inspirou para fazer o Nam-do? - DaEun se aconchegou do lado da amiga se enfiando entre a coberta felpuda para abraçá-la, com medo de que a garota se desmontasse fragilizada por seu toque, contentou-se em rodear a cintura dela, apoiando a cabeça no ombro.
- Sim. - Confessou relembrando da raiva que Nam-do exibiu na noite no dia da descoberta não contemplava mais suas feições, podia jurar ver um brilho incomum, algo semelhante à aceitação. - Todos vocês foram baseados em pessoas que conviveram comigo. DaEun, você tem a aparência da minha ex melhor amiga.
- Ex? - Questionou embasbacada com a boca cheia pela cerveja com os petiscos de lula seca.
- Quando comecei a interagir com o homem que se tornou meu noivo, Hyun Ah, ou melhor, você era a fim dele e acabamos nos desentendendo por conta de um rumor maldoso. Tae Oh era o seu irmão mais velho e nosso melhor amigo, consequentemente ficou do seu lado e ambos se afastaram.
- E assim só sobrou o namorado e Song Kang ao seu lado, por isso ele conseguiu se aproximar cada vez mais rápido. Para mim isto parece armação. - DaEun constatou irritada com as atitudes do homem. - Ele tentou afastar todos de você ao longo do tempo para que ficasse sozinha, assim se sentia tão solitária quanto ele.
- Noona... - Clamou Seojun, um adolescente sonolento se arrastando entre tropeços para a sala de estar com o travesseiro em mãos. Deitando-se no sofá, repousou a almofada macia nas pernas da garota aninhando as pernas no acolchoado. - Como são nossos pais? Eles te tratam bem e a mimam igual minha mãe cuida da Ahn? - Sua pergunta não foi respondida, apenas o silêncio tomou conta da sala tornando-se perceptível o menor dos ruídos.
- Por que está chorando? - DaEun correu pegando alguns guardanapos secando as lágrimas da amiga. - Mi-so se acalma, por favor, o que aconteceu?
- Noona? - Seojun levantou segurando o rosto da irmã, colou as palmas contra a testa medindo a temperatura. - Não está com febre, está sentindo alguma dor?
- A última lembrança que tenho deles é o cheiro das petúnias na livraria e seus corpos caídos no chão. – Proferiu a garota incapaz de controlar as próprias emoções.
- Calma, está tudo bem agora. – Seojun a abraçou tentando lhe consolar.
- Durante todo os períodos difíceis contei com o apoio dos nossos pais Seojun. - As palavras saíram cortadas pelos carregados soluços característicos do pânico. - Agora eu tenho você, isso é bom, não é? Então por que eu ainda me sinto tão vazia? Quanto tudo isso acabar e eu acabar retornando para meu mundo, estarei sozinha de vez.
- Está tudo bem-querida. - Tae Oh tomou espaço entre os demais apertando Mi-so em um abraço, por cima de sua cabeça proferiu aos demais sem dizer qualquer palavra; "Ela costumava ter ataques de pânico antes, precisamos acalmá-la".
DaeHoon rapidamente alcançou seu celular reproduzindo uma música infantil qualquer no Spotify, instintivamente mexeu os braços e pernas em uma coreografia ensaiada de acordo com o ritmo. Passos para o lado direito e palmas no esquerdo, o som alto dos tambores chamou atenção da garota que vidrada no homem esquecia pouco a pouco o aperto em seu peito. DaeHoon continuou até o fim da melodia terminando com um belo sorriso.
- Onde aprendeu isso? - Questionou sua namorada, a promotora ria sem fôlego da apresentação repentina.
- Nam-do chorava muito quando visitávamos nosso pai na UTI, uma vez ouvimos esta música na televisão e desde então sempre que estava triste eu dançava para alegrá-lo. - Socou o ar comemorando a vitória.
- Pode me ensinar? - Seojun ergueu-se do sofá implorando ao amigo. - Quero poder alegrar a Noona também.
- Cara, por acaso tem algum complexo de irmão mais novo? - Ko Wonsang invadiu a sala abotoando as mangas da camisa. - Estou aqui há horas e pelo que vi só faltou você enrolar a Mi-so em plástico bolha.
- Ora seu mesquinho! - O olhar furioso que o adolescente dirigiu para o cantor obrigou a autora a rir descontroladamente recuperando a vermelhidão de seu rosto corado, entretanto o clima foi cortado com DaeHoon derrubando sua lata de cerveja nas pernas da namorada.
