─── Oito.
Point of view, autora.
A noite de filmes consiste em duas melhores amigas sentadas juntas na cama de uma delas, embaixo das cobertas macias e aconchegantes, e cada semana é a vez de uma delas escolher um filme para assistir tanto em aplicativos quanto em dvds, e Isabela e Riele amam essa noite de meninas.
Quer dizer, amavam até Jace fazer parte dessa noite também, e, de repente apenas Isabela continuava amando a noite.
- Amiga não coloca o filme ainda! - exclama Isabela. - Jacey mandou mensagem avisando que está chegando.
- Me lembra por que exatamente ele faz parte das nossas noites de filmes, agora? - questiona Riele, controlando a vontade repentina de revirar os olhos.
- Ele quer passar um tempo a mais comigo, amiga, apenas isso.
O que Isabela não desconfia é que Jace se auto convidou para participar da noite delas para ficar mais perto de uma das meninas, sendo mais específica, perto da melhor amiga da sua namorada.
- Vocês estão juntos todos os dias no colégio, e moram na mesma rua, me ajude a entender por que é necessário ele na nossa noite das meninas? - questiona novamente. Desconfiada.
- Ah, amiga...
A melodia repetitiva da capinha ecoa preenchendo todo ar ao redor deles, indicando que o terceiro componente da noite acabará de chegar.
Isabela levanta da cama e caminha até o andar de baixo abrindo a porta e esmagando os lábios com o recém chegado.
- Oie, amor. - cumprimenta.
- Riele está impaciente com toda a sua demora. - comenta enquanto sobe os degraus de sua escadas com Jace em seu encalço.
- E como ela está, após aquela explosão repentina na casa de Sean? - questiona, tentando não demonstrar tanta importância quanto sente ao perguntar.
- Ela estava bebada, todos nós estávamos, então meio que deixamos para lá. - responde sem dar muita continuidade no assunto.
- É, bêbados. - murmura sendo levado para devaneios de quando quase beijaram-se na bancada da cozinha de Sean.
Ela estava bebada, mas isso não muda o fato de que ela queria beijar ele o tanto quanto ele queria. E ainda quer.
- Eai - cumprimenta adentrando o cômodo, Riele apenas acena com a mão direita -, minha vez de escolher o filme hoje?
Senta na cama ao lado da morena que automaticamente afasta-se, quase caindo da mesma.
- Na verdade é a minha, mas tanto faz...
- Se você escolher um filme que me agrade também, então será nossa vez - desafia de forma atrevida e pisca em seguida.
Isabela está destraída demais enviando mensagens em seu celular para notar a troca estranha entre seu namorado e melhor amiga.
- Duvido que meu filme preferido seja o mesmo que o seu! - confronta e segura o controle colocando na imensa seleção de filmes disponíveis.
- Homem aranha, de novo Riele? - questiona Isabela, irritada.
- Esse é o último que saiu - defende-se, sem demonstrar incômodo com a provocação da melhor amiga.
- Que você já assistiu umas mil vezes a ponto de saber as falas o décor - argumenta ainda mais sem paciência e revira os olhos.
- Não acredito! - exclama Jace, que esta até então calado. - Não acredito!
- O quê? - questiona Riele, sem dar muita importância.
- É o meu filme preferido também.
E de repente o clima pesado instala-se, quase idêntico ao céu escurecendo ao lado de fora dando indícios que a chuva torrencial está a caminho.
- Tom Holland é a minha religião! - exclama, sonhadora.
- A minha também! - a imita e todos os olhares param nele, julgando sua fala estranha. - Digo, eu sou bem parecido com ele, vocês não acham?
- Não! - respondem juntas e riem os três em seguida.
Os três estão sentados na cama enorme de Isabela, lado a lado, a ordem está entre: Riele, Jace e Isabela, e as vezes Jace faz questão de roçar o lado de seu corpo em Riele que infelizmente não consegue afastar-se mais, pois se o fizer cai da cama.
- Vou fazer pipoca, já volto! - avisa Isaba e levanta-se.
- Mas amiga você vai perder o filme. - alerta Riele, sem tirar os olhos da tela.
- O mesmo filme que assisti mil vezes graças a você! - responde por fim e bate a porta.
- Por que deixa ela te tratar assim? - questiona sem olha-la.
- É apenas o jeito dela.
- Não, não é! - exclama, e os olhos analisam ela. - Isabela tem um temperamento difícil, eu confesso, mas isso não é desculpa para trata-la da forma que ela faz com você.
- Sempre foi assim, ela sempre foi...
- Controladora?
Riele lembra da conversa alguns dias atrás com Lizzy onde a mesma disse as mesmas palavras de Jace.
Ela sabe que a melhor amiga as vezes é grossa demais e acaba a magoando, mas prefere acreditar que é apenas o jeito dela de ser.
Mesmo que jeito não seja desculpa para tratar alguém mal, ainda mais a sua melhor amiga.
