Acordei com beijos quentes em meu pescoço, todas as manhãs eram únicas ao seu lado. Sorri me desvenciliando dos seus braços, ao olhar em seus olhos dourados ele sorriu me puxando de volta ao seu peito coberto pela blusa preta.

- Bom dia meu amor. Como você está?  - ele perguntou beijando minha testa.

- Bom dia, eu estou bem. E você? Já está pronto para sair? - hoje era meu dia de folga para ficar com Spark.

- Sim, quis te deixar dormir mais um pouco. Estou louco para te provar essa manhã mas preciso ir, o café já está pronto. - assenti rindo, ele levantou e seguiu para o banheiro. Ao lado da cama, sobre o criado mudo estavam rosas amarelas recém colhidas. Todas as manhas ele colhia novas flores para mim assim como disse que faria.

Levantei sorrindo escutando Spark murmurar no berço, encarei a prótese encostada na parede e suspirei a agarrando e voltando a me sentar sobre a cama. Vesti o roupão branco e comecei a tentar colocar a prótese sem cair de cara no chão, Fire suspirou atrás de mim e contornou a cama se ajoelhando a minha frente e aclopando a prótese habilidosamente.

- Não precisa fazer sozinha. - ele acariciou meu rosto e beijou a ponta do meu nariz.

- Pode ir, nós vamos ficar bem. - mudei de assunto ficando em pé com dificuldade, ele me analisava cautelosamente. Sai do quarto sob o seu olhar e entrei no quarto de Spark, o pequeno estava em pé no berço brincando com os ursinhos. - Oi meu amor...

- Mama! Papa! - ele gritou estendendo as pequenas mãozinhas gordinhas, me aproximei o pegando nos braços, ele abraçou forte o meu pescoço e deitou a cabeça.

- Vocês são tudo que eu tenho de mais precioso... amo muito vocês. - Fire nos abraçou apertado beijando a testa de Spark e selando nossos lábios em seguida. - Eu estou indo, qualquer coisa... Ella qualquer coisa mesmo, me ligue.

- Eu não vou fugir... - resmunguei, ele rosnou em advertência. Revirei os olhos acenando para ele.

Depois do incidente com Kira e Mixed, Fire ficou mais preocupado do que antes, ligava toda hora e mandava mensagem o tempo inteiro para saber como eu estava. Não o culpava pela preocupação mas pegamos pequenas brigas por causa disso. Fire saiu nos deixando sozinhos, encarei Spark e o levei para tomar banho de banheira comigo.

Depois de um longo tempo entre tirar e recolocar a prótese, coloquei uma calça larga e uma regata, vesti Spark com uma bermuda e uma camiseta fina. Desci as escadas devagar sentindo o cheiro do café da manhã sobre a mesa, Spark ainda mamava antes de comer qualquer coisa. Dentro desses anos como mãe desenvolvi a técnica de comer e amamentar ao mesmo tempo.

Enquanto "nos" alimentava o celular tocou sobre a mesa, coloquei algumas garfadas de ovos na boca mastigando mais rápido possível, o nome de Troy brilhava na tela. Atendi colocando a chamada no viva voz para continuar comendo tranquilamente.

- Buck? Como você está?  - perguntou parecendo apressado, ele estava andando em algum lugar abafado.

- Estou bem, e você?  - murmurei de boca cheia cantarolando alguma coisa sem sentido.

- Eu to bem, confinado em meu porão por sua causa. - gargalhei revirando os olhos. - Eu acho que a dona daquele papel deve ser perturbada.

- E porque acha isso? - beberiquei o suco de laranja sem açúcar que eu simplesmente adorava.

- As coordenadas são de um terreno denominado O Cemitério, pesquisei algumas coisas e descobri que a Mercilli tem um laboratório abandonado lá. Vou te mandar a tradução das coordenadas exatas do local. - baguquei meus dedos sobre a mesa e coloquei a cabeça para funcionar. - O que uma repórter quer com um lugar assim? Até o nome me assusta.

- Uma matéria, uma reportagem de primeira mão. Quanto tempo esse laboratório está abandonado? - perguntei terminando meu café da manhã e esperando Spark dormir novamente.

- Muito tempo, digamos que não muito mais do que quatro ou cinco anos. Não tem muita coisa para uma reportagem. - mordi os lábios afastando Spark do meu seio e o colocando com a cabeça em meu ombro, o sono estava se aproximando rápido.

- Porque o terreno recebeu esse nome? - perguntei com a mente distante, se minhas suspeitas estiverem certas ela vai ter uma enorme matéria se chegar lá.

- Eu não sei, é o que tem nos registros. Os moradores da localidade não chegam perto afirmando ver assombrações ou algo assim, ouvir rugidos e uivos pela madrugada. O local parece um cenário de filme de terror. - ele parecia realmente assustado, soltei o ar com força e fechei os olhos momentaneamente.

- Me manda tudo que tiver. - desliguei a chamada rapidamente e procurei o número de Jaded em meio aos contatos. Chamou algumas vezes até ele finalmente atender.

- Jaded North. - murmurou sem animo.

- Eu descobri o que sua namorada quer, não vai gostar muito de saber disso... -