♤ Riele ♤

O relógio na parede parecia não mover-se, eram como se os ponteiros houvessem sido congelados, minhas unhas compridas pintadas de preto batucavam na mesa, enquanto com os olhos fechados lembrava de todos os nomes daquele caderno com a capa lilás brilhante, era o nosso caderno de acordos.

Pobres garotos, acreditavam mesmo que eu estava apaixonada por eles, eu nunca senti paixão ou amor por alguém, sempre foi diversão, meu coração era feito de aço.

Não era de gelo porque gelo derretia facilmente com o calor, também não era de pedra pois pedra é facilmente quebravel, entretanto aço:

Coração de aço é bem mais forte que o de gesso.

E se você já quebrou alguma parte do corpo, sabe que gesso é quase impossível de ser quebravel sem ir ao médico.

Tyler

A presa mais fácil, era ridículo a forma que ele entregou seu estúpido coração.
Uma semana e ele estava em minhas mãos, e com o nome no nosso caderno.

Jake

Não era uma presa tão fácil quanto Tyler, era desconfiado, ciumento e sempre perguntava o que tanto escrevia no caderno que ficava sobre minha penteadeira.

Mas no fim, após um mês, seu nome acabou sendo escrito nesse mesmo caderno.

E assim como o anterior, colecionei tanto o nome quanto os patéticos corações deles.

- Será que dá pra parar com esse barulho irritante?

Sua voz soou como uma ordem.

Claro.

Jace

Era difícil definir sua personalidade, ele era detestavel, tipico popular, bonito, alto e atraente... quente como o inferno.
Mas entranhamente escolheu namorar, por que um garoto que pode ter todas em seus pés... escolheria uma líder de torcida tola para ter ao seu lado?

- Por que eu pararia... Jay?

Virei meu corpo, já que ele estava na última carteira da sala de detenção, seus olhos estavam queimando-me, seu maxilar travado e as pernas batendo impacientes no chão. Como eu havia dito... ele é quente como o inferno.

Acho que estava o irritando.

- Não vai gostar se eu tiver que me levantar para te fazer parar, Downs!

Dei de ombros, voltando a olhar para frente e claro na intenção de testa-lo, continuei batucando sobre a mesma, de forma cada vez mais frenética.

Ouvi um barulho alto, alguns passos e em alguns segundos suas mãos estavam segurando as minhas. Ele as apertava bruscamente.

- Disse que não iria gostar se eu me levantasse.

Ele sorriu maleficamente, ainda sem soltar minhas mãos, ficando frente a com o meu rosto.

- Me solta, Norman!

- Oh, agora você quer que eu te solte? Então porque não parou com essa merda quando eu pedi?

Seus olhos estavam escuros, seu aperto em minhas mãos ficaram cada vez mais fortes. Era nítido que ele era uma pessoa que irritava-se por nada, fácil demais.

E óbvio que utilizaria isso contra ele.

- Ora, ora... parece que é fácil te irritar não é mesmo, Norman?

Passei a língua entre os labios, enquanto um sorriso de canto fazia contraste com suas iris escuras e até mesmo sombrias.

- Não... mas você consegue isso com uma facilidade invejável.

- Os dois, seja lá o que estão fazendo... o diretor quer ve-los!

A senhorita Shapen havia sido chamada dez segundos atrás para a sala do diretor Rage, pelo visto ela foi chamada para contar ou dedurar o que havia acontecido hoje mais cedo entre eu e o babaca do Norman.

- Viu o que você fez, vadia... você ferrou a gente.

Jace praticamente rosnou entre dentes, enquanto levantava-se.

- E parece que você não aprendeu a lição ainda, e continua me chamando de nomes que só combinam com a barbie insuportável da sua querida namorada.

Meu braço fui puxado bruscamente seu rosto parou a centímetros do meu, seu toque incendiava meu corpo. Assustei com a sua fúria de repente.

- Não ouse nunca mais... está me ouvido Downs, nunca mais falar dela!

Seu tom era duro e frio, seus olhos continuavam fixos aos meus, fiz impulso para soltar de seu aperto, mas claro, ele era extremamente forte.

Ri sem humor. Suas palavras não fizeram nem cócegas.

- Ou se não o que?

Ele começou a arrastar-me com força para o corredor que terminava na sala do diretor.

- Ou se não, Riela... eu acabo com você!

Seu rosto aproximou de meu ouvido, e seu sussurro quente batendo contra o mesmo, fez o arrepio involuntário percorrer cada parte de meu corpo.

Maldito Norman!

- Não se eu acabar com você primeiro, Jay. E porra, meu nome Riele com E no final!

Não obtive resposta, seu maxilar estava travado, o que era absolutamente sexy, e suas mãos soltaram bruscamente o meu braço, fazendo o local alastrar-se em uma breve dor.

Percebi que o mesmo nem esforçou-se para responder, pois já estávamos na sala do nosso amado diretor Rage.