- Eu não sei você, mas eu to afim de assistir o filme - responde, decidida a mudar de assunto.
- E eu quero assistir você.
Ela o olha.
- Não começa!
- Por qual outro motivo acha que de repente decidi participar da noite de filmes que vocês fazem há quase dois anos?
- Para ficar mais perto da sua namorada? - responde em tom de pergunta.
Ele ri, um riso alto e zombeteiro.
- Para ficar mais perto de você, babe!
Ao andar de baixo, Isabela está retirando o pacote de pipoca do microondas quando o celular alerta que a mesma recebeu uma mensagem. É de Thomas, ela lê enquanto estampa um sorriso em seu rosto.
Sobe as escadas decidida em dispistar os dois para ir encontrar-se com o loiro de olhos azuis piscinas que ardem em desejo quando a vê.
- A pipoca está aqui, vim apenas traze-la para vocês, vou precisar ir socorrer mamãe no trabalho.
- Mas amiga...
- Eu volto logo, agora preciso ir - embola-se em suas palavras rápidas-, amo vocês, tchau!
O som da porta faz um suspiro escorrer para fora dos lábios de Riele, que sente o peso da situação de estar agora sozinha no quarto de sua melhor amiga junto com o namorado dela.
O mesmo namorado que não esconde o desejo que sente por ela.
Enquanto Jace está sorridente demais, foi mais fácil do que ele pensou conseguir um tempo com a cacheada responsável por habitar todos os pensamentos dele desde o tal erro cometido.
- Ela está escondendo algo.
- Por quê?
- Ela disse: "amo vocês". E você sabe que Isabela não ama ninguém...
- Além de si mesma - completa a fala dela.
- Exato.
- Você acha que ela está me traindo?
- Não desejo isso nem pra pior pessoa do mundo, mas você merece que ela esteja.
- O quê? por quê? - questiona, a olhando de forma intensa.
- Você sabe o porquê! - o olha também e de repente à dúvida habita sua mente e antes que perceba, escorre em palavras. - Você se arrepende?
- Lembra o que te disse na casa do Sean?
- Foram tantas coisas - suspira.
- Na bancada da cozinha.
- Eai? - questiona o vendo sorrir.
- Não! - aperta os olhos ainda sorrindo - disse que: "sinto a sua falta", e eu ainda estou sentindo a sua falta.
- E você namora e eu ainda sou a melhor amiga dela.
- Quase nos beijamos na social do Sean, eu sei que também sente falta... - de repente ele está mais próximo, o corpo totalmente virado para ela.
- Você me faz cometer erros demais! - exclama sem virar-se para ele, dando-se conta da proximidade que ele está. - E eu estava bebada, foi por isso que quase rolou.
- Você assalta um banco quando está bêbada? - questiona de repente.
- Óbvio que não. - responde de forma óbvia.
- Porque você sabe que é errado.
- É.
- Então por que você está usando a bebida como desculpa para quase me deixar te beijar?
Ela não o responde, não sabe como fazê-lo. Ela queria o beijar e sabe que a bebida não tinha nada ver como esse fato. E culpa-se ainda mais por isso.
- Acho melhor voltarmos a ver o filme - murmura.
- Tenho uma ideia melhor.
Ele levanta-se e estende a mão para ela.
- Isso me dá mau pressentimento - ela não segura a mão estendida dele.
- Confia em mim! - insiste.
- Não.
- Riele!
- Tudo bem, mas só porque já perdi metade do filme ... - finalmente segura a mão dele. Dando-se por vencida.
O trovão repercute, junto ao raio que corta as nuvens e espalha-se pelo céu, causando uma mudança na chuva que até o momento caia fraca para uma chuva repleta de pingos grossos e fortes.
- Por que está abrindo a porta do terraço? - questiona e ele apenas da de ombros. - Está chovendo Jace!
Ele ignora seus murmúrios e lamentos e a leva até a parte de fora do terraço que fica na parte superior da casa, especificamente no quarto de Isabela.
- Por isso mesmo a trouxe até aqui fora.
Ela cai em realização, e entende a ideia absurda dele.
- Jace eu não vou tomar banho de chuva! - reeprende nervosa e cruza os braços sobre o peito.
- Você precisa se divertir mais! - desafia enquanto caminha em direção à parte descoberta sentindo os primeiros pingos entrarem por suas roupas.
- E você precisa parar de me fazer errar! - responde, mas seus pés não a obedecem, quando percebe está ao lado dele, sentindo cada gotícula molhar seus cabelos, rosto e corpo.
- Não é errado, se de repente parece tão certo, babe!
Eles vão ficar doentes, e isso é fato.
Mas de repente ali em meio a gotas molhadas e sorrisos trocados, nenhum dos dois importa-se com o resfriado que pode vir a seguir.
E nem com Isabela, pelo menos o Jace não.
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