Liz permaneceu velando seu amigo, sempre segurando a mão de Sam, buscando apoiar e obter forças para seguir juntas este novo caminho sombrio sem a presença de Ed.

Novas lágrimas caíram do rosto dela, conforme recordava dos momentos vividos entre eles. Seu amigo sorridente e protetor que esbarrou nela no shopping fazendo Sam ficar irritada, xingando Ed. Após diversos pedidos de desculpas e uma rodada de bebidas deu início a grande amizade entre eles, "os três forasteiros". Como se auto chamavam.

Lágrima após lágrima relembrou dos altos e baixos dessa amizade, do apoio nos momentos difíceis, a comemoração da formatura, do primeiro emprego, a emoção de saber que seus melhores amigos formaram um casal, o noivado deles.

Um soluço escapou dela devido as intensas recordações.

"Tinham tanto para viver juntos". Lamentou em seus pensamentos Liz— "Minha dor, não é nada comparada com a qual, Sam está sentindo."

Ela desvio seus olhos do caixão, observando Sam soluçando e enxugando as lágrimas num lenço branco de algodão.Ela envolveu ainda mais seus braços ao redor da amiga,querendo confortar.

Liz durante anos foi o único apoio de Sam, sem família, vinda de uma infância difícil crescendo em orfanatos e diversos lares adotivos.Encontrou na amizade dela uma irmã, depois veio Ed e agora ele se foi.

Liz conhecia Sam, sua amiga demonstrava parecer feliz, constantemente confiante mais ela sabia dos sentimentos de abandono e rejeição arraigado numa infância solitária sofrida por Sam.

Olhando receosa para amiga ela temeu pelos desafios que enfrentaria, ambas enfrentariam juntas a imensa falta de Ed.

Jaded por sua vez observava as mulheres abraçadas, não podia mudar o infeliz ataque que levou a vida do corajoso homem mais poderia cuidar da sua família, jamais seria o suficiente para retribuir porém tentaria.

Ele mantinha suas mãos tocando os ombros da sua companheira, buscando demonstrar todo seu apoio, não iria permitir que sua companheira ou amiga dela  sucumbindo na dor.Ele estaria ali cuidando delas.

Liz olhou para seu companheiro sabendo que por mais sombrio o caminho a seguir sem seu amigo e irmão, Jaded estaria lá para ela e..

Ela parou alisando a barriga ainda plana, em meio a dor recebeu uma notícia boa, a melhor de todas. Ela seria mãe, uma vida crescia dentro dela. O bebê de Sam teria um priminho, segundo Trisha explicou devido o DNA alterado todos os filhos dos Novas espécies eram meninos e uma cópia idêntica do pai.

Liz desviou olhando seu companheiro e pai do seu filhote, não conseguia esperar para ver seu pequeno nos seus braços e ama-lo tanto quanto amava Jaded.

Uma lágrima deslizou no rosto dela, lembrando dos planos de Sam, da felicidade ao descobrir a gravidez. Porém ela viu a tristeza dos sonhos da amiga, de uma família feliz desfeitos pela morte do noivo.

Outras lágrimas caíram recordando de Ed feliz, beijando Sam quando soube que seria pai, ela jamais esqueceria do olhar orgulhoso dele falando do futuro brilhando do filho ou filha.

Ela olhou o caixão a sua frente jurando que cumpriria os sonhos de Ed para seu bebê, de alguma maneira ela faria. Ed tinha sido seu herói e iria iria proteger os seus como se fosse os dela enquanto vivesse.

Breeze acompanhava o velório calada, seus pensamentos iam e vinham no sofrimento das mulheres enlutadas e em Trey retornando a Homeland.

Ela queria consertar a situação entre eles, o arrependimento consumia por dentro na última semana.Disse tantas coisas achando estar fazendo o certo por ele, dando chance de encontrar uma humana que pudesse dar á ele filhos e uma vida normal.

Apesar dos seus instintos rugirem para acasalar com ele. Breeze lutou arduamente evitando morde-lo todas as vezes que fizeram amor.

"Ele merecia mais."

Breeze escutou cada juramento dele querendo acreditar,porém sentia egoísta em privar o homem que amava de ter filhos. Mesmo ele jurando que estar ao lado dela era o bastante.

Não podia acreditar nele, os anos iriam passar e uma hora o desejo poderia aparecer e o ressentimento de estar preso a uma fêmea estéril destruiria seu frágil relacionamento.

Breeze sentia covarde como nunca antes mais todos sabiam que acasalar era para a vida toda, se acasalar com ele e fosse embora jamais haveria outro. Sua vida seria tão solitária feito a de Vengance.

Esses medos e outros milhares mudaram nessa manhã. Quando a doutora Alisson disse uma palavra  capaz de mudar sua vida.

" Positivo"

Essa pequena palavra  deixou de pernas bambas fazendo cair ajoelhada no consultório de Alisson, assustando a médica.

" Positivo"
"POSITIVO"
"Positivo"

A palavra martelandos a mente dela, conforme outros cinco testes foram feitos. Todos continham o mesmo resultado.

"Positivo"

— Impossível— lembrou Breeze de balbuciar— impossível.

"Nenhuma fêmea Nova Espécie havia engravidado, como aconteceu com ela?"— Breeze ainda não conseguia acreditar lembrando de Alisson guiando para sentar na cadeira próxima da mesa de exames, a médica oferecendo um copo d'água tentando acalmar seus nervos. Breeze sempre habilidosa mais derrubou água com suas mãos trêmulas que bebeu.

— Impossível— balbuciou novamente.— Não podemos procriar, impossível.Todos falaram isto.

— Breeze, nem sempre a medicina tem todas as respostas principalmente no caso de vocês, Novas Espécies.