- Por que não é surpresa vocês dois aqui?

- Fala ae!

Jace debochou, sentando em frente a sua mesa, todo largado. Enquanto eu revirava os olhos com aquela cena.

- Obrigada por livrar-me da detenção com esse idiota... nunca fiquei tão feliz em ser chamada em sua sala.

O loiro atrevido bufou alto demais.

- Não ficaria tão agradecida se fosse você senhorita, Downs!

O diretor despejou sem demonstrar emoção. Era apenas profissional.

- Qual é cara? Até eu estava feliz com isso.

- Segundo alguns alunos testemunhas da classe de vocês, disseram as seguintes palavras.

Ele segurou um papel em mãos, provavelmente lendo algumas anotações da senhorita Shapen.

Abre aspas... a senhorita Downs começou a discussão com o senhor Norman na qual resultou nela sentada em seu colo, de maneira indisciplinar, e logo após ele a xingou de...

Ele tossiu, assustado com o puta escrito em sua folha, enquanto eu e Jace seguravamos a risada.

Riele... digo senhorita Downs destribuiu um tapa em seu rosto e logo após senhor Norman saiu correndo para fora da sala de aula, quase esbarrando em senhorita Shapen... fecha aspas.

Revirei os olhos, com todo aquele discurso insignificante.

- Já sabemos de tudo isso, afinal fizemos tudo isso, inclusive estávamos na detenção por conta disso.

Bufei cruzando os braços.

- Pela primeira vez eu concordo com ela, não entendo o motivo de estarmos aqui, se já estávamos naquela detenção.

O diretor levantou-se, respirando fundo, talvez irritado com o nosso descaso.

- O motivo de estarem aqui meus caros é que a detenção não é o suficiente para punir-los... vocês burlaram graves regras do colégio em apenas uma manhã, quer dizer uma meia manhã.

Comecei a ficar nervosa com toda aquela fala, meus pés começaram a bater freneticamente no chão, enquanto Jace encarava-me com mais raiva do que anteriormente.

Como se eu fosse a culpada por tudo. Ele que começou toda essa merda me dedurando para senhorita Shapen.

- Inscrevi os dois no clube de teatro, terão que comparecer em todas as aulas e. - Ele fez uma pausa dramática. - Já avisei senhorita Mary que farão duplas em todas as peças e vamos ver se assim param com essa briga infantil de vocês que vem desde o primário.

- Pela minha santa Shelby Simmons diretor... chama meus pais, me expulsa... seila, me... me manda pro inferno, mas não me faz ficar com essa maluca por mais nenhum minuto!

Ri com escárnio.

- Santa. - O Imitei, zombando da forma que ele nomeou sua namorada irritante. - Como se eu quisesse ficar com você, Norman, e não tem como ele te mandar para o inferno porque gênio...  você já é o capeta em pessoa!

Infeliz.

Nosso tom de voz era elevado e ríspido. O diretor respirava fundo diante a nossa discussão.

- Já chega... ja está decidido, aliás senhorita Mary está aguardando por vocês, assim que saírem daqui vão direto para sala de teatro, estamos entendidos?!

Bufamos de contragosto.

Infelizmente não tínhamos outra saída.

Por mais que Jace disse que preferida ser expulso ou que chama-se seus pais, sabíamos no fundo que não era verdade, aquele castigo por pior que fosse ainda era melhor que uma expulsão no último ano do colégio.

- Estamos!

Respondemos em coro, caminhando até a porta, assim que a mesma bateu caminhei em passos rápidos para longe de Jace, mas o idiota me alcançou com suas pernas longas e já estava gritando em meus ouvidos.

- Você sabe o que está causando na minha vida? Shelby surtou quando soube de tudo que aconteceu, já não bastando isso ela ainda brigou por  estar na detenção com você e agora... e agora se ela souber dessas malditas aulas de teatro ela vai terminar comigo.

Sorri internamente. Feliz em saber que afetava o seu ridículo namoro.

- Ual! Shelby Simmons sente-se ameaçada por mim, será que é por que...

Aproximei meu rosto do de Jay e sussurrei sensualmente em seu ouvido:

- Ela sabe o quanto você ficou excitado com o que aconteceu entre a gente de manhã, Jay?

Percebi que ele ficou rígido, seu pomo de adão fez um breve movimento engolindo o seco.

- Não seja ridícula, Downs! Qualquer garota que chega perto de mim é uma ameaça para ela. E porra, meu nome é Jace!

Ri sem humor.

- Então a perfeita Shelby é ciumenta?

- Isso não é da sua conta!

- Claro... Jay.

Revirei os olhos e continuei a caminhar para sala de teatro.

Definitivamente esse maldito acordo seria a minha morte.

Jace e riele juntos em todas as peças de teatro? Eitaaaaa

Perdoem os erros, revisei mas sempre escapa algum.

Hey pessoinhas
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