-Só não o mato em consideração a meus sentimentos. – Disse a promotora irritadiça.
- Não me mata porque um dia quer se casar comigo.
- Você que quer se casar, correu atrás de mim desde o primeiro dia que me viu, – DaEun revelou confiante para um DaeHoon que não pôde evitar concordar.
- Sério? – Questionou Tae Oh. – Vocês ainda não contaram como se conheceram para o resto do grupo.
-Essa é uma história um pouco engraçada. - Iniciou Ko Wonsang relembrando dos tempos de faculdade do Quarteto Fantástico. – Logo quando os irmãos se mudaram da casa do tio e ingressaram da Faculdade Haeju, teve um final de semana que ficamos a noite inteira acordados e precisávamos de comida para continuar o trabalho. Foi aí que ele a viu no caixa do supermercado discutindo com outro cliente que estava querendo sair sem pagar.
- Ele viu que o moço estava me fazendo de tonta e o puxou até o estacionamento como um valentão. – A promotora se intrometeu. – Depois disso não nos vimos mais por três dias.
- O que aconteceu depois que você levou o homem? – Perguntou Seojun animado, adorava histórias de amor.
- Eu queria socar ele, mas fui impedido por um copo de café gelado que jogaram em nós. Então fui embora e almocei um sundae de rua perto da faculdade. – Disse sem muita enrolação.
-Impedido por quem? – Perguntou Nam-do que até então desconhecia essa parte.
- Não lembro direito, na hora foi muito rápido. Uma garota passou correndo, esbarrou em nós e se desculpou enquanto fugia. – Disse omitindo o fato de já ter algumas suspeitas sobre a identidade.
- Me desculpa, espero que o café não tenha manchado. Cheguei tarde à loja e o chá tinha acabado. - Mi-so relembrou a promessa que fizera de jamais mentir para nenhum deles novamente.
- Então isso também foi você? Sua peste! - Esbravejou o produtor. - Se este Oppa¹ aqui não fosse tão generoso, iria lhe fazer pagar um novo casaco. - Passou os dedos pelas maçãs do rosto fazendo pose.
- Oppa generoso? Sabe nem o que é dividir algo. - DaEun cortou o a encenação do namorado. - Depois de três dias ele apareceu na minha aula de ciências sociais pedindo meu telefone.
- Mas ela me beijou primeiro. - Retrucou tentando de alguma forma sair por cima na história.
- DaeHoon parece ter amolecido com o tempo, era garanhão no colégio. – Cutucou Ko Wonsang retirando o último resquício de dignidade do amigo. - Se bem que ele sempre foi um neném chorão.
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- Tae Oh, você gostaria de esclarecer para todos a razão de ter um quarto em sua casa exclusivamente decorado para Mi-so? - O tom de Nam-do carregava algumas farpas contra o empresário ao vê-lo passar pela porta adentrando o cômodo.
- É normal que alguém cuide da pessoa gosta. - Comentou depositando um cobertor no colchão king-size coberto pelo jogo de lençol amarelo delicado.
- Ao menos deveria tê-lo feito bonito, quem gosta dessa cor hoje em dia? - Cutucou novamente sentindo a pontada de ciúmes.
- Eu gosto de amarelo, é a cor favorita da minha mãe. - A garota passou por ele rindo da atitude mesquinha. - Eu não sei se consigo dormir sozinha hoje. Poderiam ficar aqui, pelo menos até eu cair no sono?
O par assentiu sentando-se em lados opostos da cama, a jovem se enroscou no cobertor apertando o travesseiro. Não tardou para que o braço de Nam-do se tornasse seu ponto seguro, enquanto isso Tae Oh acariciava seus cabelos com a calmaria da noite.
- Acha que ela será capaz de superar tudo um dia? – Perguntou o jovem Park indagou notando que a amiga adormecera de vez. – É muita coisa para qualquer um lidar.
- A Mi-so pode parecer frágil, mas eu nunca a vi desistir. – Comentou o outro abraçando o corpo pequeno, o cobertor passou por cima dos ombros o aquecendo. – Vamos apenas dormir um pouco, amanhã tudo deve melhorar.
- Eu espero que sim. – Concluiu Nam-do se ajeitando na cama.
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Glossário:
¹Oppa (오빠): maneira amigável de se dirigir a um homem mais velho (mas não muito mais velho) do que você, se você for uma mulher.
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