— Mais como posso estar— ela interrompeu passando as mãos sobre a barriga—preciso ver, preciso ter certeza, não quero acreditar e ser um engano.

Breeze fechou os olhos recordando do gel frio que Alisson passou na sua barriga, do medo de não ser verdade mais lá estava na tela, a prova viva no ventre dela. Um bebê. O primeiro bebê Nova Espécie gerado por uma fêmea da raça. Fazia anos quando ela tinha chorado, porém vendo seu bebê o choro de esperança quebrou do seu interior.

Ela e Trey teriam enfim um verdadeiro futuro, sem medo dele ficar frustrado por não ter tido filhos, ela teria quantos pudesse, no mínimo uns quatro, poderiam formar uma grande família feliz.

Ela foi arrancada de seus pensamentos devido a comoção da viúva, a mulher chorava tentando alcançar o caixão.

— Jamais verei meu Ed novamente— Sam suplicou aos prantos soltando a mão de Liz e abraçou a própria cintura— Ed— ela gritou soltando dos braços de Liz indo passar as mãos na superfície fria do caixão, até encontrar o rosto do homem que tanto amava, ele parecia estar dormindo tranquilo—Ed, eu te amo, eu te amo demais.

Lágrimas caíram no rosto dele.

— Ed você foi meu amigo, meu amor. Vamos sentir sua falta, prometo contar ao bebê como seu pai era.

— Sam— disse Liz abraçando— vamos.

— Ed— Sam chorou— Ed— ela gritou conforme a tampa estava sendo colocada
— Eddd.—Falava em meio aos soluços— Liz nunca vamos vê ele, nunca mais
— Sam se jogou no caixão segurando com todas as suas forças— Ed, meu Ed.

Entristecido Jaded fez um gesto autorizando Trisha aplicar um sedativo para acalmar Sam.

Jaded segurou ela nos braços enquanto Slade mantinha a porta aberta, ele caminhou gentilmente através dos corredores até chegar na enfermaria colocando Sam deitada num quarto. Liz, Trisha, Slade e Breeze acompanhavam silenciosos, os demais seguiram para ajudar no carro fúnebre.

Trisha colocava o monitor cardíaco, verificava os sinais vitais dela e do bebê.

Um grito no corredor fiz Slade correr para verificar a origem do barulho, sendo seguido por Darkness. Ambos viram Harley sendo carregado inconsciente. Sangue pingando da boca dele, vários cortes pelo corpo.

— Qual é o problema?— Perguntou Slade aproximando de Freedom e Happy que encarregavam Haley.

Destiny surgiu apressado trazendo uma maca, Jaded apareceu no corredor Liz segurando a mão dele, ela olhava preocupada entre as pessoas tensas no corredor e o nova espécie inconsciente.

Trisha já tirava dos bolsos um par de luvas de látex.

—Levem ele para a sala de traumatologia— pediu ela acompanhando atenta colocarem Harley na maca.

— Aonde encontraram ele?— Questionou Slade.

— Ele veio correndo caiu na entrada do hospital— Explicou Freedom falando rápido—Harley tentava falar mais era impossível entender o que falava—ele respirou fundo antes de continuar—ele não está com seu celular e quebraram o maxilar dele, porra Slade quem faria está merda?

—Vou ligar para os guardas na muralha norte, era onde Harley estava fazendo a ronda.

—Já ligamos ninguém atende, tentamos te ligar avisando, você não atendeu. Pedimos á Hope e Sky para verificar o restante da equipe no muro norte

Slade tirou o celular do bolso rosnando de raiva ao encontrar várias ligações perdidas.

—  Mais que merda, deixei no modo avião—disse rosnando furioso— preciso avisar Justice.

Slade falava digitando o número de Justice, o coração dele acelerado assim como os demais no corredor.A cada toque sem resposta apreensão aumentava, todos sentiam que algo estava acontecendo.

—Nada de Justice atender, ele jamais desgruda daquele celular.

Jaded acompanhava abismado, Justice havia partiu naquela manhã para ficar com Jesse nos últimos dias de gestação na casa da reserva, teria ele desligado o celular?

Nada fazia sentido, Harley nocauteado misteriosamente, Justice não atendendo a ligação. Ele soltou a cintura de Liz pegando o celular ligando para o primata Sky que não atendeu a ligação.

— Maldição ele não está atendendo—Liz abraçou a cintura dele.

—O quê está acontecendo?— Perguntou ela.

— Não sei.

— Estou ligando mas Hope
— disse Happy— não atende.

— Nãoo— eles escutam Breeze gritar, todos correm encontrando ela caída segurando o celular— não, Tray.

— Breeze— Jericho ajoelha próximo dela.

— Pegaram ele— ela chora erguendo o celular— a foto de trey Robert pendurando no teto todo machucado e uma legenda na parte superior, "morte há todos os companheiros e companheiras", escrito em vermelho sangue.Rosnados e rugidos de raiva encheram o corredor.

O celular de Slade toca, ele atende rígido as mãos tremendo.

— Slade falando— Liz secava os olhos confusa as pessoas a sua volta tensa observando Slade falar no celular. Ele encerra a ligação dizendo

—Vamos agora—rugiu ele

Liz viu Jaded contraindo o maxilar puxando para um abraço apertado, sentiu o corpo dele tremendo. Os demais estavam saindo correndo, Jericho aparava Breeze colocando numa maca.

—Vamos—disse Jaded.

Darkness entrou na frente deles.

— Fique com a sua companheira e sua amiga, elas precisam de você— disse cruzando os braços—é necessários aqui.

Jaded concordou num aceno com a cabeça.

— O quê está acontecendo?— Perguntou Liz olhando assustada.

— Temo ser algo que quer destruir a todos nós.